Capítulo 27
A morte assusta, mas há algo que assusta mais... A necessidade de alguém querê-la, por achar que ela resolve alguma coisa. Talvez resolva, pensando pelo lado de encontrar certa paz. Mas imagina só, quantas maneiras há de se divertir, ser feliz, ter tranquilidade e muito mais, estando vivo. Há sempre algo melhor do que a morte, acredite, a escolha certa é lutar, viver, enfrentar e vencer suas dores, medos e tudo que está lhe perturbando. Sabe o que devemos fazer de verdade? Ser a Dory! Que continuemos a nada...
Depois daquele abraço da Sammy, eu fiquei pensativo, tantas pessoas que são doentes como eu e querem viver cada dia, com intensidade e vontade de conquistar o mundo. Porém há tantas outras que tem problemas depressivos ou ansiosos e querem que a vida chegue ao fim, não querem mais realizar sonhos, não tem mais metas, objetivos, não tem e nem sentem mais nada, só a vontade de não existir mais... Tudo isso, por que querem paz e ás vezes nada no mundo traz.
O que as pessoas não sabem, é que procuram em lugares errados, há maneiras de achar paz, é só evitar procurar nos lugares que trazem dor. Afinal, como alguém pode se curar de um amor doloroso, substituindo por outro? Não é mais fácil ver um filme, comer algo que ama, sair com a família, ver antigos amigos? E depois que estiver curado, achar outro amor melhor? As pessoas procuram paz em baixo de pedras de guerra, sendo que a paz pode está em cima da pedra. Ou seja, só precisamos ocupar nossa mente mesmo e deixar a dor se curar sozinha, receber e dar mais abraços. Em baixa da pedra, só há mais problemas, em cima da pedra há soluções.
— E o que é a pedra? — Sammy perguntou tentando entender o que eu estava tentando explica-la — E se não houver soluções em cima da pedra? Houver um problema?
— A pedra é nossa capacidade de ver, analisar e julgar nossa vida. Abaixo dessa capacidade, há aquela que só ver o lado ruim das coisas, o negativismos, a falta de esperança, o lado murmurador e etc — Falei limpando as lágrimas dela com a manga da minha blusa — Acima dessa capacidade, há aquela que vê tudo pelo lado positivo, o lado otimista, que espera melhoras, que sabe que tudo ficará bem.
— Então se eu for positiva, não haverá mais dores e problemas? — Sammy perguntou olhando em meus olhos cheia de entusiasmo — Tudo ficará sempre bem?
— Não tudo, mas boa parte sim — Falei pegando minha bolsa e a colocando nas costas — Olha, se a vida fosse só 100% coisas boas, não amadureceríamos. É preciso sofrer um pouco, ter um probleminha, sentir uma dorzinha, para nos tornamos fortes, mais seguros, mais adultos, com menos medos e fragilidades.
— Então é como andar de bicicleta? — Sammy perguntou pensativa — É preciso cair e se machucar para aprender?
— Ás vezes há aqueles sortudos que aprendem sem passar por isso. Mas passam por outras dores para aprender outras coisas — Expliquei escrevendo uma mensagem para minha mãe — Por isso que não devemos comparar nossa vida com a do outro, ele vai sofrer de uma forma e você de outra, ele vai ser feliz de uma forma e você de outra, mas ambos vão aprender lições que tornarão os dois pessoas melhores.
— Entendo — Sammy falou pegando sua mochila também, entendendo o que eu pretendia fazer — Vamos a um passeio?
— Leu minha mente? — Falei com um sorriso no rosto e ela retribuiu — Avisei a minha mãe que voltaríamos daqui a meia hora. Espero que ela não surte ou me bata quando retornarmos.
— Para onde vamos? — Sammy perguntou animada — Realizar algum sonho seu?
— Claro! Você disse que ia me ajudar, não é? — Perguntei saindo com ela pelo corredor até o banheiro — Hora de começarmos!
Infelizmente, eu já imaginava que não nos deixaríamos sair, então mais uma fugida para meu histórico. Pulamos a janela do banheiro que por sorte, era do tamanho certo para nosso corpo passar. Fui primeiro, já que eu estava acostumado com a altura e segurei Sammy quando ela pulou, assim ela não se machucaria. Seguimos adiante e saímos pelos fundos onde ficavam as ambulâncias do hospital, embora eu não tivesse mais minhas memórias do dia que fugi, foi fácil escapar por aquele caminho.
— Nossa isso foi tão empolgante! — Sammy falou animada — Para onde vamos primeiro?
— Quero ver flores, onde há delas por aqui? — Pedi olhando para todos os lados procurando algum par que ou jardim — Flores naturais, não de lojas.
— Sério isso? — Sammy perguntou incrédula com voz de tédio — Fugimos para você ir ver flores?! Que graça tem isso? Se fosse ao menos alguma especie rara, mas as normais...
— Há beleza em tudo! Passei minha vida inteira trancado e se sai, não tenho memórias ou se quer anotações... Perdão se isso for chato para você, mas eu aprecio coisas simples também — Falei chateado pela reação de Sammy — Se as pessoas parassem 1 minuto de suas vidas para observar o que elas deduzem ser comum, perceberiam o quanto aquilo é incrível! E se mesmo assim não conseguirem, é uma pena, esse prazer ficará para aqueles que amam admirar as coisas mais simples do mundo.
— Certo, okay, já entendi! Sinto muito se lhe ofendi... — Sammy falou insatisfeita, mas depois falou animada — Depois vamos há um lugar da minha escolha! Sei que esse também faz parte da sua lista de realizações!
— Tudo bem, mas não podemos demorar muito, quero passar pelo menos uns 10 minutos vendo as flores — Expliquei caminhando com ela até o lugar onde teria algum jardim — Então se ambos os lugares forem distantes, vai passar de meia hora.
— Não se preocupe, suas flores é logo ali — Sammy apontou para um parque onde havia várias árvores e espaços com grama, flores e bancos, havia brinquedos para as crianças também — Vou ficar logo ali no balanço, pode ir ver o que quiser por ai.
— Tudo bem — Sorri e observei todo o local, era lindo — Obrigada Sammy, por me trazer aqui... Obrigada mesmo.
Sammy sorriu e ficou se balançando. Andei por todos os lugares que eu conseguia chegar, abracei pelo menos 3 árvores e senti o cheiro da madeira delas. Segurei algumas folhas na mão, deitei no gramado, aquelas sensações eram maravilhosas pra mim. Observei como eram as flores, assim como fiz com árvores, cheirei algumas, admirei a tonalidade de cores, vi 2 bichos estranhos que voava, um tinha uma agulha no bumbum o outro era cheio de cores. Sammy gritou de longe que eu evitasse as abelhas, mas poderia tocar nas borboletas, então deduzi que eu não poderia tocar no bichinho que tinha a agulha, mesmo que não fosse a abelha, seria melhor para não me machucar.
Aquele era o melhor dia que eu já tive, nunca pensei que se eu tivesse sair de casa mais vezes, eu poderia ter visto coisas tão belas como vi hoje. Eu só queria não ter tido tanto medo minha vida inteira... Mas de agora em diante, tudo seria como hoje, mesmo com medo, eu enfrentaria tudo e mais um pouco para ter memórias como aquelas. Eu anotaria tudo para que eu pudesse reviver sempre que eu quisesse e enquanto eu tivesse tempo de vida, eu aproveitaria cada segundo tendo mais dias assim.
Apaixonada por esse capítulo, espero que gostem ❤ Deixem o Votinho e até o próximo!
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