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Capítulo 3

„A tristeza durará para sempre." — Vincent Van Gogh

De volta ao chão, também amarrado com minha família. Allan com gelo e panos envolto na mão. Louise soluça baixinho recostada na mãe, que me olha horrorizada.

O mesmo homem que decepou os dedos do meu filho, agora se abaixa na frente de Samanta. E passando a faca de leve do seu queixo ao pescoço e seios, rasca sua camisola de cetim, deixando seu corpo exposto.

- PARA COM ISSO SEU MALDITO... - eu grito enraivecido, tentando me levantar, mas sou impedido.

- Levanta e vai ter morte - ele sussurra em meu ouvido com a faca fazendo um pequeno corte no meu pescoço - coloca essa vadia na mesa - ele ordena aos seus amigos e meu coração para congelado.

- NÃO, PARA COM ISSO - Allan começa a gritar em desespero, assim como eu, mas de nada adianta.

Louise apenas observa sem entender nada, com lágrimas nos olhos. O canalha e provavelmente o chefe de toda a operação olha para a minha pequena Louise com um sorriso diabólico.

- Eu também quero a garota.

- NÃÃÃÃÃÃÃÃO - me levanto com um grito, desesperado, mas um barulho ensurdecedor me faz parar olhar para o meu filho.

Allan encara uma arma à centímetro da sua cabeça, mas sem reação alguma, porque bem ao centro da sua testa está um pequeno buraco que agora sangra.

Minha respiração desacelera e minhas pernas cedem. Não sou capaz de mover um músculo. Caio de joelhos no chão, olhando o fim do mundo, o meu mundo.

Lágrimas frias escorrem pelo meu rosto, lágrimas de dor e sofrimento. Não sou capaz de reagir, apenas vejo a cena passar diante dos meus olhos sem forças para sequer mexer.

Jogado no chão, encarando o buraco da cabeça do meu filho sangrar, ouço os gritos da minha esposa e filha e os bramidos de prazer dos crápulas imundos e armados que acabaram com meu mundo.

Aos poucos, me desfaleço, aceitando o meu fim de bom grado. Para mim, a vida não é mais um bem precioso. É algo infame e sem sentido.

„As lembranças são piores do que as balas" — Carlos Ruiz Zafón

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