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Capítulo 5

O homem sentado no banco do motorista olhava para fora e batucava os dedos da mão direita na perna, um tanto nervoso e impaciente. Socava os punhos na buzina hora ou outra. O barulho dos trovões lá fora era alto e estrondoso, indicando que uma tempestade se aproximava, e o engarrafamento parecia ficar cada vez pior. Eu estava sentada no banco de trás.

— Se continuar assim, vai quebrar o carro antes de chegarmos na tal festa — tirei os fones do ouvindo e soltei uma risada divertida ao ouvir ele bufar e olhar pelo retrovisor.

— Com esse trânsito maravilhoso, chegaremos lá só meia noite e ainda são só sete horas.

O homem em questão era Rafael Garcia e havia sido convencido – lê-se obrigado – por Gael a ser meu acompanhante a tal festa. O carro de Gael estava bem atrás da BMW que estávamos e eu não duvidava nadinha de que ele estava aprontando alguma coisa grande e isso me envolvia de alguma forma.

— Tem quantos anos? — Me inclinei para a frente e olhei pra ele.

— Tenho 28. — Ele esticou o braço e alcançou a garrafa térmica que estava no guarda-corpo.

— Tem irmãos?

O homem bebeu um pouco do líquido quente direto do gargalo e olhou para mim com uma sobrancelha erguida.

— Por que quer saber?

— Estou apenas puxando assunto. Não é como se eu estivesse pretendo dar em cima de você. Além disso, nada contra, mas não gosto de homens mais velhos.

Ele piscou algumas vezes, tentando processar o que eu tinha dito, e me olhou como se eu fosse completamente maluca.

— O que você quer dizer com isso?

— Você entendeu o que eu quis dizer — voltei a me sentar direito e depois olhei para fora.— Isso me intriga...

— Eu ser sexy e lindo? — Ele revirou os olhos e pisou no acelerador quando o trânsito finalmente começou a andar.

Não respondi ele.

Aquele homem era muito estranho. Estava sempre olhando para os lados, procurando memorizar cada detalhe do ambiente ao redor e quando abriu o porta luvas, vi uma máscara branca com um coraçãozinho vermelho usada pelos homens da Rei de Copas e um revólver pequeno, mas o cara trabalhava pra polícia. A não ser, é claro, que ele fosse um infiltrado e estava passando informações para um dos lados. A pergunta era: Para qual dos dois?

Eu que não me atrevo a comentar sobre isso com alguém, não sou idiota. Seria morta no segundo em que terminasse de dizer qualquer coisa.

Depois de alguns minutos em silêncio, Rafael alcança seu celular com uma das mãos e ao ler a mensagem que recebeu na barra de notificações, ele solta um grunhido irritado e o guarda novamente. Sei que está irritado, por causa dos punhos cerrados sobre o volante e a veia saltada em sua têmpora, mas quando percebe que eu o observava, ele muda sua expressão em um passe de mágica e puxa assunto, mas ignoro-o, voltando a colocar os fones no ouvido, com "Let It All Go" quase rompendo meus tímpanos.

Aquela seria uma longa, longa noite...

[...]


O Hotel Berwald Plaza era enorme e sua entrada lembrava muito um Panteão, com direito a uma escadaria gigantesca e enormes pilastras de mármore branco na entrada. Aceitei a mão estendida de Rafael à contragosto e entrelacei meu braço ao seu, ignorando a presença de Gael e Amaya logo atrás. Daniel estava de braços dados com uma menina que eu não fazia ideia de quem era, mas aparentava ser podre de rica pelas joias que exibia.

Caminhamos pelo saguão, com Daniel murmurando palavras desconexas logo atrás e quando o elevador chega, nós entramos e Gael aperta o botão do "Salão Saphire". Há outros cinco salões na lista, todos com nomes de joias preciosas inestimáveis: Ruby, Esmeralda, Opala, Jade e Diamond.

Chique.

As portas se abrem, e nos deparamos com um barulho crescente, uma sinfonia de vidro tilintando, saltos altos estalando no mármore, zumbido de conversa e risadas baixas.

As portas se abrem e um verdadeiro mar de vestidos e smokings cresce diante de mim, dedos, lóbulos das orelhas e pulsos brilhando como uma vitrine de lojas no Natal. O salão fora decorado com ramalhetes de rosas vermelhas e lírios brancos e um palco está montado para uma banda ao vivo, mas não estão tocando no momento. Mesas redondas com toalhas de mesa e peças centrais ornamentadas estão espalhadas em ambos os lados da pista de dança brilhante.

Me soltei de Rafael quando uma multidão se aproximou para conversar com Gael e caminhei até o garçom mais próximo, me servindo de uma taça de água. Enquanto bebia alguns goles e ignorava os olhares que me fuzilavam pelas costas, procurei um rosto conhecido entre tantos smokings e vestidos de marcas famosas, mesmo que alguns usassem moletom e calça jeans, sem se importarem com os olhares tortos dos mais velhos.

Pelo canto dos olhos notei Gael sair do grupo em que estava para vir em minha direção e me virei para fugir, mas esbarrei em alguém. Um pouco de água escorreu por meu braço.

— Oh céus! Asty?

Pisquei embasbacada, sem acreditar no que estava vendo.

Rosaleen nunca gostou de vestidos, estava sempre com seu inseparável blazer branco e uma calça jeans escura para combinar. Mas a mulher diante de mim vestia um vestido vermelho vivo, com um decote enorme e as costas nuas, uma fenda na lateral subia até a coxa revelando uma perna longa e bronzeada, e seus stilettos pretos acrescentavam mais uns cinco centímetros à sua estrutura já alta. Seus cabelos dourados como os meus estavam erguidos em um elegante coque preso por um clipe ornamentado com flores brancas.

— Asty querida? — Rosaleen colocou as mãos delicadamente em meu ombro e apertou de leve. Sua maquiagem era sutil, exceto por seus lábios vermelhos brilhantes, que se curvaram em um sorriso quando notou porque eu estava em choque. — Como estou?

— Gata pra caralh... hum hum! Quero dizer, linda — um dos homens que estavam com ela ia dizendo, mas se corrigiu ao levar uma cotovelada forte na costela. Ele seria uma cópia masculina de Rosaleen, se não fosse pelos olhos alguns tons mais escuros, quase azuis.— Nossa família é abençoada.

— Calado, Dan — Rosaleen rosnou irritada e olhou para mim. Ela passou o braço por minha cintura e fez eu me aproximar um pouco. — Quero te apresentar algumas pessoas.

Além do tal Dan, ali também estavam Dante, Arthur, o homem que eu descobri ser pai de Fanny quando estava no hospital ontem e um homem já de idade.

— Esse é Alexandre Burney, você o conheceu outro dia — ela apresentou o pai de Fanny, que apertou minha mão com um pouco de firmeza e se afastou com uma seriedade inabalável. — Dante e Arthur você também já conhece.

Arthur me cumprimentou com um aperto de mão e um sorriso caloroso, e Dante apenas acenou com a cabeça levemente, aparentando estar desconfortável. Não tirava os olhos de Rosaleen.

— E por fim...

— Danilo Greengrass, a seu dispor — o tal Dan sorriu calorosamente e me surpreendeu com um abraço rápido e tapinhas amigáveis nas costas.

— Greengrass...— repeti quando me soltou e olhei para minha tia assobradada, mas essa apenas sorriu e ergueu os ombros, como se pedisse desculpas.

— Rúbeo Greengrass — o homem de idade estendeu a mão educadamente e olhou para Danilo pelo canto dos olhos. Este que havia acabado de pegar uma taça de vinho — Me perdoe pelos maus modos desse meu filho inconsequente...

— Pai!

— ... nem parece que tem 42 anos nas costas — Rúbeo continuou, olhando feio para Danilo.

— Danilo é diretor do Carlos Drummond — minha tia disse a mim, enquanto observava a discussão que se desenvolvia entre pai e filho. — As vezes é espontâneo demais. Coisa de família, eu acho.

— Danilo, Rúbeo — Dante colocou um braço no ombro de cada um, tentando acalmá-los e apontou o palco com o dedo. —, que tal um showzinho depois?

— Me parece promissor — Danilo levou a taça de vinho à boca e depois olhou para o pai com um sorriso provocativo.— É uma pena que este velhote não tenha trago seus óculos, não vai poder se apresentar.

Danilo pulou assustado quando Rosaleen o agarrou pela cintura com um beliscão e olhou para ela com irritação, enquanto esfregava o lugar com a mão.

— E a senhorita é... — Rúbeo se desvencilhou de Dante, ignorando os filhos, e me olhou nos olhos, esperando uma resposta.

Surpreendentemente, seus olhos eram de um tom cinza tão tempestuosos quanto os meus e os de Rosaleen.

— Astória — me virei para o garçom que havia parado ao meu lado, aceitei o lenço para enxugar o braço molhado e me livrei da taça vazia. Neguei quando perguntou se gostaria de outra taça de bebida.— Obrigada.

Ele sorriu de lado, acenando a cabeça e se afastou rumo a um grupo de homens vestidos completamente de preto, alguns metros a frente.

Por algum motivo que desconheço, logo após falar meu nome Dante olhou para minha tia com os olhos arregalados em surpresa, mas no instante seguinte abriu um sorriso enorme. Parecia uma criança depois de ganhar seus doces preferidos.

— Astória, Astória... — Danilo girou o líquido em sua taça, enquanto pensava.— Não me lembro de ninguém com esse nome, mas é familiar. Não sabia que tinha uma filha, mana.

— Astória não é minha filha, seu tapado!— Rosaleen lhe deu um tapa na nuca.

Verdade seja dita, as pessoas diziam que minha tia e eu nos parecíamos tanto que poderíamos facilmente ser consideradas mãe e filha, mas eu não acreditava que as semelhanças fossem tantas assim. As únicas coisas em que nos parecíamos eram os olhos cinzentos e os cabelos cacheados em tons de dourado.

— Aiai, não me bate, mulher!— Daniel tentou segurar as mãos da... irmã?

— Ele é seu irmão?— Arregalei os olhos surpresa e minha tia congelou no mesmo segundo.

Dante mordeu os lábios e virou o rosto para o lado, mas seus ombros tremiam como se ele fizesse um grande esforço para não rir. Pude jurar que Arthur havia comentado com ele:

— Aparentemente, lerdeza é de família.

— Rose e Dan são irmãos gêmeos — Rúbeo me olhou sem entender. — São meus filhos mais novos.

— O que?— Murmurei e olhei para minha tia piscando diversas vezes.

— Você parece chocada — Danilo me examinou curioso.— Tem certeza que não é filha da Rô?

Eu estava prestes a exigir uma explicação de todos aqueles Greengrass ali presente, quando alguém passou se esbarrando em mim e quase me derrubou, se Dante não tivesse sido rápido e me segurado pelo ombro.

— Quem foi que...

Me virei e meu corpo esquentou de raiva quando a vi. Rebecca, de braços dados com Lucas, se afastava como se fossem os donos da festa. Ela olhou para trás, colocou a mão na boca e mandou um beijinho no ar. Aquela cobra traiçoeira sorriu maldosa e se virou para a frente.

— Obrigada — murmurei para Dante e, depois de sorrir amigavelmente, como se entendesse toda a situação entre mim e aquele casal, se afastou para conversar com Danilo e Rúbeo sobre que música cantariam.

Arthur havia se afastado para conversar com alguns jovens que reconheci pertencerem a seu time de basquete e o pai de Fanny simplesmente havia desaparecido.

— Tia? — cutuquei seu braço, tentando chamar sua atenção.

— Hum?— Ela parou de olhar para o homem junto com seu pai e irmão e olhou para mim.

— Por que eu nunca soube da existência deles?

— Bom, seus pais meio que nunca quiseram que você e seu irmão conhecessem esse lado da família.

— Por que?

O sorriso de minha tia perdeu o brilho gradativamente e seus olhos ficaram desfocados. Talvez fosse por causa da luz, mas eu podia jurar que estavam cheios d'água. Imaginei que iria me contar as mesmas coisas de sempre, que Gael não se importava com ninguém e que Amaya não gostava muito de visitar a família, mas ela murmurou apenas um:

— A história é longa. Te explico melhor em casa — ela fez uma pausa e adicionou incerta. — Não sei se papai vai ficar muito feliz em saber que você é filha da Amaya.

— Eles brigaram ou algo assim?

— Tipo isso — Rosaleen passou o braço por meu ombro e suspirou, balançando a cabeça negativamente .—, mas as coisas não são tão simples. Ele ainda tem pesadelos com o dia em que Amaya sumiu de nossa vida e mamãe... Chora sempre que vê fotos daquela época.

Parei por um instante e olhei para Rúbeo e Danilo, que discutiam por causa de alguma coisa que o mais novo havia dito sobre a idade do pai. Dante tentava acalmar o Greengrass mais velho.

— Irei marcar um almoço lá em casa para reunir o pessoal, pode ir de quiser.

Rosaleen tirou uma pequena caderneta da bolsa que carregava. Ela rasurou algumas coisas e depois a guardou novamente.

— Talvez eu dê uma passada. Há muitas pessoas?

— Bom...— minha tia abriu um sorriso enorme e apontou para Danilo. — Contando com Danilo, Amaya e eu, somos quatro irmãos. O mais velho você vai conhecer em breve é meio... doidinho, mas é gente boa.

— Coisa de família, eu presumo.

— Sim e você também tem alguns primos... Espera, o que disse?— Rosaleen me olhou ofendida. Ela levou a mão ao peito teatralmente e disse:— Poxa, pensei que me amasse. Dizendo que sou doida assim, na cara dura?

Como se, milagrosamente, tivesse adquirido ouvidos super sensíveis, que podiam ouvir a quilômetros de distância, Dante parou o que ele dizia a Rúbeo no meio da frase e olhou para Rosaleen.

— Mas você é doida.

Rosaleen olhou para ele com a expressão teatral se tornando horrorizada e me perguntei como foi que chegaram a aquele nível, se no dia anterior estavam discutindo na sala dela.

— Olhem, são meus alunos — Danilo abriu um sorriso orgulhoso quando olhou para o palco e viu Zyan e os jovens que estavam com ele no dia anterior.

— Jura? Não me diga — Dante revirou os olhos com a voz pingando a sarcasmo e cruzou os braços.— Não sei se você se lembra, mas Zyan é meu filho.

Hein?

Olhei para ele surpresa, mas Dante parecia concentrado demais no palco para prestar atenção nos olhares que recebeu. Rúbeo parecia querer rir e Danilo olhava para ele como se dissesse: "Sério mesmo? Não sabia." E por mais incrível que possa parecer, minha tia assemelha estar tão orgulhosa quanto Dante.

Me virei para o palco e observei cada um dos cinco se posicionarem em seus lugares. Zyan ajeitou a correia de sua guitarra verde e se aproximou do microfone. Todos do salão prestavam atenção.

Danilo havia feito uma rápida apresentação de seus alunos a mim, que sabia o nome de apenas dois deles.

— Nós vamos cantar uma música nova e Yuri, Logan e eu gostaríamos de dedicar ela a nossas anfitriãs — ele olhou para Brenna, no baixo, e Sabrina, no teclado, que sorriram para ele e logo após voltou a olhar para o baterista.

Ele acenou com a cabeça para Logan e o garoto começou uma contagem regressiva com as baquetas e então os instrumentos ganharam vida. O som reverberou por todo o salão, atingindo meus ouvidos com um poderoso choque, eletrizando meu sistema nervoso da mesma forma que sempre acontecia quando estava no palco, cantando minhas próprias músicas por trás de uma máscara de raposa.

Assim que a música acabou, uma explosão de gritos vindo dos jovens e de alguns poucos adultos que estavam próximos do palco quase me fez ficar surda. O restante apenas bateu palmas, mas olhavam para os jovens com repreensão.

Yuri largou a sua guitarra, que permaneceu pendurada ao seu corpo pela correia e colocou ambas as mãos no microfone. Sua respiração pesada soou por todo o salão, silenciando aos poucos a plateia.

— Infelizmente essa será a única música que cantaremos hoje — uma ovação de decepção ecoou pelo lugar.—, mas em alguns minutos a próxima banda irá subir.

Uma onda de gritos excitados e animados veio dos jovens lá na frente, recebendo alguns murmúrios de repreensão dos mais velhos, mas se silenciaram quando Sabrina apareceu ao lado de Zyan e pegou seu microfone com um sorriso maroto.

— Enquanto os garotos do Apolo Six se preparam, gostaríamos de pedir que todos os jovens se reúnam naquela sala — ela apontou uma ponta no outro extremo do salão —, para separarmos as duplas do jogo do acompanhante.

— Porra! O que foi isso? — Danilo encarou seus alunos com os olhos arregalados, parecia hipnotizado.— Foi espetacular.

Dessa vez Rúbeo não repreendeu o filho pelo palavrão, parecia tão estupefato quanto ele, com os olhos arregalados e os pelos dos braços eriçados. Rosaleen enxugou uma lágrima que recorreu por sua bochecha e me acertou uma cotovelada de leve.

— Essa música me lembra você.

— Eu? — me virei para ela, sem entender. — Por que?

— Sabe, senti isso na primeira vez que te ouvi cantar em um palco — disse ela em um tom baixo, apontando os braços arrepiados, para logo em seguida observar a maioria dos jovens do recinto seguirem Zyan, Logan e Yuri.

Ela não recebeu uma resposta.

Alguns minutos pareciam ter se passado, quando Dante, que encarava minha tia desde que seu filho tinha descido do palco, segurou sua mão e a arrastou para longe, na direção das portas de saída. Ela não parecia nem um pouquinho inclinada a repreender o ato ou com vontade de impedi-lo de levá-la para seja lá onde for que esteja rumando.

— Pai, o senhor ainda tem aquela espingarda?— Danilo perguntou olhando para eles com os olhos apertados.

— Deixe sua irmã em paz — o mais velho revirou os olhos e olhou para mim com um sorriso caloroso.— Conhece minha Rose a muito tempo?

— Desde que nasci — senti uma estranha obrigação de retribuir o sorriso que aquele senhor me lançava.

— Tem certeza de que não é filha dela? Se me contar, juro não dizer a ela que me disse algo.

Danilo olhou para os lados, colocou a mão na boca e sussurrou como se estivesse me perguntando algo que mais ninguém poderia ouvir. Um segredo.

— Sim, tenho certeza — concordei.— Rosaleen é minha tia.

— Sua tia? — riu ele como se estivesse ouvindo uma piada.— Não, não. Tenho certeza que não tenho nenhuma sobrin...

Ele parou o que dizia no meio da frase e arregalou os olhos, com seu sorriso desaparecendo aos poucos. Seja lá o que estivesse pensando, provavelmente era o mesmo que seu pai, considerando que seu rosto havia perdido toda a cor e suas pálpebras tremiam. O patriarca parecia prestes a chorar.

— Diretor — as gêmeas que estavam agora a pouco no palco apareceram ao nosso lado, sorrindo alegremente.

Danilo piscou algumas vezes para tentar se recuperar do susto e sorriu para elas.

— Feliz aniversário, meninas. Bela festa.

— Obrigada. Papai ficará feliz em saber que estão gostando — Brenna agradeceu e desviou seu olhar para mim.— Astória, certo? É um prazer reencontrá-la. Não deu para nos apresentarmos direito.

— Vocês se conhecem?

O diretor do Carlos Drummond não sabia para qual de nós três olhar. Rúbeo havia se afastado para um canto do salão e estava sentado em uma mesa, olhando fixamente para uma taça de água que um garçom havia acabado de o entregar.

— Nós nos encontramos ontem quando fomos buscar Zyan no hospital. Era dela que Zyan estava falando ontem no jantar.

— Enfim — Sabrina se virou para mim, quando sua gêmea terminou de falar.—, quer vir conosco para poder participar do jogo?

— Ah desculpa, não sei como se joga isso — neguei balançando a cabeça negativamente, sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Escuta, é bem simples — ela colocou uma mão em meu braço e me olhou nos olhos da mesma forma que minha tia costumava fazer quando ia explicar qualquer coisa importante para uma criança.— Uma pessoa vai ser nosso "líder" e o dever dele é separar as duplas e anotar as pontuações. A dupla sorteada será o acompanhante um do outro pelo resto da noite e existe uma lista de tarefas que, se feitas, contarão como pontos. A dupla com mais pontos ganha. É chatinho ás vezes e costuma causar uma confusão tremenda, mas pode ser legal dessa vez.

— E dá pra descolar um gatinho pra te acompanhar pelo resto da noite — Brenna colocou a mão na boca e sussurrou para que apenas Sabrina e eu pudéssemos ouvir.— Quem sabe sai uns beijinhos.

Sabrina começou a rir e eu desviei o olhar quando Brenna sorriu inocentemente para Danilo quando ele cruzou os braços com cara de quem sabia que suas alunas estavam aprontando alguma coisa que não deveriam.

— Acho que tudo bem.

Não tinha tanta certeza se deveria participar daquele "jogo" confuso, mas elas me olhavam com tanta expectativa que seria difícil dizer um "não".

Não sei muito bem o que aconteceu em seguida, mas no momento seguinte eu estava sendo arrastada pela mão para algum lugar pelas gêmeas. Com a mão livre Brenna empurrou a porta da suposta sala onde os jovens deveriam se reunir e me soltaram.

Dezenas de jovens estavam ali, divididos em grupos, e risadas baixas e tilintares de vidro ecoavam pelo recinto.

— Finalmente — uma garota baixinha bateu palmas animada quando viu as gêmeas.— Podemos começar?

— Calma, Dah — Fernando Di Ângelo, o capitão do time de basquete do Lorenble, deu tapinhas nas costas na garota, rindo.

— Concordo com ela, estou ansioso por isso — um garoto se aproximou com duas caixas e a garota ao seu lado entregou para cada uma de nós um pequeno retângulo de papel branco e uma caneta.— Garotas, anotem seus nomes e coloque na caixa vermelha.

Quando fizemos o que pediu, os dois se afastaram para recolher os papeizinhos dos outros que estavam na sala.

— Oi.

Logan se aproximou com Zyan e Yuri vindo logo atrás, discutindo aos sussurros. Os dois se calaram quando já estavam a uma distância relativamente pequena e sorriram amigavelmente para nós três, porém a tensão entre eles era palpável.

Yuri empurrou o óculos que havia escorregado para a ponta do nariz com o indicador e olhou para Logan com deboche.

— Sem apelidos hoje, não é mesmo?

— Não tô a fim — o garoto enfiou as mãos nos bolsos e deu de ombros, não se importando com a provocação.— Só quero que essa noite acabe logo pra mim poder ir pra casa dormir. Vocês me fizeram ficar acordado a noite todinha pra poder ensaiar a música que acabamos de tocar no palco. Tô quebrado.

— Esse é o preço da fama.

O garoto que estava removendo os nomes se posicionou com sua ajudando no centro da sala e levantou o braço, chamando a atenção para si.

— Boa noite a todos, agradeço por decidirem participar desse jogo. Vocês podem me chamar de Henry — ele olhou para cada um e continuou.— Todos sabem as regras, certo? Podemos começar? Ótimo. Minha adorável ajudante irá sortear as duplas.

— Isso sempre acaba em brigas — Fernando comentou ao meu lado, enquanto observava o garoto sacudir a caixa para sua ajudante sortear os nomes e olhou para mim.— Olá, senhorita. É um prazer revê-la.

— Olá, Di Ângelo — acenei levemente com a cabeça.— O que você disse?

— Esse jogo — ele acenou com a cabeça na direção da caixa.—, sempre acaba em brigas. Na última vez, uma menina empurrou a acompanhante de seu namorado só porque a garota tinha oferecido um pouco de água para o cara. Deu até polícia depois que saíram no soco. Foi hilário.

— Que besteira.

Revirei os olhos e desviei meu olhar para o garoto atrás de Fernando. O camisa 18.

— Megan e Eduardo — Henry leu os papéis escolhidos e depois anotou em uma folha, para logo em seguida sua ajudante sortear outros nomes.

O camisa 18 olhou para mim e sorriu. Ele estava bem diferente do garoto que eu havia visto quando visitaram meu colégio. Ele vestia um smoking cinza e seus cabelos encaracolados estavam presos em um rabo de cavalo frouxo.

Uma mexa estava solta no lado direito de seu rosto, mas ele parecia não se incomodar.

— Olá — ele cumprimentou, mas não respondi de imediato.

Seus olhos castanhos tons mais claros do que os de Fernando, pareciam brilhar como duas esferas de vidro por causa da luz. Havia uma leve coloração rosada em suas bochechas.

— Oi — respondi tardiamente, quando o garoto deitou a cabeça de lado, confuso com meu olhar.

— Nick — ele estendeu sua mão e quando a segurei, uma estranha sensação de reconhecimento subiu por meu braço, junto com um calor estranho que fez meu coração acelerar no peito.

— Astória — recolhi minha mão como se tivesse levado um choque e sorri tentando disfarçar, mas aquela sensação calorosa ainda me possuía.

— N. Di Ângelo — Henry leu lá na frente, depois de mais cinco casais serem escolhidos, e franziu o cenho.— O que? Isso não é um nome, é só uma letra.

— Vai lá, mano. É N de Nando — Nick empurrou o capitão e toda a atenção foi atraída para eles.

— É N de Nicolas — Fernando rosnou irritado e pela primeira vez percebi que tinham o mesmo sobrenome.

— Nando.

— Nicolas — o rapaz parecia prestes a pular na garganta de Nick e arrancar sua jugular com os dentes.

Ignorando a briga sem sentido dos dois Di Ângelo, Henry leu o nome no outro papel.

— Astória Green... — ele franziu o cenho.— Astória Greengrass?

— É N de Nicolas! — Nick gritou repentinamente, interrompendo Fernando, que piscou surpreso.

Nick ficou vermelho quando algumas pessoas riram.

— Greengrass? Você é parente do diretor Greengrass?— Brenna me olhou como se estivesse olhando para uma estrela de Hollywood.

Dei de ombros, sem saber o que responder e olhei para Nick. Ele parecia perdido nos próprios pensamentos, entretanto, tinha um sorriso bobo no rosto. Henry voltou a escolher os próximos nomes, recuperado do susto, mas murmurava alguma coisa para si mesmo.

No outro lado da sala, Lucas olhava para os irmãos Di Ângelo como se pudesse os incinerar com um único olhar, principalmente Nick.

O motivo? Só Deus sabe.

Tive vontade de arremessar a mesinha de vidro que estava próxima de nós em sua cabeça e lhe arrancar aquela expressão do rosto com um pedaço do vidro que se estilhaçaria.

Vários minutos tinham se passado, quando os últimos nomes foram escolhidos. Henry tentou explicar algumas coisas sobre as tarefas e depois nos liberou para que saíssemos.

Nick se aproximou sem jeito, bagunçando os cabelos com uma das mãos e apontou a saída com um aceno de cabeça.

— Quer mesmo participar disso?

— Não.

Ele soltou uma risada, parecendo relaxar um pouco, e me estendeu o braço para que eu pudesse engatar o meu no seu. Um cavaleiro tímido e gato. Tive sorte.

— Podemos só andar por aí e conversar um pouco, se quiser — disse quando retornamos ao salão.

— Ou talvez roubar uns doces e sair de fininho para o jardim?— olhei para os lados, para me certificar de que ninguém olhava para nós.

— Agora já é tarde demais, Henry está olhando — ele aproximou a boca de meu ouvido e sussurrou.

Sua respiração quente atinge lugares sensíveis e meu coração dá um salto. Cada pelinho do meu corpo se arrepiou, especialmente os da nuca. Estremeço quando uma segunda lufada de ar alcança o mesmo local, antes dele se afastar com os olhos em um ponto específico do salão.

— Tudo bem?— perguntou preocupado, quando não o respondi.

— Tudo certo, não é nada — virei a cabeça para o lado, com o rosto em chamas.

Eu estou ficando doente. É a única explicação plausível para o que acabou de acontecer.
Nick desencaixou seu braço do meu e segurou minha mão.

— Ele não tá olhando mais. Vem comigo.

A última coisa que vi antes de sairmos do salão foi os garotos da Apolo Six, a banda que havia visitado o Laurence no dia anterior, subirem no palco.  

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Rebecca

Lucas


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