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em clima de briga, Cinderela

 — Acabei de comprar os sapatos — digo com certo esforço por está carregando uma sacola com uma mão e, com a outra, estar abrindo a porta com a chave.

Ao entrar, empurro a madeira atrás de mim com o pé e jogo o molho na mesa, deixando a caixa de sapato próximo a porta. Olhando em volta eu faço uma careta para a minha própria bagunça, a fim de dar uma repaginada superficial na casa, prendo o telefone celular entre a orelha e o ombro e começo a recolher o lixo do chão.

— Uh, por quanto?

— Então, quanto a isso... Talvez tenha saído um pouco a mais caro do que cabia no meu orçamento... E talvez precise economizar um pouco mais no almoço da escola. E também não pegue Uber por um mês.

— Quanto custaram esses sapatos?

— O importante é que valeu super a pena e eu ainda tenho a graninha extra, por conta do clipe dos garotos.

— Caiu como uma luva.

— Não, é? Por falar nisso, não vejo a hora de mostrar a eles, só falta pequenos toques para enfim acabar a edição.

— Quero ver antes deles postarem.

— Claro que você vai. Ei, Han, acha que sua mãe vai poder nos arrumar mesmo?

— Relaxa, ela disse que sai mais cedo do salão e traz algumas coisas pra gente. Já tem o vestido, não é?

— Aham. — Sorrio. — É aquele que era da minha mãe, ela vivia usando vermelho.

— Queria ter conhecido ela, acho que nos daríamos muito bem.

— Por favor, Hanna, minha mãe amaria você.

CASSAAAANDRA!

O grito vem de fora da minha casa e fica cada vez mais alto, reviro os olhos não estando nem um pouco preparada para o dramalhão da família Hays.

— Diana está chamando, preciso ir.

— Boa sorte!

— Valeu.

Hanna finaliza a chamada e deixo o celular pela mesa, sinto como se estivesse me rastejando a forca quando abro a porta para minha madrasta.

A sintonia em que estou e a desse lugar é totalmente oposta e isso pode ser notado a quilômetros de distância, enquanto estou feliz e alegre, Diana parece furiosa e bate o pé a minha espera.

— Que merda você fez, garota?

— Desculpa, mas vai precisar ser mais específica.

— Acha que estou brincando?

— Não — digo, com cinismo.

— Por que disse aquelas coisas a Reggie?

Reggie é com quem minha madrasta vem saindo pelos últimos meses, eles não tem nada sério, mas acho que Diana já está começando a ficar caidinha por ele. Até que o cara é bonito, mas sinto tédio só em olhar para seu rosto, particularmente, não sei como eles podem combinar, talvez na cama isso não seja um problema.

Apesar de não conseguir imaginar aquele homem indo muito longe.

— O quê? — pergunto, não sabe aonde ela quer chegar.

— Para de se fazer de sonsa!

— Eu não tenho ideia do que você está falando, Diana.

— Então não mandou um e-mail a ele dizendo o quanto acho ele repulsivo e que sou uma nojenta? Não disse vários hábitos imundos que nem tenho?

— Certeza que não? Vez ou outra vejo você dormindo com as embalagens de salgadinhos que come. E, eca, seu robe fica cheio de manchas de gordura, isso é meio nojento. — provoco, controlando o riso.

— Menos cinco mil.

— É o que? — agora, a risada, apesar de fraca, não se contenta apenas em mim e sai sem minha autorização, não acreditada.

— Você ouviu. E se não quiser o dobro, cumpre o castigo de escola e casa por uma semana.

— Não pode fazer isso. Tenho o baile da escola hoje.

— Que você não vai.

— Isso é sério?

— Tanto quanto o e-mail que mandou.

— Eu não mandei essa porcaria — grito, não conseguindo conter minha frustração.

Tudo o que a loira faz é sorrir e se aproximar de mim, seu rosto está tão próximo do meu que sinto sua respiração bater contra minha bochecha. O brilho de ódio nós seus olhos é tão intenso que, por um momento, me desestabiliza.

— Agora que sei que essa festa tem importância, me sinto muito melhor em proibir você de ir.

— Eu te odeio. Eu te odeio tanto — cuspo as palavras.

— Eu sei — sussurra, refazendo o caminho da área de lazer até a piscina, me deixando com cara de tacho na porta da casa dos funcionários.

Meu cérebro está atordoado, nada aprece ter foco. Mas, felizmente, ainda consigo raciocinar sobre o maldito e-mail a Reggie. Sei que não mandei, obviamente Diana também não, e não havia ninguém além de nós que soubesse desse caso. Ninguém exceto Natália.

Minha mente nubla e de repente sou toda impulsos e coragem, não sei de onde consigo tirá-los, mas são o suficiente para me levarem a passos duros e apressados ao quarto da Hays mirim, ao lado de onde costumava dormir. Evito pensar nisso e passo reto pela porta branca de madeira, aproveitando que não há trancas me separando de Natália, entro em seu quarto sem pedir permissão.

— Nunca gostou dele — afirmo, chamando a atenção da minha meia-irmã.

Ela tira os fones cor-de-rosa dos ouvidos, deixando-os pender no pescoço. Enquanto está deitada de bruços, suas pernas continuam a balançar e, mesmo sabendo do que estou falando (porque eu sei que sabe), ela me olha com tranquilidade.

— Já olhou o cara? Acho que nem ele gosta de si mesmo.

— E porque colocou a culpa em mim?

— Não pus. Só não disse que fui eu.

— É. Mas ela acha que foi e agora me castigou. Não posso ir ao baile.

— Não posso fazer nada, Cass.

— Isso não te dá nem um pingo de remorso? — exaspero, gesticulando excessivamente e mantendo toda a minha indignação em meu rosto.

A garota parece pensar por alguns segundos, mas então curva o lábio inferior nunca espécie de biquinho e balança a cabeça negativamente.

— Honestamente, um pouco. Mas antes você do que eu.

— E porque fez isso? Sabe que sua mãe gosta dele.

Natália revira os olhos.

— Minha mãe só gosta dela mesma, Cass. E um pouco de mim.

A ficha vai caindo aos poucos e vou passando a entender o real motivo disso. É incrível a forma como conheço tanto Natália quanto Diana como a palma da minha mão, acabo somando um mais um e sorrio sozinha com a conclusão.

— Não tem nada a ver com não gostar dele, não é? Só não quer dividir sua mãe com mais ninguém.

— Ele não é bom o bastante para ela.

— Para você, quis dizer. Porque sabe que não vai achar alguém tão bom quanto o meu pai para te acolher como se fosse a própria filha — digo, minha língua se coça e se contorce para segurar o veneno que estou prestes a destilar, talvez mostrar ao menos um terço do quanto as palavras podem afetar, principalmente quando pegam em nosso ponto fraco.

Tento a todo custo controlar o diabinho no meu ombro, mas acho que até o anjo no outro lado deseja que eu ponha para fora tudo o que eu quero, deseja ter ao menos um dia de vingança, porque quando eu menos percebo, já dei com a língua nos dentes.

— Sabe que qualquer namorado da sua mãe não daria a minha para você, só iria querer ela. E tem medo disso, eu sei que tem. Pode parecer confiante, Lia — chamo-a pelo apelido que nunca uso —, mas não me engana. Seu maior medo é ficar só, tem medo de ser abandonada por sua mãe, assim como seu pai fez.

— Sai. Do meu. Quarto. — As palavras saem pontuadas, controlando a fúria exala da garota.

Sorrio duramente mas a obedeço, batendo com força a porta atrás de mim. Refaço todos os passos a minha casa, com a respiração descompassada e as emoções embaralhadas. Sinto minha cabeça girar enquanto uma sensação ruim ganha espaço no meu peito.

É angustiante.

Passo as mãos com aspereza pelo rosto e, assim que passo pela minha porta, a primeira coisa que faço é me jogar em minha cama. Deixo que uma lágrima estúpida e idiota caia enquanto me sinto tão estúpida e idiota quanto ela. Achei que estaria melhor após o episódio com Natália, mas só serviu para me deixar pior.

Como eu posso reclamar tanto delas se no final das contas sou do mesmo jeito?

Pior do que odiar a elas, é odiar a mim mesma. E é exatamente como me sinto agora.

***

Quando o celular toca, de novo, eu ignoro, de novo. Sei que já escureceu e que provavelmente está em cima da hora de ir ao baile, e como não me encontrei com Hanna, tive o resultado de uma tempestade de mensagens e ligações da garota.

Entre uma hora e outra, acabo cochilando, trazendo a tona a mesma sensação ruim toda vez que acordo. Nesse momento, quero desaparecer, estou quase pegando no sono outra vez quando minha porta é esmurrada sem mais e nem menos.

— Sai daqui — murmuro alto para Diana, porque duvido muito que seja Natália.

— Cassandra, se você não abrir essa porta eu juro que arrombo.

É Hanna.

Não preciso nem ver a sua cara para saber o quanto está irritada comigo, mas ainda tendo amor a vida, arrasto-me até a porta e me deparo com uma garota de cara emburrada e braços cruzados sobre um vestido prateado, que contrasta com o tom de pele escuro, usando os cabelos ondulados presos em um coque elaborado muito bonito, ele tem presilhas brilhantes espalhados estrategicamente pelos fios castanhos que dão um charme maior a ela. Acho engraçado e admiro como mesmo em um vestido elegante, totalmente o oposto dos seus gostos e modelos usuais, ela não perde o estilo próprio, acho que Hanna é a pessoa mais autêntica que conheço.

— O que foi? — pergunto.

Sei que o moletom verde todo amarrotado e a cara inchada mostram que não estou bem, mas a primeira coisa que Hanna faz é me bater.

— Ai.

— Eu estava preocupada. Porque não me atendeu?

Meus ombros murcham e abro espaço para que ela entre, fechando a porta atrás de mim e voltando a me jogar na cama sem me importar com a sua presença. O plano era ficar quieta na minha, mas aparentemente minha melhor amiga não está a fim de colaborar comigo.

— São oito e quarenta, Cass. O que aconteceu?

— Diana. Eu. Natália.

Minha amiga revira os olhos.

— O que aquela megera fez agora?

— Não é só isso, Hanna. É também o que eu fiz.

Eu faço um resumo geral de tudo, não deixo nenhum acontecimento de fora. Hanna escuta com calma cada palavra que digo e espera eu terminar tudo para enfim se pronunciar. Eu esperava que ela concordasse comigo, ou mostrasse o seu ponto de vista da situação, talvez até brigasse, mas o que sai da sua boca é bem específico e simplório:

— Foda-se as Hays.

— Han...

— Mesmo que ela merecesse, você foi desnecessária com a Natália, fato. Mas você não é perfeita, é um ser humano, e deixa eu te contar uma coisa que não é segredo pra ninguém, o ser humano tá sempre fazendo merda atrás de merda.

— Isso é para me motivar?

— É. — O tom óbvio diz o que preciso saber. — Tem que saber que você também erra, é claro que isso não pode ser levado como um incentivo a fazer uma merda atrás da outra, mas não tem que ficar na fossa por conta disso, principalmente porque estava super empolgada com hoje. Precisa se animar!

— Mesmo que faça, não vou ao baile.

— Não deixa Diana controlar sua vida assim, eu sei, tem toda a coisa do dinheiro, mas...

— Mas dessa vez eu não posso fazer nada.

Os ombros de Hanna murcham, aceitando finalmente o carma que o universo me trouxe. Franzo o cenho quando vejo garota tirar os sapatos pretos dos pés e se acomodar na cadeira desconfortável com o estofado meia boca e o apoio de costas com a tinta da madeira descascando.

— Não precisa ficar aqui comigo — digo quando vejo que é essa a sua intenção.

— Não vou a lugar algum sem você.

— É sério, Han.

— E eu pareço estar de brincadeira? — Enquanto ergue as sobrancelhas, não é possível notar nenhum elemento cômico, seja em sua fala ou expressão.

Solto um suspiro sabendo que, do jeito em que Hanna está, se ela não quiser ir, não tem quem faça a garota mudar de opinião. Nós ficamos no completo silêncio, cada uma imersa em pensamentos próprios. Os meus ainda beiram para o que aconteceu hoje, desde minha empolgação sobre manter o dia perfeito ao desastre catastrófico que ele foi se tornando.

Não sou obcecada em bailes, mas esse em específico era para ser especial. Especial por mim. Porque tem muito tempo que eu não tiro um dia para cuidar de Cassandra Marrie, um dia que a minha úncia preocupação seja eu mesma. E para isso, eu tinha todo um planejamento cheio de expectativas.

A começar pelos sapatos, passando por ter uma tarde de beleza com minha melhor amiga e a figura materna mais próxima que tenho, e terminando comigo em um baile colegial. Apenas como uma estudante do ensino médio que não precisa se preocupar com faxina, madrasta malvada ou dinheiro.

E, ao chegar na hora de Califórnia Gurls, que toca em todos os bailes de todos os anos, seria somente eu na pista de dança.

Nunca pensei que diria isso, mas tudo o que eu quero agora é dançar Katy Perry.

— Cass. — Hanna se levanta de uma vez da cadeira, a animação da garota não faz jus ao momento que estamos passando. — Cassandra. — Ela não se contém e, lentamente, abre um sorriso que arrisco classificar como maquiavélico.

— O quê?

— 31 de outubro do ano passado. Épica e tradicional festa de Halloween do Peter.

Eu a encaro como se estivesse nascente um outro olho no meio da sua testa, porque nada do que aquela garota fala faz qualquer sentido. Minha falta de raciocínio faz Hanna parede a pose imbatível de gênia para uma típica irritação ao revirar os olhos.

— Qual é, Cassandra? Plano batatinha.

De repente, tudo se clareia na minha mente. É como se uma luz fosse jogada sobre a minha cabeça, eu até consigo me empolgar, mas tudo desanda quando lembro da ameaça.

— Não posso arriscar, Hanna. É muito dinheiro, daqui a pouco não tenho mais nada. Diana já levou quase metade do que meu pai deixou para mim.

— Cass, sei que pode parecer só um baile estúpido e um sacrifício pequeno demais. Mas não é bem assim, e sabe disso, você quer ir. Meu Deus, Cassandra! Qual a última vez que tirou um tempo para si? Talvez, sim, esse baile seja uma baita besteira, mas é sua vontade. Nem sempre é algo grandioso que traz a felicidade, as vezes são as pequenas coisas, besteiras como ir ao baile da escola. É como se fosse a pequena faísca que acende o fogo inteiro.

Meus olhos se fecham e recosto a cabeça na parede atrás de mim, sei que ela está certa, mas não consigo parar de pensar no que está em jogo. Em uma versão adaptada, quase posso ver duas miniaturas em meu ombro, uma Cassandra de terninho caro listando as inúmeras razões para ficar em casa e obedecer e, no outro ombro, uma Cassandra com vestido de vesta fazendo a minha cabeça e se apropriando do discurso de Hanna.

Talvez eu só esteja procurando por mais motivos que me convencesse a ir e não me deixassem com peso, porque é essa a justificativa que encontro ao trazer a tona uma lembrança que tenho com minha mãe para ser o estopim da minha decisão.

Consigo ver com clareza os cabelos castanhos e ondulados, como os meus, e os olhos grandes que levam a mesma cor. Ela sorri, da mesma forma amorosa de sempre, e leva sua mão a minha bochecha, acariciando-a com o polegar. Eu sorrio sem descolar os lábios e falto irradiar com a atenção que recebo dela.

Sempre achei minha mãe muito bonita, ela encantava qualquer pessoa a sua volta, mas naquele dia em específico, ela estava sensacional. Enquanto isso, lembro que eu estava a típica criança chorona, com os cabelos desgrenhados e os dedos sujos de terra, morrendo de medo de descer do carro e entrar na escola porque Lisa Teige havia dito que ainda fazia xixi na cama. Fiquei conhecidos como "Cass, a garota do xixi" pelo primário inteiro.

O ponto é que minha mãe transbordava intensidade quando, de forma doce, disse algo como precisar me arriscar para viver.

É a isso que me agarro agora.

— Tudo bem, vamos fazer isso!

— Sério?

— Sério. Mas não temos uma batatinha.

No nosso plano, batatinha é a distração. Levou esse nome porque nós nos aproveitamos de uma amiga de Diana que se parece com a Sra. Batata, não é a melhor nomenclatura, mas nos tínhamos quinze anos e não víamos a hora de ir para a nossa primeira festa de verdade. Agora, aos dezesseis, ainda parece uma escolha válida.

De qualquer quer forma, na época, a senhora batatinha caiu como luva no plano de fugir de casa, mesmo elas tendo como a base da amizade a falsidade.

— Quem disse que não? Tem um cara idêntico ao Jerry das espiãs demais, só que de óculos.

— Pálido, careca, bigodinho branco e óculos estranho?

— Esse mesmo.

— É o Reggie.

— O cara que a Diana pega? Fala sério! Posso odiar aquela mulher mas aquele o homem parece ser um porre. Acho que nem eles gosta de si mesmo.

— Esse mesmo, mas ele nunca passa a noite aqui. Nunca. Uma vez foi embora as quatro da manhã.

— E porquê?

— Ele diz suas plantas ficam chorando ou sei lá o quê.

— O cara é a personificação de estranho.

— Mas acho que ele demora hoje, eles estão meio brigados, então até ter a reconciliação e coisas que eu não quero imaginar, leva um tempo.

— Ótimo! Vou chamar o Steve. Você vai tomar um banho, consigo sentir seu fedor daqui.

Sob um revirar de olhos, vou ao banheiro enquanto Hanna chama o segundo ponto principal do plano batatinha: a tocaia.

O vizinho de Hanna fica de frente a minha casa analisando qualquer possível movimento estanho na mansão para nos avisar, quando chega a hora, é ele quem disca a mensagem de alerta. Fazendo-nos voltar para casa no mesmo instante.

Ao sair do banheiro, tento fazer tudo na maior velocidade possível, enquanto arrumo meu cabelo em um penteado pouco elaborado, tendo como base uma presilha pequena que prende duas mechas e cachos mais definidos, Hanna dar o melhor em me maquiar. Não achei que conseguiríamos, mas o cabelo fica muito bom, os tons da sombra combinam comigo e o batom vermelho é da mesma cor que meu vestido.

— Certo. Pega sua roupa e eu os seus sapatos.

Com um tremendo cuidado, ponho o vestido. É simples, mas não poderia ser mais perfeito, quase posso ver minha mãe usando ele. O vestido vermelho é longo, chegando aos meus pés, e apenas na cintura e no busto ele é colado no meu corpo. As mangas são caídas abaixo do ombro, mas o tecido é tão macio que nem mesmo as sinto.

Estou tão leve agora, quase como se tudo fosse normal, como deveria ser.

Essa sensação poderia durar para sempre.

— Porra, esses sapatos são incríveis! — Saio do meu conto de fadas com Hanna exasperando em um palavrão e carregando o par prateado em mãos.

Os sapatos não são carregados de glitter, mas tem um certo brilho em todo canto. As tiras, quando calçadas, alcançam até acima do tornozelo, e o salto, apesar de uma altura mediana, é bem fino. Hanna me ajuda a calçá-los, deixando-me pronta para o baile.

— Cadê sua máscara? Estamos atrasadas.

Ou quase pronta.

— Que máscara? — A pergunta sugestiva e o sorriso de uma criança de cinco anos, aquele que é dado quando ela acabou de quebrar o jarro da sala, estão 100% presentes para colaborar com a ideia de que eu não havia me dado conta desse detalhe.

— Tá brincando comigo? — Nego em um balançar de cabeça. — Qual é, Cassandra, eu não acredito que esqueceu de comprar uma.

— Posso ir sem, não é obrigatório.

— É um baile de máscaras. Não pode ir a um baile de máscaras sem uma máscara. Cadê aquela que usou quando nos conhecemos? Da princesa gótica.

— Foi uma fase tá bom, Hanna? — brigo, apesar de tensas, minha amiga não segura o riso pelo meu tom repressor em lembrar dos infelizes meses em que fui uma perfeita emo. — E não vou usar aquilo, estávamos na oitava série, não deve caber agora.

Nenhuma relutância é o suficiente, Hanna pega a maldita máscara após vasculhar, sem a minha ajuda, pelas caixas que guardo minhas coisas antigas, não sei o que ela tanto faz, mas quando me mostra o resultado final, meu queixo vai ao chão.

As plumas foram embora, restando apenas pouca pelagem em pontos específicos. A máscara tem o fundo escuro e, colada por cima, uma renda da cor preta, assim como o resto de pluma. Eu não consigo entender como essa garota fez tal milagre, mas ponho a máscara no rosto sem hesitação alguma. Não espero nem um segundo para correr ao banheiro e me encarar com um sorriso beirando nos lábios no espelho um pouco sujo, apesar disso, nada impede de me sentir muito bonita nessa noite.

— Puta merda, o que você tem nas mãos? Isso aqui tá perfeito.

Apesar da euforia, a alegria não dura muito, porque logo o meu nariz se franzi e sou obrigada a coçar próximo a testa.

— Isso pinica — reclamo.

— É o material vagabundo. Agora sai daí e vem aonde eu possa ver.

Fazendo o que a garota pede, levo as mãos na cintura e desfilo na sua direção. O brilho em meus olhos e o sorriso de orelha a orelha não negam que estou me sentindo como se estivesse no começo do dia. Contente, empolgada e pronta para dançar Califórnia Gurls.

Ao me ver Hanna bate palmas e assobia, a garota se inclina para trás e, orgulhosa tanto de mim quanto só seu próprio trabalho, diz:

— Bibidi bobidi Bum, você tá uma gata!

Nós estamos!

— Então vamos? Steve está nós fundos, temos que deixá-lo entrar.

— Vamos.

— Baile de primavera aqui vamos nós.

***

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