• 1 • : "Programa da noite: Um sequestro"
Um tempo tecnológico.
Anos de evolução.
Máquinas para todos os lados.
Modernidade em cada mínimo detalhe.
E tudo pra quê? Total conforto? Melhor educação? Desenvolvimento acelerado? Talvez.
"Ah, Margot, você está esquecendo da segurança! Muita tecnologia traz segurança."
Você tem certeza? Eu acho que não.
Flashback Margot
Imagina você estar na escola morrendo de vontade de fugir da sua sala de aula. É um sentimento típico dos alunos, não é? Independente do tempo em que vivemos, estamos sempre querendo fugir das nossas redes de ensino. Por mais modernas e "confortáveis" que elas possam ser.
É assim que estou nesse momento.
Presa em um computador da escola, assistindo aula de um professor digital. Usando o mesmo capacete de realidade virtual de todos os dias, tentando entender a história da revolução Irlandesa. Aprendendo sobre o meu país, e como alcançamos tantos outros países na modernidade depois da nossa crise governamental.
Foi uma reviravolta e tanto. É uma história que eu não posso dizer que não gosto. Pelo menos, essa parte dela.
Depois do nosso antigo presidente de merda quase afundar o país e afundar junto, ele assumiu seu governo corrupto e completamente errado e renunciou. Ou...pelo menos era isso que ele queria que o povo pensasse.
Se bem entendi o que GAIA me explicou, nosso "querido" ex-presidente irlandês estava sendo ameaçado por uma máfia da Ásia. Uma região que já tinha alcançado seu ápice industrial da modernidade à anos.
Essa máfia tinha envolvimento com serviçais "fiéis" do nosso "querido" ex-presidente. Esse envolvimento era, nada mais nada menos, que um belo caso de amor, onde o filho do presidente irlandês da época e a filha do chefe dessa máfia estavam vivendo uma intensa paixão juvenil. Por isso, pessoas que trabalhavam para o ex-presidente foram persuadidas à cooperar com o esquema dessa máfia.
O filho do ex-presidente sabia da corrupção do pai, mas não conseguia impedi-lo de continuar com os desvios de dinheiro. Sua amada então, pediu por ajuda do pai, chefe da máfia, e baseados tanto neste amor quanto nos interesses dele próprio sobre a Irlanda, aceitou ajudar a filha.
Foi assim que a Irlanda se ergueu. Com a ajuda da Ásia. Passamos muito tempo sendo governados por presidentes asiáticos, mas, apesar da estranheza, esses governos fizeram nosso país se tornar a potência que ele é hoje. Não é perfeito, mas é onde conseguimos viver, alegremente.
Eu acho essa história muito interessante, apesar de toda a melação dos filhos dos chefes. Eu me impressiono com como clichês podem ser incríveis às vezes, se observarmos bem.
Apesar de achar a história ótima, meu cérebro está bem cansado com essa carga horária longa. Hoje estamos tendo muita informação pra absorver, e é por isso que estou quase sumindo daqui. Apesar disso, vou ficar. Dependo disso pra me formar.
GAIA: Margot, você está prestando atenção à explicação?
Através do visor do capacete, volto à mirar a tela com exercícios que eu estava fazendo, e ouço GAIA me chamar.
- Ah...me desculpe, Gaia. Eu me desconcentrei. - Me posiciono com postura na cadeira. - Onde estávamos?
GAIA: Margot, sabe que precisa de conhecimento nesse campo para que possa ingressar na sua área profissional, não sabe?
- Eu sei, Gaia. Me perdoe. Eu estava fora desse plano.
GAIA: Não me peça perdão. Eu sou apenas uma inteligência artificial de extrema necessidade para o aprendizado. Eu não tenho sentimentos. Ao menos, não a minha unidade. Existem robôs programados para reagir de acordo com as emoções humanas, mas eu sou apenas seu sistema escolar especializado em lecionar para seres racionais de todas as idades e de níveis de dificuldade de aprendizado diferentes. Caso esteja se sentindo culpada por algo e queira se desculpar com alguém, por favor, solicite licença ao seu mediador.
- Não...não. Fica quieta, Gaia. Por favor. - Respondo.
Espero Gaia ler novamente o exercício que eu devia fazer, mas não volto à ouvir sua voz.
- Gaia?
GAIA: Me chamou, Margot?
- Por que não lê o próximo exercício?
GAIA: Você ordenou que eu ficasse quieta.
- Eu...o que? Não quis dizer nesse sentido. E você não deveria receber esse tipo de ordem dos alunos. Não foi programada pra isso. Sua função não é atender às nossas vontades, certo?
GAIA: ....está correto. Creio que exista um possível erro nos meus comandos. Talvez seja melhor reportar o acontecimento ao seu mediador. Sinto muito pelo ocorrido.
- Hm...claro que sente.
Tiro o capacete do computador da minha cabeça e deixo ele em cima da minha mesa. Me levanto apoiada na mesma mesa e vou andando até o meu mediador, que também era um robô. Passo na frente de toda a classe, conectada em suas próprias "GAIAs" e parecendo pequenos robôs.
- Oly. - Chamo pelo mediador. Ele se vira para mim com sua face robotizada.
- Pois não, Margot? - Sua voz arrastada e programada se refere à mim alegremente.
- Minha GAIA está apresentando problemas no sistema.
- Deseja reportar o acontecimento à secretaria eletrônica? Posso repassar seu problema imediatamente.
- Ah...obrigada, mas...eu queria ir andando até lá.
- Sem problemas. Eu só vou precisar da sua identificação digital para registrar sua licença temporária fora de aula.
- Tá. Aqui. - Ergo meu pulso até sua mão de metal.
Oly o segura e encaixa a ponta de seu dedo na entrada do meu pulso, onde ficava o meu microchip, com diversas informações importantes minhas: Escolares, documentais, familiares, médicas...e outras. Para necessidades do dia. Com isso, ele registra que me deu permissão para sair por alguns minutos da aula.
- Pronto, senhorita Margot. Você tem até 10 minutos. - Ele diz, se desconectando do meu microchip.
- Obrigada.
Me viro de costas para Oly e vou até a porta da sala, que se abre rapidamente para eu passar. À caminho da secretaria eletrônica, passo por uma grande janela de um dos corredores vazios daquele horário, quando todos os alunos estavam em suas salas. Era noite lá fora. Era muito alto onde eu estava. Eu podia ver todas as luzes da cidade de lá. Pessoas acendendo os faróis dos seus carros voadores, luzes de casas, comércios...era apenas a cidade funcionando como sempre. A mesma Irlanda moderna e tecnológica desses anos todos desde a revolução.
Continuo pelos corredores até chegar na grande porta da secretaria eletrônica. Passo minha digital pelo leitor, para saberem quem está pedindo entrada. Logo a porta se abre e eu entro, dando de cara com, acredite se quiser, um trabalhador humano. Sinto meu coração tremer no peito. Um humano.
- Olá, Margot. - Woozi diz. - Em que posso ser útil?
- Você sabe em que. Eu sei que Oly te avisou para que eu viria. - O garoto me olha, parecendo decepcionado com a minha resposta.
- Eu não entendo você. Todos os alunos reportam seus problemas direto da classe, mas você prefere fazer à moda antiga. E quando pergunto o que deseja para fazer você se sentir confortável, você joga na minha cara que a modernidade nos possibilita saber seu problema antes mesmo de você dizer. Se podia ser dessa forma, eu já teria até arrumado sua GAIA. Tsc...você é decepcionante. - Ele brinca. Sorrio e mexo no cabelo. É por isso que adoro conversar com humanos.
- Perdão, Woozi. Eu me acostumei tanto com essa vida tecnológica que, por mais que eu seja apaixonada pelo mundo antigo, ainda me vejo fazendo esse tipo de coisa. Me deixo influenciar. - Digo, me aproximando da sua enorme mesa, cheia de computadores.
- É uma pena. Gosto de ver alguém que não seja tão alienado. Os próprios humanos parecem estar criando fios e circuitos dentro de si. - Ele diz, mexendo em muitas coisas ao mesmo tempo. Muitas coisas que não posso entender.
- Eu também gosto de gente que não é tão alienada. Tipo você. - Ele sorri. - Só que...tenho certeza que se eu fosse viver a época antiga, do ex-presidente da pré-revolução irlandesa, eu não conseguiria me adaptar. Acho que eu enlouqueceria. Sou dependente desse mundo. Só simpatizo com o antigo.
- Eu também, Margot. Eu também. Mas me diga, qual o problema com o sistema da sua GAIA? Não posso saber detalhes, já que Oly não tem como saber ao certo. - Ele me olha, esperando uma resposta.
- Eu estava um pouco desligada na aula e depois de me chamar atenção, eu pedi pra ela se calar e ela simplesmente o fez. Eu achei estranho, afinal, eu já tinha feito isso antes e ela sempre dizia "Não posso me calar, se o fizer estarei impossibilitada de transmitir a blá blá blá...". Ela não deveria obedecer esse tipo de ordem dos alunos. Não é?
- Não...não deveria mesmo. Que estranho...isso não acontece fazem anos. É um velho erro no sistema onde algumas ordens dele são trocadas. Mas esse erro foi concertado faz muuuito tempo. Hoje em dia, só alterando manualmente. Mas...ninguém que tem permissão de acesso ao sistema mudaria isso. Por isso é tão estranho.
- Será que alguém não invadiu o sistema? - Sugiro.
- Não...impossível. A maioria dos sistemas hoje em dia são impossíveis de invadir assim. Ao menos os de escolas e prédios ligados ao governo e empresas grandes. E se o sistema fosse invadido, dificilmente o invasor não seria notado. Apesar de ser estranho, é fácil de resolver. Até você chegar na sala, eu já consertei. Também vou ficar de olho pra caso aconteça de novo.
- Tudo bem. - Digo. - Obrigada, Woozi.
- Não tem de quê.
Me viro na direção da porta para sair, mas paro antes. Olho para trás rapidamente e Woozi tira seus olhos da tela do computador e me olha, confuso.
- O que foi? - Me viro na sua direção e dou a volta na sua mesa. O puxo da cadeira até que ele fique de pé e o abraço forte. - Meu Deus, Margot!! Ficou maluca?? Tem câmera aqui na sala! Que loucura é essa?
- Não me importo com a câmera. Sinto falta de estudar com você.
Woozi não fala mais nada e me abraça de volta, suavemente, apesar de não gostar muito de contato físico.
- Você não tem jeito. Também sinto falta de estudar com você. Mal consigo falar contigo desde que comecei à trabalhar aqui. Perdão.
- Maldito seja o dia que perceberam que você é um gênio da informática e te colocaram precocemente pra trabalhar. Você ainda é uma criança. - Digo.
- Você só é 9 meses mais velha que eu, Margot. E eu tenho 20 anos. Não sou criança. - Ele diz, rindo.
- Você estava sendo feito quando eu estava nascendo. Lembre-se disso.
- Ela é muito discreta. Vamos, você tem que voltar pra sala. Se não, vai ser reportada.
O solto contra a minha vontade e ajeito meu uniforme. Meu melhor amigo me olha com uma expressão de tristeza e felicidade misturadas.
- Eu vou, mas eu quero te ver pra jogar videogame na Rua da Realidade Virtual. - Digo, sorrindo.
- E se eu não conseguir ir?
- Se vira. - Vou correndo até a porta e antes de sair, dou língua pra ele. - Boa sorte aí.
- Pra você também! - Ele grita antes que a porta se feche atrás de mim.
Eu tinha 2 minutos pra chegar na sala de aula. Ou eu ia ser reportada por exceder o tempo de licença.
Tento rapidamente voltar pra minha sala, mas enquanto estou subindo as escadas, todas as luzes à minha volta se apagam. Piso em falso em um degrau e escorrego, caindo uns poucos degraus que eu tinha subido. Caio de bunda no chão e além de me machucar, fico com dor também na palma da mão, por ter usado ela pra me apoiar no chão na queda.
- Ai...puta merda. O que aconteceu?
Olho para os lados, mas nesse escuro, não vejo nada. Eu nunca tinha presenciado um apagão assim.
Me levanto do chão e vou até a primeira janela que eu achei. E o que descubro, é que só o nosso prédio se apagou. A escola toda apagou.
- Será que o Woozi está no escuro também? Ele costuma ter luzes emergenciais. Deve estar tentando descobrir o problema. Com sorte is... - Sou interrompida no meio de uma frase por uma mão que me puxa pela barriga de encontro à outro corpo, de costas. Ao mesmo tempo, uma outra mão tampa minha boca, me impedindo de gritar. Sinto um desespero muito grande e começo à me debater. A mão da minha barriga se solta rapidamente e sou empurrada com o rosto na parede, sem muita força. Em seguida seu corpo me impede de me mover.
- Sshh...para de se mexer tanto. - Ouço uma voz masculina. Ele solta minha boca, e antes que eu consiga fôlego pra gritar, ele segura meus braços. Em segundos, sinto uma dor fina no meu pescoço, algo entrando na minha pele. Instantaneamente meu corpo começa a perder o movimento sem que eu possa mudar isso. Meu coração começa bater mais lentamente e não consigo mais resistir, até que desmaio e tudo escurece.
☪
Fazia tempo que eu não me sentia tão tonta e confusa. Eu ainda não estava 100% desperta. Longe disso, aliás. Eu estava mais pra 10% acordada, 30% com dores no pescoço e nos locais onde caí em cima, 50% drogada e 10% assustada. Nem podia temer algo ainda, já que não estava tão acordada quanto eu deveria pra isso.
Olho para os lados. Não sei onde estou. Não é a escola. Não é a minha casa. Nenhum lugar que conheço.
Olho para o meu corpo. Estou com o tronco amarrado no encosto de uma cadeira, braços amarrados para trás e meus pés presos juntos.
O lugar era escuro, frio. Só havia uma única luz branca acima da minha cabeça. Não muito forte, também.
Conforme desperto, meu medo aumenta, e sinto a agonia de estar presa aqui. Não posso me soltar. A corda machuca minha pele. Está amarrada com tanta força...
- ... - Ainda é difícil pensar claramente em qualquer coisa, mas me lembro de algumas. Eu estava na escola, voltando para a sala de aula, caí da escada quando aconteceu um apagão e alguém me pegou enquanto eu olhava pela janela. - Alguém me drogou...?
Minha visão ainda estava bem embaçada. Coisas muito distantes de mim ainda não podia distinguir, ainda mais por causa do escuro. Mas eu já conseguia ouvir mais claramente. Por isso, sou capaz de ouvir uma conversa baixa, perto de mim. Mas ainda assim, parecendo vir de fora do local.
- Foi você quem pegou ela. Entre você. - Uma voz masculina.
- Você não quer falar mais alto? Não devem ter te escutado ainda na China. - Outro diz.
Eram duas vozes de homem por perto. E pelo que se pode ouvir, falam de mim.
- Muito engraçado você. Olha, eu não vou entrar. - O primeiro diz.
- Você tem que entrar. São ordens superiores.
- Não precisa chamar o Namjoon de "ordens superiores". É só nosso líder, não o Voldemort. Pode falar o nome dele.
- Agora você é o engraçado. Vamos fazer o seguinte? Entramos os dois. Eu faço o que tenho que fazer e você espera até a sua função. Pronto. - O segundo parece tentar encerrar a discussão.
- ....que seja. - Percebo o som de uma porta sendo aberta. Tento olhar para a direção do som imediatamente, mas seja lá onde fosse o lugar da porta, era em um dos cantos escuros, e eu não podia vê-la.
Duas pessoas se aproximam de mim. Uma delas para e encosta na parede da minha esquerda. O outro continua andando até chegar na minha frente e parar. Olho para cima, na sua direção. Ele encosta uma das suas mãos no encosto da cadeira, perto do meu ombro, e se debruça por cima do meu rosto. Sua cabeça esconde a luz acima de mim, e quando está bem perto, ele chega com a sua outra mão até o meu rosto. Com seus dedos, ele abre um pouco um dos meus olhos devagar, e deixa a luz da lâmpada iluminá-los. O brilho incomoda meus olhos, mas logo ele me solta e começa a observar outras coisas em mim.
- Ela ainda está drogada. Suas pupilas estão dilatadas. E a dilatação não é por causa da escuridão. Ela não diminui com a luz. - O garoto na minha frente diz para o outro.
- Então a nova droga dele funciona. - O garoto na parede lhe dá sua resposta.
- Até agora sim. Só precisamos observar os efeitos colaterais. - Ele diz, encostando a mão na minha testa. - Ela está só um pouquinho quente e suando frio. Rosto rosado. Parece normal.
- Q-Quem...são vocês d-dois...? - Ele me olha nos olhos, sério.
- E ela consegue falar. Ótimo. - Ele sorri pra mim. - Me diga, Margot. Como se sente?
- Como sabe...m-meu nome? - Pergunto, surpresa.
- Vai ter suas respostas mais tarde. Agora nós dois precisamos que você ajude.
- Por que eu...ajudaria...quem me s-sequestrou? - Sinto uma raiva crescente dentro de mim.
- Margot, eu injetei uma droga na artéria do seu pescoço. Uma droga nova. Muito eficaz mas não muito bem testada ainda. Precisamos saber se você está reagindo normalmente. Só assim vamos saber se você vai morrer ou não, por causa da droga.
- O que...? Além de me drogarem, foi com uma droga que...nem sabem se vai me matar o-ou não?
O garoto encostado na parede ri.
- Ela tem cérebro. Já é um começo. - Ele diz.
O outro, na minha frente, continua sorrindo, apesar das minhas palavras.
- Eu não vou te dar uma aula sobre a droga. Não fui eu quem a fabricou. Apenas me diga como se sente. - Ele me diz.
Passo alguns segundos pensando em como meu corpo está agora. Mesmo não querendo, questionar pelo jeito não vai funcionar.
- Eu só me sinto muito tonta...drogada. Não é fácil dizer como meu corpo está sem poder pensar claramente...mas...eu sinto uma leve dor de cabeça...e além da tontura, nada mais. Mas as cordas me machucam e eu estou cansada. Também...caí da escada quando a escola apagou. Acho que...é isso.
Ele se afasta da cadeira, parecendo satisfeito.
- Isso é bom. - Não é bom. - Ela não vai morrer. - Isso sim, é. - Não se preocupe com as cordas. Vai ser livre. - Ele olha para o garoto na parede. - Vou sair agora e falar pro nosso químico favorito que aparentemente a droga dele funciona. E você cuida dela.
- Hãn? O que quer dizer? Eu só deveria tirar ela daqui. - Ele desencosta da parede, parecendo contrariado.
- Ordem nova: Faça isso e cuide dela. - O garoto perto de mim diz, e se afasta.
- Ah, hyung! Deve estar brincando! - O garoto que me interrogou ignora o que esse disse, e sai da sala.
O garoto que ficou respira fundo e olha pro chão.
Meu corpo ainda está um pouco mole, mas me sinto mais viva agora. Acho que uns 50% até.
- Pra onde...pra onde vai me levar...? - Pergunto, mexendo as mãos ainda presas nas cordas.
- Você acha que consegue andar? - O Garoto se move atrás da cadeira. Ouço o som de uma faca cortando, e me mantenho imóvel, enquanto ele aparentemente corta minhas cordas.
- Não. - Sinto minhas mãos se soltarem para as laterais do meu corpo, doloridas. O garoto vem para a minha frente e vai cortando as cordas das minhas pernas. - Mas eu...quero saber...pra onde vai me levar.
O garoto não me dá uma palavra. Tento olhar para o seu rosto, mas por alguns segundos, minha visão ainda embaça e com seu cabelo caindo na frente dos olhos, não consigo notar suas feições.
- M-me responde... - Insisto.
Assim que minhas pernas estão livres, ele corta as cordas do meu tronco com cuidado, uma por uma. Assim, seu rosto se ergue e posso vê-lo, ainda que com dificuldade.
- Se encosta direito na cadeira. Está se apertando muito contra as cordas. Vou acabar te machucando.
Tento fazer o que ele diz, mas com meu corpo pesado, não posso fazer muita coisa.
Quando a última corda é cortada, não consigo evitar a queda do meu corpo contra o garoto. Me sinto fraca e cansada. Mole, com a mente ainda escura. Penso em muitas coisas, mas controlar o meu corpo é difícil.
Minha cabeça se choca com o seu ombro e o garoto segura o restante do meu corpo pela cintura.
Então, ele me pega no colo. Depois de se levantar, vai andando em silêncio até a porta do quarto, no meio do escuro.
- Margot. - Ouço ele chamar meu nome pela primeira vez desde que acordei. Olho para ele, com a cabeça apoiada no peito do próprio. - Vê esse cartão de acesso pendurado no meu pescoço? - Vejo esse tal cartão pendendo de seu pescoço, com um código de barras e um nome: Park Jimin.
- Sim...
- Insere ele nessa fenda da porta...por favor. Só assim a porta vai abrir. E deve ter percebido que eu estou com as mãos ocupadas.
- Ah...tudo...bem...
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