Capítulo 42
"Se você se sentir sozinho. Sem rumo no caminho. Se a dor vier e a lágrima cair. Não ouse desistir. Sorria e faça como eu, sempre que precisar... Continue a nadar" Essa letra era uma música que eu escutava em minha mente, sempre que eu dormia. Eu ouvia a voz de uma criança cantando, como se ela quisesse que eu lembrasse cada palavra, toda noite, a voz vinha em minha mente e permanecia até eu acordar. Isso até meus 15 anos, depois dessa época, passei a ver só o branco e eu ficava caminhando por ele, no silencio, até uma luz invadir todo o local e meus olhos abrirem para a realidade.
Depois de tanto tempo, enfim descobri a criança que cantava a música. No novo sonho que estou tendo, depois de dormir na sala de Markson, vim aparentemente, para um período do meu passado, talvez eu tenha entrado de alguma maneira no meu inconsciente e estou revivendo em forma de sonho, algum acontecimento importante. Só não entendo por que logo dessa criança cantando...
"Se alguém te abandonar. Se não há ninguém pra conversar. Sei que é doloroso, uma vida assim. Mas escute o meu conselho e faça algo por mim... Tente lutar. Continue a nadar..." Sua voz ainda era como eu lembrava, parecia uma criança gentil, solitária e desesperada por um abraço, um consolo, amor ou carinho. Foi isso que senti, ao vê-la sentada em um banco de praça, em baixo da árvore que soltava folhas tão solitárias quanto a criança. Parecia até que todas elas, tentavam conforta-lo, que cada folha que caia, demonstrava um sentimento pelo garoto... Eu só não sabia qual ainda.
Naquele momento, quando o garoto disse a ultima palavra, ele encarou o lugar onde eu estava. Como se conseguisse me ver, sorriu e acenou pra mim, então acenei de volta. Dei um passo para ir até ele, mas parei em seguida, quando uma mulher passou por mim. Ele estava acenando para ela e não pra mim... A mulher foi até ele e deu um abraço, sentando do lado dele depois. Eles não falavam nada, apenas sorriam um para o outro. Me aproximei e fiquei por trás do banco, na esperança de que realmente não me vissem e eu pudessem ouvi-los.
— Cante mais meu amor, a mamãe quer ouvir — A mulher pediu sorrindo e garoto deitando em suas pernas sorriu acenando com a cabeça que cantaria — Amo sua voz meu pequeno Richard...
Richard? Esse garoto... Era eu?! Então essa lembrança, essas pessoas, são partes do meu passado, essa mulher é minha mãe? Ela parece tão diferente, minha mãe Luisa da vida real, tinha cabelos curtos e pretos. Essa mulher, tem cabelos longos e castanhos como uma folha antiga de árvore. Sua voz também não é nada parecida com a da minha mãe. Será que as pessoas mudam tanto depois de tanto tempo?
"Continue a nadar. Mesmo se quiser chorar. Continue a viver. Mesmo se doer. Tudo vai passar. Tudo vai melhorar." O menino continuou cantando a pedido da mãe. E eu fiquei os observando, a cada palavra do garotinho, a mãe deixava uma lágrima cair dos seus olhos. "Se quiser um abraço, eu estou aqui. Se quiser deitar, pode dormir. Eu vou te proteger e nunca deixarei você. Até o cair das folhas, ainda estarei com você." O garotinho parou de cantar, a mãe o abraçou forte e começou a chorar desesperadamente.
— Querido, fica aqui alguns segundos... — A mulher falou ao perceber o celular vibrando no bolso, ela saiu para distante do banco e eu fui até ela — Já estou indo, espera só mais um pouco... Eu quero me despedir dele.
Eu não conseguia ouvir a pessoa no celular, mas aquela mulher estava prestes a abandonar o menino. Ela estava prestes a deixar para trás o próprio filho... E esse filho era eu. Não conseguir continuar ali, eu não queria ver aquilo, mesmo que ela fosse ou não minha mãe verdadeira, era cruel de mais. Fui para o lugar mais longe possível, mas o garotinho de minutos atrás passou correndo por mim e foi em direção a uma rua onde o sinal estava aberto. Tentei segura-lo novamente e não conseguir, um carro vinha em sua direção e ele não havia percebido.
— Richard! Não! — A mulher gritou desesperada vindo por trás de mim e correndo para pegar o garotinho — Cuidado! Volte!
Embora a mulher tenha conseguido puxar o garotinho, o carro bateu nela e os jogou longe. Ela sangrava bastante e o menino havia batido a cabeça na calçada, ficando desacordado. Pessoas começavam a chegar e ligar pedindo uma ambulância, outras tentavam ajudar a mulher. Infelizmente não consegui ver se ela teria ficado viva ou morta, uma luz branca invadia minha mente, alguém estava tentando me acordar.
— Tudo bem? — Doutor Markson perguntou assim que abri os olhos — Parece que eu conseguir o que queria.
— Que coisa é essa? — Perguntei, apontando para uma especie de relógio com uma corrente nas mãos dele — O que aconteceu comigo?
— Você conseguiu lembrar algumas situações do seu passado não é? — Ele perguntou animado — Nem acredito que isso deu certo! A medicina não aprova muito... Mas tentei hipnotismo com você.
— Hipi o que? — Perguntei confuso — Não sei o que é isso, mas sim, ajudou a lembrar algumas partes do meu passado... Nada boas por sinal.
— Então? O que viu? — Ele perguntou guardando o relógio no bolso e sentando do meu lado — É algo que não pode me contar?
— Não sei dizer... — Respondi pensativo — Mas respondendo sua pergunta assim que entrei, parece que bati a cabeça em uma calçada, quando eu era criança. Só não sei lhe dizer se a perda de memoria foi referente a isso. Pode ter havido outros acidentes que não lembro.
— Não se preocupe... — Ele falou dando tapinhas no meu ombro e sorriu — Isso já é suficiente.
— E meus exames? — Perguntei observando os papeis pretos em cima da mesa — Qual o resultado.
— Ainda estou aguardando seu pai, já que mãe não quis vir. — Ele explicou indo até a porta e me chamando para acompanha-lo — São regras do hospital, entende? Só posso dizer o resultado, quando os pais estão presentes.
— Mesmo o paciente já sendo de maior idade? — Perguntei impaciente — E quando não tem pais, como fazem?
— Regra é regra, não importa sua idade — Ele sorriu e caminhamos até meu quarto — Um responsável precisa vir, não importa quem. Até depois.
Doutor Markson saiu e eu entrei no meu quarto, inconformado pela situação. Meu pai não viria também, com certeza... Já é tarde, mal percebi que estava anoitecendo. Minha mãe, se é que devo chama-la assim mesmo, havia deixado mais alguns cadernos e lápis, mal sabia ela que eu nem anotava mais nada. Já estava cansado de tudo e preferia esquecer mesmo. Embora meu cérebro tenha me pregado uma peça e eu esteja lembrando de algumas coisas, atualmente. Em 1 mês, minha vida deu um reviravolta tão drástico, que antes eu nunca tivesse saído de casa mesmo. Será que eu ainda conseguiria realizar meus sonhos, algum dia dessa semana, desse mês, desse ano? Eu só queria continuar a viver, como prometi a mim mesmo...
Eu só digo uma coisa. Chorei mesmo. Que capítulo hein... votem, comentem e Até o próximo ❤
Se esse capítulo estiver incompleto, me avise para concertar!
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