Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 9

11 de novembro de 2023


Sábado finalmente chegou e naquele dia eu não sabia se sentava no chão e chorava ou se cavava um buraco no jardim dos fundos para me esconder.

É, eu sei. Não faz o menor sentido o que acabei de dizer, mas eu não aguentava mais.

Você me pergunta: Minha nossa, Astória. Os últimos dias foram tão ruins assim?

Não exatamente, mas veja bem.

As pontas dos meus dedos estavam doloridas de tanto ensaiar na guitarra;  meus cabelos pareciam ter criado vida própria, nem meio vidro de creme era capaz de ajeitá-los; meu quarto na pensão de tia Rosaleen estava tão bagunçado que já estava me dando dor de cabeça só de olhar para aquilo e talvez, só talvez, eu tenha ficado a um tris de meter um socão no rosto perfeito de Lucas.

Se já não bastasse aquela praga incomodar a maioria dos alunos da escola, ficou rindo feito uma hiena quando a professora de História foi se sentar em sua cadeira e caiu para trás, porque o pé do móvel estava bastante enferrujado e acabou se quebrando. Ela até teve que ir ao hospital porque tinha recebido um corte bem feio no quadril e, mesmo assim, a hiena loira ficou rindo e fazendo piadas idiotas. Ele, seus amigos e Rebecca eram os únicos que acharam as piadas engraçadas. Pela cara que alguns faziam, podia jurar que estavam pensando “Que cara mais trouxa. Tomara que aconteça pior com ele ”.

Talvez a única coisa boa que tenha acontecido – além de ver Dante flertando livremente com tia Rosaleen, ela corando até a raiz do cabelo e ficando com um sorrisinho bobo o resto do dia depois de receber um buquê de margaridas brancas – foi ter trocado mensagens com Nick. Ele sempre conseguia me fazer rir e ter as melhores reações quando, inesperadamente, recebia foto de algo que acabara de acontecer. Para mim, seus amigos continuavam sendo uns loucos, mas até que comecei a gostar daquela loucura toda.

Algumas vezes pegaram o celular de Nick e ficamos longos minutos em uma chamada de vídeo, onde fofocaram tudo que podiam sobre o amigo.

Dahlia até chegou a comentar em algum momento que, às vezes, Nick sorria “feito um idiota” quando ia responder minhas mensagens e que no dia seguinte ao da festa no hotel ele parecia caminhar sobre nuvens e que nem mesmo o mau humor dos professores por receberem notas tão baixas em suas provas foram capazes de tirar o sorriso de sua cara.

Admito que eu também me sentia feliz de alguma forma. Eu não consigo te explicar, só era... Como chegar no topo de uma colina, se sentar no chão coberto de gramíneas e flores silvestres e olhar a vista esplêndida do pôr do sol.

Eu me sentia em paz pela primeira vez em muito tempo.


[...]


Quando coloquei o último livro na prateleira recém colocada em meu quarto na pensão de tia Rosaleen, me joguei no tapete de braços abertos e suspirei aliviada.

Se tinha algo que eu odiava mais do que meu espírito de procrastinadora, era o fato de que a maioria das coisas que eu fazia sempre eram uma bagunça danada, mesmo que eu me esforçasse ao máximo para manter tudo organizado. Trazer minhas coisas que estavam na casa de Gael era um claro exemplo disso. Caixas para todos os lados, muita poeira, minha guitarra quase sendo quebrada... É, dá pra você ter uma noção do que estou falando.

Foi bastante satisfatório poder descansar, depois de quase duas horas tentando organizar tudo o mais silenciosamente possível para não incomodar os hóspedes dos outros quartos.

Depois do que me pareceram longos minutos, me sentei, peguei meu violão que estava em cima da cama e dedilhei algumas notas de uma antiga cantiga de ninar que tia Rosaleen costumava cantar para mim quando era pequena e rechonchuda, e fechei meus olhos, aproveitando a serenidade que aquela melodia trazia. Foi impossível não me lembrar da época em que Leonard meu deu aquele instrumento.

Eu toquei pela primeira vez como Red Fox no Midnight, em meu aniversário de 15 anos, e apenas alguns dias depois houve a tragédia envolvendo o grupo de Alexsandra Evans. Seu olhar durante as semanas que se seguiram era de partir o coração, era como se sua alma tivesse sido arrancada dela a força e tivesse sobrando apenas um corpo oco e sem vida.

Conversando comigo, cerca de um ano depois, durante um dos intervalos dos meus ensaios, ela tinha dito que a última coisa que viu antes de desmaiar foi seu pai biológico morto no banco do motorista e seu melhor amigo sobre si, a protegendo dos estilhaços de vidros com o próprio corpo. Ela me disse, aos prantos, que a última coisa que ele disse antes de fechar os olhos para sempre foi:

Queria ter sido corajoso o suficiente para dizer que te amo mais do que o sol amou a lua naquela nossa música. Te prometo que na próxima vida nós nos encontraremos e eu farei a coisa certa. E diz pra minha mãe que eu amo ela e que eu sempre soube que ela escondia meus chocolates atrás do armário da cozinha.

Alexsandra me deu a guitarra verde que ele sempre carregava porque não aguentaria olhar para aquele instrumento todos os dias e se lembrar de suas últimas palavras para ela. E ela também preferia entregá-la a alguém que fosse a guardar com carinho e cuidado.

Poucos dias depois, Leonard me entregou o violão cheio de assinaturas sem sequer dar um motivo e o último grupo a gravar sua assinatura nela tinha sido justamente o grupo de Alexsandra, pouco antes de irem para o Rio de Janeiro – o acidente foi na volta.

Meio que era um rito de passagem que jovens musicistas escrevessem seus nomes na famosa Agels3, um dos três violões fabricados por Blue King antes dele virar um astro do Rock na década de 90. Ele sempre usava uma máscara de raposa e desapareceu no dia 03 de agosto de 2002, sem dar qualquer explicação.

Ninguém nunca soube sua identidade verdadeira e nem o motivo do sumiço – não me pergunte porque o violão de um figurão tão famoso está comigo, ao invés de estar em um museu ou na A.M.P.A. Carlos Drummond, nem mesmo eu sei. Leonard é louco.

Acho que você consegue adivinhar de onde veio a inspiração de ter uma identidade secreta e usar uma máscara de raposa.

Eu costumava usar aquele violão para compor músicas, já que estava um pouco velho, e de vez em quando usava aquela guitarra. Nunca soube como meu irmão nunca me ligou a Red Fox, tendo aquele instrumento na parede 24 horas por dia, sete dias por semana.

Fui tirada de meus devaneios quando escutei a voz da minha tia vindo da porta:

— Nossa, impressão minha ou seus livros triplicaram?

— Não é impressão sua, eu trouxe os livros que estavam no meu outro quarto pra cá — me levantei do chão e subi em cima da cama para pendurar o violão ao lado da guitarra.
Ela entrou e fechou a porta.

— Ainda não tomou banho? A apresentação é em duas horas.

— Só preciso jogar aquelas coisas fora — indiquei um canto do quarto, para um amontoado de caixas e papéis rasgados.

— Vai logo — ela me virou em direção ao banheiro e empurrou de leve.

— Tô indo. Calma, mulher — revirei os olhos.

Enquanto puxava minha camiseta pela cabeça, já dentro do banheiro, pude escutar o barulho de caixas sendo arrastadas e quando já estava de baixo do chuveiro, escutei ela me perguntar:

— Já separou a roupa que vai usar?

— Sim, tá na mochila com a peruca. Só falta a que vou vestir depois da apresentação — desliguei o chuveiro e enchi a mão de shampoo.— Pretendo me encontrar com algumas pessoas,

— Pode ser o vestido branco de ombros caídos e todo cheio de girassóis pequenos?— perguntou depois de um tempo em silêncio.

— Acha que vai ficar bom?

— Mas é claro. Você vai ficar maravilhosa com ele.

— Então pode ser ele.

Enrolei uma toalha na cabeça e outra em meu corpo e saí do banheiro a tempo de ver tia Rosaleen colocando meu vestido sobre a cama e depois saindo para me dar privacidade. Quando finalmente estava vestida e devidamente maquiada para esconder um pouco das pintinhas claras que eu tinha no pescoço e ombros, minha tia penteou meus cachos e depois de secos, os prendeu em um coque para que ficasse fácil colocar a peruca. Por último, faltava apenas o par de lentes de contato que deixavam minhas íris cinzentas em tons de castanho escuro, que eu colocaria quando fosse colocar a peruca na cabeça e me trocar.

— Vamos?

Faltava apenas uma hora para a apresentação, que seria às sete.

No hall de entrada encontramos alguns jovens estrangeiros que tentavam pedir informações a Dante – que não entendia nadinha do que falavam – sobre como chegarem no Midnight. Léo, o integrante brasileiro do grupo Apolo Six, tentava inutilmente traduzir o que todos perguntavam ao mesmo tempo.

Eu desisto — alguém comentou em inglês. Reconheci ele como um dos garotos do trio do grupo Goblin X. Seu braço direito estava enfaixado.

Me desculpe a intromissão, mas posso ajudar em algo?— perguntei no mesmo idioma quando já estava no último degrau da escada.

Ele me olhou com os olhos arregalados, mas não tardou a estender um papel amassado e dizer:

Nos disseram que este era um ótimo lugar para visitar, mas este homem não entende o que dizemos.

— Dante — voltei ao português, me virando para o homem que me encarava com uma surpresa óbvia no olhar.— eles querem ir ao Midnight, mas não sabem chegar lá.

— É isso que eu estou tentando dizer faz meia hora, mais que maldição.

Léo cruzou os braços e se contraiu de dor quando levou um beliscão de Josh, o cara que Rebecca quase deixou nú na frente de um monte de pessoas. Provavelmente sabia que ele estava chingando, mesmo não sendo fluente em português.

Dante suspirou, deixando os ombros caírem.

— Então era isso? Diga para me acompanharem.

E ele saiu depois de elogiar o vestido que minha tia usava naquela noite.

Ele pediu para que o acompanhassem — disse e observei aquele pequeno grupo indo atrás do homem.

Em meia hora, Théo, Alex e eu estávamos na entrada dos fundos do Midnight, onde apenas funcionários permitidos podiam entrar, exalando ansiedade. Para chegar ali, haviam duas entradas. A normal, que era um beco bem ao lado do pub e uma secreta que apenas nós três e os seguranças conhecíamos.

Entrava-se no prédio ao lado do Midnight, que por acaso era uma biblioteca que quase ninguém frequentava por causa da péssima qualidade dos livros, e saía-se por uma entrada de serviço que dava atrás do pub. A usávamos sempre.

Seria meio óbvio se entrássemos pelo beco. Todos veriam.

— Eu tô fervendo — Alex saltitou algumas vezes, bastante energético.

— Fica quieto, nanico.

Théo revirou os olhos apoiando as costas na parede e ajeitando a máscara. Verificou na câmera do celular se suas tranças – dessa vez, com tiras verde escuras nas pontas – estavam presas perfeitamente no coque que tinha feito minutos atrás. Sua pele negra parecia brilhar sobre a luz pálida que vinha da lâmpada sobre a porta. Se não fosse por seu olhar sereno e seu sorriso gentil, qualquer um se sentiria acuado diante daquele rapaz de 23 anos e mais de 1,80 de altura.

Alex, pouco mais baixo que eu, bufou e cruzou os braços. Sua aparência não era muito diferente da do irmão três anos mais velho, porém suas tranças possuíam tiras brancas e sua personalidade era o completo oposto. Enquanto Théo era quieto na sua, não tinha interesse em quase nada e odiava interagir com muitas pessoas ao mesmo tempo, Alex era do tipo que se encaixava em qualquer grupo e era energético ao extremo.

— Chegou a hora — Théo enfiou o celular no bolso do casaco que vestia e se aproximou de nós.

Como sempre fazíamos antes de entrar em uma apresentação, fizemos um pequeno círculo e estendemos nossas mãos. A de Alex em baixo, a minha no meio e a de Théo em cima. Ambos me olharam com expectativa.

— Será uma grande noite.

— Faremos nossa melhor apresentação até hoje — Alex parecia se controlar para não sair pulando de alegria.

— Daremos o nosso melhor — Théo sorriu timidamente, sem saber o que dizer exatamente.

— Sempre — concordei com Théo.

— Preparados?— um segurança apareceu ao lado do que vigiava as portas do fundo.

— Sim — concordamos em uníssono.

Eu nunca fui supersticiosa e jamais pensei em mim mesma como o tipo de mulher que tem um sexto sentido, mas uma ou duas vezes na vida experimentei uma estranha onda vibrante que me alertava sobre algo que estava acontecendo ou que aconteceria em breve. Ao passar por aquela porta, senti a dita onda arrepiar cada pelinho do meu corpo e meu coração disparou como nunca antes.

Eu sabia que algo estava para acontecer em breve, só não imaginava o quanto aquilo mudaria o curso da minha vida.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro