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bem-vinda a detenção, Cinderela

Minha cabeça lateja de tanta dor. Tomo um analgésico que acho jogado pela gaveta do móvel de cabeceira e resmungo quando abro a janela do cômodo que uso como sala (e cozinha).

Eu sabia que acordaria com dor de cabeça, porque sempre que durmo pouco ou passo muito tempo sem comer, é a primeira coisa que sinto. Mas não pensava que essa dor infernal atacaria justo hoje, não com tanta intensidade como está.

Ponho um óculos escuro para evitar a claridade do mundo e não me arrumo em nada além de passar os dedos pelos fios de cabelo a fim de mantê-los baixos e superficialmente arrumados. Vestindo apenas a mais simples calça jeans pelo frio do inverno, apesar de fraco, e um casaco de moletom verde-musgo por cima de uma blusa qualquer, eu saio de casa pronta para atravessar os fundos da casa das Hays e seguir a minha caminhada de quinze minutos até a escola, se eu for pedalando hoje, não duvido nada cair da bicicleta por tamanho o sono que estou sentindo.

— Por que tá parecendo uma mendiga? — Fecho os olhos e suspiro antes de virar na direção de Natália após ouvir sua voz, que está usando um biquíni branco enquanto toma sol na sua cadeira próxima a piscina e lê uma revista.

— O quê? — pergunto, porque eu realmente não entendi direito o que disse.

— Perguntei por que está parecendo uma mendiga.

Quando entendo o que ela falou, preferia nem ter ouvido. Por que eu insisto nessas coisas?

— Obrigada pela dose de maldade diária, Natália. Mas tenho que ir para a escola.

— E a mansão? — O seu questionamento me faria erguer as sobrancelhas e olhá-la com desdém, mas eu realmente não tenho energia para isso. — Tá um nojo pela reunião que a mamãe fez ontem. — Ela nem parece perceber o quão absurdo é ela achar que meu serviço aqui é mais importante que a escola. — Urgh! Não sabia que velhas poderiam ser tão imundas. Elas não deveriam ser todas doces e gentis?

O drama de garota rica fica em segundo plano quando a própria velha imunda-mor, nada doce ou gentil, aparece após passar pela porta de vidro que liga a área de lazer ao interior da casa.

— Acorda, Cassandra. Tem trabalho a fazer. — Diana estala os dedos na minha direção como se isso pudesse me despertar.

— Não posso. Fiquei de detenção, vou passar a tarde na escola — explico, pela segunda vez hoje.

— E a mansão? Não posso ficar nessa sujeira. Isso aqui tá um nojo. Achei que damas da alta sociedade seriam mais civilizadas.

As vezes eu me impressiono com o quanto ela e a filha são parecidas, o ditado "tal mãe, tal filha" nunca foi tão real a nenhuma outra pessoa se não a essas duas.

Diana tira a saída de banho exibindo o maiô que usa, devo admitir, para uma quarentona ela está em forma. Minha madrasta se deita na cadeira ao lado da filha, elas trocam sorrisos cúmplices antes de uma voltar a revista e a outra voltar sua atenção a mim, esperando uma resposta.

Suspiro, odiando mais que nunca essa situação de merda.

— Eu limpo assim que chegar — respondo a contragosto.

Tendo um sorriso satisfeito como resposta, dou as costas a elas e saio pelos fundos, fazendo a minha caminhada até a escola. Chego alguns minutos atrasada pela interceptação de Diana e Natália, mas não é nada que me prejudique porque, quando entro na sala, o professor Jim ainda não apareceu para dar os recados.

— O que aconteceu com você? — Hanna é a primeira a perguntar.

A detenção é na biblioteca, as mesas marrons em madeira são largas e de dupla, tendo duas fileiras com quatro mesas cada. A frente, um quadro de avisos e a mesa da bibliotecária no canto. Atrás dessas mesas ficam as estantes de livros, três computadores encostados na parede ao lado (que obviamente estão desativados para hoje) e, mais para o fundo, uma salinha minúscula que eu nunca entendi de fato para que servia, mas que sempre está trancada.

Eu me sento ao lado de Hanna e mal noto os garotos atrás de nós. O que passa pela minha percepção é apenas Alec e Jude esparramados na mesa, Dominick exalando tédio e todos em mesas diferentes.

Eu também me jogo na mesa pelos próximos minutos até o professor entrar na sala e mandar todo mudo acordar.

— Bom dia! — o professor Jim diz enquanto se acomoda atrás da mesa, apoiando as mãos na beirada da mesa da bibliotecária , ele se curva para frente e nos encarando com certo rancor por fazermos ele está na escola num sábado de manhã. — Vocês já sabem das regras. Nada de conversa, nada de dormir e nada de celular. Falando nisso, quero todos os telefones de vocês aqui. — O professor põe uma cesta retangular sobre a mesa, o branco fosco está quase amarelado.

Nós fazemos uma fila para deixamos os celulares a contra a vontade. De longe sou a pior ali, mas todo mundo parece estar morto. O professor tira o relógio da parede e põe na cesta também, é outra coisa das detenções.

Quando deixo o modelo antigo de celular sobre a cesta, o homem de meia idade me para.

— Os óculos também, mocinha.

Sem argumentar, eu arranco eles do meu rosto e jogo ao lado do relógio, voltando a cadeira e me sentando ao lado de Hanna.

Eu não tenho nem ideia de quanto tempo passou, mas não aguento mais ficar nessa droga de detenção. Aposto como já devo ter cochilado em algum momento, porque vez ou outra meus olhos pesam mais do que eu posso controlar.

Hanna empurra um copo de isopor pela mesa, o que me faz olhar na sua direção.

— Você precisa mais do que eu — fala sem emitir som.

Quando abro o copo, o vapor vem bem na minha cara, assim como o cheio de café preto. Da mesma forma que ela fez, eu respondo com um "valeu".

Finalmente me sinto mais desperta, e bem na hora que o professor Jim avisa que sairá por poucos minutos para almoçar, avisando que podemos pegar nossos lanches também, ele ainda pergunta se queremos ir ao banheiro antes de nos deixar sozinhos e alertar sobre ser proibido sair da sala.

— Não aguento mais olhar para esse cara. — Ouço a voz de Dominick, mesas atrás de mim.

— Então faz alguma outra coisa. — Jude resmunga, também mesas atrás, na outra fileira.

— Tipo, o quê? A lição de casa que está fazendo a meia hora? — Dominick responde.

— Não é lição de casa, é o meu discurso para o grêmio.

— Vocês querem calar a boca? — Alec é outro a reclamar.

Minha atenção só é desviada de um ponto fixo qualquer a minha frente quando Hanna se levanta ao meu lado.

— O que você tá fazendo? — pergunto.

— Minha bunda vai ficar quadrada se eu ficar sentada por mais um minuto.

— Hanna, senta aí, não quero mais um dia de detenção.

— Por que tem que ser sempre tão mandona? — Dominick aparece em pé atrás de mim, apoiando o braço ao meu lado na mesa e se curvando na minha direção.

O sorriso ladino brilhando nos lábios e os cabelos mais despenteados que o normal, eu duvido se eles viram alguma escova ou coisa do tipo hoje. Bufo e o empurro pelo ombro, revirando os olhos.

— Por que vocês estão de tão mal humor? — ele pergunta, indo para o meu outro lado e se afastando de mim, ficando entre as duas fileiras de mesa. — Qual é? Somos como o clube dos cinco.

Franzo o cenho e faço uma careta pela comparação ridícula.

— Sério? — ignorando qualquer coisa que o professor Jim tenha falado, eu fico de pé.

Mantenho meu quadril apoiado na mesa enquanto cruzo os braços, Hanna aparece no meu campo de visão ao ficar próxima de Dominick.

— 100% sério — ele responde.

— Não temos problemas com os pais — Alec comenta, ainda sentado, olhando para nós.

— Fale por você — murmuro, felizmente ninguém ouve.

— Tá legal, se seguirmos nessa lógica, eu claramente sou o Brian — Jude diz.

Ele se levanta e leva junto consigo o saco pardo do seu almoço, se sentando na mesa da bibliotecária, o garoto desembala o sanduíche confortável demais com toda aquela situação, por se afastar do nosso núcleo, Jude faz nossa atenção agora ser dividia em dois pontos da sala.

— Por que não eu? — Hanna questiona. — Posso muito bem ocupar o esteriótipo de cérebro.

— Você é a Alisson — Jude rebate.

— Eu não sou a maluca.

Só o que faltava a essa altura era uma discussão entre nomes e esteriótipos de um filme da década de oitenta.

— E você é o atleta — Dominick aponta para Alec, que permanece sentado.

O vocalista da Dead End anda até a primeira mesa da coluna oposta a nossa e se escora nela, da mesma forma que eu.

— Não posso argumentar. — Alec dá de ombros. — Mas se eu sou o Andrew e o Jude o Brian...

— Quem disse que ele é o Brian? — Hanna exaspera, gesticulando com os braços.

— Então você é o Bender. — Alec continua o raciocínio, apesar do surto de raiva da minha amiga.

— O que nos leva a nossa princesa. — O sorriso provocante no rosto de Dominick é próprio para me irritar enquanto me encara de forma sorrateira. — Certo, Claire?

Eu sou a princesa? Solto um riso sem humor. Eles tem certeza que eu vou levar esse esteriótipo?

— É claro, porque meus problemas não passam de ser rica demais — digo com a voz carregada de sarcasmo.

— Você é a mais rica de nós cinco — Jude fala, chamando nossa atenção depois de um tempo quieto.

Agora, ele estendeu sua folga ainda mais ao estar deitado na mesa da bibliotecária enquanto mantém os pés encostados na parede, formando um ângulo de noventa graus com as pernas. Meu olhar de raiva e indignação não passa despercebido por ninguém, mesmo que nem fosse a intenção mostrar ele.

— O quê? Eu só disse a verdade! — ele argumenta.

No fundo, eu sei que não tem como dar outra impressão, porque afinal, é justamente isso o que eu represento e tenho que representar. E não seria um problema se realmente fosse verdade, mas é que ser comparada a isso vivendo toda a situação de merda que eu venho passando me deixa frustrada demais para aguentar uma coisa dessas agora.

Independente de como for, minha garganta se fecha e a raiva passa a correr pelas minhas veias, quando abro a boca para responder, eu não penso se eles sabem a verdade ou não, esqueço se vou parecer uma maluca que surtou do nada ou uma garota mimada, as palavras apenas escapam da minha boca em um grito:

— EU NÃO SOU A CLAIRE!

— Tá legal, mas sabe, eu só tô falando isso porque você mora numa mansão, sua madrasta dá uma festa enorme para a mísera alta sociedade dessa cidade todo mês, entre inúmeros outros privilégios de riqueza — Jude continua despretensioso.

Grudo os lábios um no outro, formando uma linha fina, para tentar controlar a minha língua. Porque eu sei que se me deixar levar vou falar merda, e é muito difícil quando consigo me manter quieta diante de alguma situação. Até o momento, Alec Dickson é o único que consegue fazer eu não falar nada por horas, por conta do nervosismo.

— Quer calar a boca? — Hanna é quem diz, tomando a atenção para si.

Continuo quieta, sinto a mão de Hanna apertar a minha num apoio e solto um suspiro ao saber que, sim, ao menos alguém nessa sala sabe toda a merda que estou envolvida. Nós encerramos o assunto quando fomos almoçar cada um em silêncio.

O clima ruim foi sumindo aos poucos e dando espaço a leveza outra vez, o professor Jim não voltou após o tempo que estipulou, mas Alec disse ser praxe ele fazer isso, ainda falou que faltando meia hora para irmos embora, as três da tarde, ele chegaria fingindo que estava aqui o tempo inteiro.

O meu mini surto e as alfinetadas de Jude foram para o espaço, e até engatamos numa conversa junto com Hanna sobre o grêmio estudantil enquanto Alec e Dominick conversavam numa mesa mais distante.

Nós estamos sentados numa pequena roda no chão, minhas costas apoiadas na mesa da biblioteca enquanto Hanna e Jude permanecem com a postura ereta e sem apoio.

— Só vocês estão concorrendo a presidência? — pergunto, apoiando também a cabeça na mesa atrás de mim, por ficar com ela erguida, minha visão deles está de cima para baixo.

— Do segundo ano, sim. Mas tem outros três caras do último ano — Jude me explica, batucando com as mão nos joelhos flexionados.

— Então você é a única garota concorrendo a presidência? — pergunto a Hanna, que sorri orgulhosa de si mesma, nos compartilhamos do mesmo sorriso e mesma sensação, porque eu não poderia estar mais orgulhosa dela agora.

— Sim! E eu vou ganhar.

— Eu não contaria com isso se fosse você — Jude rebate, de maneira displicente.

Então eu paro para pensar numa coisa que ainda não tinha se passado pela minha cabeça.

— Ei, mas vocês são do segundo, porque estão concorrendo? O cargo não é restrito apenas ao último ano?

— Não — minha amiga responde, explicando toda a situação. — Não é uma regra, mas nenhum aluno se candidatava porque nunca ninguém do nosso ano ganhavam, preferem votar nos veteranos.

— Mas dessa vez vamos ter o primeiro presidente do Grêmio estudantil do segundo ano, já que foi a própria diretora que pediu para me inscrever — Jude completa, dando um show gratuito da sua arrogância.

— Ela também pediu a mim, gênio, não se sinta tão especial.

Aquilo desencadeia uma mini discussão sobre o provável vencedor, eu acabo rindo da briga de poder dos dois. Após um tempo de conversa, Alec se aproxima de nós, ele não se senta com a gente, mas se curva um pouco para cutucar meu ombro e me chamar para uma conversa, troco um olhar com Hanna cheio de expectativas e contenho o sorriso.

— Ei, desculpa pela festa — ele se retrata quando estamos afastados, no canto da biblioteca.

— Ah, sem problemas, eu nem lembrava mais disso. — Solto um riso sem graça e nervoso só para acompanhar bem a mentira.

Alec sorri, fazendo meu coração se aquecer. Por que sempre tão lindo?

— O que você acha da gente sair qualquer dia, hum? — ele pergunta, levo alguns minutos para entender o que aquilo quer dizer.

Ele tá falando sério? Minha resposta não é imediata porque por alguns segundos eu penso se não estou começando a imaginar coisas.

Ai. Meu. Deus.

— Tipo... Tipo só nós dois? — me vejo perguntando.

— É, se você quiser, sim.

— Tá. Claro! — O sorriso quase rasga o meu rosto, mas não consigo controlar.

— Legal, te mando mensagem então. — Alec sorri também, umedece o lábio inferior com a ponta da língua e dá alguns passos para trás antes de virar de costas e se sentar perto dos amigos.

Eu fico paralisada no mesmo lugar revivendo a cena de segundos atrás infinitas vezes.

O sorriso vira uma risadinha antes de sentar no meu lugar de mais cedo, ao lado de Hanna, ao ouvir passos no corredor que provavelmente são do professor Jim.

***

*Exceto por esse capítulo (óbvio), as publicações agora terão como dia fixo toda quarta-feira
(ao menos é o plano).

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