04. Finalmente é Natal! ⛄❄⛺
- É Natal, lalalala, É Natal, lalalala! - cantarolo uma música da turma da Mônica e Rafaela revira os olhos.
- Você é tão infantil! - A morena bufa e eu rio enquanto arrumo minha mochila. A final nós já vamos amanhã, esses dias aqui foram maravilhosos, ontem fomos a Cachoeira do Riachinho aqui na Chapada e passamos pela Cachoeira da Fumaça, que realmente era estupenda, a água realmente parecia fumaça, a do Riachinho tem um poço bem grande para banho, nós nos divertimos e eu pude sentir aquele calor gostoso da água descer suavemente sobre a minha pele tendo o privilégio de tocar no paredão e tomar banho direto da queda d'água! Foi algo tão maravilhoso, queria morar ali naquele pequeno período de tempo.
Visitamos algumas grutas também eu me senti em um cenário de filme, lá em baixo era extremamente frio, então usei um casaco mais quentinho, o outro que eu tenho, emprestei a MinJun, ele e o seu irmão pareciam estar muito felizes, eles moraram aqui a tanto tempo e nunca presenciaram essas belezas naturais, ainda não entendi porque ele saiu de Lençóis, onde teria mais oportunidades, para morar um pouco mais longe, porém confio que com o tempo ele se abrirá mais para mim.
Enquanto penso nas possibilidades do passeio de hoje, do nada ouço Lara rindo descontroladamente assim que saí da barraca e Rafaela curiosa olha para mim e eu dou de ombros sem saber da história, ela saí e em poucos minutos também começa a rir, eu deixo minha mala por alguns minutos e aumento a abertura da barraca com as mãos logo vendo a imagem que todos viam.
- Isso... - seguro o riso - é a calça do pastor? - É isso que você deve estar imaginado agora. O MinJun está usando a calça do pastor que termina em sua canela e parece que está vestindo um saco de batatas com cinto.
Eu tento segurar a risada, mas não consego
- Feliz Natal... - Ele riu com seu sorriso quadrado e por um instante paro de rir e admiro sua expressão fofa e travessa.
- Eu gostei de fazer você rir! - Ele sorri de canto olhando fixamente em minha direção. - Quer dizer... - coça a nuca nervoso - Fazer todos rirem... - Dessa vez ele olha para todos e Rafaela junto a Laura cochicham algo uma para a outra.
Aquelas duas já devem estar criando suas teorias.
O pastor chega dando risada com mais lenha sobre os braços.
- É melhor você continuar vestindo a bermuda do meu filho... - o pastor fala e eu vagamente me lembro que Gustavo não veio para o acampamento, ele tá se dedicando a um projeto social lá em Mar Grande, uma bermuda deve ter vindo por engano.
O dono da Agência de Turismo o acompanha e o ajuda com metade das lenhas. Os dois são irmãos e isso facilitou nossa viagem.
- Hoje vamos para o meu lugar favorito! - a missionária fala alto amarrando seu cabelo em um rabo de cavalo - Vamos comer pizza na Pizzaria Capão Grande no Vale do Capão, vamos visitar a Cachoeira do Mosquito, porém primeiro vamos de Van e depois seguimos na trilha e por último vamos finalizar nossa viagem no Morro Do Pai Inácio.
Todos se animaram e em alguns instantes desvio meu olhar para Minjun que parece já estar me observando, seu olhar de verão sobre mim faz meu corpo desfalecer em pensar que um garoto cristão, bonito e gentil poderia facilmente gostar de uma jovem desajeitada como eu...
Essa hipótese já está descartada...
Talvez ele só tenha gratidão... Isso! Gratidão! Porque não pensei nisso antes.
Sigo até a barraca e pego minha ecobag, só tinha levado duas, então pego a fofinha com alguns nomes em coreano, acredito.
Assim que saio ajeito minha blusa de alça branca e respiro profundamente, a caminhada certamente será longa, mas tenho certeza que o destino valerá a pena!
Meu olhar novamente se encontra com o de MinJun, ele está ao lado do pé de acerola, com a bermuda jeans de Gustavo, uma camisa verde que provavelmente alguns dos meninos deram para ele, sapatos pretos e uma mochila preta.
A franja de seu cabelo está um pouco separado do lado por alguns fios que acariciavam sua testa o que faz ele parecer um pouco mais charmoso.
Ao passo que ele me vê, o coreano se aproxima aos poucos e isso me deixa apreensiva, a cada passo que ele avança, meu coração acelera mais uma batida e minha respiração passa a ser ofegante, meu desejo é fugir, sair correndo e pedir que meu cérebro deixasse um recado, mas meus pés estão paralisados, tentando convencer meu coração que está tudo bem estar ali.
- Tem algo no seu rosto! - ele aponta assim que se aproxima de mim e eu toco desesperada no meu rosto tentando encontrar o incômodo da vez. - Ah! - Olho para ele desesperada com os olhos arregalados - Aigooo! É a sua beleza! - Ele fala tranquilamente, na mesma hora sinto um rubor subir pelo meu rosto e para disfarçar coloco as minhas mãos nas minhas bochechas.
- Você é fofa! - Ele fala e ri colocando a mão no queixo virando levemente a cabeça - E muito bonita...
- MinJun! Pare de brincar! - digo brava, eu sei que ele quer me ver desarmada.
- Até quando você vai ficar com medo de enfrentar o espelho? - ele pergunta estreitando seus olhos e tira a alça da ecobag do meu ombro colocando no seu que é bem largo. - Sabe o que é o espelho para você? É Apenas o objeto que reflete o reflexo que é a chave para que o Criador do Universo apareça em você.
- Que bonito... - Sorrio de canto para ele que balança a cabeça rápido fechando os olhinhos. - Você é bem filosófico... - digo admirada.
- Não é porque eu sou pobre que não posso usufruir da sabedoria de Deus. - Ele lacra bem na minha cara e eu fico boquiaberta.
O coreano fica ao meu lado esperando todos assim como eu.
- Luna?
- Oi - olho para ele e antes que ele iniciasse uma frase Rafaela nos interrompe.
- Amigo, tô bonita? - Ela fala dando um rodadinha e fazendo uma pose engraçada no final.
- Tá linda. - digo ao observar seu chapéu lindo, é azul clarinho e combina com seus olhos claros, ela fica bem fofa assim com essa jardineira amarela também.
- Eu não lhe perguntei. - Da Saga "Delicada como uma mula".... Eu não havia percebido que ela e Lee MinJun haviam ficado tão próximos...
- Você está muito bem - Ele faz um " legal" com o dedo polegar e eu automaticamente cruzo os braços.
- Não precisa ficar chateada... - Lee MinJun fala sussurrando e eu arregalo os olhos.
- Eu não estou chateada! Oras... - Decidi sair dali e bufo andando até Lara que está próximo a Missionária, penso em tomar minha ecobag dele, mas não quero demonstrar que eu estou chateada.
Enfim, não posso mentir, realmente fiquei chateada por uma coisa tão boba.
Assim que chego, a Missionária manda que eu entre na Van assim como os outros, os sete meninos, as três garotas e as irmãs mais velhas.
Sento ao lado de Lara que parece já estar lendo um tipo de devocional. A Van é bem confortável, é laranja, uma cor bem diferente e tem poltronas azuis que deixam o veículo mais confortável e animado, um louvor de Lázaro soa ao fundo.
Pego meu celular e começo a jogar um joguinho de puzzle e ao ver o barulho de pisadas, olho para o rosto da pessoa e encontro o olhar de Rafaela que sorri levemente e mais tarde enquanto o som de fundo do joguinho toca, vejo o MinJun que dessa vez quebra o contato visual comigo e joga a ecobag sobre minhas pernas sem ao menos olhar para mim novamente.
Acho sua atitude estranha e me remexo na poltrona para tentar encontrar seu olhar, mas logo percebo que ele senta na última fileira ao lado de Rafaela.
Cruzo os braços e faço um biquinho, desligando meu celular e o guardando novamente, queria mesmo que ele tivesse sentado ao meu lado.
Eu simplesmente não sei o que fazer em relação a MinJun, eu... Eu... Estou completamente apaixonada por ele, dói admitir, eu não quero me frustar, pois eu sei que ele nunca vai se interessar por mim, apesar de entender meu valor, ainda me sinto insegura e tenho muito medo de machucar.
- Sempre devemos ser direcionados por Deus em todas as nossas decisões, - Lara começa a ler seu devocional em voz alta e sua atitude prende a minha atenção - assim como Davi faz todas as vezes antes de tomar alguma decisão e quando Josué acreditou na força dos braços de seus homens terminou derrotado. O segredo não está na sua força ou na sua ansiedade, mas sim no poder e na resposta de Deus. - A ruiva termina e sorri para mim.
- Está vendo... É só pedir a direção de Deus. - Ela comenta como se estivesse lendo meus pensamentos.
- Como você sabia... Eu... - Ela me interrompe.
- Sabe... Luna - se encosta na poltrona - Eu não sou perfeita! - seu olhar pela primeira vez parece profundo. - Desde que entrei na igreja, clamo por Jesus para Ele me libertar do vício do cigarro.
Cigarro? Meu Deus! A... Lara?
- Acredite! Eu já fui muito julgada, você não sabe o quanto luto todos os dias para largar esse vício, cerro meus pulsos e tento passar direto pelo mercado, nem sequer olho, para não correr o risco de comprar uma caixa. Eu tenho sofrido inúmeras crises de ansiedade, sinto tanta dor! Mais eu creio que a cada dia estou melhorando e a obra vai ser completa, eu creio que Ele me libertou desde o dia em que decidi mudar em Seu Nome.
- Amiga... - meus olhos marejam automaticamente, eu seguro suas mãos e deito meu rosto sobre o seu ombro - Não sabia que você passava por tudo isso.
Ela levanta meu rosto e o segura nos aproximando
- Quem nos separará do amor de Deus? Ninguém! Nem mesmo a morte. - eu concordo sendo esmagada por suas mãos e pude sentir meu corpo balançar, a Van já está de saída.
O caminho é extramente lindo, apesar da estrada ser asfaltada, as paisagens são sufocantes de pura beleza, sinceramente eu sou da cidade, mas meu coração é do mato, já fico surtando por um simples jardim.
Ao chegarmos no fim da estrada asfaltada avistamos uma casa que parece ser algum restaurante de comida regional, seguimos já pela estrada batida entrando no Complexo Turístico.... Alguma coisa.. Esqueci, tenho déficit de memória, esqueço tudo...
Em pouco tempo chegamos no estacionamento, ou seja, no início da trilha, que quase toda é uma grande escadaria.
Paro na metade já sem fôlego e me abaixo colocando minhas mãos sobre o joelho e percebo o asiático se colocar ao meu lado.
- Tá tudo bem? - ele pergunta.
- O que você acha? - pergunto dessa vez olhando para ele.
- Vamos! Vamos! Você consegue! - Quando olho para cima percebo que ele está subindo as escadas de costas e descendo me influenciando a subir, eu bufo e subo aos poucos recebendo o incentivo dele.
Isso é preguiça de me carregar? Ou eu sou muito iludida...
Depois de uma longa caminhada tomamos banho e aproveitamos ao máximo a Cachoeira do Mosquito, percebi que Lee Minjun está usando uma câmera, a missionária e a Rafaela estão ajudando ele, isso é bom, assim teremos belas fotos.
Em meio as minhas músicas aleatórias que eu canto, minhas trapalhadas e os olhares profundos do MinJun, chegamos a tão falada pizzaria. Por fora, ela é simples, porém aconchegante, por dentro ela tem um charme inesquecível, música clássica e o principal cheiro de pizza. Ficamos lá por um bom tempo, comemos a famosa pizza integral de lá e seguimos em frente até o Morro do Pai Inácio, a final precisávamos chegar antes das cinco horas.
A subida é bem cansativa e o Lee Minjun me ajuda doando um pouco da sua força, depois de um bom tempo sem fôlego, encontramos as pedras desenhadas pela água no topo do Pai Inácio e encontramos a linda pedra de coração.
Enquanto todos vão saindo atrás do pastor e do guia, Minjun continua tirando mais fotos e eu fico lhe observando de longe.
Ele vai mesmo fazer essa burrice, ele sabe que essas pedras escorregam...
- Lee Minjun, saia daí! - eu grito e ele mira a câmera em minha direção em cima da pedra em formato de coração.
- Lee... - sou interrompida pelo seu grande escorregão. Eu corro até ele e seguro sua mão fazendo com que ele caísse para frente, melhor, próximo a mim e segurasse minha cintura.
Ele aos poucos vai abaixando a câmera e encara meu rosto com uma feição divertida, eu solto uma risada e ele sorri. Por incrível que pareça eu estou nos braços do Lee Minjun e... estou me divertindo! eu me sinto bem.
Depois de todo aquele vexame, sentamos em uma parte verde do morro e esperamos o pôr do sol.
Eu fico mais próxima do asiático enquanto os outros estão mais afastados.
Naquele momento pedi direção a Deus olhando para o céu de brigadeiro mentalmente e espero sinceramente que ele me responda.
- Luna.
- Sim? - continuo olhando o horizonte
- Me desculpa por ter sido frio com você algumas vezes no dia. Eu só não quero... me machucar...
Fito seu rosto e balanço a cabeça sem entender nada...
- Machucar? - pergunto.
- É que eu tenho medo de te-la perto de mim, eu perdi a minha mãe e o meu pai, eu... Também não quero perder você.
- Lee Minjun, eu... Você não vai me perder! - eu me aproximo dele e coloco minha mão sobre a sua. - E tudo que aconteceu não foi culpa sua, Deus sabe o que faz e Ele está no controle de tudo. E se quiser... Pode pedir minha ajuda quando precisar.
- É ele... - Ouvi aquela voz serena e quente que eu necessitava sempre ouvir.
Porém a guardei em meu coração, pelo menos por enquanto.
- Posso te contar dois segredos?
- Pode.
- Eu não sei ler e isso me apavora um pouco e eu não queria morar na cidade que omma e appa haviam falecido, minha mãe e meu pai - explica - então vim para longe.
- Obrigada por confiar em mim, se quiser lhe ajudo até você introduzir em um colégio.
- Isso seria ótimo!
Depois de um tempo, um silêncio atormentador se forma entre nós e antes que eu inicie uma nova conversa, ele quebra o gelo.
- Luna, eu... Gosto muito de você. - ele diz com um olhar sereno e eu fico perplexa já perdendo o fôlego.
- O Pôr do Sol gente! - a missionária grita, eu desvio o meu olhar e engulo seco, tentando esquecer tudo que aconteceu a segundos atrás.
O céu se enche de cores predominando o laranja, e o que mais me impressiona é quando o tom dourado da luz dá belos contornos às rochas e torna tudo ainda mais maravilhoso.
Ainda estou tocando na mão do coreano e ouço o zíper da sua mochila, logo sentindo meu corpo aquecer. Ele coloca uma coberta sobre mim, meu sorriso foi inevitável, sem ele perceber o fito e observo os seus olhos serenos naquele lindo pôr do sol, é a fotografia que quero sempre guardar em minha memória.
Lá mesmo, cantamos louvores e voltamos para o acampamento desse jeito, durante essas horas decidi não encarar Lee Minjun pelo menos por enquanto, assim que chegamos o pastor fala sobre o significado do Natal.
- Sabemos que Cristo não nasceu no Natal, mas comemoramos como se fosse o dia do seu nascimento, então que nesse Natal possamos fazer Ele de dono dos nossos corações e não apenas visitante, a final, o que um hóspede pode opinar na reforma de uma casa? Ele é o verdadeiro significado e a essência do Natal, papai noel é estrada de asfalto perto de Jesus de Nazaré.
As estrelas brilham no céu, dissipando toda a escuridão, sentamos de junto da fogueira mais uma vez e dessa vez eu olhei para o coreano que sorria de canto e balbuciava um:
- Feliz Natal...
✨💫
Oi povo de Deus, como estão? Espero que bem. Será que o nosso casal vai ficar junto?
Deixem a estrelinha brilhar e comentem✨❤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro