Cheguei em casa, me joguei na cama, olhei para o teto e a única pessoa que vinha na minha mente era Lauren Mccal, em toda sua complexidade, a forma em que ela me tratou diferente quando estava só nós dois, como ela estava mais a vontade.

Levantei da cama, peguei uma tela de pintura em branco que estava no meu quarto mesmo, a levei até o quarto onde eu faço minhas artes e a apoiei no cavalete, eu realmente estava inspirado, sei lá, eu estava feliz.

Peguei minha paleta de cores e todas as cores que eu possuía na minha casa e comecei a desenhar, simplesmente traçando as linhas que minhas mãos mandavam, passaram-se alguns minutos e foi aí que me dei conta que eu estava desenhando Lauren involuntariamente, e não, eu não havia percebido, mas eu continuei, fazia seus cabelos longos e morenos com um pincel fino para ficar bem detalhado. Pintei seus olhos verdes com cuidado, essa era, talvez, a parte que eu mais gostava nela, na pintura eles demonstravam felicidade, demostravam paixão e eu seria capaz de conversar com eles. Seu corpo, feito de curvas definidas, mas não grosseiras, era perfeito, o vestido preto dela que a deixava simples, mas maravilhosa ao mesmo tempo, sorri ao fazer a imagem dela num quadro meu, eu estava a desenhando quando a conheci, quando tudo na minha vida deu uma reviravolta.

Ouvi meu telefone tocar, deduzi ser Niall, até por que ele não perderia a chance de me zoar mais e perguntar o que houve comigo e com Lauren quando a levei para casa, a música Sing, do Ed Sheeran não parava mais de tocar, eu não queria atende-lo, eu estava desenhando Lauren e estava gostando muito do resultado, não queria parar de olhar para aquela tela que, agora, estava perfeitamente colorida, mas a música já começou a me irritar depois de tocar quatro vezes seguidas, então eu atendi.

- Que foi, Horan? - perguntei.

- E você e Lauren? - ele perguntou, tinha certeza que ele estava sorrindo maliciosamente.

- O que tem nós dois? - perguntei, como se eu não soubesse o que ele queria.

- Levou ela pra casa? - ele perguntou

- Não, Horan, deixei ela lá, ela insistiu tanto que a deixei pegar um táxi. - ironizei, já estava me irritando um pouco. Por que sempre que tem algo relacionado com Lauren, o Niall sempre atrapalha?

- Cara, você tinha que levá-la pra casa! - ele gritou do outro lado da linha, eu apenas revirei os olhos.

- Ah, era? Droga, sabia que tinha esquecido alguma coisa! - ironizei, novamente. - Lógico que levei ela pra casa, Horan, acha que eu sou idiota?

- Ralaxa aí, Zayn, eu só perguntei... - ele disse e eu fiquei em silêncio, depois de um momento ele continuou. - Mas não rolou nada, não?

- Não Horan, não rolou nada! - eu disse simples.

-Nem um beijo? - ele perguntou insistindo cada vez mais no assunto.

- Não, Niall! - eu disse soltando um longo suspiro e voltando a deitar na cama e a encarar o teto.

Meu clima para pintar Lauren tinha acabado graças a certo irlandês.

- Porra... - ele disse.

- É, eu estava trabalhando, posso voltar a pintar meu quadro ou o senhor quer fazer mais perguntas? - perguntei, já impaciente.

- Está desenhando o que? - ele continuou o interrogatório, eu tive vontade de desligar o telefone, mas sabia que ele ligaria de novo ou viria até meu apartamento, ele não precisa saber, se eu falar ele vai me zoar demais, se eu falasse ele ia achar que eu estou completamente apaixonado por Lauren Mccall.

- Ah, você sabe, desenhando... Horan, coisa minha cara, é meu trabalho! - Eu disse por fim, me enrolando com as palavras, pronto, Niall já tá ligado, eu nunca deixei de falar sobre minhas obras para ele.

- Malik, desenhou Lauren? - ele perguntou, e eu sei que ele sabe da resposta.

- O que tem, Niall? - Falei, como se não estivesse me importando se ele soubesse ou não, o pior era que eu não queria que ele soubesse.

- Zayn, você tem certeza que não está apaixonado? - ele perguntou sério, eu imagino, eliminando qualquer sinal de gozação de sua voz.

- Eu não estou apaixonado, esclareceu para você, Horan? - eu disse, eu só gosto dela, gosto da presença, do jeito dela. Falar que eu estou apaixonado é um completo exagero, eu mal a conheço.

- Eu apenas a pintei porque você não para de falar nela, talvez te dê o quadro quando terminar... você quer que eu me apaixone por ela, não quer? Por isso pergunta isso tantas vezes! Não está funcionando, desista! - Eu estourei.

- Tudo bem, tudo bem, eu vou desligar, pode continuar seu quadro! - ele disse, desistindo de ter um diálogo normal comigo.

- Valeu! - e então ele desligou.

Suspirei fundo, me levantei, voltando até meu quadro e continuei, pintei os lábios de Lauren de vermelho, aqueles lábios que eu queria beijar, eu não posso mentir pra mim mesmo, eu queria beija-la, só que se eu a beijasse, eu tenho certeza que eu iria querer mais dela, eu iria querer conhecer ela, ir mais profundo, e isso poderia se tornar algo maior no futuro, e eu não sei bem se é isso o que eu quero agora, porém, de qualquer forma, eu vou deixar as coisas acontecerem com o tempo, deixar o destino comandar as coisas, vou deixar as coisas rolarem em relação a ela. Eu não quero forçar nada, quero que se for para ter algo, vai ser natural.

Eu gosto disso que temos, esse início de amizade, sair com ela vai ser bom, eu vou poder conhecer ela melhor, poder ver as suas intenções, e ela as minhas - mesmo que eu não saiba quais são-.

Lauren é completamente interessante, mas pra mim, agora, ela é uma incógnita, eu sei tão pouco dela ao ponto de me deixar louco, a minha maior vontade e de ficar com ela sozinho e conhecer ela tão profundamente que eu pudesse falar com ela apenas pelo olhar.

Voltei a tela, me concentrando ao máximo nos detalhes. Cada fio do seu cabelo fazia total diferença e seus cílios longos apenas destacavam a magnitude dos olhos. As sobrancelhas definidas e desenhadas. Seus lábios, pintados em um tom de vivo de vermelho, pareciam vivos. Estava faltando alguma coisa, era difícil pintá-la sem que ela estivesse ali.

Era isso o que eu queria. Que ela estivesse ali naquele momento.