Capítulo 1
„Sempre dizia que os seres humanos deixavam a vida passar como se fossem viver para sempre e que isso era a sua perdição." — Carlos Ruiz Zafón
Temos consciência de que a vida não é um mar de rosas. Sabemos que existe insanidade e maldades a cada canto.Mas nunca imaginamos que ela está ali, a espreita. Apenas à espera de uma oportunidade.
E a qualquer momento, em uma fração de segundos e com uma mínima decisão, a sua vida muda para sempre.
Se eu soubesse do que estava por vir, teria feito diferente. Sim, com toda certeza, teria mudado minha rotina. Teria abandonado meu trabalho de escritório e fugido para os braços da minha esposa, minha Samanta.
Abraçado ela e dito como eu a amo. Como os seus cabelos cor de mel e cheiro de jasmim me dá forças para vencer todos os dias quando acordo ao seu lado. Como seu sorriso ilumina o mundo e sua risada contagia. Como ela é a heroína dos meus filhos. Ah, os meus filhos.
Eu os teria buscado na escola com sorvetes e balões. Não teria me importado se minha pequena e peculiar Louise tivesse reclamado das calorias do sorvete e se meu grande e independente Allan tivesse odiado os balões.
Teríamos visitado toda a cidade atrás de diversões e aventuras. E teria me despedido da minha família. Mas nada disto aconteceu. Foi apenas mais um dia normal de tarefas pesadas e mente cansada.
No fim do dia tudo o que eu mais quero ao chegar em casa, é um bom banho, jantar e paz para assistir ao meu futebol.
Mas nada disto aconteceu, porque Louise chorava por ter tirado um 9 e não um 10 no exame escolar, Allan se apossou da televisão para seus jogos idiotas e Samanta ficou na cama, doente do estômago.
O banho ficou para depois, o jantar eu tive que preparar. E a paz? A paz jamais estará em mim novamente. Mas tivemos sim, um momento de alegria.
- Com licença - Samanta pede do outro lado da enorme mesa de jantar, batendo com sua talher de prata na taça de vinho intocada. - Preciso fazer um comunicado.
- Pode ser bem rápido? Meu jogo é online. - Allan reclama impaciente.
- É fácil. Você está gestante, mamãe. - Louise se manifesta, com seu surto já esquecido.
- O que? Como você sabe Louise? - Samanta pergunta confusa.
- Gestantem? - pergunto surpreso.
- Droga, mais um pirralho. - Allan reclama revirando os olhos.
- Eu tenho apenas sete anos mas sei observar mamãe. Ao contrário do meu irmão que se acha o dono do mundo só porque fez dezoito anos. - Louise se exibe, toda sorridente.
Ela é a criança prodígio mais fofa desse mundo. Com seus cabelos loiros curtinhos e suas bochechas enormes e rosadas. Allan já é mais rústico, cabelos negros cheios de gel e estilo playboyzinho, arrasando os corações das jovens ingênuas.
A noite se estende, Louise e Samanta conseguem dormir e Allan continua concentrado em coisas inúteis. Estou exausto, lavando o último prato da pia, mas feliz com a notícia. Um bobo sorridente.
O alarme dos carros disparam às alturas e maldita hora que pego o elevador para o último andar, o térreo. As portas se abrem e seis armas miram meu rosto.
„Os acasos são as cicatrizes do destino." — Carlos Ruiz Zafón
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro