Assim que Zayn saiu da minha casa, foi direto para Bradford, decidi que não falaria com ele durante o dia, quero que ele passe o tempo todo dele com a família, não quero atrapalhar, já que não é sempre que ele os vê, quero que ele possa apreciar esse tempo com a família, mesmo que a situação seja um pouco difícil.

Eu não tenho nenhuma ideia do que o pai de Z tem, mas espero que ele fique melhor logo.

Quando Zayn me disse sobre seu pai, pude ver a tristeza em seu olhar, imagino que eles sejam muito próximos e que tenham uma ligação forte.

Não queo o ver mal, me machucada muito. Eu gosto de Zayn, mais do que talvez eu deveria. Gosto de sua presença, gosto da sua tranquilidade, ele me faz bem.

Talvez nós pudéssemos ter alguma coisa, mas eu não sei as intenções dele.

A noite de ontem foi a melhor que já tive com alguém, toda a delicadeza dele no nosso momento mais íntimo me faz o querer mais.

De certa forma, pra mim é um pouco difícil admitir isso. Admitir que gosto dele, admitir que eu quero algo a mais vai contra todo meu orgulho e minha razão. Mas as vezes eu penso que eu deveria ser mais solta, minha mãe sempre dizia isso, que eu deveria deixar um pouco toda essa razão de lado, e me deixar levar um pouco mais pela emoção, só que isso parecia ser tão mais fácil na minha cabeça. Eu não quero embarcar em algo que não dure.

Eu e Zayn poderíamos ter algo, temos muitas coisas em comum, gosto da presença dele, e acredito que ele também gosta da minha. Eu queria tanto conseguir me arriscar mais para ele, pode me entregar por inteira, mas eu não consigo. Algo dentro de mim não me permite.

Minha cabeça doi, talvez eu pense muito em tudo, as vezes penso em dar um tempo pra mim mesma, mas é impossível, já que eu não posso fugir de mim mesma. Tudo na minha cabeça acontece rapidamente, quando penso em Zayn, eu penso que quero ele comigo, mas eu também penso que não dá, e também penso que eu deveria deixar rolar. Por que eu sou tão confusa?

Essa última semana que tive, foi uma das melhores com ele, pude o conhecer melhor, desde suas pequenas frustações, até sei momento de felicidade genuína. Foi bom poder contar com ele, já que essa semana foi importante tanto pra mim, como para ele em questões de inspiração. Ele conseguiu terminar seu quadro, e eu consegui sair do meu bloqueio.

Levantei do sofá, e peguei o jornal que havia colocado em cima do balcão, abri na minha antiga sessão preferida, os horóscopos.

"Signo de câncer: Sua ligação com os parentes está mais forte. Pode ganhar dinheiro com algo feito em casa. Use sua experiência para vencer desafios no emprego. Na vida a dois, quebre a monotonia."

Eles não tem mais dado tão certo, tudo parece tão genérico. Zayn tem me mostrado -indiretamente -, que eu devo deixar as coisas rolarem, e que os horóscopos me privam disso, fazem com que eu apenas chegue a um limite, fazem com que eu apenas os siga. Então, eu apenas os deixei, preciso parar de me limitar.

Peguei novamente o jornal em mãos e os joguei no lixo, não precisava mais daquilo.

Andei até o banheiro, liguei o chuveiro, tirei toda a minha roupa e me posicionei abaixo da água, lavei meus cabelos negros, e todo meu corpo. Saí do banho e coloquei uma calça jeans preta e um sweeter cinza.

Precisava sair hoje, relaxar um pouco, esfriar a cabeça.

***

- Olá, o que você deseja? - A garçonete, loira e com bochechas rosadas, me perguntou.

- Oi, me vê um café com leite, e um pão de queijo, por favor. - Eu respondi simples, e sorri.

- É pra já. - Ela disse e foi em direção a bancada

A cafeteria estava quase vazia, como sempre, ela fica em um lugar bem escondido aqui em Londres, quase ninguém conhece, o que torna tudo mais aconchegante.

Rock antigo soa por todo o lugar, fazendo com que eu relaxe, e esqueça de tudo ao meu redor.

Fechei meus olhos, para apreciar mais a voz maravilhosa de Kurt Cobain em Smells like teen spirit.

- Com licença - ouvi a voz da garçonete, e rapidamente abri meus olhos -, aqui está seu café, e seu pão de queijo. -Ela sorriu.

- Muito obrigada! - A Agradeci, e ela saiu.

Abri minha mochila, e peguei o livro clássico de Homero, Ilíada. É a terceira vez que eu leio, e eu nunca, canso.

O livro conta sobre a guerra de tróia, que foi um conflito entre gregos e troianos e durou aproximadamente 10 anos. Aconteceu por causa do rapto da princesa grega Helena, que era esposa do rei Meclau. O principe troinao Paris foi a Esparta, na Grécia. Ele acabou se apaixonando por Helena e a raptou. Com o rapto de sua esposa, o rei ficou enfurecido e fez com que os guerreiros gregos, os quais haviam jurado proteger Helena, organizassem um exército, o qual foi comandado pelo general Agamenon. O cerco á Tróia durou dez anos. Vários soldados foram mortos , inclusive Aquiles. O conflito terminou após a execução de grande plano do guerreiro Ulisses, o mais esperto e inteligente dos homens gregos. Sua idéia foi presentear os troianos com um grande cavalo de madeira. Dizendo que os inimigos estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente de paz. Os troianos aceitaram o presente e deixaram o enorme cavalo ser conduzido para dentro dos muros protetores da cidade. Após uma longa noite de comemoração os troianos foram dormir exaustos. Nesse momento, os soldados que estavam escondidos dentro do cavalo atacaram a cidade, abrindo os portões da fortaleza para que os outros guerreiros entrassem e destruísse tróia.

Esse livro ensina duas coisas, a primeira é, não confie em seus inimigos, nem com um tratado de paz, segunda, como todas as mães sempre dizem: não aceite presentes de estranhos.

Senti o vento frio, quando um garoto loiro, abriu a porta da cafeteria, e em seguida entrou na mesma.

Rapidamente ele se sentou sozinho, no fundo da cafeteria, e logo, a garçonete foi atende-lo.

Guardei meu livro dentro da mochila, e fui em direção da bancada para pagar.

- Qual o valor, Paul? - Perguntei.

- Você de novo aqui, Lauren?! - Ele disse arrancando uma gargalhada de mim.

- Você sabe que sou sua cliente fiel. -Respondi sorrindo.

- Está certo! Deu cinco libras. - Ele respondeu.

- Aqui está. - Eu disse e entreguei as libras em suas mãos.

- Obrigada Lau. Volte sempre!

- Se cuida! - Me despedi.

Assim que abri a porta, pude sentir o vento frio por completo, me encolhi, dei uma última olhada no garoto loiro, que agora, estava concentrado no seu café, e comecei a caminhar.

O caminho até meu apartamento era curto, então logo eu estava em casa. Antes de subir, acenei para o porteiro, que fez o mesmo.

Em seguida, subi os oito andares, que me levariam até meu apartamento.

Assim que abri a porta, tirei meus sapatos e joguei em um lugar qualquer, junto com minha mochila.

Fui em direção ao banheiro, liguei o chuveiro, e tomei um banho quente para esquentar.

Eu estava cansada.