Capítulo 40
O dia estava acabando, mais uma vez, eu estava sem alguém para me fazer companhia. Desde que cheguei no hospital, não houve nenhum noticia do meu pai. Será que estava envergonhado por não acreditar em minha doença? Com certeza, mesmo com todo o orgulho entalado na garganta, ele acharia algo para vir reclamar comigo. Deve ter acontecido alguma coisa, até minha mãe com seu estado de saúde veio me visitar, o que ele poderia estar fazendo?
Doutor Markson, havia sumido. Contudo, se fosse para trazer más noticias, antes não aparecesse mesmo. Depois de tanto progresso ultimamente, ainda não pude realizar todos os meus sonhos ou se quer gravar os vídeos que planejei com Sammy. É muito triste não ter conquistas, a maior que eu tenho, é ter vivido esses 20 anos, isso não é muito especial. Queria fazer algo que mudasse o mundo, mas nesse hospital, eu não mudarei nem minha vida. Ao menos pude fazer algo pelos pacientes...
— For you... For you... — Uma enfermeira entrou cantarolando e ficou vermelha ao perceber que eu estava no quarto e a ouvi — Perdão, achei que estava na consulta.
— Eu tinha alguma para hoje? — Perguntei confuso — Que horas vieram avisar?
— Meia hora atrás... Mas acredito que você não estava aqui não é? Algumas pessoas saíram de seus quartos para visitar outros pacientes... — Ela falou pensativa, depois lembrou de algo — Ainda da tempo você ir, é um consulta com o Doutor Markson, ele só tem você agendado para hoje.
— Okay! — Falei sem jeito e logo fiquei nervoso — Vou indo então.
Sai do quarto e fui até a sala do Doutor, mas ele não estava lá. Andei por algumas salas, porém ele havia sumido, embora fosse impossível, já que o hospital não é tão grande assim. Continuei a andar e percebi uma porta que antes eu não havia notado, as luzes estavam apagadas, mas por sorte a porta estava aberta. Por curiosidade entrei e olhei o que tinha lá dentro, surpreso, descobri que não era uma sala de consultas e sim um quarto com uma escada onde levava ao segundo andar. Eu não devia continuar aquela aventura, afinal, eu já teria muitos problemas se descobrissem que eu coloquei a musica na sala de controle.
Resolvi retornar e deixar aquela situação para outro momento. Até onde eu sei, curiosidade só tortura, não mata. Segui meu caminho e retornei ao meu quarto, logo o horário de visitas iria recomeçar e talvez se Sammy viesse me ver, ela irá gostar de achar uma sala secreta comigo. Isso se minha mãe não vier junto e estragar os planos... Acho que seria divertido chamar Marry também, caso eu e Sammy quiséssemos desistir, sei que ela nos faria seguir em frente, mesmo que houvesse um grande desastre a nos esperar.
— O que faz aqui? — Uma voz zangada falou, me fazendo pular de susto. E por falar em desastre, senhorita vulcão apareceu — Esse local não é permitido para pacientes como você.
— Olá para você também Marry — Falei forçando um sorriso — Eu me perdi e...
— Não minta! Não importa o que tem a dizer, aqui não é permitido, esse é local onde ficam pacientes de risco, barulhos, incômodos ou eventuais sons que comprometam a saúde deles, são proibidos! — Marry falou baixo, irritada e me empurrando para longe de lá — Se está entediado, visite dona Teresa como prometeu, não fica perambulando por ai!
— Arg! Eu sabia que havia esquecido alguma coisa... — Falei chateado comigo mesmo e segurando a mão de Marry, corremos até o quarto de Teresa — Posso entrar?
— Acredito que sim... — Ela falou tímida e saltou sua mão da minha — Vou no banheiro enquanto conversam. Olha lá os assunto que vai falar, okay?
— Não se preocupe! — Falei colocando a mão na testa, agindo como se atendesse as ordens de uma comandante e ela revirou os olhos chateada, saindo em seguida — Bom dia querida vovó Teresa!
— Olha só quem está aqui, meu neto Ricardo! — Ela falou animada e me senti mal por está enganando ela — Venha aqui, sente próximo a cama.
— Como a senhora está? — Perguntei com um sorriso, puxando conversa — Já sabe quando receberá alta?
— Amanhã! — Ela respondeu empolgada — Porém preciso vir todos os dias checar minha pressão e outros problemas...
— Ah sim. Não desanime, pelo menos você pode sair e voltar a ter seus passeios — Falei tentando não deixar ela desanimar — Como está se sentindo?
— Estou bem melhor, só um pouco sonolenta — Ela bocejou e sorriu — Fora isso estou bem, os medicamentos estão funcionando, embora causem sono.
— Então que tal descansar um pouco? — Perguntei e ela ficou triste ao ouvir — Não se preocupe, fico aqui até você dormir e amanhã bem cedo, venho te ver antes de ir.
— Você não voltará comigo? — Ela perguntou desanimada e surgiu algumas lágrimas em seus olhos — Vai viajar de novo? Dessa vez vai demorar mais tempo? Por que não pode ir comigo? Íamos ao zoológico... Não lembra?
— Claro! Eu lembro sim! — Menti. Eu havia prometido isso a ela? Preciso urgentemente voltar a anotar em meus cadernos... — Vamos sim, mas preciso fazer alguns exames amanhã, entende? Não é nada preocupante, mas não poderei retornar com a senhora...
— Entendo sim querido — Ela bocejou novamente — Saúde em primeiro lugar...
Depois de alguns segundos, dona Teresa dormiu. Como prometi, fiquei lá até ter certeza que ela não acordaria com algum movimento meu. Em seguida sai e notei que ninguém havia me visitado, ao retornar para meu quarto. Me senti triste e fui atrás de Marry para conversar, andei pelos corredores e perto da recepção avistei a ruiva que conversava com alguém, escondida atrás de um vaso de planta enorme. Dei mais alguns passos e congelei ao ouvi a voz da minha mãe, com mais algumas passadas, descobri que era ela mesmo. Me abaixei e ouvi a conversa delas duas, como o vaso e a planta eram grandes, elas não haviam percebido minha presença.
— Achei que você iria embora hoje... —Marry falou seria e minha mãe riu — Não poderia ter achado uma doença que matasse mais rápido?
— Você acha que é fácil forjar papeladas de doenças assim? — Minha mãe respondeu e fiquei confuso, aquela conversa estava muito estranha — Já paguei uma fortuna para o médico me diagnosticar com câncer, não posso gastar mais do que já gastei, ainda tem as passagens de avião e minha hospedagem...
— Deveria ter pesquisado melhor, antes de inventar tudo isso! — Marry cruzou os braços e começou a bater os pés no chão impaciente — Meu pai está esperando o pagamento! Se apresse ou ela acabará se irritando e você sabe como ele fica quando ele se estressa...
— Certo! Não me apresse... Preciso ainda pensar em algo para contar ao garoto, antes de sumir de vez — Minha mãe falou fria e minha vontade foi sair e perguntar que conversa era aquela — Preciso ir, ele já deve estar me esperando, diga a seu pai, que de amanhã não passa o pagamento! Vou indo...
Me levantei rápido antes que elas percebessem e corri entrando em uma sala que parecia ser a cozinha do hospital. Fiquei ali até minha mãe passar e depois sai para falar com Marry, mas ela já não estava mais lá. Minha mãe nunca agiu daquela maneira e todas aquelas palavras... O que estava acontecendo? Forjar papeis, passagens, me contar algo e sumir de vez... Ela estava planejando me enganar e fugir. Minha cabeça estava confusa, a raiva preencheu todo meu corpo e eu não conseguia dar mais nenhum passo para vê-la. Fui até o banheiro e fiquei lá, esperando a hora de visitas acabar e minha mãe ir embora...
Sorry, eu realmente estou muito maluca hoje. Então vai o capítulo assim mesmo. Boa leitura, votem, comentem e até mais ❤
Se esse capítulo estiver incompleto, me avise para concertar!
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