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Capítulo 4


O crepúsculo da tarde anunciava a chegada da noite, Rodrigo se encostou na cerca de madeira que separava as terras da sua família do terreno vizinho e apoiou os cotovelos, observando o horizonte forrado de verde e árvores em volta. Lembrou da infância, na época em que Marcela e ele pulavam para o outro e roubavam as frutas da mangueira, essa prática durou alguns anos, até que um dia foram pegos por um dos filhos mais velhos do casal dono da propriedade que os delatou para o seu avô. Na frente do rapaz, Joaquim fez cara de bravo e prometeu corrigir os netos, mas quando ele deu as costas, sorriu e disse que era coisa de criança. Joaquim nunca havia contado nada sobre aquilo para os pais deles. Tudo era tão mais fácil, os dois viviam para cima e para baixo sem terem que se preocupar se estavam sendo vigiados.

− Uma moeda por seus pensamentos.

Rodrigo olhou por cima do ombro e avistou Aléxia.

− Oi. − Respondeu de forma simpática.

− Oi. − Ela disse parando ao lado dele. − O que faz aqui tão abandonado?

− Eu gosto de ficar aqui, faço isso desde criança.

Eles ficaram mudos por alguns minutos, apenas observando o movimento do sol escondendo sua luminosidade.

− Meu pai e sua tia estão dispostos a se mudarem pra cá.

− Sério? E você?

Ela mordeu o lábio inferior observou o perfil dele.

− Antes não, estava tão animada com minha mudança para Nova Iorque, que não conseguia me imaginar aqui, mas acabei encontrando um motivo pra ficar, e apesar de nunca ter curtido muito viver no interior, acho que posso me acostumar aqui.

Rodrigo continuou com os olhos fixos no horizonte.

− Sabe, eu não conheço nada, queria saber se você poderia me levar até o centro pra dar uma volta.

Ele sorriu de canto e a encarou.

− Aqui não tem muito o que ver, um par de horas e já terá conhecido cada canto da cidade.

− Bom, se não tem muito o que conhecer, pelo menos terei uma boa companhia. E então?

− Tudo bem, eu vou pegar as chaves do carro do meu pai.

− Você pode dirigir? − Inquiriu surpresa.

− Esqueceu que você está no interior, aqui não dá nada. Dirijo desde os 13 anos.

Aléxia assentiu, apesar de surpresa, mas não protestou, se era preciso colocar a vida em risco para desfrutar de algumas horas ao lado dele e conhecê-lo melhor, ela o faria.

*****

Marcela estava em seu quarto e pensava em um jeito de se livrar do castigo que com certeza Marta lhe daria por ter quebrado o nariz de uma garota e por ter matado aula em um mesmo dia. Se a mãe ao menos sonhasse que ela passara toda a manhã com Rodrigo as coisas complicariam ainda mais para o seu lado e corria o risco de nunca mais vê-lo. E como se seus pensamentos pudessem ser ouvidos, Marta despontou entre o batente da porta com seu olhar frio. Marcela se perguntava se a mãe sempre tivera aquele jeito misterioso ou se não havia percebido antes pelo fato de ser uma criança.

− Vai se arrumar, seu avô ligou e pediu para irmos jantar com ele essa noite.

− É sério? −Inquiriu surpresa.

− Sim, é sério. − Marta deu as costas e saiu sem dizer mais nada.

Marcela abriu um sorriso, não só por que veria Rodrigo, mas porque sentia saudade do avô também, a última vez que havia estado com ele fora há três semanas atrás. Ela não esperou a mãe pedir duas vezes, não queria dar margem para ela mudar de ideia. Levou pouco mais de quinze minutos para se aprontar e já estava na porta quando a mãe surgiu no alto da escadaria que ficava próxima a parede preenchida de fotos da família, ao contrário de Marcela, ela não parecia tão disposta a ir à fazenda, pelo contrário, aquilo parecia um sacrifício que fazia apenas para não criar atrito com o sogro.

*****

Seu Joaquim aguardava por elas no alpendre. Marcela saltou do carro e correu na direção do avô que abriu os braços. Ela se jogou contra o peitoral dele lançando os braços em volta do seu pescoço.

− Achei que vocês haviam desistido.

− Culpa da minha mãe, levou quase uma hora pra se arrumar, é alguma ocasião especial?

− Claro, você veio me ver.

Marcela sorriu e abraçou o avô forte mais uma vez.

− Boa noite, seu Joaquim.

Joaquim se afastou da neta e estendeu o braço para cumprimentar Marta.

− Boa noite, minha filha. Preciso convidar vocês para que aparecem agora, é?

Marta não respondeu, perpassou por ele e penetrou a casa. Na sala de estar, Arnaldo estava encostado na vidraça da janela e quando a viu, apressou-se em saudá-la com um aperto de mão e um beijo no rosto.

− Como vai Marta?

− Bem e você? − Falou com formalidade.

− Indo... Quer que eu te sirva com alguma coisa? Alguma bebida?

− Não, obrigada... E onde está a Virgínia?

− Ela saiu com a irmã e o cunhado que estão de mudança pra Santana, não jantarão com a gente.

Marta assentiu de forma solene.

− Por favor, sente-se!

Marta passou por ele e se acomodou em uns dos sofás.

− E cadê a Marcela?

− Lá fora com o avô.

Os dois emudecerem, olhavam para qualquer parte da sala que não fosse os olhos um do outro.

− Precisamos conversar sobre a parte do Gilberto aqui na Campo Grande. − Irrompeu Arnaldo.

− Não acho que esse seja o momento.

− E por que não? Vou ser breve, tem algumas questões que precisam ser discutidas, isso é para o bem da filha de vocês.

Marta tentou protestar, mas acabou sendo convencida por ele. Alguns minutos apenas e estaria resolvido. Pensou.

*****

Joaquim retirou do bolso uma correntinha e entregou para Marcela, eles se sentaram lado a lado na escadaria do alpendre.

− Eu quero te dar isso.

Ela ergueu na altura dos olhos o objeto banhando a ouro que reluzia sob a luz da lâmpada presa no teto, o pingente em formato de coração tinha um tamanho considerável, suas medidas eram 3,8 cm de largura por 3,8 de altura.

− Vô, não precisa, nem é meu aniversário.

Joaquim sorriu.

− Era da sua avó, ela me disse que essa joia está na família há várias gerações, e é sempre repassada para a próxima mulher. Quando ela morreu do parto do seu pai, achei que a tradição da família dela havia ido junto, mas aí você nasceu e não sabe como fiquei feliz em saber que você continuaria.

Marcela rapidamente colocou no pescoço toda sorridente e deu um beijo na bochecha dele.

− Obrigada, vô! Pode deixar que não vou deixar essa tradição morrer.

− Promete?

− Sim... Pode confiar.

Marcela agarrou o braço de Joaquim e descansou a cabeça no ombro dele. Conversaram durante um bom tempo, parte dos assuntos, era sobre Gilberto. O corpo dele retesou no momento em que ela confessou que ainda chorava nas madrugadas lembrando dos momentos ao lado do pai. Joaquim emudeceu e apenas ouvia as lamentações da neta.

− Você vai superar. − Tentou confortá-la.

− Às vezes penso que não, é uma dor tão forte que parece que nunca vai passar.

Joaquim mirou Marcela enxugando com o dedo polegar uma lágrima que escorria sobre a bochecha dela.

− Chega desse assunto, não quero te ver chorar.

Ela forçou um sorriso.

− E, cadê o Rodrigo?

− Faz um bom tempo que não o vejo, deve ter saído com a mãe.

Ela desfez o sorriso, esperava encontrá-lo, mesmo que soubesse que não poderiam se tocar e se beijar, só olhar nos olhos dele já significava muito.

− Se Joaquim, seu Joaquim! − Gritava um dos peões que vinha correndo na direção deles com um chapéu na mão.

Joaquim se colocou de pé assustado.

− O que aconteceu, Firmino?

− Uma vaca morreu e tô preocupado porque ela não apresentava nenhuma moléstia.

Marcela se colocou de pé e tocou o ombro do avô.

− Pode ir com ele, vô, eu espero o senhor lá dentro.

− Não, minha filha, o que é isso, seria uma desfeita com você.

− Que nada, eu sou de casa, pode ir!

Joaquim tentou protestar, mas Marcela insistiu para ele ir averiguar o que havia ocorrido, ela sabia que aquele lugar era a vida dele e que perdia o sono quando algo saia do seu controle. Ele acabou acompanhando o empregado garantindo a ela que retornaria logo.

Marcela entrou em casa e se assustou ao não encontrar a mãe. Ela foi até à cozinha onde Mercedes, a empregada, preparava o jantar, trocou uma meia dúzia de palavras com ela e quis saber de Marta, mas ela dissera que não havia visto ninguém chegar. Marcela foi ao andar de cima, que assim como o térreo, estava vazio. Olhou quarto por quarto e em nenhum deles foi possível localizá-la. Ela parou em frente a um aparador de mogno com um espelho de moldura da mesma madeira encostado na parede do corredor. A casa tinha uma arquitetura colonial e parte dos móveis também eram verdadeiras relíquias que não se encontravam em nenhuma parte do mundo mais.

Ela se lembrou que não havia ido ao escritório, com certeza a encontraria lá. Marcela desceu rapidamente o lance de escadas e virou a direita onde a sala ficava, girou a maçaneta e abriu a porta abruptamente. Seus olhos saltaram e seu coração martelou rapidamente contra o peito, antes não tivesse encontrado a mãe: Marta e Arnaldo se agarravam sobre a mesa fria, estavam tão concentrados devorando a boca um do outro que não perceberam Marcela estagnada entre o batente até ela murmurar incrédula:

− Que pouca vergonha!

Marta empurrou Arnaldo e ajeitou a roupa, seu rosto enrubesceu, Arnaldo engoliu em seco e passou a mão na cabeça acabrunhado.

− Filha, eu posso explicar!

Marcela balançou a cabeça decepcionada. Como eles podiam ser tão sujos? Fazer aquilo debaixo do teto da família.

− Eu não preciso de explicações, tá muito claro! Que asco!

Ela girou o corpo batendo a porta tão forte atrás das costas, que fez Arnaldo e Marta se assustarem com o barulho.

− Marcela, espera! − Ela fez menção para sair, mas Arnaldo a impediu segurando-a pelo antebraço.

− É melhor você falar com ela depois.

*****

As lágrimas quentes desciam pelo rosto de Marcela enquanto corria na direção da porteira, não tinha mais clima para ficar ali. Estava irritada demais com a mãe e o tio para olhá-los nos olhos. O vento tocava seu rosto e bagunçava seus cabelos caindo sobre seus olhos, e isso somado aos sentimentos conflitantes que difundiam dentro dela não permitiu que notasse a caminhonete vindo em sua direção. Ela parou abruptamente e por um instante queria que as rodas do automóvel a esmagasse, acabando de vez com aquela decepção que a preenchia. Uma freada brusca e o carro parou e poucos centímetros dela. A porta se abriu e Jorge desceu preocupado.

− Marcela, o que fazendo aqui?

Ela correu em sua direção. Debulhando-se em lágrimas, jogou os braços em volta do pescoço dele e descansou o queixo em seus ombros. Jorge a abraçou pela cintura, permitindo que ela descarregasse sua aflição. Após longos minutos parados ali, ela se afastou e o olhou nos olhos.

− Você pode me levar para casa?

Jorge estava confuso, mas não pediu explicações, assentiu abrindo a porta do carro para ela. Ele se acomodou do lado do motorista e a observou encostar a testa no vidro frio e voltar a chorar. Fizeram o trajeto em silêncio. Quando enfim chegaram na praça da igreja Matriz, ele parou o carro. A casa dela ficava do outro lado da rua.

− Obrigada. − Disse abrindo a porta.

Ele se aproximou depositando um beijo no alto da cabeça dela.

− De nada.

Marcela desceu da caminhonete, e por um instante pensou que talvez estivesse em um pesadelo e que logo despertaria com os gritos da mãe enquanto a acordava para ir à escola. Em nenhum momento da sua vida imaginara que ela e o tio poderiam ter qualquer tipo de relação mais íntima, desde que se lembrava, os dois sempre se trataram formalmente e poucas vezes havia visto os dois juntos. Seus pensamentos foram interrompidos ao ver Rodrigo e outra garota caminhando na direção contrária à sua. Ele olhava para o chão com as mãos dentro do bolso do jeans e a menina estava grudada em um dos braços dele. Ela dissera alguma coisa que o fez sorrir e erguer o rosto. Os olhares deles se cruzaram e Rodrigo rapidamente se desvencilhou do contato da garota, aproximando-se de Marcela.

− Marcela? − Disse com um sorriso.

Ela permaneceu parada onde estava.

− Meu amor, onde você estava? − Ele acariciou o rosto dela delicadamente com os nós dos dedos.

Marcela não respondeu, mas lançou um olhar desaprovador para a acompanhante dele. Rodrigo acompanhou os olhos da namorada e avistou Aléxia.

− Desculpa! − Disse como se tivesse cometido uma falta. − Essa é a Aléxia, é enteada da minha tia.

Aléxia forçou um sorriso e se apressou em cumprimentá-la com os beijinhos na bochecha.

− Enfim nos conhecemos, o Rodrigo falou tanto de você que não via a hora de te encontrar.

Marcela continuou muda.

− Aconteceu alguma coisa? − Ele quis saber.

Ela balançou a cabeça num sinal negativo e começou a caminhar na direção de casa.

− Acho que ela não tá afim de papo, melhor deixá-la sozinha... A gente podia ir até...

− Agora não, Aléxia! − Ele a interrompeu correndo atrás de Marcela, se ela tivesse oferecido um milhão para ele, provavelmente rejeitaria, pois não havia prestado atenção no que a garota havia dito, sua preocupação no momento era outra.

Aléxia ficou parada no meio da praça, ela fechou as mãos ao lado do corpo e tentou controlar a vontade de acompanhá-lo e convencê-lo a deixar a tal Marcela para lá.

Marcela dava passadas bruscas e rápidas, tudo o que queria era cair na cama e esquecer o que tinha visto, Rodrigo a acompanhou agarrando-a pelo antebraço.

− Ei, ei, o que aconteceu? Por que você tá assim?

Ela o olhou em silêncio por alguns segundos, pensou em contar o que havia visto, mas por algum motivo não conseguia formular as palavras e despejar a cena horrível e nojenta que presenciara.

− Não aconteceu nada. − Disse por fim.

− Como não? Você andou chorando! Me diz, fizeram alguma coisa com você?

− Não Rodrigo, não me fizeram nada.

− Foi sua mãe?

Marcela engoliu em seco e respirou lentamente.

− Não... Eu já disse, eu tô bem... É melhor você voltar para a sua amiga, não é educado da sua parte deixá-la estagnada no meio de uma praça sozinha.

− Eu não vou sair daqui até você dizer o que passou, Marcela! − Ele a obrigou a olhá-lo nos olhos com seu rosto entre as mãos. − Você sabe que pode me dizer tudo, né?

O pálio de quatro portas prateado parou ao lado da calçada onde estavam, a figura de Marta surgiu pregando seus olhos em Rodrigo, que não se afastou. Apesar de ser perceptível a desaprovação da mãe com a aproximação dos dois, ela não se interpôs entre eles.

− A gente precisa conversar. − Disse por fim num fio de voz.

Rodrigo olhou de uma para a outra sem entender direito o que estava passando entre elas.

− É melhor você ir Rodrigo. − Pediu Marcela.

Ele não protestou, conversaria com ela no dia seguinte, por hora, contentava-se em saber que a tia não o escorraçara ao vê-los tão perto um do outro. Poderia ser o começo da aceitação. Rodrigo deu um beijo casto no canto da boca de Marcela e sussurrou com os lábios próximos aos dela:

− Te amo.

Marta virou o rosto para o lado e se controlou.

− Boa noite, tia. − Ele disse e saiu indo ao encontro de Aléxia que observava a cena de longe.

*****

Ao entrar em casa, Marcela subiu o lance de escadas como um furacão, entrou em seu quarto, jogando-se sobre a cama, depositou o rosto no travesseiro e enfiou os braços embaixo dele. Foi inevitável, as lágrimas voltaram a molhar seu rosto. Marta apareceu em seguida ao lado da escrivaninha encostada na parede.

− Precisamos falar sobre hoje.

− Eu não tenho nada pra falar com você, tudo tá muito claro!

− Pois não parece, o que eu disse sobre não querer o Rodrigo com você quando eu não estiver por perto?

Marcela enxugou o rosto com as costas da mão e se sentou na colchão para encarar a mãe.

− Tem certeza que você tem moral pra me exigir isso?

− O que aconteceu hoje não muda em nada meu posicionamento em relação a vocês.

− Ele só estava preocupado comigo.

− Preocupado? − Ela sorriu descrente. − Eu vi o quanto ele estava preocupado quase te agarrando na minha frente.

− Pois fique agradecida por eu não ter contado nada do que vi pra ele.

− O que você quer? Que eu te agradeça por você guardar um segredinho meu? Por favor, né, Marcela! Estamos em circunstâncias totalmente diferentes.

− Ah, disso eu não tenho dúvidas! O Rodrigo não é casado!

− Não é casado, mas é... − Ela se interrompeu de forma abrupta.

− É o que, mãe? Diz, diz logo, o que me impede de ficar com ele?

− É seu primo!

− Que ótimo argumento! − Protestou de forma irônica. − Agora deixa eu dizer o porquê você não pode ficar com o tio Arnaldo.

Marta dá um longo suspiro como se tivesse tomando fôlego para continuar a discussão.

− Escuta, Marcela, o que você viu hoje foi algo de momento, nunca tinha acontecido antes, a gente começou a conversar sobre seu pai, eu me emocionei e aí...

Marcela a interrompeu.

− Ele foi te consolar enfiando a língua na sua boca.

Marta deu alguns passos na direção da filha e desferiu um tapa em sua face do lado esquerdo.

− Você me respeita, menina! − Interpelou ofendida.

Marcela, com a mão sobre o lado atingindo, semicerrou os olhos molhados pelas lágrimas e disse decepcionada:

− Como, mãe? Como te respeitar depois do que vi?

Ela se levantou da cama, passando por Marta, tocou a maçaneta e fez um sinal com o braço para que ela saísse.

− Não quero mais ouvir suas explicações ridículas.

Marta observou a filha durante alguns segundos. Não insistiu, era melhor deixá-la sozinha. Não estava em condições de continuar aquela conversa, resolveria no dia seguinte com mais tranquilidade ou correria o risco de dizer coisas no calor do momento que complicariam ainda mais a situação.

*****

Sentado na cama com os pés sobre o assoalho, Arnaldo repassava as cenas das últimas horas na cabeça, sua maior preocupação era de a sobrinha dizer o que vira a Rodrigo. Virgínia engatinhou no colchão e enlaçou seu pescoço fazendo-o sair da inércia.

− Arnaldo, você falou com seu pai sobre as terras da minha família?

Arnaldo deu um longo suspiro. Aquela história de novo? Virgínia não se conformava com o fato de Joaquim ter comprado a área onde a cachoeira ficava, o local pertenceu a sua família há alguns anos e sempre fora visado pelos grandes fazendeiros da região, seu intuito, era convencer o sogro a vender o lugar para ela e assim, ter de novo as terras que seu pai lutou tanto para conseguir e que se desfez em um ato de desespero.

− As terras não são mais da sua família, Virgínia, ele pagou por elas.

− Ele se aproveitou de um momento de fragilidade, aproveitou que meu pai estava passando por uma crise financeira e se apossou de um terreno que sempre nos pertenceu.

− Você sabe bem que isso não é verdade.

Virgínia criou um espaço entre ela e o marido.

− Claro que é, seu pai calculou cada passo que daria pra tirar nossa propriedade, a única que tínhamos, por sinal.

− Essas terras um dia vão te pertencer, você não precisa gastar seu dinheiro nelas.

Ele não era capaz de compreender o significado de cada hectare daquele terreno, Virgínia não aceitava tê-las "um dia", com a saúde de ferro de Joaquim, isso poderia levar uma eternidade e, depois, só realizaria o último desejo do pai no leito de morte quando tudo estivesse apenas no nome dela.

− Eu chamei a Regina e o Rodolfo pra ficar aqui com a gente até encontrarem uma casa. − Disse mudando de assunto.

Arnaldo não respondeu.

− E o jantar com a Marta e a Marcela, como foi?

− Não teve. − Respondeu desconfiado.

− Como não? − Inquiriu surpresa.

− A Marcela ficou indisposta e foi embora.

Virgínia deu uma gargalhada e saiu da cama ajeitando o robe indo na direção do banheiro.

− Indisposta? Até parece, deve ter ficado decepcionada por não ter encontrado o Rodrigo.

Arnaldo sentiu um tremor pelo corpo e gotas de suor apontarem nas têmporas, no fim das contas, poderia ter sido pior, se Rodrigo ou Virgínia tivessem visto ele e Marta, no lugar de Marcela, um furacão teria se estabelecido dentro de casa. Naquele instante, apagava-se a possibilidade de Marta conseguir convencer a filha que o que vira fora um mero "acidente."

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