O que nós une
Já era noite, os estagiários haviam ido embora enquanto Tyler e Matt cochilavam no sofá da sala. David acabava de organizar os documentos quando a campainha tocou, ele girou na cadeira e ligou a câmera da entrada, as imagens em preto e branco revelavam a entregadora de pizza já fora da moto e batendo os pés impacientes.
David bufou, sabia que não adiantava chamar Tyler pois ele tinha o sono mais pesado que pedra já Matheus havia dado seu melhor o dia todo lidando com as dúvidas dos recém chegados. Assim mesmo a contragosto e sabendo que não comeria pizza ele desceu para atender.
A entregadora era uma mulher mediana, de pele bronzeada, ou pelo menos assim julgou ser olhando para o rosto, a única parte descoberta da roupa preta que usava. O cabelo era preto e estava cortado em pixie cut:
-Três pizzas para Tyler Adam, já pagas-ela disse lendo a nota. Quando ergueu o olhar David percebeu que os olhos eram castanho escuro
-Obrigada -ele disse estendendo a mão para pegá-las
-Espera! Você… eu conheço você!
-Fico lisonjeado que me conhece, talvez eu tenha trabalhado em algum caso seu?
-Foi o idiota que bateu na minha moto!
-O que?
-A dois dias atrás, você sofreu um acidente de carro?- ele afirmou com a cabeça, não sabendo ao certo como responder- Seu carro bateu na minha moto, e adivinha? Deu perda total, cara eu tenho sorte de estar viva
-Como tem tanta certeza que fui eu?
-Não esqueço um rosto. Nunca-ela respondeu de forma seca
-Eu… eu sinto muito. Será que eu posso pagar pela sua moto?
-Se você pode? Você deve-ela olhou para ele que continuou parado-Vamos, eu te entrego as pizzas quando resolvermos isso
David se virou para entrar de novo no escritório e pegar o talão de cheque mas ao tentar empurrar a porta percebeu que estava trancada:
-Ah! Moça, olha será que podemos nos encontrar amanhã e eu faço um cheque pra você?
-E por que?
-A porta da minha empresa é automática, ela trancou e estou sem chave aqui. Preciso que alguém abra por dentro
-Escuta aqui Tyler!- ela disse dando dois passos para a frente que David respondeu com dois passos para trás - Posso ser pobre mas não sou burra. Se a porta só pode abrir por dentro agora, não me diga que você perdeu a sua empresa?
-Em primeiro lugar, Tyler é meu amigo. E em segundo ele está dormindo lá dentro mas não adianta tentar acordá-lo. Vou para a casa e amanhã de manhã passo aqui pra pegar o talão
A mulher ergueu uma sobrancelha desconfiada:
-Por que não fazemos tudo nos seus termos então? Dê suas condições- ela pensou e respirou fundo antes de responder
-Amanhã, uma hora no restaurante Bom Apetite, você faz um cheque
-Certo
-E como vou saber que não vai mentir para mim?
-Sou um advogado. Não mentir faz parte do meu trabalho
-Quero uma garantia-ela exigiu encostando na moto
David estava exausto, eram altas horas da noite, ele tinha trabalhado o dia todo e agora tinha que negociar com uma entregadora de pizza que por algum motivo não se contentava com sua palavra. Ele tateou o corpo em busca de algo que pudesse dar como prova, tirou de dentro a chave do carro:
-Você fica com isso, acho que vale mais que sua moto
A mulher pegou a chave e entregou as pizzas, então subiu na moto:
-Não se atrase. Eu tenho trabalho - e foi embora sem esperar resposta
O dia estava bonito pensou David olhando pela janela do restaurante Bom Apetite, era quase hora do almoço quando ele olhou no relógio de pulso novamente, pelo visto não era ele quem iria se atrasar pensou pegando o celular e ligando para Tyler:
-David! Eu te liguei 10 vezes pra saber onde estava minha pizza- falou nervoso
-Você estava dormindo- respondeu o amigo de forma calma-faça um favor pra mim. Atenda os clientes que tem consultoria a tarde até eu chegar, e se a Cathy passar ai diga que não sabe aonde estou
-Eu realmente não sei aonde está, mas se quer trair a Cathy devia pedir ajuda ao Matt ele ficaria mais feliz em mentir pra você
-O que tem eu?- David ouviu seu amigo perguntar ao fundo
-David está traindo a Cathy
-Eu não estou..-ele tentou começar mas ao ver a garota chegando mudou de ideia-Apenas façam o que eu pedi-ele disse desligando o celular
A mulher estava quase igual a noite anterior, leggins pretas e uma blusa, dessa vez sem manga, era realmente bronzeada pensou ele quando ela se sentou:
-5 minutos atrasada-ele disse
-Ocupada- ela disse simplesmente pegando o cardápio- Garçom.
O garçom se aproximou deles:
-Vou querer o que o chefe indicar, um refrigerante pra beber-se virou para David-ainda estou no trabalho. De sobremesa uma fatia de bolo de morango e pode trazer um petisco enquanto a gente espera, o que acha?
-Pode ser- respondeu seu acompanhante
-Ótimo-ela fechou o cardápio
-Já vai pedir?- o homem perguntou a David
-Não, obrigada-ele se afastou- Então senhorita….
-Kimberly, mas pode me chamar de Kim porque é um nome bem grandinho. Esse almoço está por sua conta caso não faça o cheque-ela disse olhando o lugar. Era bem chique, do tipo que ela geralmente não ia por se sentir deslocada
-Lhe garanto que vou fazer o seu cheque
O garçom voltou com alguns aperitivos e deixou entre eles, Kimberly espetou um com o palito:
-Ótimo, e qual o seu nome?
-David. Sinto muito pelo acidente, posso lhe assegurar que não estava bêbado ou falando ao celular então não tem porque envolver a polícia certo?
-Contanto que minha Suzuki volte a ser como era tudo ok-ela falou espetando outro petisco. Kimberly pegou a tesoura para abrir um pacote de ketchup quando a tesoura passou no seu dedo
-Ai!-disse David-Algo cortou meu dedo
A mulher olhou para o próprio dedo, não estava cortado, ela não sentia dor e menos ainda saia sangue pensou enquanto via o advogado pressionar o guardanapo no corte:
-Aqui está o almoço, bom apetite-disse o garçom deixando o prato e saindo
Kimberly pegou a faca e passou por cima do dedo:
-Aff, mas que especie de pernilongo esta me cortando?-ele perguntou em voz alta irritado, ela riu- O que é tão engraçado?
-Veja!- e então espetou o garfo na mão
-Ai!- ele gritou segurando sua própria mão-Como isso…..
-Eu também não sei, mas de alguma forma eu me machuco e é em você que dói
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