8 - CASA DA CULTURA
A Casa da Cultura, uma antiga detenção, foi fechada no início dos anos 70, por existir no meio da cidade do Recife, ferindo o estatuto de segurança da capital.
hoje são mais de 90 lojas de artesanato, livraria e lanchonetes.
Há uma cela no Raio Leste que permanece como foi deixada pelos presos.
A Casa da Cultura, sempre tem suas raízes ligadas às culturas pernambucanas, com suas decorações acompanhando os ciclos regionais festivos.
Tavares para o carro no estacionamento ao Lado do Raio Leste, da Casa da Cultura.
Entra no prédio da antiga detenção, que tem térreo mais dois andares e segue para o Restaurante de D.Maria, onde tem a melhor Galinha de Cabidela da cidade.
O restaurante fica no primeiro andar do Raio Sul.
O investigador de um metro e sessenta, pesando oitenta quilos, tem dificuldades para subir a famosa escada de quase noventa graus.
Depois que consegue chegar no primeiro andar, ajeita o pouco cabelo que lhe resta, com o suor que desce pela testa, seguindo direto, entra no restaurante.
— Boa tarde!— Fala Tavares.
— Boa Tarde! — A atendente, que está trajando uma roupa branca e rodada responde feliz.
Ela usa um lenço branco na cabeça que é bem desenhada... Parecendo uma "Mãe de Santo" trabalhando.
Tavares olha em volta e há um primeiro andar construído, improvisado com madeira, aumentando o espaço do restaurante.
Atrás da atendente tem uma talha, um quadro de madeira, com a imagem da mulher de Lampião, a Maria Bonita.
— Que suco vocês tem?
— Qual suco o senhor deseja?
— Cenoura com limão, bem gelado.
A mulher negra, faz um sinal com a cabeça e boca, insinuando que Tavares acertou na escolha.
— Sai um suco de cenoura com limão gelado! — Grita ela.
— Meu nome é Tavares, estou procurando a Conceição.
— Sr. Tavares, o senhor vem da parte de quem?
— Da parte da polícia, mas, não precisa ter medo, são apenas algumas perguntas sobre o barco do pai dela.
— Ela ligou mais cedo, informando, que estava indo ao médico.
— E volta hoje?
— Para falar a verdade, não sabemos, ela nunca falta para ir ao médico.
— Sei... Você teria o telefone dela?
— Tenho sim.
— A senhora poderia me dar o telefone? — Tavares, começa a ficar impaciente, por que a moça só responde o essencial.
Silêncio
— Qual o nome da senhora?
— Amélia.
— Sra. Amélia, sua amiga pode está com problemas. O barco que era do pai dela é alvo de uma investigação de assassinato. Desejamos só esclarecer algumas coisas e se possível mantê-la em segurança.
— Na verdade, não reconheci a voz dela pelo telefone, quando ligou hoje pela manhã.
— Que horas foi essa ligação?
— Por volta das 7 horas.
Tavares olha nos olhos de Amélia.
— Seu suco. — A moça, coloca o copo ao lado do investigador e depois os guardanapos.
— Obrigado! Mas poderia ser mais específica sobre a voz? O que estava de diferente?
— Não sei, mas, estava diferente. Como quem fala pelo nariz... Mas, o que achei estranho mesmo foi Conceição faltar.
— E por que sentiriam falará dela?
— Ela faz o melhor Sururu! Ninguém mais tem! Ela é uma cozinheira de mão cheia!
— Entendi Sra. Amélia, se por um acaso, ela te ligar, poderia passar meu telefone?
— Claro que sim.
Tavares começa a beber o suco.
— Sr Tavares, — Amélia está batendo com o cartão do investigador nos dedos.
— Apenas Tavares.
— Vou dar o telefone dela.
— Você está fazendo o certo. Ela mora sozinha?
— Sim!
— Poderia dizer o endereço dela?
— É muito serio assim?
— Amélia, não vou mentir! Mas, se você não reconheceu a voz da sua amiga, essa é uma informação que não posso desprezar.
Amélia anota no verso do telefone o endereço. O investigador termina o suco, desce as escadas e entra no carro.
Tavares, pega o celular e liga para Aloísio:
— Chefe, Conceição não veio trabalhar. Estou indo na casa dela.
— Por que você está indo lá? — Pergunta Aloísio.
— A atendente do Restaurante disse que recebeu uma ligação, supostamente dela dizendo que iria no médico.
— E qual a estranheza?
— Ela nunca faltou um dia de trabalho e não reconheceu a voz da amiga.
— Puta Merda! Quando chegar na casa dela ligue pra mim! Não vá sozinho! Ligue e peça para o Cosme ir com você!
-Okay Chefe! Pode deixar
XXX
Afonso continua dentro do Barco.
Ele estar concentrado, ouvindo musica e cantarolando o que escuta pelo fone.
"Me encontra... Deixa eu te encontrar e me encontra..."
Afonso está num processo minucioso da investigação.
Ver o que ninguém mais viu.
Ele tira as cordas que estavam prendendo o morto e vai as guardando numa sistemática religiosa.
O agente sai da frente do barco e caminha para a cabine.
Olha o Rio Capibaribe que está tranquilo, respira o ar da maresia.
Afonso vai usando distorções de luzes para identificar o que nossos olhos não conseguem.
Com um óculos especial, a luz revela cada tonalidade que sofre diferentes cores de incidências numa tonalidade específica, mostrando se é sangue, espermas, suores etc.
Afonso, tem o cabelo loiro e crespo, ele é branco, olhos redondos de cor marrom escuro.
Mede um metro e setenta e oito de altura, rosto ovalado.
Sua bebida predileta é Toddynho.
Dentro da cabine, há um acesso pelo chão, que desce até ao porão.
Ele vai se espremendo pela escada, o local é muito apertado.
Liga uma lanterna de médio porte.
Um rato passa pelos seus pés.
— Merda! Detesto ratos!
Mesmo com receio de ver mais ratos, ele continua olhando a cor da madeira, que apresenta uma tonalidade diferente da pintura externa.
Talvez a pessoa não quisesse ter tido o trabalho de pintar convés, cabine, proa da mesma cor.
Outro rato passa pelos seus pés.
— Cacete! Outro rato?
Ele escuta uma batida no fundo do barco.
É um som sistemático, constante e pesado da batida das ondas no casco.
Ele coloca a lanterna onde está vindo o som, e há dezenas de ratos, talvez centenas de ratos rasgando o assoalho de madeira.
Mesmo com a luz em cima deles, os ratos não fogem.
Mais batidas ouvidas do fundo do barco, é como se o Mar jogasse um peso de volta ao casco. O fundo do mar puxava, a correnteza devolvia!
Afonso procura algo para jogar em cima dos ratos, para afugentar, mas, lembrasse de um filme de terror com ratos.
Porém, mesmo assim joga.
Eles se afastam e voltam ao mesmos local, como se fossem houvesse um imã que os puxasse de volta.
Porém, na terceira vez que ele tenta afugentar os ratos, ele percebe uma corda, que está bastante roída, que parece prender o que está querendo se soltar do fundo do barco para as trevas do imenso Capibaribe.
Ele volta rapidamente, sobe do convés, vai até à proa e liga para Aloísio.
— Aloísio boa tarde!
— Manda Afonso! O que está acontecendo?
— Delegado, preciso de mergulhadores para investigarem em baixo do barco.
Silêncio no outro da linha.
— Aloísio tem alguma coisa presa embaixo do barco! E é pesado!
— Vou pedir uma equipe nautica agora! Aguarde que a ajuda vai chegar!
XXXX
Tavares chega primeiro que Cosme no endereço.
Um prédio antigo, que fica próximo ao camelódromo.
É um prédio, igual a tantos outros próximo dali, que servem para moradia e para putaria.
"Mais escadas!"
Tavares sobe dois andares, que pareciam serem seis.
Antigamente, parece que era pré-requisito as escada serem longas e apertadas.
Talvez para deixar os homens mais amaciados para as putas.
Ao chegar no andar, procura o apartamento pelo número.
— Qual será? Nenhum tem número!
Ele escolhe uma porta.
Bate na primeira e ninguém atende, embora ele escute a televisão ligada.
Vai na segunda porta, bate e sai uma mulher, magra, quase cadavérica, num roupão vermelho desbotado, e com um cigarro no bico.
— O que você quer? — Pergunta a fulana.
— A senhora saberia qual desses é o apartamento de Conceição?
— Porra, devo está fodida mesmo... Você, chamando de senhora... Meu senhor, eu to aqui pra trepar e não pra dar informação!
A mulher joga a porta na cara de Tavares, que bate de volta.
— Porra! Caraí! — A mulher volta gritando e abre a porta.
Tavares está com o distintivo na altura da cara dela.
— Qual desses apartamentos é o de Conceição?
— O que fica no final do corredor à direita.
— Muito obrigado.
A mulher bate a porta com mais força!
Tavares segue pelo corredor e ver o apartamento.
Quando ele toca na maçaneta redonda, a porta destrava!
A casa está toda de pernas para o ar.
Tudo quebrado e no chão.
Cosme toca no ombro do amigo.
— Porra Cosme! Que susto!
— Está com medo meu amigo?
— Vai à merda!
— O que temos?
— Não sabemos ainda, encontrei a porta aberta!
— Cacete! O apartamento está todo destruído!
Tavares pega o telefone e liga para Aloísio.
— Chefe, estou na casa de Conceição! Ela não está e o apartamento estava aberto quando cheguei. Todos os pertences estavam no chão!
— Tavares, não precisa mais procurá-la. Já achamos!
— Ótimo! Onde ela está para fazer umas perguntas?
— No fundo do barco, amarrada a uma corda.
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