v i n t e e d o i s
— Bom, meninas, hoje é nosso último jogo antes das férias. Sei que a gente não teve muitos dias para treinar, mas creio que foi o suficiente. – começo dizendo para todos as meninas animadoras de torcida. Observo todas com seu devido uniforme e elas estão totalmente animadas, algumas por gostarem do que fazem já outras só porque o Colégio vai estar cheio de garoto do colégio local. — Teremos a presença de pais e alunos, tanto do nosso colégio como do adversário. – todas assentem. — Vocês vão arrasar, dêem o melhor de si naquela quadra. – bato palmas para dar um ênfase na frase.
As meninas voltam a fazer os exercícios no corredor antes da quadra, enquanto eu vou até o vestiário.
— Você consegue, não é como se o mundo fosse acabar. – digo para eu mesma olhando o meu reflexo no espelho. Coloco meu cabelo atrás da orelha mais de uma vez por causa do meu nervosismo. Diferente das meninas que estão com seus cabelos presos, estou com o meu solto.
Olhei na tela do meu celular e só faltava 5 minutos para as animadoras de torcida irem para quadra. Decidi me juntar a elas e assim faço.
— Vocês estão prontas? – pergunto assim que me ponho na frente das meninas.
— Sim. – elas dizem em uníssono.
— Ok. Todas aqui. – coloco minha mão esticada na frente do meu corpo e todas elas se juntam. — Betty, é com você. – digo para a garota morena.
— E 1, E 2, E 3, E VAI WERDHILLS COLEGE. – ela grita e todas as outras garotas acompanham e jogam suas mãos para o alto.
Todas elas fazem uma fila e entram em quadra assim que uma batida pesada começa a soar por todo o lugar. Entro um pouco atrás delas e varro todo o lugar com o olhar até encontrar Hamish e o vejo sorrindo, conversando com sua mãe que está ao seu lado.
Em passos largos, subo as arquibancada e me sento ao seu lado.
— Oi. – digo. O garoto me olha e sussurra um "oi" de volta.
— Oi, Brianna. Como você está? – Raquel precisa gritar para que eu possa ouvir o que ela diz, já que a quadra está a maior barulheira.
— Bem, obrigada. – respondo. Hamish me olha mais uma vez e depois volta seu olhar para o meio da quadra, onde as meninas estão arrasando. Os movimentos de cada uma são precisos e Betty está liderando tudo muito bem.
Continuo varrendo o lugar com os olhos até que encontro minha mãe, meu pai e vovô sentados uns 5 degraus acima de nós. Meu avô me nota logo de cara e me manda um sorriso. Já minha mãe está com uma cara nada boa e conversa com meu pai. Logo o olhar dele se choca com o meu e ele cutuca minha mãe e a mesma me olha.
Seu olhar é mortal e a única coisa que eu faço é dar um sorriso para eles.
— Tudo bem? – Hamish pergunta, chamando minha atenção.
— Sim. – respondo. Raquel está com seus olhos focados nas líderes de torcida e grita com o pessoal sempre que eles gritam por elas terem feito algo de mais.
— Vai dar tudo certo. – Hamish sussurra perto do meu ouvido e eu assinto.
— Eu espero que dê certo mesmo. – digo, mais para eu do que para ele.
Logo as meninas terminam o show e em seguida, os garotos do time de basquete do nosso colégio entram em quadra, arrancando gritos de todos os alunos e assim é quando os jogadores do outro time entra.
Já que Cameron foi transferido de colégio, Hanry foi escolhido o novo capitão do time. Até que ele é bom no que faz. Apesar de começarmos perdendo, no fim ganhamos de 129 pontos a 68.
Assim que o jogo termina, os garotos do time vão direto para o vestiário, já os alunos seguem para o salão do colégio, juntamente com os pais que foram ao jogo e professores. Decidimos sair por último, para não correr perigo de sermos atropelados pelas pessoas. Descemos a arquibancada juntos, eu, Hamish e Raquel.
— Seus pais vieram, Brianna? – Raquel questiona.
— Vieram sim. – respondo. Ela me oferece um sorriso e Hamish continua sério. Seguimos rapidamente para o salão e logo chegamos. Ele estava bem cheio, era possível ver alguns alunos do outro colégio, mas a maioria era do nosso colégio mesmo, eles estavam comendo alguma coisa e bebendo. De longe vejo meu avô e, assim que que ele me vê, vem em nosso direção.
— Oi, vovô. – o cumprimento.
— Oi, minha neta. – me dá um rápido abraço. — Raquel e Hamish, certo? – pergunta para eles.
— Sim. – Raquel responde com um sorriso nos lábios. — É um prazer ver o senhor novamente. – ela diz.
— Senhor não, pode me chamar de você. – vovô sorri com graça. Hamish assente com a cabeça e vovô faz o mesmo. — Vai falar com seus pais agora? – vovô questiona para mim.
— Como eles estão? – pergunto sem graça enquanto Raquel pede licença e se afasta de nós.
— Sua mãe está bem nervosa. – ele ressalta.
— Já imaginava. – digo aflita. — Você vem? – pergunto para Hamish, ele parece confuso.
— Acho que não é uma boa ideia. – ele diz. Tento fazer a minha melhor cara de triste e ele só me lança um olhar sério.
— Então fica aí. – digo por fim, sentindo um aperto no peito. Vovô sai na minha frente e eu o sigo, sem a presença do garoto de cabelos rosa.
Passo por várias pessoas até chegar onde meus pais estão. Quando chego, meu avô já está lá, ao lado deles. Minha mãe se vira para eu assim que chego perto o suficiente deles.
— Por que você não estava com as animadoras de torcida? – minha mãe grita, chamando a atenção de todas as pessoas.
— Mãe. – começo a falar, mas ela não deixa.
— Que merda você estava fazendo com aquele garoto, Brianna? – ela faz movimentos com as mãos, parecendo bastante estressada. Papai tenta acalma-la, mas ela estava irredutível.
— Robert, segura sua esposa. – vovô diz, apenas para nós ouvir.
— Olha, Brianna, não posso acreditar que você deixou o Cameron para ficar com esse garoto aí. – mamãe volta a falar, mas mais baixo dessa vez.
— O Cameron fez coisas horríveis comigo, será que a senhora não vê isso? – pergunto, engolindo em seco. — Ele me traiu com a minha melhor amiga, ele faltava me bater e vocês ainda tentam me empurrar para cima dele. – ressalto.
— Tem coisas que a gente tem que relevar. – minha mãe diz, me olhando no fundo dos olhos. Meu pai, que está ao seu lado, encara meu avô que está lhe encarando assim como eu.
— Já chega desse assunto. – ele diz. — Não quero saber de você com aquele... – meu pai começa a dizer novamente, mas logo para.
— Aquele o que, senhor Jansen? – ouço a voz de Hamish atrás de mim. Olho para trás e o vejo, com suas mãos no bolso de sua calça e ele está encarando meu pai, como se quisesse uma resposta. — Com todo respeito, senhor, eu posso não ser rico como vocês, ter um carro do ano ou algo de tipo, mas pelo menos eu nunca colocaria uma mulher nessa situação. – ele diz, firme. — A única pessoa que decide se eu fico ou não com ela, é a Brianna. – termina.
Continuo encarando ele e sorrio.
— Eu estou cansada disso tudo. De ser obrigada a usar tal roupa, de fazer o que eu não quero, de andar ou me relacionar com pessoas que só me fazem mal. – começo dizendo, voltando meu olhar para meus pais. — Dinheiro não é tudo, papai, ser líder de torcida e ter fama no colégio também não é, mamãe. – encaro os dois, que estão me olhando sem dizer nada. — Eu espero que vocês, como os meus pais, me apoiem se eu quiser ficar com o Hamish ou se eu não quiser mais ser líder de torcida. – termino.
Depois do jantar que deu super errado, comecei a me questionar se valia a pena eu continuar fazendo o que eu não queria apenas para não desapontar meus pais mesmo recebendo críticas dos mesmos depois.
Se eu já tinha falado para meus pais que Hamish estava me ajudando a tirar notas boas nas provas finais e que estava apaixonada por ele, qual seria o problema de dizer tudo que me incomodava? Ser líder de torcida nunca foi meu sonho, acho que ele é bem mais da minha mãe. Sentar e conversar isso com ela não rolaria, eu conheço a mãe que eu tenho.
Passei a noite inteira pensando o que eu poderia fazer.
No dia seguinte, recebi as notas das provas do dia anterior e das que fiz no mesmo dia. Passei em todas. No treino depois das aulas, conversei com as meninas e, devo dizer que algumas delas até gostaram da ideia de não me ter mais como líder de torcida. Passei minha liderança para a Betty, foi um espanto para ela e para outras garotas, mas ela é uma das mais capacitadas para o cargo.
Nesse dia, não precisei ir a casa de Hamish para estudar, já que as provas terminaram. Confesso que não sabia o que aconteceria com a gente, ainda mais depois da gente ter se beijado. Mas nem precisei me preocupar muito, pois o mesmo estava encostado no meu carro assim que sai do treino. Foi fofo ver o garoto sério dizendo que estava apaixonado pela Brianna Jansen, a garota mais arrogante e não sei mais o que do Colégio.
— Não sei o que você fez, mas o fato de saber que você não vai lá em casa quase todos os dias da semana me incomoda muito. – ele disse com suas bochechas quase da cor de seu cabelo. Me aproximo do rapaz, arriscando alguma coisa, então ele leva sua mão direita no meu rosto e fez um carinho no mesmo, me fazendo fechar meus olhos e sentir seu toque.
— Eu sou irresistível. – sussurro. Hamish dá uma risada e depositou um beijo singelo em meus lábios. Conversei com ele sobre o que eu estava planejando e ele achou tudo muito de mais, já que preferia sentar e conversar, mas quando viu que não tinha jeito, me apoiou.
No dia seguinte, nos sentamos juntos em uma mesa no refeitório. Me senti incomodada com alguns olhares, confesso, mas não liguei, sei que Hamish não se sentiu totalmente confortável com a situação, mas não disse nada. A cada minuto que eu passava com ele, eu podia ver o quão fofo ele é, só não vi antes pois o mesmo é sério e fechado de mais para pessoas que merecem isso.
Ontem participe do treino com as meninas, só para ver como ia ser. Apesar de não amar ser líder de torcida, faz 2 anos que eu era uma e mudanças não são tão fáceis assim.
Meu avô conseguiu convencer meus pais a vir no jogo de hoje, depois que contei a ele o que eu pretendia fazer. Devo dizer que não dormi muito de ontem para hoje, pensando nisso, pois estava com medo dos meus pais surtarem, como quase fizeram aqui.
— Hamish? – sou despertada pela voz de Raquel ao nosso lado. — Acho que já vou indo. – ela diz, sorrindo.
— Raquel? – mamãe pergunta espantada. Os cinco pares de olhos são voltados para ela. Raquel encara a mulher ruiva, ao lado de seu marido, com uma feição assustada.
— Patricia. – a mãe de Hamish afirma e então os olhares se tornam mais confusos. — Robert Júnior, deveria ter imaginado. – acrescenta, encarando meu pai e meu avô.
— Vocês se conhecem? – pergunto.
— A mãe da Brianna é a sua amiga da adolescência? – Hamish pergunta, incrédulo.
— Como assim? – pergunto tentando entender o que está acontecendo.
— Eu e Raquel fomos amigas no colégial. – mamãe se pronuncia, me fazendo ficar sem reação. Santa coincidência.
— Sim, fomos. – Raquel completa.
— Porque não são mais? – meu avô pergunta, dessa vez.
— É uma longa história. – as duas dizem em uníssono. Um silêncio se instala entre nós e Raquel olha mais um vez para o filho e o quebra.
— Até mais tarde. – ela diz, da um beijo no filho e Hamish diz alguma coisa para a mesma, mas estou focada em meus pais.
— Vai, nós vamos te apoiar, seja qual for a sua escolha. – vovô diz, me encarando. Meu pais olham para ele e ele quebra nosso olhar para olhar para eles. — Não é mesmo, Robert e Patricia? – ele questiona.
— Mas... – mamãe começa, porém logo para. — Ok. – diz ela, não muito contente. Papai não diz nada, apenas assente com a cabeça e.volta seu olhar para o chão. Me viro para Hamish e ele desce seu olhar para mim, encaro seus olhos, que estão a muitos
centímetros mais altos que eu, já que estou de tênis.
— Acho que já ficou bem claro a minha decisão. – falo alto o suficiente para meus pais, meu avô e Hamish ouvir. Depósito um beijo nos lábios do rapaz a minha frente e, por fim, me viro para meus pais. — A gente se encontra lá em casa. – digo.
Entrelaço minha mão na de Hamish e o puxo para fora daquele salão o mais rápido possível, depois de esbarrar em algumas pessoas, e assim que passamos pela porta do ambiente, Hamish me abraça pela cintura, me deixando dá sua altura e me olha sorrindo.
— É incrível pensar em como minha vida era até você chegar. – falo e o beijo.
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