d e z e n o v e
— Essa mulher é doida. Quem ela acha que é? – pergunto, andando apressadamente na frente de Hamish, enquanto o mesmo parece calmo. Me viro para ele e observo seu nariz com um curativo que não atrapalha em nada sua beleza. — Oi, Kory. – digo, chegando em frente a secretaria. Quando dou um passo em direção a sala da diretora, Hamish me puxa pela mão.
— Eu entro, você fica. – ele diz calmo, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
— Culler tem razão. – Kory acrescenta.
— Tá. – respondo somente e fico com uma cara nada boa vendo Hamish entrar na sala da diretora.
— Então você... – Kory me olha com os olhos semisserrados.
— Não. – digo séria e ela levanta as mãos em sinal de rendição. Me sento em uma das cadeiras ali e espero, espero e espero. Olho no relógio e se passou 15 minutos quando Hamish passa pela porta da sala, me fazendo dar um suspiro aliviado. — Como foi? – pergunto me levantando.
— Foi tudo bem. – Hamish diz.
— Foi tudo bem? É isso que você tem a dizer? – ergo minhas sobrancelhas e lhe encaro.
— Sim. – me da um pequeno sorriso e se vira para Kory. — Obrigado, Kory. – agradece. Hamish começa a sair dali, mas logo olha para trás e me observa parada, olhando para ele. — Aí, meu Deus. – ele vem em minha direção e pega em minha mão, me levando junto com ele.
Depois de uma certo tempinho, chegamos na porta da nossa sala de aula, que por coincidência, era a mesma. Só então, me lembro de nossas mãos entrelaçadas e, um tanto sem graça, como hoje mais cedo quando estavámos indo para a enfermaria, desfaço o entrelaço, lhe lanço um sorriso e entro na sala primeiro e Hamish depois. O professor não disse nada sobre o atraso e eu agradeci mentalmente por isso.
Durante toda a aula, observo algumas garotas me olhando de lado, mas finjo que não é comigo e tento prestar atenção na aula, algo que falho drasticamente. Quando o sinal soa, me despertando dos meus pensamentos, começo a guardar os meus matérias e olho ao redor, vendo que Hamish já não está mais na sala, então me retiro da mesma, ainda sob olhares, como o restante das aulas.
Estava quase no estacionamento quando me lembro que hoje tem treino das líderes de torcida. Sem ânimo algum, vou até a quadra da escola, onde estão todas as líderes de torcidas se alongando. Me apresso um pouco mais, indo vestir minha roupa e arrumando meus cabelos e sem muita demora, já estou na quadra me alongando juntamente com as meninas.
— Bom, meninas, esse é o nosso primeiro treino desde o último jogo e isso já faz um tempinho. – começo falando, chamando a atenção de todas. — Como vocês devem ter visto nos corredores, sábado irá acontecer um amistoso contra o colégio local e eu espero que nós estejamos preparadas para representar nossa escola. – tento soar animada, mas não dá muito certo. Um pouco afastada, vejo Rachel, que olha para o chão quando nosso olhar se encontra.
— Vamos ensaiar a semana inteira? – Manu pergunta, querendo tirar a dúvida de todas, vejo.
— Vocês acham necessário treinarmos todos os dias? – pergunto e todas as meninas me olham incrédulas. Não as culpo, eu nunca dei espaço para elas aqui.
— Bom, creio que duas horas na segunda, quarta e sexta é o suficiente. – uma das meninas diz e todas as outras concordam, meio receiosas.
— Ok. – digo. — Então vamos começar. – todas as meninas vão para seus respectivos lugares e passamos duas horas ou mais ensaiando. Dessa vez tinha algo diferente, pois eu me senti bem dançando, as meninas deram dicas de passos e tudo deu certo. Assim que o ensaio termina, vou direto para o vestiário e tomo um belo banho, pois estava toda suada. Visto minha roupa normal e quando estou passando pela porta, Rachel para na minha frente.
— Posso falar com você? – ela me pergunta e eu simplesmente nego com a cabeça, saindo dali o mais rápido possível. Em passos rápidos, passo em frente a biblioteca e de relance vejo um ponto rosa no meio da mesma. Minhas pernas me fazem o favor de não parar e eu continuo andando, só que dessa vez, mais devagar. Em questões de segundo, ouço passes leves atrás de mim, que me fazem virar minha cabeça e encarar Hamish.
— Está tudo bem? – ele me pergunta, observando meu rosto um pouco pálido, creio eu.
— Está. – digo, dessa vez parando de andar. Hamish ergue suas sobrancelhas e me analisa, só no ato, ele parecia ler minha mente. — Rachel veio falar comigo. – confesso.
— E como foi a conversa? – o garoto quer saber. Eu olho em seus olhos e faço um barulho frustrado com a boca e o chamo para sairmos dali.
— Não teve conversa. Eu saí, praticamente, correndo quando ela veio falar comigo. – nego com a cabeça e Hamish me olha confuso. — Você não faria o mesmo? Ela se passou por minha amiga, pegou meu namorado. – falo exasperada.
— E você deu um banho de comida nela, sendo que o Cameron era seu namorado e não ela. – Hamish aponta. — Quem merecia aquele banho era ele. – confessa, por último, quando estamos quase chegando ao estacionamento.
— Você diz isto porque você não gosta dele. – brinco, recebendo um olhar reprovador em troca.
— Não tenho motivos para gostar dele, tenho? – Hamish aponta para seu nariz e eu coloco meus cabelos ruivos atrás da orelha, observo o estacionamento a minha volta, estamos só nós dois aqui e meu carro. Meu olhar volta para o garoto ao meu lado, encostado em meu automóvel.
— Você acha que eu deveria conversar com ela? – questiono, receosa com a resposta.
— Sim. – ele diz, somente. — Não só conversar, como pedir desculpas pela banho de comida. – completa e eu lhe olho indignada.
— Não mesmo. – digo, brava, encostada na lateral do meu carro. — Não. – repito para deixar claro. Aquela garota não merece nada vindo de mim, a não ser raiva. — Ela tinha sorte por ser minha amiga e vai e faz isso. Muito sem noção. – reviro meus olhos. Hamish me lança um último olhar antes de começar a se afastar de mim. — Onde você vai? – pergunto.
— Quando você parar de se achar superior as pessoas, a gente conversa. – calmo, como sempre, ele continua se afastando.
— O que? – grito, tentando chamar sua atenção. — Então vai embora mesmo, idiota. – cruzo os braços, num gesto que uma criança de cinco anos faz quando a mãe não dá o que ela quer e observo o garoto sumir da minha vista.
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Sabe quando alguém te fala algo e você fica pensando naquilo 24 horas? Pois é, eu estou dessa forma. Fiquei com o que Hamish me falou na cabeça o restante do dia, quando cheguei em casa, quanto tomei banho, ao sentar a mesa para jantar. Eu não me acho superior, mas talvez eu tenha exagerado ao dizer que Rachel tinha sorte por ser minha amiga e ainda fez o que fez.
Sorte por ser minha amiga? Ninguém tem sorte de ser amiga ou próxima de uma pessoa como eu. Olhando agora, vejo que eu fui uma péssima amiga. Fazia de tudo para Rachel ficar chateada, sempre a criticava, fazia piadas de mau gosto até com ela que andava comigo, eu nunca dei forças para ela quando ela se relacionava com alguém, agora percebo que eu sempre a oprimia.
Não só ela, eu fazia isso com todo mundo. Eu sou uma péssima pessoa e perceber isso me dói.
Dou um pequeno pulo na cama quando alguém bate na porta do meu quarto, mas logo me recomponho.
— Entra. – digo. Vovô logo aparece a cabeça numa fresta da porta que ele abre e me lança um sorriso. — Oi, vovô. – digo, tentando lhe dar um sorriso.
— O que houve, minha neta? – ele pergunta preocupado.
— Vovô, eu sou uma péssima pessoa. – desabafo. Meu avô me olha confuso e eu encaro seus olhos.
— Não fale isso, minha neta. Você não é uma péssima pessoa. – ele tenta me confortar.
— Rachel veio falar comigo hoje e simplesmente saí correndo, quando contei ao Hamish o que tinha acontecido, ele me disse que eu devia desculpas a ela pelo banho de comida. – digo.
— E qual a parte que você é uma péssima pessoa? – vovô questiona.
— Eu disse a ele que Rachel tinha sorte em ser minha amiga e ainda fez o que fez. – decido dizer somente isso.
— Devo dizer que o jovem rapaz não concordou com isso. – vovô sorri de lado e eu afirmo com a cabeça. — E o que é que ele falou? – indaga.
— "Quando você parar de se achar superior as pessoas, a gente conversa." – tento imitar a voz do garoto de cabelos rosa, mas enfim. — Vovô, eu me acho superior as pessoas? – pergunto, temendo a resposta.
— Minha neta, isso é você que tem que responder. – vovô me encara. — Não é feio reconhecer as coisas ruins que a gente já fez, Brianna, feio é continuar fazendo. – por fim, dou um abraço em meu avô e sussurro um obrigada para ele, ele se despede com um beijo na minha testa e um boa noite.
— Meu Deus. – digo, depois que vovô já não se encontra em meu quarto. Eu acabei esquecendo da aula com Hamish hoje e o medo me invade. Dependendo de que matéria terá prova amanhã, estou ferrada. Mas tento manter a calma, penso em estudar sozinha, mas antes tenho algo para fazer.
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Mais um capítulo de AVC para vocês.🥰
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