Harry 

16 de março de 1968

A festa de casamento da sobrinha de Arnold, uma filha de vendedores de carro chamada Evangeline, foi algo maior do que esperei e proporcionou uma atenção maior também.

O casal estava fazendo sua festa de casamento em um salão de festas na praia, um lugar grande e bom para cantar.

Portanto, com a banda, eu estava cantando músicas autorais e outras que eram de outros artistas, mas cantando minhas músicas ou não, o que eu fazia junto da banda estava sendo bom o suficiente para animar a todos. Era algo de fazer os olhos brilharem, um tipo de apresentação que eu raramente tinha na Europa e começo a pensar que as coisas aqui nos Estados Unidos podem mesmo dar certo.

Agora eu tenho uma boa banda, que me entende e que sabe seduzir as pessoas também.

Apenas a Aaliyah na guitarra, com sua luz e o poder de atrair a atenção nas pessoas era uma das partes boas do show, principalmente quando ela cantava algumas músicas comigo. Ela tem uma voz de anjo e os encantos de Vênus, ela é perfeita para a música e as pessoas estavam gostando disso também.

Além disso, as pessoas podem até querer negar, mas as notas de rock já estavam encantando todos ali presentes. E, me permitindo ser sutilmente exagerado para pensar que acredito que o Estados Unidos inteiro já esteja apaixonado pelo rock, isso ajuda a minha apresentação com a banda.

Obviamente, eu ainda tenho muito o que trilhar, mas estar cantando naquela festa de casamento empolgando a todos, é algo que me deixa flutuando junto com a melodia que acompanha minha voz. Pois, por um momento, realmente pensei que as coisas pudessem dar errado, principalmente devido a como meu relacionamento com Frank está. No entanto, quando se trata de música, é apenas música. O desabafo dos nossos sentimentos da maneira mais sincera expostos para quem quiser ouvir.

As pessoas apreciam esse desabafo e eu adoro ser ouvida por elas.

Neste momento, após bastante bagunça no palco eu e a banda paramos por um tempo para poder comer.

Devido ao triste fato das pessoas da festa não se adaptarem às diferenças, estavam todos comendo na garagem. Arnold me convidou para comer com uns amigos dele, uns homens velhos que parecem exalar pensamentos conservadores e patriotas demais. Por isso, preferi comer com Aaliyah, Frank, Bailey e Chris na garagem. No entanto, não apenas porque estava fugindo de Arnold, mas eles são minha banda e não teria show sem eles. Portanto, onde eles estão eu vou estar também.

Me sento ao lado de Aaliyah, mas quem está ao lado dela é Frank e ele imediatamente se levanta para ir até os irmãos Chris e Bailey Rasmey.

— O que está acontecendo com vocês dois? — Henderson pergunta me olhando com seriedade.

— Nada — dou de ombros.

Obviamente ela sabe que algo aconteceu, mas já se passaram duas semanas e mesmo assim Frank não disse nada a ela.

Quem sou eu para poder contar?

Dizer a ela que Frank e eu meio que terminamos porque ele acredita que eu esteja afim dela. Talvez Frank esteja certo nisso, inclusive poderia aproveitar que estamos separados para tentar algo com a mulher encantadora ao meu lado. Estamos mais próximos do que nunca, estamos compondo bastante coisas juntos e ela não está na defensiva comigo — mas eu também não estou tentando nada com ela —, contudo, eu gosto de estar com Frank Stuart e sinto que se eu acabar ficando mesmo com Aaliyah possa estar traindo ele, quer dizer, o magoando para valer e eu não quero isso, porque isso pode dar um motivo para Ally se afastar de mim também.

Devo ressaltar, que não estou mais tão confuso como antes, apenas não quero confusão e honestamente, gostaria apenas de resolver as coisas com Frank e não ser visto como o quebra corações. Jamais quis isso, mas ter me sentido atraído por Aaliyah foi inevitável, tem algo sobre ela pela qual eu ainda não tenho como definir, mas que eu ainda quero explorar, talvez eu descubra apenas tendo uma relação de amizade com ela e isso está mais que suficiente.

— Harry? — Aaliyah me chama e olho para ela. — Está tudo bem?

— Preciso da sua ajuda — digo baixinho. — Preciso arrumar as coisas com Frank, não estamos bem.

— Jura? — Ela está sendo irônica e olha para o homem e depois para mim. — Eu te ajudo sim, o que você tem em mente?

Me aproximo dela e chego minha boca perto do seu ouvido.

— Se lembra daquela música que fizemos na praia semana passada? — Olho para a mulher e seus olhos castanhos brilhantes ficam me encarando como duas pedras raras e preciosas, ela tem o ouro em seus olhos.

— Sim — responde baixinho. — Acho que Frank pode gostar.

— Vamos cantar ela, ainda temos mais um tempo de palco. Depois voltamos com as músicas sobre festas e paixão.

— É uma boa ideia — diz e morde os lábios. — Ele vai amar — acena com a cabeça e sorrio.

— Obrigada Aaliyah, você é a melhor — digo e a mulher fica tímida, as suas bochechas coram e ela volta a comer. — E eu não sei o que seria de mim sem você.

— Ora, não comece, Styles — me olha seriamente. — Estou aqui para te ajudar a reatar com Frank, porque ele gosta mesmo de você, mas se você magoá-lo eu acabo com você — diz brava e eu apenas sorrio. Contudo, Henderson soca meu ombro. — Estou falando sério.

— Certo, entendi — digo e passo a mão onde ela socou. — Isso realmente doeu, Ally.

Ela apenas sorri.

Volto a olhar em direção a Frank e ele estava olhando para mim e Aaliyah, o homem está sério e sei que é ciúmes, mas tudo que falei com a mulher foi sobre ele. Ainda o quero e vou atrás dele.

Após comermos, Henderson e eu subimos no palco. Chris e Bailey estavam conversando com uma mulher no bar improvisado no quintal da casa, pareciam disputar entre si quem ficaria com ela e não se importaram quando Aaliyah disse que iria tocar uma música comigo. Por outro lado, Frank estava fumando mais longe dos convidados e mais perto da saída.

Ele não estava olhando para minha direção e nem a de Aaliyah até as notas do violão começarem e eu começo a cantar:

Eu sei que tudo isso é complicado
Mas nós podemos tentar
Você não precisa me deixar

Em um dia de sol
Você disse que todas essas complicações iriam acabar
Mas isso foram apenas palavras

Aqui estamos de novo
Queimando no fogo
Aqui estamos de novo
Brigando
Aqui estamos de novo
Nas nuvens

Enfrente seus medos
Acabe com os muros
Nós faça voltar nas nuvens
E eu vou com você pra qualquer lugar
Nada importa

Quando estamos nas nuvens

Você volta pra mim

Quando estamos nas nuvem

Você volta

E eu ainda tenho esperanças
De tudo isso acabar
Isso tudo é complicado
Mas não podemos deixar de tentar

Nós queimamos na chama.
E então brigamos.
Você sabe que esse inferno pode se tornar um paraíso

Frank olha para mim, sorrio um pouco e ele sorri também. Naquele momento eu soube que as coisas ficariam bem entre a gente novamente e me senti aliviado por isso. Olho para Aaliyah e ela sorri para mim.

Movo minha cabeça e ela continua com as notas de violão e eu continuo a cantar, sem conseguir desviar meus olhos de Frank, algumas vezes olhava para Aaliyah e como ela se envolvia com a música, mas daquela vez estava mais envolvido na atenção que tinha de Frank Stuart e terminei a música cantando:

Não complique agora.

Porque quando toco seus lábios.
Me sinto na nuvens.

Aqui estamos de novo.
Queimando no fogo.
Aqui estamos de novo.
Brigando.
Aqui estamos de novo.
Nas nuvens.

Enfrente seus medos.
Acabe com os muros.
Nos faça voltar nas nuvens.
E eu vou com você pra qualquer lugar.
Nada importa.

Quando estamos nas nuvens.

Você volta pra mim.

Quando estamos nas nuvens.

Nós só precisamos correr.
Precisamos tentar.
Porque o paraíso ainda nos espera.

Não diga adeus ainda.

Frank foi o primeiro a aplaudir quando a música terminou e eu tinha a certeza que tinha recuperado ele. Olho para a Henderson e ela tinha um belo sorriso no rosto.

— Obrigada Ally — e, como resposta, a mulher apenas jogou os ombros sorridente.

{•••}

Quando a apresentação acabou, já estava de noite e eu estava arrumando meus instrumentos. Frank foi com Chris e Bailey colocar a bateria e o teclado na van emprestada pelo tio dos irmãos. Enquanto Aaliyah e eu estávamos ajeitando a guitarra, o violão e o baixo.

— Obrigada por ter me ajudado com o Frank — digo e a mulher me olha.

— Não foi nada — dá de ombros. — Mas na próxima vez vocês dois deveriam aproveitar o carnaval apenas entre vocês.

— Como? — Paro o que estou fazendo e olho para Henderson. A mulher me olha.

— Não foi por isso que estavam estranhos? — Diz simples. — Você me beijou e Frank beijou outras pessoas, vocês brigaram e se arrependeram.

— Frank beijou quem?

— Merda — xinga e vira de costas para mim. Me aproximo de Aaliyah.

Entretanto, não consigo acreditar que Frank fez todo aquele drama porque eu beijei Aaliyah enquanto ele ficou com outras pessoas, caramba. Não acredito nisso.

Afinal, passei semanas acreditando que havia errado com e que o magoei, pode ser que tenha realmente o magoado. Porém, ele não foi leal o tanto quanto pensei e como havíamos entrado em acordo desde o início, nós ficaríamos com outras pessoas porque não queríamos nada sério e ele ficou.

Caramba! Ele realmente me fez pensar por um instante que eu estava sendo injusto e traidor.

— Harry? — Aaliyah me chama e toca meu braço, olho para a mulher. Seus olhos brilhantes estão me encarando com preocupação. — Desculpa, eu pensei que você soubesse.

— Não foi sua culpa, Ally — suspiro. — Apenas passei semanas achando que eu estava errado, é confuso.

Silêncio e ela segura minha mão, eu encontro conforto no seu toque.

— Não queria te envolver nessa confusão — digo e ela acena com a cabeça.

— Estou envolvida bem antes de você concluir isso. Frank e eu somos amigos e estaria envolvida de qualquer modo. Vocês precisam conversar — ela sorri e olho para nossas mãos juntas. — E resolver isso, uh — olho para a mulher e a abraço.

Aaliyah retribui o abraço e respiro fundo sentindo o seu perfume misturado com o cheiro de churrasco. O seu cabelo está liso e eu prefiro seus cachos, mas não quer dizer que ela está menos linda. Essa mulher é linda, mesmo que caia em um poço lama e fique com as roupas amarrotadas.

Penso em agradecê-la mais uma vez, pelo apoio, pelas músicas compostas e pelo o algo a mais que ela está fazendo comigo. Penso em pedir para ela me encontrar amanhã na praia pela manhã, porque quero compor algo e ela será a ajuda perfeita. No entanto, escuto me chamarem.

— Harry Styles — Arnold diz e Aaliyah e eu nos afastamos, a mulher olha para o homem e ela não tem o melhor olhar para ela. Por isso, ela pega a guitarra e o baixo e diz que vai me esperar na caminhonete.

Observo ela sair rapidamente sem encarar Arnold, mas ele olhou para ela, de cima a baixo e aquilo me incomodou.

— Olá Arnold — digo e pego meu violão.

— Queria dizer algumas coisas para você antes de você partir — o homem fala e se aproxima de mim.

— Pois diga — falo sem muita paciência, o homem por outro lado, pega calmamente o cigarro no bolso e acende.

Ele oferece para mim e eu aceito, deveria parar com isso. Aaliyah odeia o cheiro e o nariz dela chegou a sangrar na última noite. O médico disse que é alergia, por isso o sangramento, mas ela não está perto e eu quero parecer sociável. Dou apenas uma tragada.

— Você foi excepcional hoje — sorri. — Eu tenho alguns contatos na Columbia Records em Nova Iorque, eles virão para cá mês que vem e adoraria apresentar vocês a eles.

Ouvir essas palavras me deixa surpreso, digo, algum tempo atrás eu tentei a atenção da gravadora, mas o rock não é o estilo que eles estavam procurando na época, contudo, como eu sei e vejo o rock vem sendo o tipo de música que as pessoas mais vem curtindo e se divertindo também. As coisas estão mudando, então, talvez eu realmente consiga algo agora e isso começa a me deixar entusiasmado.

Caramba, é a Columbia Records!

— Garoto — o mais velho me chama e olho para ele. — Apenas preste atenção com quem você anda — franzo minha testa. — Para uma crioula a Alice é bonita e tem uma boa voz, talvez tenham algo para ela, mas não sei se eles vão aceitar bem essa banda mista.

Banda mista? Eles vão ter que aceitar essa banda mista, é com eles que eu consegui e venho conseguindo chamar a atenção das pessoas e agradá-las.

— O nome dela é Aaliyah — falo e o homem sorri e move a mão.

— Chame como quiser chamar — pisca para mim. — Contando que saiba aproveitá-la. De toda forma, não desapareça e considere os garotos da banda do meu bar. Realmente, posso mudar sua vida Styles — diz e apago o cigarro esfregando a parte acesa na parede da garagem.

— Vou pensar na sua proposta, não é a primeira — digo indiferente, também não pode parecer que essa é a única proposta que tenho. Além disso, não posso agir como um tolo, principalmente pela forma que ele falou minha banda e Aaliyah.

Caminho em direção a saída.

— Espere! — O homem diz e paro de andar, ele fica na minha frente e retira algumas notas do bolso e enfia no bolso da minha jaqueta. — Entenda isso como um gosto do que você pode ganhar com meus amigos. É seu — enfatiza dando tapinhas em meu ombro e apenas aceno com a cabeça.

Saio de lá e entro na van, Frank estava sentada na frente junto dos irmãos, porque havia mais espaço lá. Aaliyah estava na parte de trás mascando chicletes com a cabeça apoiada na janela, me ao lado dela porque era o único lugar e deixo o violão entre nós. Chris estava na direção e nos olhou pelo retrovisor.

— O que Arnold queria? — Pergunta e olho para todos.

— Ele tem contado na Columbia Records — digo, que se foda a banda mista. Se me quiserem, irão me querer com todos. — Disse que nós temos uma chance de contrato, mas eles virão mês que vem.

— Puta merda! — Bailey exclama sorridente, ele é o mais novo dos irmãos e olho para mim. Um brilho indescritível em seus olhos castanhos. — Isso é bom não é?

— Muito bom, Bailey — Frank diz e sorri para mim. Sorrio para eles e olho para Aaliyah que parece curiosa, mas tinha um sorrisinho no rosto também. Ela gostou do que ouviu.

— Sabe quem também é da Columbia Records? — Pergunta, ninguém responde. — Bruno Herrera.

— Ah Ally! Esquece esse cara — digo com desprezo e faço careta. — Seremos nós e vamos ser a maior estrela daquela gravadora, chutando a porta com nosso rock como os The Rolling Stones — sorrio.

— Um branco cantando e negros na banda — Bailey diz e começa a dirigir.

— Podemos fazer história como os Sly and the Family Stone estão fazendo — Bailey diz empolgado — Podemos até cantar para o senhor King também! — O mais novo se empolga.

Podemos mesmo.

— Apenas não vamos nos precipitar — Frank diz. — Ainda temos um mês para estragar tudo — diz e Ally suspira.

— Ou sermos melhores — rebate. — Você já foi mais otimista Frank — ela sorri e sorrio também. O homem acaba sorrindo também.

— É apenas algo inacreditável — dá de ombros e devo confessar que é mesmo algo inacreditável.

— Acho que temos de comemorar então, esse dia foi incrível e temos de ser gratos por isso e pelas novas oportunidades que estamos tendo — Chris diz e todos concordam.

Algo dentro de mim apenas sente que esse é o começo de algo realmente novo e bom. Espero que não seja mais uma expectativa e um sonho inalcançável, estou de saco cheio disso e quero ser grande.

Continua...

Notas: Oioi amoras como estão?

Gostaram do capitulo? Harry não gostando do Bruno porque tem ciúmes da Ally aiai viu

Só uma notinha, essa música que o Harry cantou e a Aaliyah compôs não existe de verdade, só escrevi para história viu?

Espero que tenham gostado do capítulo, não deixem de votar e comentar. Vejo vocês em breve. Anna. Xx