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4 - O PRIMEIRO DE DEZ...

O delegado Aloísio sente um mal pressentimento. Algo de pior está para acontecer. Não sabe dizer como sabe disso, ele apenas sabe.

No seu carro, voltando para a Ponte Maurício de Nassau, vai pensando no "modus operandis" do assassino.

Tudo era muito recente, mas, dada a frieza de como o crime foi realizado, sente que esta há um passo atrás.

O criminoso está na vantagem. Por enquanto ainda está. O pior é que não pode contar com Medeiros. Pensou em falar com o Júlio Mendes, mas, ele não autorizaria, fora que poderia escutar o que não queira escutar.

Aloísio chega no local. Estaciona. Ajeita a arma e passa pela fita amarela e preta, que está escrito:

"NÃO ULTRAPASSE"

Aloísio, devido ao calor que começa a subir, está usando uma camisa social creme, de seda e uma calça jeans azul escura.

O blaser ficou no carro. Os dois lados da ponte estão fechados. Ele se dirige para o lado da mensagem.

A Ponte Maurício de Nassau esta localizada na cidade do Recife e liga os bairros do Recife e Santo Antônio.

Foi a primeira ponte de grande porte construída do Brasil e por ainda está em funcionamento é a mais antiga.

Ela tem 180 metros de cumprimento, por 16 metros.

Em meados de 1630, o projeto recebeu sinal verde pelo Conde Holandês, para começar... Mas, recebia pressão de importantes empreendedores que tinham sua renda focada na ligação da ilha com o outro lado da cidade.

Tipo o serviço de barcos. Porém vários problemas estavam acontecendo, entre eles, exemplo, a lentidão no transporte náutico e a falta de água, deram a força necessária para o projeto prosseguir.

Depois de 7 anos, começaram os estudos para dar início a construção.

Em 1630, o Conde de Nassau ordenou a construção de um pilar com uma  pedra com 12 metros de comprimento para estudar a força da correnteza, além de mostrar aos pernambucanos, publicamente,  seu interesse na construção da ponte.

O vencedor da licitação foi um judeu e arquiteto chamado Baltazar de Affonseca, que garantiu que entregaria a ponte em 2 anos.

A obra começa em 1642, com quinze pilares construídos. Porém, em uma ano a obra é paralisada!

Com medo de ser humilhado, o Conde Maurício de Nassau investe dinheiro próprio no projeto.

Faltavam dez pilares de pedra e com os valores do orçamento chegando na lua, o conde resolve usar madeira resistente à água ao invés de pedra.

A ponte foi inaugurada em 28 de fevereiro de 1644 com o nome de Ponte do Recife (No dia da inauguração o Conde disse que faria um boi voar sobre a ponte, tudo isso para atrair publico e ganhar dinheiro com o pedágio, tentando diminuir o prejuízo no bolso por causa da construção. E realmente um boi empalhado, através dos mecanismo de cordas e roldanas, fez o boi voar, passando de um lado para o outro sobre a ponte).

Feita em pedra e em madeira, a Ponte do Recife era duas vezes maior que a atual Ponte Mauricio de Nassau, antes ela, começava no da Av. Marquês de Olinda com a rua Madre de Deus indo até o cruzamento das ruas 1° de Março e Rua do Imperador.

Foram construídos dois Arcos nas suas extremidades a mando do Conde de Nassau, um dos lados podia se fechar.

O do lado do Bairro do Recife chama-se Arco da Conceição e o que ficava na outra extremidade, Arco de Santo Antônio.

A ponte ainda tinha uma parte levadiça, que aconteceu uma catástrofe e derrubou cerca de dezesseis pessoas no Rio Capibaribe. Em 1683 a  passa por sua primeira reforma, mas, mantem os dois arcos de pedra.

Em 1742 Uma reforma maior remodela a ponte, porém, aproveitou os pilares de pedra e madeira.

Os arcos são  reformados e são colocadas as imagens dos santos católicos, Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, que darão o nome de cada arco.

O avanço populacional e financeiro vai acontecendo e a pequena burguesia vai se expandindo e surgindo vários estabelecimentos comerciais, para junto com o pedágio custear a grande reforma.

Porém, a estrutura não aguenta e cede em 5 de Outubro de 1815. Logo, uma nova ponte começa a ser construída,mas,  agora de ferro.

A inauguração ocorre 7 de Setembro de 1865 e  recebe o nome de Ponte 7 de Setembro.

Mais elegante, larga e forte, porem o material foi mal escolhido e rapidamente corroído pela ferrugem. As imagens dos Santos, nos Arcos da Conceição e Santo Antônio, caíram respectivamente  em 1913 e  1917.

Só foi em 18 de Dezembro de 1917, 187 anos depois, que a atual Ponte Maurício de Nassau, foi inaugurada, homenageando o seu construtor.

Em 30 de março de 1920 , Manuel Borba o responsável por uma das últimas grandes reformas, manda trocar todo o calçamento da ponte e encomenda as 4 estátuas de bronze de três metros de altura da Fundição Val d'Ornes, vindas da França, no total são 5 estátuas, quatro delas sobre pilares nas extremidades em ferro fundido e uma no meio da ponte em concreto, no meio da ponte.

Há 9 Brasões e 2 placas.

Todos estes objetos são feitos de ferro fundido,  exceto a estatua do poeta, que é em concreto armado. As placas contém as seguintes inscrições:

"Na entrada desta ponte, a primeira feita no Brasil e levantada neste local por Maurício de Nassau, o fundador da cidade, existiu o arco da Conceição, com uma das portas que se fechava, edificada em 1645 e demolida em 1913, por exigência do trânsito."

As estátuas que atualmente estão na ponte são: A deusa da Sabedora (Atenas), a deusa da Agricultura (Deméter-Ceres), a deusa do Comércio (Personificação feminina de Hermes) e a deusa da Justiça (Têmis) e no meio da ponte encontra-se a estatua do poeta Joaquim Cardoso, em tamanho real  e com a altura de um pedestre.

O Delegado Aloísio chega no local descrito pelo bilhete e o ler novamente.

"Sou guardada por quatro deusas, duas em cada lado.
Nasci de um Conde estrangeiro, que fez um boi por cima de mim voar...Mentiu para dinheiro ganhar e prejuízo do bolso amortizar.
Mas, ao invés de receber nomes de realeza, Conceição e Antônio, no início me deram por certeza. Na frente da Justiça, minha história te revelo com clareza."

Depois, caminha em direção a estátua de Têmis. Para em frente a imponente estátua da deusa da Justiça, embaixo de um calor com mais de 40 graus, observa tudo em volta, e não acha nada.

Acha estranho.

"O assassino não teria tanto trabalho, para simplesmente deixar uma pista falsa".

O pilar de concreto, onde está a deusa, atualmente, foi pintada nas cores vermelha e amarela.

"Nada na placa também!"

Porém, ao olhar para a face da deusa, para num dos reflores. O que está perto da base da estátua tem um saco pequeno, marrom, amarrado no refletor, e que tem a mesma cor da tinta logo à frente dele.

— Uma escada rápido! Ou algo em que possa subir! — Grita o delegado.

Os policiais se movimentam e conseguem um banco com mais de um metro.

Aloísio sobe, observa o pacote que por ser pequeno, não acredita que seja algo mortal. Tira-o do refletor, desce do banco e da estrutura, coloca sua luvas e com cuidado abre facilmente o pacote por cima.

"Um dedo feminino!"

Pregado na unha do dedo, por grampos, um papel escrito o nome Joaquim Cardoso.

Aloísio dispara para a estátua do poeta, que fica na mesma ponte.

Rapidamente chega no local e por trás das pernas do poeta, num pedaço de papelão, com 30 cm de comprimento e 15 cm de altura, um número escrito à mão:

558133340001
Prontuário
99162

Aloísio pega seu celular e faz a ligação!

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