Pai
Embora preferisse ir sozinha no cavalo, ou pelo menos me sentar atrás, tive que escolher entre o líder grosseiro e o ninja bonitão — como preferi chamar Baek Ho, embora ele não fosse realmente um ninja, mas fosse muito bonito, comparado aos outros homens que havia visto até o momento. Não poderia usar meus braços, pois fui obrigada a segurar o casaco de inverno como capuz para cobrir o rosto, mesmo que estivesse muito quente e o sol da tarde batesse diretamente em cima de nós; decidi escolher ir aos cuidados de Baek Ho, agradecida por sua educação e cavalheirismo de antes.
Cavalgamos por tempo suficiente para que eu pudesse ver o completo pôr do Sol entre as montanhas, me sentindo nervosa ao chegarmos nos limites de um pequeno vilarejo à vista. A paisagem era completamente diferente da Seul que eu conhecia, repleta de vegetação e ar fresco, sem a típica selva de pedra e com um céu limpo e longe da poluição. Era algo que eu nunca havia visto pessoalmente, apenas em pinturas e imagens editadas da internet.
— O que faremos agora?
— Vamos levar ela para a sua casa, é o melhor esconderijo que podemos fazer.
— É bem no meio da cidade, ela será descoberta facilmente.
— Não se ela não sair. É o lugar menos óbvio, perto do palácio e onde guardas protegendo uma residência não são um problema, ficará mais fácil ficar de olho nela. Ninguém pode imaginar que uma criminosa esteja se escondendo em meio aos nobres. Isso também vai manter aqueles homens longe dela.
— E quem a protegerá? Precisamos de alguém confiável, que não irá denunciá-la.
— Você.
— Eu? Mas é minha obrigação te proteger.
— Vivo cercado por guardas, não se preocupe.
— Mas Voss...
— Ei, eu ainda tô aqui, se vocês não perceberam. - interrompo a conversa dos dois - Decidam-se logo. Vou derreter em baixo dessa roupa! Aliás, aonde tá o inverno? Tenho certeza que tinha neve.
— E se meu pai perguntar sobre isso? Ele sabe que trabalho para você.
Acabei de ser ignorada?
— Basta dizer que ela é uma nobre enviada de um lugar distante e que você foi ordenado a protegê-la. Eles não podem ver o rosto uma dama sem a permissão do pai ou do esposo, de qualquer forma. O Ministro da Justiça te adora, ele não vai questionar seu filho preferido.
— Você é um chaebol? - olho para trás, vendo a face preocupada de Baek Ho - Pensei que fossem pessoas comuns, mas eu deveria ter suspeitado quando vi aquele saco de ouro...
— O que é um chaebol? - Do diminui a velocidade do cavalo e se direciona a mim, finalmente prestando atenção no que eu falava.
— São pessoas que nasceram em famílias muito ricas. Os famosos burgueses safados, como dizemos no meu país.
— Não somos isso.
— Ah, são sim. Mas, voltando ao assunto anterior, quero dizer que só preciso de um lugar seguro pra dormir e que não seja igual àquela cabana nojenta. Não sou o tipo exigente.
— Por que sinto que estou sendo ordenado? Não acha, Baek Ho?
O jovem, que estava em silêncio já fazia um tempo, finalmente presta atenção no que o outro falava.
— Vamos para minha residência. É o melhor a se fazer, pelo menos por hoje.
— Nos separamos aqui, então, não será bom se nos verem juntos a esta hora. Por enquanto, cuide para que tudo corra perfeitamente até o amanhecer, os guardas estarão prontos antes do nascer do Sol e você estará livre para se movimentar por aí. - Do desamarra o saco de ouro de sua cintura e o entrega a Baek Ho, que o coloca por dentro de suas roupas - Fique com o ouro e use para comprar comida e roupas adequadas, cuide para que ela esteja confortável e não deixe que ninguém veja o rosto dela.
— Uh... Obrigada, eu acho... - digo baixo, vendo o semblante de Do mudar para um de preocupação - Você é muito gentil.
Até de mais.
— Sim, senhor. Mas o que faremos depois disso?
— Sinceramente, eu não sei, mas daremos um jeito. Agora vá, quanto mais cedo chegarem, melhor.
— Sim, senhor. Por favor, cuide-se durante a volta.
— Relaxa! Eles não irão me pegar.
— Tchau pra você também! - digo alto, vendo o garoto ignorante cavalgar para longe, sem sequer olhar para trás - Sem educação... Tsc.
— Senhorita, cubra mais o seu rosto, estaremos entrando na cidade em breve. - Baek Ho segura as rédeas do cavalo com firmeza, despertando o animal para uma corrida rápida na direção oposta.
Passamos por ruas desertas, rodeadas por residências simples e pequenos comércios. Todas as casas eram feitas de palha, madeira e pedras, com poucos cômodos e espaço limitado. Me lembrava as casas de pau a pique do interior do nordeste, aonde minha bisavó viveu toda a vida.
Não muito distante, podia-se ver a enorme muralha que protegia o palácio e a capital, repleta de tochas que iluminavam sua grandeza e permitiam que os grandes blocos de pedra ficassem visíveis. Ao chegarmos na entrada de Hanyang — como era chamada Seul, fomos parados pelos guardas que protegiam a passagem.
— É agora que eu morro! - sussurro, em português, a mim mesma.
— Deixem-nos entrar. - Baek Ho retira um tipo de identificação de madeira de dentro de sua roupa e mostra aos homens, que imediatamente se curvam e correm em direção ao grande portão, abrindo-o para que pudéssemos passar.
— Você tem autorização pra andar livremente assim? - pergunto baixo.
— Não se preocupe, eles não podem me questionar.
— Ah, é. Esqueci que você é o filho do chefe deles... Eles provavelmente têm medo de você.
Era exorbitante a diferença entre os vilarejos fora da cidade e o centro, onde os nobres viviam. Aqui, as casas eram enormes e havia muito espaço entre cada uma, mostrando o tamanho do privilégio que a classe alta recebia. Não era tão diferente do futuro.
— Uau... Agora sim, me sinto na era medieval, só faltou o castelo e a peste negra. - comento, vendo alguns guardas com tochas em mãos patrulhando as ruas.
— A senhorita fala de assuntos muito diferentes, são coisas que existem em seu país?
— O quê? Não! A peste negra foi uma doença muito grave que matou milhões de pessoas e quase acabou com países inteiros; se chegasse aqui, a nação seria dizimada em pouco tempo. Acho que só não foi porque o país é fechado, já que a peste chegou até na China, digo, em Ming. Dizem que ela saiu de lá, na verdade.
— Oh, a senhorita fala da grande peste? Houveram casos relacionados a alguns marinheiros, mas não acometeu aos cidadãos de Joseon. Não ocorreu há muito tempo.
— Tô ligada, 1330 foi há, tipo, menos de cem anos atrás?
— Tá... Ligada? Ligada em quê?
— Pfff... Nada não. - seguro o riso, vendo-o diminuir a velocidade e parar em frente a uma nobre residência protegida por dois homens nos portões, não tão grande quanto as outras, mas ainda sim imponente.
— Cubra totalmente o rosto e segure firme para não cair, não se preocupe, irei guiá-la até os aposentos.
Aceno com a cabeça, ouvindo sua voz baixa e sentindo-o descer do cavalo, puxando as rédeas do animal com cuidado para dentro. O silêncio se estabeleceu por quase cinco minutos, até que o cavalo parou e a voz de Baek Ho se aproximou.
— Vou lhe ajudar a descer do cavalo. - concordo sem dizer nada - Com sua licença...
Mantendo o casaco fechado sobre minha cabeça e rosto, sinto suas mãos firmes segurarem minha cintura, facilmente me tirando de cima do cavalo e me colocando sobre o piso de madeira.
— Levem o cavalo para o estábulo e dispensem os outros. Não serão necessários.
— Sim, senhor. - duas vozes masculinas são ouvidas próximas a nós e os passos começam a se distanciar.
— Posso abrir isso um pouco? Está muito calor... - pergunto baixo, olhando os desenhos naturais da madeira sob meus pés e sentindo o suor correr por minhas têmporas.
— Apenas para enxergar, não tire a cobertura até que entre nos aposentos.
Sou guiada por uma pequena série de corredores, que me levaram a um cômodo grande, repleto de vasos de cerâmica, pinturas e livros antigos, com uma grande cama forrada com tecidos de seda no centro. Sentia-me maravilhada com a riqueza de detalhes nos adornos da madeira nos apoios da cama e no dossel que a rodeava.
— Como não houve um prévio planejamento de sua chegada, peço que se sinta confortável em meus aposentos.
— E aonde você vai dormir? - finalmente retiro o casaco de cima de mim, abanando o rosto com as mãos.
— Por favor, preocupe-se apenas com sua segurança e não saia sem aviso. Prepararei um banho com água quente para que a senhorita possa se lavar e trarei comida. Se me der licença, estarei indo. - Baek Ho se curva e sai, sem dizer mais nenhuma palavra.
— Ele vai mesmo obedecer aquele pirracento, como se fosse um servo que não tem nenhuma escolha?
Solto um longo suspiro, me vendo sozinha naquele quarto, sem entender um "a" do que aconteceu comigo na última semana. Se não bastasse a passagem errada, o sonho bizarro e o homem na suíte, de repente volto no tempo, do nada, 600 anos. Se não fosse pela vista da cidade, ainda poderia acreditar que tudo aquilo era uma brincadeira muito bem elaborada, embora eu estivesse cheia de machucados. Provavelmente os processaria, se fosse verdade.
Não tendo o que fazer, além de esperar, já que não estava confiante o suficiente para dormir e fedia muito por causa da sujeira e do calor, me sento no chão, retirando a bolsa de couro falso do ombro e espalhando tudo o que há dentro no chão, buscando algo que pudesse ser útil neste lugar.
— Tudo bem... Bolsa de mulher tem de tudo, é o que dizem, alguma coisa vai ter que servir.
Celular, carregador portátil, maquiagem, pinça, fones de ouvido, bloco de notas, OB, meio pacote de waffles, chicletes, garrafinha de água quase cheia, comprovantes de pagamentos antigos, perfume, o caderno do adolescente, canetas, estilete, um grampo e um elástico de cabelo, documentos, band aid, carteira com mais comprovantes inúteis e poucas notas de dinheiro, cartão do ônibus, fotos 3x4, remédios pra dor e enjoo, escova e pasta de dente, algumas moedas avulsas de 10 e 5 centavos e farelos de biscoito que se acumularam no fundo da bolsa, além de uma moeda de 1 real perdida dentro do forro descosturado.
— Comida! Como não lembrei disso? - pego o pacote de biscoitos, comendo os três restantes como se fossem a melhor coisa do mundo - Ah, que fome! Tomara que ele traga alguma coisa boa, nem que seja só arroz...
Mexo entre os objetos espalhados pelo chão, pegando meu celular para olhar o nível da bateria.
98%. Dá pra aguentar bastante se eu não usar. De qualquer forma, não vai ter muita utilidade mesmo, não tem nem internet, é óbvio, mas acho que posso sobreviver sem isso.
— Por favor, não me deixem enlouquecer sem tecnologia, eu imploro! - sussurro para qualquer coisa que pudesse me ouvir e acatar meu pedido, fechando os olhos com força - Se possível, me levem de volta... Eu sei que reclamei muito da minha vida, mas fazer isso comigo já é de mais... Deem um desconto, hum?
Cerca de uma hora depois, Baek Ho retorna com novas roupas e um recipiente de metal, que imediatamente percebi para o que servia. Já havia visto e usado penicos de plástico parecidos com aquele, quando fugia de casa e passava dias na casa de meus tios, no interior. Eles tinham suas riquezas, mas viviam de forma simples e humilde, investindo seus rendimentos na criação dos animais e na produção dos seus próprios alimentos. Era um lugar muito pacato e silencioso, perfeito para esquecer os problemas que o alcoolismo daquele homem causava em casa.
Na verdade, ele foi o único que se distanciou de nossas origens, sempre teve vergonha de ser uma criança que nasceu no interior e viveu como se já tivesse nascido endinheirado. Meu avô era um homem da classe média de São Paulo, conheceu minha avó em uma viagem para o nordeste e por lá ficou, eles se apaixonaram, se casaram e tiveram dois filhos. Anos depois se mudaram para Brasília e meu avô começou, ainda jovem, a batalha pela sua família, enriquecendo às custas de seu próprio esforço e dando uma vida de luxo ao filho mais velho, que cresceu cego pelo desejo de mais e se tornou um homem sujo, que se casou com uma mulher rica tão suja quanto e estragaram toda a história da família quando meu avô faleceu, enquanto a filha mais nova apenas viveu ajudando as pessoas, assim como meu avô fez. Minha avó, muito idosa, acabou indo morar com a filha no interior e por lá viveu até seu último suspiro, esquecida pelo próprio filho, que sequer compareceu em seu funeral porque "não queria se misturar com os caipiras da família". Se eu pudesse escolher, gostaria de ter nascido do ventre de minha tia, que tem o caráter completamente diferente de seu irmão ganancioso e desprezível.
E parando pra pensar, este lugar não é tão diferente do interior, se eu ver de um modo geral; exceto pelas tradições, o cotidiano é parecido. Só preciso imaginar que estou na época em que minha avó era adolescente! Vou ficar bem!
— Peço desculpas pela demora. Não costumo ficar nesta residência, então não haviam alimentos prontos e tampouco roupas femininas.
— Não se preocupe. Já estou grata por estar me ajudando, não tenho o que reclamar... Sinto muito por lhe fazer correr esse risco por minha causa.
— Não se desculpe, só estou fazendo meu trabalho.
— Por que você o obedece tão piamente, se parecem ter a mesma idade?
— Fui treinado para isso, desde a infância.
— Por quê?
— Por que está perguntando?
— Por que está evitando minha pergunta? Tudo bem se não quiser responder. Só achei estranho, vocês parecem ser muito próximos, pra quem é apenas um guarda costas.
— Não guardo as costas dele... - sua expressão era de confusão, talvez por estar imaginando o sentido literal do nome.
— Guarda costas é alguém contratado para proteger outra pessoa.
— Ah... Bom...
— Relaxa, não precisa falar nada.
— Tudo bem, uh... A água para seu banho está pronta, basta seguir o corredor e virar para a esquerda, na última entrada. Estarei na área externa. - ele se despede novamente e sai.
— Obrigada.
Formalidades, malditas formalidades. Ele é o dono da casa, mas age como se me servisse. Não quero mais um empregado.
Pego as novas peças de roupa e saio do quarto, seguindo o caminho indicado por ele, dando de cara com uma espécie de banheira grande, feita de madeira, parecida com uma piscina de hidromassagem rústica. O cômodo, assim como todos os outros da casa, era decorado com plantas, objetos preciosos e entalhes com desenhos de animais e flores, não se parecia nada com um banheiro normal.
— Isso é melhor que o banheiro de uma suíte master com sauna artificial... - murmuro a mim mesma, vendo a fumaça sair da água e sentindo os incensários por perto exalarem um doce perfume de rosas.
Ao lado da banheira, em uma espécie de pedestal, recipientes com o que pareciam ser aromatizantes e sabão artesanal estavam dispostos, sendo iluminados por velas distribuídas pelo cômodo inteiro.
Não pensei duas vezes antes de me despir e entrar na banheira, sentindo meu corpo relaxar imediatamente ao entrar em contato com a água quente, ignorando completamente o ardor que isso causava em meus ferimentos. Permaneci quieta por um tempo, de olhos fechados, sentindo a água hidratar cada pedacinho de minha pele, que parecia gritar de alegria com o tão esperado banho.
Quando finalmente decidi começar a me lavar, percebi que o sabonete era muito diferente, identificando tempos depois o material que era composto: azeite e cinzas de plantas e de madeira, algo muito comum antes da criação do sabão comercial. Lembrei-me de uma das aulas práticas na universidade, onde estudamos sobre os hábitos de higiene das pessoas na idade média e aprendemos a fazer sabão e creme de cabelo com gordura animal e cinzas.
— Pelo menos não é de banha, não vou ficar cheirando a porco. - sorrio, esfregando com força o sabonete em minha pele, para tirar toda a sujeira daquele cativeiro horrendo.
Lavar o cabelo não foi uma tarefa fácil, por estar com a mão cortada, mas fiz o que pude para ficar limpa e saí da banheira renovada, sentindo-me leve e descansada, como se 10kg de sujeira tivessem saído do meu corpo. Ao voltar para o quarto, vejo Baek Ho me esperando com o que pareciam ser curativos. Particularmente, pensei que ele não havia visto meus ferimentos, mas ele parecia preocupado e se ofereceu para me ajudar a desinfetar e enfaixar minha mão e meus pés, que não estavam tão machucados por causa dos sapatos, apesar de bem doloridos.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Sim. - ele responde, juntando os materiais que sobraram em uma caixa de madeira.
— Qual é a idade do Príncipe Chungnyeong?
— Eu... Eu não sei. - ele se atrapalha um pouco com a caixa, recuperando rapidamente a concentração - Por quê?
— Por que ele é a única pessoa que pode acreditar que eu não vim pra cá por vontade própria e talvez ele possa ser a chave pra eu conseguir sair daqui. Se ele ainda for criança, isso vai ser impossível.
— Por que o Terceiro Príncipe faria isso?
— Lembra da carta que vocês receptaram?
— Sim. O que há nela?
— Você leu o que estava escrito?
— Havia um pedido de resgate dos vendedores de escravos.
— Não. A outra carta.
— Do a leu.
— Ah... Ele com certeza não soube o que estava escrito, porque é uma carta que apenas o príncipe consegue ler, ninguém mais além dele pode fazer isso, pelo menos não alguém desta época. - ando devagar até a cama, empurrando o cobertor e me sentando, encostada no apoio do dossel - Se eu fosse descoberta pelos oficiais ou pelo rei, ou até mesmo se eu fosse vendida, aquela carta seria minha única salvação. De qualquer forma, ele não leu, então o melhor a se fazer é ficar escondida até descobrir um jeito de ir embora sozinha.
Antes que ele pudesse me responder, ouvimos o som dos portões se abrindo e Baek Ho se levanta repentinamente, me olhando com preocupação em seu rosto.
— O Ministro da Justiça está aqui! - uma voz alta é ouvida do lado de fora, seguida por passos firmes no chão de madeira.
Merda.
O "ninja", com uma agilidade impressionante, pega um tipo de chapéu com véus de cima da mesa e coloca sobre minha cabeça, cobrindo completamente meu rosto e meus cabelos molhados. Antes que ele pudesse ir até a porta para receber o visitante inesperado, consigo ver, através do véu, um homem imponente e de barba longa entrar no cômodo, seguido por dois guardas, olhando diretamente para Baek Ho, que permanece na minha frente, tentando miseravelmente me cobrir da vista de quem adentrou o quarto.
— Meu filho! Finalmente está em casa!
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