Descobrindo inimigos
Jungkook
— Você tem ideia do que fez, Jungkook? — O grito em forma de pergunta veio de minha mãe, apenas mantive minha cabeça baixa, afinal não tinha muito o que eu podia lhe dizer.
Voltei para casa naquela noite já esperando as broncas que iria receber, Jimin decidiu ir juntamente comigo, mesmo bastante frustrado por ter seus planos sendo estragados, mas sabia que era algo mais importante e ele estava envolvido naquilo tudo, se sentia no direito de ir junto, mesmo que tenha sido apenas uma vítima do feitiço desde o começo.
Estava sem dúvidas um tanto desesperado e confuso, quem mais teria descoberto sobre tudo? Eu poderia não ser o melhor bruxo, mas era cuidadoso, minha distração era constante, porém nunca deixei escapar meus segredos para ninguém fora do meu convívio, então não conseguia pensar em quem poderia ter descoberto e ainda por cima ter motivos para me ameaçar.
— Mãe, eu não... — Tentei me explicar, porém fui rapidamente interrompido.
— Claro que não tem ideia, apenas pensou em si mesmo, só assim eu percebo o quanto você se parece com seu pai. — Ela expressou e suspirei, era bem constrangedor receber uma bronca da mãe em frente ao meu "quase namorado", porém ter o Park ali ao meu lado me dava uma estranha sensação de segurança que eu confessava gostar bastante.
— Senhora Jeon, o Kook nunca quis causar tudo isso, mas a gente vai dar um jeito, eu posso ir nesse tal conselho e dizer que foi eu quem pediu o feitiço. — Jimin invadiu a discussão em minha defesa, quem diria que ele era a mesma pessoa que estava me xingando por aqueles mesmos motivos há dias atrás.
— E por que você faria algo assim? — Minha omma retrucou encarando Jimin.
— Porque eu o amo e faria qualquer coisa para ajudá-lo. — Respondeu de imediato, me fazendo sorrir bobo.
— Não Jimin, você não o ama. — Ela expressou, fazendo Jimin e eu abaixarmos o olhar, era uma verdade que sabíamos porém que eu ainda não estava pronto para conversar sobre isso com o Park, ser egoísta é muito mais fácil na teoria, ao menos para mim.
— Fica calma, Junghwa. — Tio Sun interviu, segurando o ombro de minha mãe, mas ela apenas se afastou rudemente.
— E você sabia disso tudo desde o começo e não me contou, Changsun? — Ela se virou para seu irmão, parecia pronta para lhe dar um soco, minha mãe nervosa não era nada bonito.
— Hwa, o Jungkook errou em usar a afanasy, porém ele é só um garoto que fez uma besteira como qualquer adolescente, mas já aprendeu a lição. — Meu tio tentou apaziguar a situação, porém a mulher mais velha estava incontestável.
— A diferença é que ele não é um adolescente como os outros, é um bruxo e tem que ter responsabilidades. — Ela falou em alto tom, bufei me levantando do sofá e ficando de frente para a mais velha.
— E quando eu pedi por isso? — Indaguei a confrontando.
— Como? — Junghwa questionou franzindo o cenho.
— Eu queria muito ser um adolescente normal, não queria ter essas tais responsabilidades que você tanto diz, eu simplesmente queria poder ter apenas problemas de um jovem comum, como por exemplo ter colocado um piercing escondido e agora estar recebendo sermão por isso. — Falei gesticulando exageradamente. — Eu nunca pedi para ser diferente de todos, nunca quis poder espirrar e botar fogo nas coisas, eu nunca quis que a primeira pessoa por quem me apaixonei fosse alguém que vai me esquecer em alguns dias. — Vi Jimin suspirar desviando os olhos mais uma vez, cabisbaixo. — E se você não tivesse colocado tanta pressão em mim para ser o novo "grande Jeon", talvez eu nunca tivesse entrado em desespero por ver minhas notas tão baixas.
— Eu nunca coloquei pressão em você, Jungkook. — Bufei frustrado, ela realmente não percebia que me colocava um grande peso nas costas mesmo sem ter a intenção.
— Ah não? E como acha que eu me sinto quando fala o quão bem sucedida na magia você é? Ou quanto o meu tataravô revolucionou sei lá o que e minha avó foi a melhor em tal coisa? — Perguntei a vendo ficar sem palavras. — Acha que eu quero ser uma fracasso, mãe? Porque eu não quero, mas eu não nasci talentoso como vocês.
— Está querendo dizer que a culpa de certa forma é minha? — Questionou apontando para si mesma.
— Não, não disse isso, sei que o erro partiu de mim, eu só... — Minha fala se perdeu em meus pensamentos, me sentei no sofá colocando as mãos sobre o rosto, senti Jimin me abraçando de lado em seguida, sussurrando que ia ficar tudo bem.
— Jungkook... — Minha mãe murmurou, soltando um suspiro antes de se aproximar mais de mim, ajoelhando-se ao lado do assento em que eu estava sentado e colocando uma de suas mãos sobre meu joelho. Elevei meu rosto para lhe olhar no mesmo instante. — Me desculpe, querido, eu nunca me dei conta de que falar tanto dos sucessos dos membros da nossa família poderia lhe trazer inseguranças, achei que isso apenas te motivaria, da mesma forma que me motivou quando eu era mais nova.
— Tudo bem, eu também nunca me abri sobre isso com você, não teria como adivinhar as coisas que eu estava pensando. — Respondi em seguida, sorrindo levemente.
— E nunca mais diga que é um fracasso ou que não tem talento, está me ouvindo? — Junghwa indagou e eu assenti. — Eu sempre tive muito orgulho do meu filho, não pense diferente disso.
— Me perdoem por causar toda essa bagunça, eu fui muito idiota e irresponsável. — Falei, me dirigindo a todos ali, mesmo que as palavras de minha mãe me dessem acalento, ainda me sentia péssimo, queria poder consertar tudo.
— Nós vamos dar um jeito nisso, ok? — Tio Sun proferiu colocando uma mão sobre o meu ombro.
— Mas como? — Yoongi perguntou, o mesmo até então apenas tinha ficado calado num cantinho, observando a discussão acontecer, não queria se meter ou simplesmente estava se sentindo culpado.
— O garoto disse que o Jungkook tem que se entregar em quatro dias ou ele mesmo vai lá fazer isso, então temos esse tempo para descobrir quem ele é, e o impedir. — Changsun explicou, arqueei uma sobrancelha.
— Mas minha mãe disse que o garoto estava de máscara e óculos escuro, não conseguiu o reconhecer. — Falei confuso com onde meu tio queria chegar.
— Até parece que não conhece sua própria mãe. — Riu soprado, tirando de seu bolso um pequeno recipiente de vidro, onde só aproximando o olhar que pude notar que ali havia um fio de cabelo. — Ela pegou esse fio no moletom do "cara misterioso" enquanto colocava a mão gentilmente no ombro dele agradecendo por ter contado aquilo.
— Vamos fazer um teste de DNA? — Jimin indagou surpreso, arregalando os olhos.
— Jimin, somos bruxos, não vamos esperar dias para o resultado de um exame. — Omma expressou se virando para o corredor e começando a ir na direção dele. — Vamos lá para o nosso porão.
Nos entreolhamos e a seguimos.
[.>x<.]
— O que são todas essas coisas? — Jimin questionou olhando para tudo em sua volta em nosso "segundo porão", ele não tinha estado ali antes, afinal eu só tinha o levado até o porão "comum" no dia em que o contei sobre tudo.
— São nosso arsenal de magia, aqui que guardamos os nossos itens mágicos. — Tio Sun respondeu por mim, enquanto mexia em suas poções buscando por alguma coisa.
— Uau! — O Park exclamou abrindo sua boca, sorri admirando aqueles lábios cheiinhos em forma de um Ó, enquanto seus olhos brilhavam encantado, ele parecia uma criança vislumbrando cada detalhe, e isso me fez suspirar tristemente, pois de certa forma eu tinha encontrado o "alguém" que sempre sonhei, uma pessoa que aceitava minhas diferenças e se encantava por aquilo, porém a realidade da nossa relação acabava com qualquer plano que eu poderia ter.
— Achei! — Changsun gritou, trazendo para mesa ao centro do cômodo um vidro com um líquido transparente dentro.
— O que é isso? — Yoongi perguntou olhando para o frasco estranho.
— É uma poção de identificação, Chang criou quando estava no ensino médio. — Minha mãe respondeu sorrindo orgulhosa do irmão.
— Ah, bons tempos aqueles, irmã! — Tio Sun expressou passando seu braço sobre os ombros da mulher, que riu soprado.
— E como funciona? — Yoongi perguntou ainda olhando para o frasco com estranhamento.
— Você coloca gotas dessa poção sobre algo que tenha o código genético de alguém, pode ser um cabelo, uma unha, até mesmo um objeto, como um travesseiro ou uma escova de dentes. E então você espera algumas horas, para que o próprio líquido escreva sobre a superfície em que foi jogado, o nome da pessoa a qual esse item pertence. — Expliquei ganhando olhares surpresos dos dois humanos presentes.
— Isso é incrível! — O rosado proferiu com os olhos arregalados, novamente parecendo tão fofo.
— Você tem razão, Jimin. — Tio Sun falou batendo suas palmas. — Vamos fazer isso.
Nos colocamos em volta da mesa e Changsun pôs sobre o centro da mesa o pequeno fio de cabelo, derramando em seguida o líquido sobre, fazendo o mesmo brilhar em amarelo e branco, apagando em seguida.
— Agora vamos esperar umas horas até que funcione. — Junghwa explicou por fim.
Somente esperava que a poção nos desse o nome de alguém conhecido e que fosse possível a convencer a não me entregar, afinal eu poderia não ter feito as melhores escolhas e nunca ter me sentido realmente confortável com meus poderes, mas eu não queria perder aquilo, fazia parte de mim, era quem eu era, minha essência, e me ver ser isso seria devastador.
[.>x<.]
— Vocês são como super heróis. — Ouvi Jimin comentar, assim que nos sentamos no batente da porta que dava acesso aos fundos da minha casa.
— Como assim? — Perguntei me sentando ao lado dele.
— Podem fazer qualquer coisa, ajudar tantas pessoas. — Sorriu encarando o quintal a sua frente. — Mas acho que a nossa realidade não entenderia seus poderes, não é?
— Sabe a maneira como você reagiu? Muitos iriam reagir daquela mesma forma ou até bem pior. — Suspirei também mirando meus olhos no jardim escuro, pois ainda era de madrugada. — A caça às bruxas acontece desde dez mil antes de cristo, a sociedade nunca vai aceitar o que é diferente, nunca vão querer entender as coisas que não fazem parte de seus crenças, uma minoria vai compreender e uma maioria vai retalhar, é por isso que vivemos nas sombras.
— Mas as coisas mudaram, Jungkook. — O rosado falou talvez tentando convencer até a si mesmo daquilo.
— Os anos passam, as leis mudam, as mentes se abrem, mas sempre vai ter os que continuam intolerantes. — Expressei sincero, vendo o mais velho assentir desistente.
— É, infelizmente. — Soltou o ar de forma frustrada. — Hoseok que disse que existem outros tipos de seres sobrenaturais por ai, são muitos?
— Oh sim, existem vários. — Respondi, o vendo arregalar os olhos. — Não se preocupe, eles não querem problemas com os humanos, não são uma ameaça.
— Hoseok também me tranquilizou dizendo que eu não precisava sentir medo, e bem, sei que nunca vi ninguém por ai dizendo num noticiário que foi atacado por um unicórnio, mas ainda é tudo novidade para mim, entende? Fiquei receoso. — Afirmou e eu assenti, era super compreensível todo o seu medo do místico e sobrenatural naquele momento, mas talvez eu pudesse o deixar mais sossegado quanto a isso...
— Me fala ai um que quer saber se existe de verdade. — Pedi em seguida, o vendo me olhar curioso.
— Hmmm, deixa eu ver... — Murmurou, fazendo uma expressão pensativa por alguns instantes. — Os vampiros realmente existem?
— Sim, mas não conseguem beber sangue humano. — Falei a primeira informação que eu sabia que lhe deixaria surpreso.
— Sério? — Indagou, elevando as sobrancelhas.
— É, sei que parece até irônico, mas eles não podem beber o sangue do ser vivo que eles eram antes da transformação. — Contei brevemente. — Eu nunca conheci um, mas meu tio me contou sobre, sei que eles nem dependem de sangue exclusivamente, mas precisam, então fazem uma mistura sintética para equilibrar essa tal dieta sanguinária.
— Então na vida real uma donzela indefesa não vai topar com um vampiro galã que quer o sangue dela? — Questionou fazendo graça, me fazendo rir soprado.
— É, não vai acontecer, o único ser que consegue se transmutar em um vampiro são os humanos, e automaticamente ficam impossibilitados de recorrer ao sangue humano. — Expressei, observando as feições atentas do Park.
— E as fadas? — Perguntou em seguida, parecendo animado com esse tópico em questão.
— Eu nunca vi uma e você provavelmente também não vai. — Contei, o vendo me olhar confuso. — Elas se camuflam completamente quando alguém se aproxima, podem se transformar em qualquer planta para disfarçar.
— Então talvez eu já tenha estado em um jardim cercado de fadas, e não sabia? — Perguntou exasperando, jogando os braços pra cima, parecendo indignado com a informação.
— É, talvez, depende muito. — Proferi, o deixando desentendido. — Elas são inofensivas e muito frágeis, raramente vivem em locais onde o acesso humano é recorrente.
— E os lobisomens? — Indagou, parecendo fazer uma lista na sua cabeça, de todos os seres que queria saber da existência.
— Então quase extintos. — Falei, e Jimin manteve uma expressão pensativa.
— As sereias? — Perguntou esperançoso.
— Só as vi uma vez, numa viagem que fiz com minha mãe há uns três anos atrás, era um congresso magico. — A menção do congresso fez os olhos de Jimin acenderem em curiosidade. — Elas não são muito sociáveis, mas são muito espertas, nunca seriam pegas por uma rede de pescador, pode apostar, sem contar que ficam sempre invisíveis aos olhos humanos.
— Mas isso poderia acontecer? Elas podem ser capturadas acidentalmente? — Perguntou preocupado.
— Sim, mas quando se sentem ameaçadas elas viram espuma do mar para conseguir escapar. — Expliquei, vendo novamente o Park com uma expressão pasma.
— Espuma? — Questionou novamente e eu assenti afirmando. — Mas na história da Pequena Sereia, virar espuma do mar é algo horrivel.
— Ai foi a liberdade criativa do autor trabalhando. — Falei, sorrindo de lado. — Na nossa realidade virar espuma é apenas uma defesa natural das sereias.
— E os dragões? — Jimin perguntou mais uma em seguida.
— Extintos há mais de cinco séculos. — Respondi com pesar, afinal teria sido incrível ver um pessoalmente.
— Nossa, existe toda uma subsociedade mágica vivendo entre nós. — Constatou, suspirando e ficando pensativo mais uma vez. — Pensei que sentiria medo, mas só consigo ficar animado com isso, e muito curioso também. Hoseok contou um pouco sobre a sociedade dos bruxos, e disse que existiam mais seres mágicos por ai, ele não abriu tantos detalhes.
— Pode me perguntar se quiser. — Expressei, o vendo sorrir e desviar o olhar em seguida.
— Está me contando essas coisas porque sabe que vou esquecer ou porque realmente quer matar minha curiosidade? — Indagou, arqueando uma das sobrancelhas.
— Estou contando porque confio em você. — Afirmei, sendo agora a minha vez de desviar o olhar, encarando o jardim dos fundos da minha casa.
— E também se eu saísse por ai falando que sereias e fadas são reais, e que fui enfeitiçado por um bruxo, provavelmente seria internado numa clinica psicológica. — Jimin brincou, rindo em seguida.
— É, você tem um bom ponto. — Expressei, também soltando uma risada leve.
— Jungkook, como vocês sabem que nenhum desses seres vai revelar a existência do mundo sobrenatural? — Ele levantou uma mais uma de suas dúvidas.
— 90% deles tem seu conselho próprio, e são esses conselheiros que estipulam regras para cada clã e cuidam para que nosso segredo esteja a salvo. — Expliquei novamente. — Há séculos atrás, um representante de cada ser mágico assinou um tratado, para manter a paz entre todos e principalmente para proteger uns aos outros.
— Entendo, se por acaso duas espécies mágicas iniciassem uma guerra, seria difícil os humanos não notarem, ou até mesmo acabarem envolvidos no meio de tudo isso de algum modo. — Jimin compreendeu rapidamente.
— Exatamente, por isso cada um fica no seu cantinho, assim nos mantemos seguros e também mantemos os humanos seguros. — Falei por fim, afinal uma guerra entre seres mágicos traria muitos feridos, muita bagunça, seria perigoso para todos.
— Sim, faz sentido. — Disse, assentindo algumas vezes. — Mas se os humanos ficam longe desse segredo, como as lendas sobre esses seres surgiram na cultura humana?
— Mesmo que a gente tente se esconder, vivemos no mesmo planeta, o contato entre os humanos e seres sobrenaturais acaba acontecendo, sendo acidentalmente ou não, ainda mais depois que começamos a viver em meio a sociedade humana, de forma disfarçada. — Completei em seguida. — Hoje tem muitos humanos que compartilham o segredo também, como você, o Yoongi ou seu irmão.
— Mesmo assim, as nossas lendas parecem tão distintas da realidade. — Comentou, um tanto pensativo.
— Mitos e lendas podem surgir por muitos motivos, e a maioria nasce na tentativa de alguém explicar um fato do qual ele não tem conhecimento, como muitas lendas de vampiros que surgiram em épocas em que o conhecimento médico era fraquíssimo, então como as pessoas não conseguiam explicar algo que estavam vendo, acabava caindo num viés sobrenatural. — Comecei a explicar.
— Eu entendo, as lendas são antigas, acabam passando por modificações com o passar do tempo, e também de acordo com o folclore em que ela está sendo contada. — Jimin completou e eu acenei positivamente.
— Sim, sem contar que as lendas acabam sendo dependentes do narrador, que pode incluir detalhes mais criativos em cima do que ele já ouviu antes, ou pode ser motivado pelo exagero e pelo medo, por ai vai. — Falei, dando de ombros.
— Talvez seja melhor assim. — Proferiu, se referindo a tudo não passar de apenas lendas para os humanos.
— Hm, vem cá, quero te mostrar uma coisa. — Mudei de assunto me levantando e caminhando até o outro lado do quintal.
— O que é? — Jimin indagou enquanto me seguia.
— Isso aqui! — Exclamei pegando minha vassoura que estava ali ao chão.
— Ah, essa vassoura me assustou bastante, mesmo com aquele arco-íris estranho saindo das cerdas dela. — Jimin proferiu rindo baixinho. Até ele vai zoar comigo por causa dessa vassoura? Ninguém merece.
— Aish, não vamos falar isso. — Revirei os olhos, ficando sem graça. — E então, quer voar?
— Podemos? — Perguntou com os olhos já brilhando, afinal quem não quer voar?
— Claro, mas vamos usar essa daqui. — Me abaixei e peguei a vassoura que estava ao lado, essa era de meu tio, então além de maior também era mais prática. — Quer vir?
— É como andar de moto? — Ele questionou enquanto me observava subir sobre o objeto mágico, já sentindo sua magia invisível cercar o meu corpo.
— Sim, a diferença é que a se você perder o equilíbrio e cair da moto irá se ralar, mas se cair da vassoura... — Finalizei deixando as coisas meio que subentendidas, Jimin analisou a situação por alguns instante, parecendo pensar se deveria aceitar mesmo ou não.
— Ok, tudo bem... — Expressou meio incerto, passando sua perna para cada lado da vassoura. — Sempre gostei de adrenalina mesmo.
— Se segura em mim. — Pedi já sabendo os possíveis pensamentos maliciosos que se passavam pela mente atrevida do Park.
— Com prazer. — Murmurou ladino, passando seus braços por minha cintura, colando seu peito em minhas costas.
Puxei ar para meus pulmões algumas vezes, tentando me manter concentrado, eu nunca tinha voado com uma vassoura que não fosse a minha e muito menos levanto alguém comigo, teria que ter um cuidado redobrado para fazer algo que eu não tinha sido treinado para executar, porém se tudo fosse mesmo se perder de uma hora para outra, eu queria ter boas últimas lembranças com Jimin.
Me tranquilizei após respirar fundo e mentalizei o que eu queria que a vassoura fizesse, ela por ser um instrumento mágico, se conectava com o bruxo que estava a usando mentalmente, iria nos envolver com sua magia e assim nos fazer levitar, sendo assim eu precisava pensar com exatidão a forma como eu queria voar, ou ela não levantaria voo e nos derrubaria.
De olhos fechados eu senti os braços do Park apertarem minha cintura com mais força, nossos pés não estavam mais tocando o chão quando minhas pálpebras estavam novamente abertas e Jimin soltou um riso nervoso quando finalmente começamos a voar com a vassoura.
— Que estranho, sinto como se eu estivesse flutuando. — Jimin murmurou, próximo ao meu ouvido. — Não sinto como se eu estivesse colocando meu peso sobre o cabo da vassoura.
— Você não está mesmo, é isso que ela faz, a magia dela levita a gente, e enquanto nos mantivermos conectados a ela, ela nos fará voar. — Respondi a sua dúvida. — Não será desconfortável, pode apostar, vamos só flutuar por ai.
— E se alguém nos ver? — O rosado indagou quando já estávamos há alguns metros acima da casa.
— Assim que começamos a voar, a magia da vassoura passa para nossos corpos e nos tornamos invisíveis a olhos humanos. — Respondi, e ele assentiu compreendendo.
— Então para onde vamos? — Questionou em seguida.
— Para a praia. — Respondi sorrindo para ele, antes de tomar rumo para nosso destino de passeio.
Eram quase seis da manhã, o dia estava começando a ser iniciado e o tempo estava aberto, o que nos ajudaria a ver o sol nascendo e era isso que eu planejava fazer. Jimin se apertava um pouco mais contra mim cada vez que uma rajada de vento se chocava contra nossos rostos, seus fios rosados se movimentavam pelo ar que dançava sobre seus cabelos, fazendo seus olhos se fecharem e sua expressão ficar ainda mais adorável. Ah, eu estava mesmo muito apaixonado.
Tivemos um voo bem calmo até, o que me surpreendeu, pois digamos que mesmo eu amando as aulas de voo, costumava mais cair do que seguir firme, talvez Jimin me desse sorte ou eu simplesmente deveria me concentrar mais como estava fazendo ali, o meu motivo para ter tanto cuidado era porque me preocupava com meu passageiro, minha distração tinha solução, eu só precisava de mais empenho naquilo.
— Por que parou? Acabou a gasolina? — Jimin brincou me fazendo rir, tínhamos acabado de "estacionar" no ar mesmo, planando sobre a praia de Songdo, e talvez eu tenha ficado um tempo calado perdido em pensamentos, levando o rosado a ficar confuso.
— Não, é que já chegamos. — Sorri e virei meu rosto para trás, assim podendo o encarar. — Olhe para o lado e veja.
Jimin fez o que lhe pedi e sorriu ao perceber que eu tinha escolhido um lugar perfeito para vermos o nascer do sol, o mais velho apertou um pouco mais o abraço que me dava e deitou sua cabeça em minhas costas, assim continuamos ali até ver o céu começar a clarear cada vez mais, a maresia colidia contra nossas peles, a pequena corrente de ar vinda do mar ia nos dando leves arrepios, era gostoso sentir aquele cheiro de manhã e contemplar o céu começando a ficar colorido pelo nascer do sol.
Peguei meu celular e abri a câmera frontal, começando a filmar Jimin e eu, o rosado parecia bastante sonolento, afinal tínhamos virado a noite, mas mesmo assim se permitiu sorrir para a filmagem e falar algumas coisas, fazia um certo tempo desde que eu tinha feito vídeos como aquele, eram boas formas de congelar memórias.
— Jungkook, poderia me prometer uma coisa? — O Park indagou assim que desliguei a filmagem.
— Claro, o que foi? — Perguntei curioso, estranhando a forma como ele tinha ficado sério do nada.
— Quando essa semana acabar, não me esqueça também. — Pediu me pegando desprevenido.
— Mas eu não vou te esquecer, Jimin. — Respondi confuso, pois o único que esqueceria no final era ele.
— Aish Jungkook, estou querendo dizer que não quero que finja que não sabe quem eu sou, não deixe nossas lembranças morrerem com você. — Expressou segurando em meus ombros, sinceramente perdi minha fala, sem uma resposta em mente, porque eu não queria ter que aparentar não o conhecer, mas sentia que seria difícil para Jimin entender que as coisas não eram simples, não se tratava de estalar os dedos e ver tudo acontecendo.
— Jimin, você nem vai gostar de mim mais, e também... — Tentei explicar, porém fui cortado pelo Park.
— Mude isso, Jungkook! Quando a semana acabar não desista da gente. — Proferiu com os olhos brilhando em lágrimas, suprimi os lábios, ficando totalmente frustrado, sentia que só conseguiria era começar a chorar juntamente dele. — O amor que eu sinto pode não ser real mas eu sei que poderia te amar muito mesmo sem esse feitiço, então faça sua mágica, nada é impossível para vocês.
— Não é assim que funciona, hyung. — Murmurei baixinho. — Se fosse possível para mim, eu te faria lembrar de tudo depois, mas não há como.
Ser um bruxo exigia demais, era algo cheio de regras, tentar devolver as memórias do Jimin ou qualquer coisa que acabasse infringindo as regras que a própria caneta impunha apenas poderia complicar mais as coisas, eu não sabia o quão desastroso poderia ser tentar reverter o feitiço da afanasy, o que eu acreditava ser impossível para um bruxo comum, pois instrumentos como esse tem travas de segurança, eles revidam, e as vezes da pior maneira possível.
— Por favor, me prometa que vai tentar, eu quero me lembrar de tudo isso, Jungkook. — Pediu me mostrando um olhar penoso, não facilitando nada para o meu lado.
— Eu... — Não fazia ideia do que lhe responder, seria uma promessa vaga pois eu sabia que não tinha um modo de reverter o fim do feitiço, porém também não queria entristecer Jimin dizendo que não lutaria pela gente, eu não sabia o que fazer. — Eu te prometo isso.
— Obrigado. — Falou se inclinando e me dando um selinho.
Porém Jimin logo entreabriu seus lábios, me indicando o que queria, e logo o selar calmo estava virando um beijo mais intenso, às línguas já um tanto conhecidas se encontraram novamente, entrelaçando-se uma a outra, agradeci mentalmente por ele guiar o beijo, já que se fosse eu possivelmente nossos dentes se bateriam ou eu o babaria demais, e vamos tentar não pensar o quanto isso seria vergonhoso para nós dois.
Ele puxava os fios de cabelo da minha nuca enquanto mordia meus lábios por vezes, aquilo trazia uma sensação de prazer gostosa que eu estava descobrindo amar, Jimin percebendo isso, ia chupando a carne da minha boca e mordiscando em seguida, me fazendo suspirar desejoso por mais, ele gostava de me ter em suas mãos e fazer eu me perder.
Não querendo ficar tão a sua mercê, comecei a agir lentamente, um tanto tímido levei minha mão até seu rosto, massageando a bochecha rosada e macia, ainda devorando seus lábios num beijo afoito, cheio de desejo, e sei que teríamos nos mantido naquilo até o oxigênio faltar, se o meu celular não tivesse começado a tocar incessantemente:
— Seu celular adora nos atrapalhar. — Jimin comentou, rindo soprado.
— Realmente. — Suspirei frustrado atendendo a ligação. — Oi, diga.
— Jungkook, vem pra cá! O seu tio disse que já vamos saber o resultado. — Yoongi proferiu rapidamente, parecendo tão apreensivo quanto eu para saber quem era o tal misterioso.
— Estamos indo. — Respondi desligando a ligação.
Troquei um olhar rápido com Jimin que pareceu entender do que se tratava e logo segurou minha cintura novamente, tentei ter a mesma concentração no voo de volta para casa, estava bem mais nervoso e inseguro, mas conseguimos voltar são e salvos, a ansiedade para saber quem tinha contado a minha mãe era quase agoniante, e eu esperava realmente poder fazer algo para impedir aquela pessoa, perder o Jimin já era um castigo grande demais, talvez eu não conseguisse suportar mais rasteiras da vida como essa.
[.>x<.]
Chegamos novamente em minha casa e logo corremos ao encontro de meu tio, que avisou sobre o resultado do feitiço de identificação, fomos guiados por ele mais uma vez até o porão secreto da casa, onde minha mãe e Yoongi nos esperavam com expressões nada boas, aquilo me levou a sentir um frio na espinha, eu sabia que a notícia não seria boa.
— E então, qual o resultado? — Jimin questionou apreensivo, vi sua mão vir em direção a minha e a segurar, num sinal de apoio.
— Vejam vocês mesmos. — Yoongi respondeu, e eu apenas comecei a me sentir ainda mais aflito.
Nos aproximamos na mesa central naquela sala, meus olhos se guiaram até onde o fio de cabelo estava e onde também um nome brilhava em amarelo sobre a madeira, quando contrastei o nome escrito, meus olhos se arregalaram e meus primeiros pensamento foram de pura descrença.
— Não pode ser. — Murmurei surpreso e assustado, afinal era o nome "Kim Taehyung" descrito pelo feitiço.
Minha segunda reação foi procurar Yoongi com o olhar, ele já me encarava e nossos pensamentos deveriam ser os mesmos, aquilo não podia estar certo...
~♥~
Até o próximo ^^
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