Capítulo 28 - ᘏ Ɓяαηcσ თ
Desenrolou as roupas e fiquei perplexa com o acabamento de cada peça. Havia espécie de meia feita de tecido vermelho que ela deveria usar por debaixo das sandálias de fibra natural. As sandálias possuíam longas tiras que deveriam ser enroladas até alcançarem seus joelhos. Aquilo era praticamente uma bota. Um vestido na mesma cor com leves detalhes negros. Essas vestimentas que cobriam bem seu corpo, também na cor preta, era a parte de cima, complementada por um belo manto negro que se fechava bem em seu tronco, sendo ajustado por um cinto de tecido cor prateado, mas deixa suas pernas a mostra.
Devidamente vestida, abri as portas e avistei a sua nova protetora. Novamente saímos em busca do local por onde Dafne teria acesso ao jardim superior. Uma simples trilha de cascalho ladeada por árvores floridas foi a escolha de Gaia. A trilha era muito extensa e depois de duas horas de caminhada finalmente chegamos a um enorme portal esverdeado.
— Chegamos! Esboçando um lindo sorriso ao indicar o portão natural.
— Não me diga que vou ter que subir essa escadaria? Reclamou ao notar a enorme escada esculpida nas rochas atrás do portal.
— Não lhe disse que seria fácil! Boa sorte fada do fogo! Sinto muito não poder te ajudar mais que isso, mas nosso destino não tem só flores, mas espinhos também. Fique bem! Disse-me dando um abraço e um beijo na testa.
Ela virou-se e voltou pelo caminho por aonde veio. Ao desparecer, fitei as rochas e a escada.
"Já que não há remédio... Hora de subir!" pensou Dafne resignada. A caminhada foi desgastante, mas não se comparava àquela escada. As rochas eram um pouco escorregadias. Ela já não aguentava mais deslizar. Qualquer tombo poderia ser fatal. Embora ela soubesse que não poderia "morrer", preferiu não arriscar. O mais estranho era que quanto mais subia, mais parecia que ela não saia do lugar.
Felizmente, todo o esforço foi recompensado ao atravessar outro portal florido e notar que finalmente estava no Jardim da deusa-fada.
Encontrando a Rainha fada, ou melhor a deusa-fada...
Magnífico, exuberante e sem palavras eram o que Dafne tentava definir ao olhar a sua volta. Os jardins superiores pareciam diversas paisagens dentro de outros inúmeros jardins se comparados ao jardim anterior. Admitiu para si mesma que nunca fui muito fã de requinte e luxo, mas aquilo era na verdade surreal, este jardim é magnifico demais. "O rascunho do paraíso!" pensou sorridente.
Caminhou um pouco por entre as árvores de flores e frutos, tanto conhecidos como desconhecidos na esperança de achar algum lugar onde pudesse encontrar a deusa-fada. Afinal, ela precisava de ajuda e a aceitaria de quem quer que fosse.
Após uma hora de caminhada, notou vultos correndo por entre as árvores. Vários vultos. De repente, flechas e lanças começaram a ser atiradas na sua direção. Conseguiu se desviar da maioria, mas uma lança prendeu seu manto ao chão. Foi quando uma segunda chuva de flechas caiu sobre ela e Dafne usou suas chamas para queimá-las.
E Desesperada, tentou rasgar o manto para fugir, mas foi inútil, pois a flecha era de ouro puro. Ao fitar as árvores, viu mulheres emergindo delas. Isso explicava muita coisa. Deusa-fada tinha inúmeras ninfas guardiãs. Elas eram mulheres belíssimas. Loiras, morenas, ruivas, negras, diversas etnias, altura e peritas na arte da guerra. Suas vestes eram feitas musgo e flores que se espalhavam por seus corpos. Lembravam muito as antigas Amazonas.
A líder das defensoras da deusa-fada veio na direção de Dafne. Puxou a espada dourada que estava presa a sua cintura e a empunhou contra ela. O golpe estava preparado, mas ela deteve-se. Estava com os olhos fixos aos meus.
"O oráculo?!" lembrou. Ela baixou sua espada, retirou a lança do seu manto, ajudou a levantar e fez sinal para que a seguisse. As demais a acompanharam, mas sempre me olhando de uma forma estranha.
"Parece até que nunca viram uma fada de fogo por essas bandas. Oops! Elas nunca viram uma fada de fogo entrar nesses jardins!" Dafne falou comigo mesmo.
Foi seguindo-as até o final do pequeno bosque florido. Elas pararam permitindo que ela continuasse a caminhada sozinha, apenas indicando o caminho com suas lanças douradas e prateadas. Assim o fizeram sempre em silêncio.
Eram estradas e mais estradas adornadas de diversas maneiras. Flores azuis, violentas, vermelhas e brancas, em outras partes eram multicoloridas e até mesmo rosas gigantescas onde dava para se ver ninfas guerreiras de pé apenas me observando com suas armas.
"Onde uma deusa estaria nessa imensidão? Provavelmente no centro do lugar. Já vi que vou me perder nisso tudo." Pensou Dafne comigo mesmo a cada passo que se embrenhava pelo jardim misterioso de uma deusa-fada.
Foram horas e horas de caminhada debaixo de um sol bem escaldante. A impressão que Dafne tinha era de que a temperatura aumentava a cada erro seu. Parecia algo fora da realidade, mas a cada passo ela sentia que tudo o que estava passando fazia parte de algum teste feito pelas próprias deusas. Ela já estava prestes a desistir quando notou um córrego. Aproximou-se, bebeu um pouco de água, lavou seu rosto suado e quente, então decidiu segui-lo. "Acredito que ele deságue em algum lugar, um lago menor talvez." Considerou a ideia.
Dafne afinal estava certo. Havia um enorme lago naquele jardim e não um pequeno como imaginou. Obviamente não pode deixar de notar o gazebo com uma estátua de pedra posto ao lado do mesmo. Ele era diferente, adornado com muito verde e flores brancas.
Do lado oposto era possível ver um divã feito de ouro e adornado com tecidos caros. Sobre ele, uma bela e jovem mulher descansava. Aproximei -se o suficiente, retirou o tecido que cobria suas pernas, ajoelhou-se e fiz o cumprimento.
— Soberana! Disse fazendo uma reverência enquanto estava ajoelhada no chão.
Ela levantou-se, ajeitando o vestido, e virou-se para fitar quem havia adentrado em seus domínios. Alta, pele clara, olhos claros, corpo formoso, seios fartos. Ao levantar-se, inúmeras ninfas e fadas de todos as raças e tamanhos surgiram próximo a ela. Aine usava um vestido levemente dourado adornado com fios de ouro, uma tiara de ouro cravejada de pequenos diamantes e um cetro de ouro. Era imponente. Era elegante. Era surpreendente. É a rainha de todas as fadas.
— Dafne de Gosmel! Disse vindo em sua direção. Seu caminhar era leve e perfumado, assim como as flores do campo ao sabor da suave brisa do amanhecer.
Manteve seu olhar rebaixado, pois não gostaria de ser mal interpretada. As ninfas e fadas guerreiras poderiam aparecer novamente e querer feri-la e dessa seria de verdade.
— Vejo que a jovem fada oráculo conseguiu se sair muito bem nessa jornada. Pelas suas roupas, vejo a interferência da deusa Gaia. Sorriu satisfeita. — Ela nunca decepciona seus protegidos e nem aqueles que não são. Assim como deve ser uma verdadeira mãe! E pelo que vejo Ariadne e as demais também não conseguiram executar o intento delas. Isso sim é surpreendente e maravilhoso. Se eu ainda consigo interpretar as entrelinhas depois de tantos séculos longe das rivalidades e disputas de meus filhos e filhas, você só pode estar aqui na busca por uma solução. Você acredita que eu possa lhe ajudar a resolver seus problemas com aquela rainha tirana, não é mesmo?
— Sim, soberana! Respondeu reverente a deusa-fada.
— Como você demorou a abrir os olhos. Precisou ser forçada emocionalmente por quem ama para despertar. Pois bem! Astar! Gritou fortemente o nome.
Em poucos segundos uma ventania se iniciou e uma forte onda luminosa tomou todo o lugar. Inúmeras cores começavam a se formar, como se fosse diversos arcos íris ao mesmo tempo se fundido em todas as direções. Uma figura feminina muito jovem e bela emergiu da luz. Uma nefilin, com olhos escuros, usando um vestidinho preto aproximou-se de nós e se ajoelhou.
— Astar, leve a fada até o santuário no bosque. E aguarde a minha chegada dentro de poucas horas, aqui não podemos fazer nada. Mas dentro do meu santuário é outra história.
Dito isso, a nefilin mensageira tomou a mão de Dafne e, sem dizer uma palavra, guiou-a pelo bosque tão rapidamente como os raios que cortam o céu em um dia de tempestade. Novamente Dafne se deparou com as ninfas das árvores, mas elas respeitavam a presença da mensageira nefilin. Não foi uma caminhada dolorida nem muito maçante. Foi tediosa por ter sido tão rápida na verdade.
Após acharmos o caminho do santuário, pois o mesmo ficava escondido dentro de um sinuoso labirinto de cristais e flores, ela apontou um magnífico palacete e em seguida desapareceu no vento. Ainda lhe faltava coragem para entrar e encarar a fada da justiça que dizem ser quem guarda as entradas dos santuários da deusa-fada. Respirou fundo algumas vezes e entrou com o coração disparado.
1517 Palavras
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro