Capítulo 55
O fim é um novo começo. Histórias sempre tem continuações, mesmo que finalize uma fase, uma nova começa e mesmo que a nossa vida, chegue ao verdadeiro fim, devemos fazer o possível para nossa história ser recontada várias vezes, por diferentes pessoas. Assim, o fim sempre terá um novo começo, nos lábios de um novo contador. Por esse motivo, não posso morrer agora, não quero ser um final de filme triste, com uma música deprimente e sem um adeus bem desenvolvido. O meu adeus tem que ser marcante, então preciso acordar!
Pessoas sempre precisam de motivações para continuar e se ela mesma não criar sua própria, a vida não fará isso por ela. Pelo contrário, ela mostrará vários motivos já existentes, para desistir. Como eu já sabia que seria assim, resolvi não esperar mais, resolvi voltar a vida e fazer com que minha história seja memorável, até mesmo para um esquecido como eu. Se eu realmente fosse morrer, seria melhor como alguém que não desistiu, tão facilmente. Só era preciso agora, meu pai chamar minha outra mãe e torcemos que ela diga algo que me acorde.
Segui em direção ao corredor onde meu pai e Marília estavam. Ele falava ao telefone e ela tentava impedi-lo, parece que algo estava errado e pela conversa, minha outra mãe não poderia vir me ver. Embora ele falasse menos e escutasse mais, pelas poucas palavras que ouvi, minha outra mãe estava presa e mesmo que o julgamento a tornasse inocente ou desse poucos anos de cadeia, ela não poderia retornar, até a verdadeira culpada se entregar. Marília gritou algumas vezes que não faria nada para ajuda-lo, outras vezes que não seria presa e meu pai segurando ela pelo braço ainda falava no celular. A situação estava pior do que eu imaginava.
— Vamos, não temos muito tempo... — Meu pai afirmou calmo, encarando Marília ainda parada, fazendo ele se irritar — Não está me escutando? Vamos!
— Eu não vou! Já disse! — Marília gritou irritada, fazendo meu pai a arrastar pelo braço, sem dizer mais nada — Me solta! Eu não vou! Como sabe que traze-la, fará com que ele viva?
— Eu não sei! Mas preciso ao menos tentar! — Meu pai respondeu aflito — Se o problema é apenas você ficar presa, eu pago bons advogados para te soltar depois...
— Quem dera fosse... Antes mesmo de chegar na sela, já terei sido morta! — Marília declarou deprimida e assustada — Eles estão atrás de mim Raul... Quando descobrirem que tive contato com a policia, vão achar que entreguei a todos, então mandaram me matar, antes de chegar na delegacia da próxima cidade.
— Eles quem? Com que tipo de gente você esteve se metendo, Marília? — Meu pai suspirou impaciente — Não importa, você fez suas escolhas! Minha prioridade é a vida do meu filho.
— Agora ele é seu filho?! — Marília berrou incrédula — Não lembra que me enganou anos atrás e rejeitou o tal filho que está citando agora?
— Não o rejeitei! Você acha que sou burro? Acha que eu não reconheceria meu próprio filho? — Meu pai revelou em tom zombador — Na época que quis enganar Luisa, eu já sabia de tudo! Desde a papelada de adoção falsa até seus planos de tomar o garoto. Aliás, por que o quis de volta? Por que agora está toda preocupada? Antes só queria saber do seu maldito sonho, depois se arrependeu e quis tomar o filho da Luisa!
— Ele é meu filho! Eu não quis tomar nada! Só vim buscar o que era meu! — Marília protestou enfurecida, fazendo meu pai dar um tapa no rosto dela. Isso fez Marília chorar e ficar mais irritada — Não haja... Como se fossemos diferentes! Se eu não tinha direito de ir atrás dele antes, muito menos você tem agora, Raul!
— Não vim aqui, atrás de ninguém, eu só estou tentando salvar a vida do meu filho! E se essa é a unica maneira, eu farei o possível! — Meu pai respondeu nervoso e percebi que uma lágrima caiu dos seus olhos — Por favor... Nós dois não fomos bons pais, na verdade, não chegamos nem a ser. Não tire esse direito de mim, a unica vez que posso exerce-lo... Me deixe salva-lo...
Marília não respondeu, ela olhava para o corredor onde seguia até a sala de cirurgia, depois encarava me pai. Eu não sabia o que se passava na cabeça dela. Os dois pareciam muito sinceros em seus sentimentos, mas eu havia sido tão machucado, que não conseguia amá-los como deveria, por eles estarem tentando me salvar e estar do meu lado. No entanto, eu era grato, eles realmente foram péssimos pais, mas ao menos, estavam tentando.
— Façamos um acordo... — Marília pediu triste e lágrimas caiam de seu rosto — Por favor...
— O que quer? — Meu pai perguntou receoso — Olha, não temos tempo, só vamos logo!
— Não! Eu vou ficar! — Marília declarou séria — Mas concordo em ir presa, para Luisa ser solta.
— Então me diga... — Meu pai pediu impaciente — Como devemos prosseguir essa situação?
— Você pede para a policia trazer Luisa, explica a situação do Richard, pede ao Doutor também para esclarecer tudo, se for preciso... — Marília exigiu apreensiva e meu pai deu uma risada irônica por tamanha loucura — Por favor Raul... Eu nunca mais irei vê-lo e você sabe disso! Me deixe ao menos ter esse tempo com ele, eu quero me despedir...
— Certo então! Façamos assim... — Meu pai murmurou chateado, já que não poderia fazer mais nada para convencê-la — Não ouse fugir! Entendeu?!
Marília confirmou com a cabeça e saiu, para voltar a sala de Cirurgia. Meu pai ligou novamente para a policia e foi em busca do Doutor Markson para resolver a situação. Enquanto todos iam para determinados lugares, eu ficava no mesmo local, pensando o que eu seria capaz de fazer, para me ajudar. Eu precisava voltar de alguma forma, embora ficar preso na minha mente, não fosse a melhor das soluções, só me restava isso. Era provável que minha memoria fosse apagada 100% agora, mas ao menos eu ainda estaria vivo de alguma forma.
Caminhei até a sala de cirurgia e Marília já estava lá segurando minha mão. Os enfermeiros haviam saído e Markson checava todos os aparelhos ligados ao meu corpo. Aparentemente, eu estava instável, porém, com certeza seria questão de minutos para meu corpo desistir novamente. Fechei os olhos e pensei na minha mãe Luisa retornando, pensei em como eu me sentiria se ela segurasse minha mão também, ou até mesmo me desse mais um abraço. Comecei a imaginar o que aconteceria, se eu ficasse bem. Se eu, meu pai e minha mãe Luisa fossemos uma família novamente e começássemos do zero...
Eu queria que a vida permitisse, que tivéssemos um único sonho realizado, antes que realmente nossa vida fosse acabar. Eu desejava que houvesse apenas um pouco mais tempo de tempo, mesmo que eu já tivesse tido suficiente, por 20 anos... Eu queria só mais um tempinho, o bastante para viver em uma família de verdade, ser um aluno pela primeira vez, sair em passeio com os amigos que nunca pude ter, me apaixonar, realizar pelo menos 1 dos meu sonhos, eu só queria ter oportunidade de viver com alguém normal... Dessa vez, sem medos, sem me trancar no quarto, sem perdas de memoria. Mesmo que eu morresse um mês depois, se a vida me concedesse só essa minha vontade injusta... Eu partiria feliz e sem arrependimentos.
Enquanto eu pensava sobre mim, como se fosse um milagre, um final feliz dos filmes de desenhos animados, senti meu coração bater forte. Uma forte dor de cabeça me invadiu, vi uma luz forte que quase me deixou cego, preenchendo o quarto. Tudo ficou branco, todos tinham sumido, eu já não estava mais do quarto de antes, me movi sem saber como, para uma imensidão branca, eu estava na minha mente. Entretanto, eu não sabia se isso era um alivio ou um pesadelo, provavelmente a segunda opção. Só esperava que com isso resolvido, ao ver Luisa depois, eu conseguiria acordar novamente, em breve.
Quem quer Richard acordado, grita Viva Dory! Kkkk Estamos com notícias boas pela frente hein. Aguenta coração! Leiam, comentem e até o próximo capítulo ❤
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