c i n c o
— Você deveria sorrir mais. – me pronuncio e agora só vejo um pequeno rastro que houve um sorriso em seus lábios. — É melhor eu ir. – digo, já calçando meu salto e pegando minha bolsa na cama. Hamish assente e eu sigo ele para fora do quarto e assim que chegamos até a sala, paramos ao ver sua mãe sentada no sofá.
— Já vai, meu amor? – a mãe de Hamish me pergunta e eu assinto tímida. — Eu fiz um lanche para vocês, mas não quis atrapalha-los. – Raquel diz calma. — O que vocês acham de lancharem agora? – o rosto jovem de Raquel está demonstrando expectativa, mas não sei o que responder extamente.
— Eu preciso ir, mas muito obrigada. – digo com meu rosto quente e sentir o olhar de Hamish sobre mim não me ajuda muito. — Foi um prazer te conhecer, Raquel. – digo para amenizar a desfeita.
— O prazer foi todo meu. – ela responde, um pouco frustrada. — Acompanhe a moça, meu filho. – antes de Raquel sair da sala, ela pisca para o filho e Hamish a olha sem graça. Não protesto sobre a companhia do garoto, mesmo correndo risco de alguém nos ver. Seguimos nosso caminho em silêncio e a pé. Fechei os olhos por um segundo, sentindo a brisa, não tão fria quanto antes, soprar em meu rosto e levar meus cabelos ruivos para trás.
Hamish segue o caminho com as mãos no bolso de sua calça e ele parece pensativo. Quando estamos chegando perto do condomínio onde moro, avisto o conhecido carro de Cameron. Fico assustada e tento arrumar alguma desculpa para o mesmo me ver com Hamish.
Não demora muito até o meu namorado parar ao meu lado e abaixar o vidro do carro e me olhar sério.
— O que você tá fazendo com esse cara? – ele me pergunta com o maxilar travado, no mesmo momento já tira o sinto de segurança e desce do carro, após abrir a porta.
— Nada. – tento soar o mais naturalmente possível. — Eu encontrei ele por a caso aqui e ele ficou me enchendo. – olho de relance para Hamish e ele está sério, ainda com as mãos no bolso de sua calça jeans com lavagem escura.
— Cara. – Cameron chega perto de Hamish e aponta o dedo para ele, esperei alguma reação do rapaz, mas o mesmo continua quieto. — Eu não quero saber de você perto da minha garota. – meu namorado diz sério. Hamish não diz nada, apenas me olha, dá de ombros e sai andando de volta para sua casa, enquanto eu engulo em seco quando Cameron olha para mim. — Você não disse que estaria na sua casa ajudando sua mãe com algo? – ele diz estralando os dedos.
— Eu estava, mas saí para tomar um ar. – digo, normalmente.
— Eu acabei de sair da sua casa, sua mãe me disse que você nem tinha aparecido lá depois da aula. – ele se encosta no carro e me encara. A minha sorte foi o celular dele tocar e ele entrar no carro e sair sem olhar para trás, só assim eu respiro aliviada. Olho para trás na intenção de ver Hamish, mas, com certeza, ele já estava bem longe dali.
Nesse pequeno período de tempo, Hamish não me tratou com indiferença, como todos me tratam. Ele agiu normalmente comigo, me tratou como uma pessoa normal, e eu não achei ruim. Foi bom, pelo menos uma vez, não ser o centro das atenções, não ter que ser a perfeitinha ou a odiada, não ter que ser quem eu não sou.
— Oi, amiga. – me assusto com Rachel me chamando.
— Oi, Rachel. – a respondo. De onde essa garota apareceu?
— Tá tudo bem? A gente podia sair hoje, fazer algo. – ela não espera minha resposta e começa a me acompanhar.
— Não estou a fim. – digo.
— Okay. – ela dá de ombros, mas ainda continua me seguindo. Quando cheguei na entrada do condomínio principal, ela não quis entrar e eu agradeci mentalmente por isso. Chegando em casa, fiz de tudo para não encontrar minha mãe pelo caminho, caso isso acontecesse, ela iria querer saber onde eu estava. Por sorte, não vi nem ela e nem meu pai, fui direto para meu quarto, tomei um banho e fui deitar um pouco, mas não antes da minha mente ficar martelando sobre o jeito que falei de Hamish para Cameron.
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— Eu queria me desculpar por ontem. – antes mesmo de me sentar ao lado de Hamish na biblioteca, já me pronuncio, mas o rapaz nem se quer direciona seu olhar para mim. — Fala alguma coisa, Hamish – toco seu ombro e ele fica tenso, igual no dia em que pedi ajuda para o mesmo.
— Tanto faz. – ele responde e, por ainda estar com minha mão em seu ombro, sinto seu corpo tremendo por conta dele estar balançando sua perna freneticamente. — Você não deveria estar aqui, alguém pode nos ver. – sua voz sai baixa, mas audível para meus ouvidos, a forma como ele pronuncia a fala é seca e eu sei a quem ele se referiu quando disse "alguém", mas ele parecia estar tomando um certo cuidado para não soar tão grosso. Eu o encarei com cuidado, ainda com minha mão em seu ombro, e percebi que mesmo ele estando com o olhar baixo, ele não encarava o livro, ele estava com o olhar perdido.
Assinto e saio da biblioteca segundos depois e sigo para o refeitório, onde Cameron se faz de namorado perfeito na frente de todos, e eu o mesmo. Depois das últimas aulas, rodei pelo colégio a procura de Hamish, mas não o encontrei em nenhum lugar, segui para o estacionamento, onde comecei a reparar que o mesmo passava todos os dias no mesmo horário, mas ele não passou por lá também.
Esperei por mais algum tempo, para ver se ele aparecia para irmos até sua casa, mas nem sinal de Hamish. Ligo meu carro, saio do estacionamento e sigo em direção a sua casa, não demora muito tempo até chegar lá, estaciono o carro e fico alguns minutos dentro dele pensando se devo descer e bater na porta de sua casa ou se vou embora.
A porta de sua casa é aberta, por ela passa Raquel, mãe de Hamish, e ela parece estar vindo em minha direção. Fecho os olhos com força pensando em que agora eu poderia ter algum super poder no qual me salvaria, mas quando abro os olhos, Raquel já atravessou a rua e está bem próxima do vidro do meu carro.
— Oi. – a cumprimento assim que abaixo o vidro do carro, para que possamos conversar melhor.
— Olá, Brianna. Como você está? – ela pergunta gentil e com um sorriso sincero no rosto.
— Estou muito bem, obrigada. E a senhora? – lhe pergunto também.
— Estou bem. – ela responde e sustenta seu olhar em mim. — Faz uns dez minutos que estou vendo seu carro parado aqui na porta de casa, pensei até que poderia ser outra pessoa, mas acabei te reconhecendo, apesar da distância. – Raquel desabafa e logo apoia sua mão na lateral do carro, com calma. — Você não quer entrar? – ela pergunta, me pegando totalmente de surpresa.
— Pode ser. – a respondo. Peço licença para fechar o vidro do carro, assim que faço, saio do carro e seguimos para dentro da pequena casa confortável.
— Você aceita algo para beber? – ela pergunta gentilmente e eu nego com a cabeça. — Então, minha jovem, você quer me contar porque estava parada ali em frente a todo esse tempo? – assim que nos sentamos no sofá de sua sala, Raquel pergunta.
— Como a senhora sabe, Hamish está me ajudando com algumas matérias e fiquei sem saber se ele me ajudaria hoje. – conto para ela que me escuta atenta. — Ele está aqui? – pergunto.
— Meu filho é bem fechado, você é a primeira amiga que ele trás aqui em casa, e, me arrisco a dizer que você é a primeira amiga dele. – sorrio sem graça. Na verdade, eu não sou amiga de Hamish, ele está apenas me ajudando, afinal, ele nem faz parte da mesma classe social que eu, e tem mais, ele não é popular e, nem ferrando, Cameron o aceitaria andando comigo. Tive vontade de falar para Raquel, mas eu pensei bem, pela primeira vez, antes de falar e percebi que estou agindo como a ignorante de quando Hamish citou quando eu e ele nos conhecemos.
Na escola, tenho que agir dessa forma para não perder as aparências, se minha mãe visse eu falando essas palavras para Raquel, com certeza ela me aplaudiria. Eu realmente sinto nojo da pessoa que eu me tornei. Uma pessoa fútil, que vive de aparência, que rebaixa os outros para se sentir melhor.
— Brianna. – ouço meu nome ser chamado e só então percebo que ainda estou em frente de Raquel e que ela me olha preocupada, sinto uma lágrima rolar por minha bochecha e percebo o porque da expressão em seu rosto.
— Eu preciso ir. – me levanto com pressa do sofá e vou até a porta com Raquel perguntando o que houve. — Me desculpe, Raquel. – digo antes de abrir a porta. O que me impede de passar pela porta é um corpo, no qual se choca com o meu.
— Brianna? – Hamish me encara surpreso.
— Eu já estava indo embora. – digo antes dele dizer algo por achar ruim eu estar em sua casa. Passo por ele, mas seu toque quente em meu pulso me impede.
— Espera. Está tudo bem? – ele pergunta depressa, sem tirar a mão de minha pele.
— Está sim. – respondo espantada, ele retira a mão de meu pulso e, por um segundo, senti falta do seu toque quente. — Já vou indo. – sigo apressada para meu carro, quase não consigo abrir a porta, minha mão está trêmula e ainda levo um susto quando a mão de alguém surge sobre a minha.
— Você precisa se acalmar, o que aconteceu lá em casa? Minha mãe disse algo? – ele pergunta sério.
— Não, sua mãe é um amor. – e a mãe que eu sempre sonhei para mim, completo mentalmente. — Eu preciso ir, Hamish. Até mais. – consigo destrancar a porta do carro e assim fui embora, com o coração batendo muito forte.
Deixo meu carro em frente a minha casa mesmo e entro em casa tentando me recompor.
— Posso saber onde a senhorita estava? – me assusto novamente, mas dessa vez com a voz da minha mãe.
— Na casa da Rachel. – falo o que veio em mente.
— Sério? – ela me pergunta com sua sobrancelha ruiva arqueada. — Que engraçado, a Rachel acabou de me ligar te procurando. Ela disse que você faltou ao treino e não atendia o celular. – engulo em seco recebendo o olhar ameaçador de minha mãe. — E ontem, o Cameron veio aqui te procurar também. Ele me falou que você disse para ele que me ajudaria em algo. – minha mãe da mais dois passos em minha direção e me encara muito séria. — Você pode me explicar o que está acontecendo com você? – ela coloca seu cabelo de lado, nervosa, algo que herdei dela.
— Não é nada. – me afasto um pouco da mesma. — Eu vou subir. – quando estou preparada para dar mais um passo, sinto uma ardência enorme em meu rosto, percebo que minha mãe me olha irada. Coloco a minha mão no lugar onde o tapa foi desferido, seguro as lágrimas e olho a mulher raivosa a minha frente.
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Mais um capítulo de "Até você chegar".
Espero que tenham gostado.
Próximo capítulo na segunda-feira. 💕
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