36 - FOGO CONTRA FOGO (Parte II)
Esse capítulo foi escrito ao som da Música
"Maracatu Atômico" de Chico Sciense e Nação Zumbi.
{***}
O fogo consumiu toda fábrica.
Os bombeiros chegaram rápido, mas a velocidade da destruição foi sem igual.
Todos, que estão apagando os focos do incêndio estão desolados com a perda dos amigos.
Não ficou pedra sobre pedra.
O Comandante do Corpo de Bombeiros está dando uma entrevista para varias redes locais.
Afonso olha sem acreditar que há menos de três horas, estavam todos ali conversando, bebendo café, sorrindo e lutando para salvar os últimos inocentes.
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Medeiros sai correndo sentido o catamarã,
que fica ao lado do maior centro de artesanato do Nordeste.
Aloísio e Laureano tentam acompanhar a investigadora, correndo logo atrás.
00:54
00:53
00:52
Há uma fileira com quatro barcos, Medeiros olha para baixo, Aloísio e Laureano chegam logo em seguida.
– Qual deles Medeiros?
— Não sei! Vamos entrar em todos. Vou nos dois últimos. — Medeiros mal termina de falar, corre na direção dos barcos, sem demora, ignora a escada e pula passando direto para o penúltimo barco.
Entra, não acha nada e sai.
Laureano e Aloísio escolhem o primeiro e o segundo respectivamente.
Medeiros passa para o quarto e último catamarã.
00:42
00:41
00:40
Vai até o final, perto da popa e nada.
Nenhum corpo.
Catamarã vazio.
Medeiros escuta um choro bem fraco trazido pelo vento,
"Parece um gemido."
Medeiros grita:
— Quem está aí? Sou a Agente Medeiros! Onde você está? — Medeiros fecha os olhos e procura a resposta no silencio do mar.
– Estou aqui!
Medeiros escuta uma voz bem fraca.
Ela, corre novamente para o final do Catamarã e sobe na popa, olha para baixo e ver um corpo num bote, que mal cabe uma pessoa.
— Medeiros! — Grita Aloísio. — Não pule!
Ela Pula.
00:35
— Por... Favor... Não... Deixe... Morrer...
— Priscila, sou eu Rafa. Vou te ajudar. Não vou deixar você morrer.
— Rafa... Eu não quero morrer... — Priscila suplica chorando e batendo o queixo com frio. — Eu tenho uma filha. Linda. Não me deixa morrer, eu imploro. Minha filha.
Aloísio sobe na popa e grita para Medeiros:
— Saia daí! Você não tem mais tempo!
— Não o escute Priscila, eu vou te ajudar! Vamos sair juntas daqui.
Medeiros aproxima-se e puxa bem devagar o lençol amarrado no corpo de Priscila e ver em seu peito um timer com contagem regressiva...
00:17
00:16
00:15
"o que faço?" Pensa Medeiros.
A investigadora olha para o celular dado por John Lennon.
Bateria 25%
Aloísio volta a gritar para ela.
— Temos que sair daqui!
— Não vou deixar Priscila! — Medeiros abraçando a amiga.
00:10
00:09
O telefone toca!
— Estou aqui! O que faço?
00:08
— Quanta eficiência...
— A senha! — Medeiros, está olhando fixamente para o digital, sem tirar os olhos do contador.
00:06
John Lennon desliga o celular.
Priscila percebe que deu algo errado e começa a chorar.
– Priscila, vamos ficar bem.
— Obrigado por esta comigo! — Medeiros acaricia o rosto dela olhando para o número decrescente a sua frente.
00:04
— Nós vamos conseguir!
00:03
telefone toca.
— 1971 — Diz John Lennon
Ela digita rapidamente, para, então suspirar aliviada.
00:00
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— Rafael o que você está procurando?
— Uma ligação, algo que possa encontrar o irmão de John Lennon e rastreá-lo.
— Entendo, eu estou procurando algum deslize da Dra. Layl, mas não existe nada antes de cinco anos! Estranho isso!
Rafael para de digitar olhando por cima do monitor.
— Ela só existe há cinco anos?
— Sim! Mas, não por muito tempo! Logo vou ter minhas respostas.
— Qual o nome dela mesmo? — Pergunta Rafael.
— Layl Lamashtu. — Responde Afonso, colocando a caneta na boca.
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— Uau! Está suada? — John Lennon, pergunta em tom de gozação.
Medeiros fica escutando.
— Estou num lugar a prova de som... Não adianta tentar me localizar, por que nunca cometerei o mesmo erro duas vezes.
— John, vamos à próxima fase... Por que estou contando os minutos para estarmos frente a frente!
— AH! AH! AH! Estou com medo. — A gargalhada dele é alta e cortante.
— John... Não se esqueça... Eu não vou levar você preso.
— "A morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima."
— Rafael, você escutou? — Medeiros coloca sua mão direita no ouvido, mantendo contato com seu irmão.
— Sim, irmã. Escutei! Sugiro não provocá-lo.
— Não é provocação, é uma promessa meu irmão, uma promessa! Vou pegar a moto, o que essa frase significa!
— Já estou verificando!
Quando Medeiros vai saindo, Priscila segura a mão dela.
— Muito Obrigado e boa sorte!
Medeiros dar um abraço em Priscila e diz:
— Se cuida minha amiga. — Medeiros sai correndo em direção da sua moto.
— Irmã, é um texto de Rui Barbosa.
Medeiros chega no local que a moto está parada.
Os dois pneus estão rasgados.
— Ele furou meu dois pneus.
— Cacete! - O que você vai fazer?
– Sou da Policia! Preciso da sua moto. — Medeiros para um casal que estava passando numa Honda 125, e sai pela Avenida Rio Branco.
– Irmão em qual contexto ele disse isso?
— Verificando... Um momento.
— Vamos irmão... Sei que estou pedindo muito, mas, rápido!
— Bem, Rui Barbosa era um cara extramente religioso... Saber em qual foi esse contexto vai ser foda.
— Ele esta dizendo que a morte não extinguiu o que fiz... Mas o transformei no que ele é... não o aniquilei apenas o fiz renovar, e que essa transformação nos aproximou.
— Uau! Verdade... Pode ser isso sim!
– Onde Rui Barbosa formou-se ou deu aula?
— Faculdade de Direito do Recife.
— Quanto tempo tenho? — Medeiros reduza a velocidade, avança o sinal e acelera.
— Doze minutos!
— Para onde vou? Avenida Rui Barbosa ou à Faculdade de Direito do Recife?
Afonso interrompe a conversa entre Rafael e Medeiros com uma pergunta:
— E aí Rafael, alguma resposta sobre o paradeiro do irmão de John Lennon?
— Nada ainda! Estranho, mas já sei como vou fazer... Vou cruzar informações da venda do barco.
— Barco? Por que? — Afonso, sai da frente da tela do monitor e olha para Rafael.
— Há treze anos atrás, o barco que nos levou à Itamaracá estava no nome do Pai deles!
— Então você estava lá?
— Sim! Estava no barco. Mas não vi o irmão ou pai de John Lennon, ficamos o tempo todo na proa, na frente do barco. Logo, o que não estou conseguindo é a informação, quem comprou o barco de João Barbosa.
— Lembro que foi dito no inicio da investigação, que o pai vendeu para o filho, que vendeu de volta para o pai.
— Foi o que disseram, mas, há um intermediador nessa transação. Tem caroço nesse angu.
– E como você vai fazer? Afonso, franze a testa.
— Vou seguir o dinheiro e a assinatura. Com acesso ilimitado que Laureano me deu, em mais cinco minutos tenho essa informação.
Medeiros passa pela frente do Palácio do Campo das Princesas, pegando direto sentido a Rua do Príncipe, seguindo pela contramão.
Para ao lado da Faculdade de Direito do Recife. Há carros estacionados em todos os lados.
— Irmão, quanto tempo?
— Cinco minutos!
"Ele não entraria com o refém na Faculdade... Vamos pense Medeiros... Pense!"
— Irmã o tempo esta passando!
— Isso não ajuda. — Medeiros sai correndo em volta da Faculdade, jogando a luz da lanterna dentro dos veículos.
— Quatro minutos.
— Já sei! Rafael, pesquisa quem tem um carro comprado em 1971.
— Beleza. Um momento... Nenhum deles.
—Merda!
— Espera... Espera e espera! A placa do carro de Priscila é PDL1971, um Grand Siena, branco.
Medeiros não deixa Rafael concluir e sai correndo desesperada para achar o veículo.
"Grand Siena Branco"
"1971"
"Onde está você?"
Medeiros chega atrás da Faculdade de Direito do Recife, exatamente na Rua da Aurora e ver um carro que está sendo guinchado!
— Parem! É uma ordem! Sou da polícia!
Rafael, começa a escutar sua irmã gritar com umas pessoas a respeito de parar de guinchar o carro, quando, na tela do computador, aparece uma promissória feita num cartório do Recife.
— Afonso, esse negócio de ter permissão total é maravilhoso... Vasculhar tudo, é bom demais.
— Verdade, mas, nunca comente isso com ninguém, por que não trabalhamos assim. Estamos correndo contra o tempo.
— Eu sei Afonso... Mas é bom! — Rafael sabe que com o advento da internet, até uma ida no banheiro pode ser monitorada, basta hackear o aparelho e voialá, a câmera estará gravando tudo que o seu dono está fazendo!
— Cacete! Não acredito! Afonso o nome do homem que comprou o barco do irmão de John Lennon e vendou para Sr. Barbosa, está piscando como uma árvore de natal aqui na tela!
{***}
– Vocês não me ouviram? Eu mandei não mexer no carro! — Os dois homens param ao ver Medeiros apontando a arma para eles.
Ela olha dentro do carro que está vazio.
Com a coronha da arma, quebra o vidro do passageiro e abre a porta, puxando o banco traseiro, para ver Luana lá dentro da mala.
Ela tira a mordaça da boca dela.
— Por favor, não me deixa morrer, por favor... me ajuda.
— Calma Luana! Sou eu Rafa! Estou aqui para te ajudar, mas, não se mexa! Você ja viu o despositivo?
—Não!
— Trinta segundos.
— Luana, você sente alguma coisa presa nas suas costas?
— Não. — Medeiros joga a lanterna dentro da mala e ver um fio amarrado na perna direita de Luana, saindo pela alcatifa do paralama.
— Não se mexa! — Medeiros sai rapidamente do carro, e como a traseira do Grand Sienna está suspensa uns quinze centímetro do chão, ela mete-se embaixo do carro, quando vê o dispositivo acoplado ao tanque de combustível.
— Dez segundos.
O telefone toca.
— Qual a senha?
- Tão autoritária... Assim você não casa.
— Irmã quatro segundos. - A voz de Rafael está apreensiva.
— A senha!
— Três, dois... — Rafael está com as mãos na cabeça!
— 1825
00:00
— Porraaa. — Fala Medeiros embaixo do carro.
Leva suas mãos ao rosto.
Ela levanta-se, Laureano chega correndo.
— Meu Deus não acredito que você conseguiu!
O telefone toca.
— Será que estou sendo tão previsível assim?
— Não. Nada em você é previsível, só ainda não sei qual o seu real objetivo.
— Matar você meu amor!
— Se fosse isso você já teria feito!
— E perder a graça disso tudo! Tolinha... Nós estamos nos divertindo como nunca antes, Não acha? Nem no carnaval de treze anos atrás, nos divertirmos tanto!
— Quando você comer seus dentes e depois eu fazê-los cuspir pelo seu rabo, aí você vai ver o que é diversão!
— Parece um homem... Que palavriado horrível para uma dama. Na-na-ni-na-não! Seus pais não te deram essa criação!
John Lennon solta outra risada, desça vez, ainda mais alta!
"– Veio andando calmo e sem medo,
ar aberto de amigo, e brando.
– Não veio desafiando a morte
nem indiferença ostentando.
– Veio como se num passeio,
mas onde o esperasse um estranho."
{***}
— Afonso você tem certeza disso que está me dizendo? — Pergunta Aloísio durante a ligação.
— Sim Chefe, estou sem palavras.
— Eles saíram pela frente do prédio, e você não percebeu?
— Não Chefe, foi na hora que Rafael foi ao banheiro!
— Vocês deviam ter ligado na hora que souberam!
— Ligamos Chefe, mas, deu fora de aérea.
— Puta merda! Você já sabe como ele enganou a todos?
— Ainda não sabemos. Mas, agora que o senhor já sabe, o que vai fazer? Vai contar a Medeiros?
— Não! Esse foi um golpe sujo de John Lennon! Ele não pode saber! Agora não!
{***}
— Pegou o texto? — Medeiros passa a mão no rosto, tirando o suor com a manga da blusa.
— Sim! Pesquisando! E tenho uma informação quente pra você, Aloísio está aí do seu lado?
— Não, ainda não. Está chegando. Mas, adianta conta logo.
— Opa, esse texto é de João Cabral de Melo Neto! Aqui está dizendo que o "Auto do Frade, de 1984, é uma poesia de fundo histórico falando sobre a vida e destino de Frei Caneca, condenado à morte em 1825 por estar envolvido na Confederação do Equador. Um poema para vozes, exemplo do teatro poético do autor."
— Ótimo, E irmão...
— Sim?!
— Obrigado e Te amo!
— Eu sei! Também te amo. Mas corra! Só temos quinze minutos. Tenho orgulho de ser seu irmão, mas vou no banheiro, estou urinando na calça. Afonso vai ficar na linha!
Medeiros sai correndo sentindo à frente da Faculdade de Direito do Recife. Liga a moto e sai a toda velocidade.
{***}
Rafael atravessa todo corredor chegando ao banheiro. Está orgulhoso consigo e da sua irmã. Fazem uma dupla e tanto.
Ele abre a torneira deixando suas mãos encheram com água corrente, para logo em seguida, lavar consecutivamente o rosto.
Depois, molha o cabelo, enxuga o rosto e sai do banheiro.
— Como está a investigação? — Rafael vira-se e encosta-se na parede. Seus olhos arregalados, vê na sua frente um fantasma. — Pela sua expressão, já descobriu tudo... Eu sabia que não iria ser inteligente lhe dar total acesso ao nosso servidor.
— Você não vai escapar dessa! — Rebate Rafael.
— Você acha que eu quero escapar? Eu me preparei para isso e você vem comigo.
— Você acha que vou deixar me levar sem lutar?
— Então, vou matar sua irmã! Não brinque comigo! Se há uma coisa que não faço é brincar!
Rafael, olha seriamente para seu oponente, e o segue.
Eles vão saindo do prédio.
— Como você me achou?
— As assinaturas da promissória de compra e venda do barco no cartório, são idênticas, com os mesmos traços, fora isso, você assinou como João Mendes Barbosa no lugar de Júlio Mendes Barbosa da Silva.
— Você é bom! Muito bom! Gastei a maior grana para encobrir tudo e sou pego numa inversão de assinaturas! Fazer o que?
Eles estão fora do prédio, quando Hércules vem na direção deles.
— Lembre-se de uma coisa, se não chegar com você em trinta minutos, se pelo menos, atrasar em cinco minutos, dei ordem para matar sua irmã! Estou sendo claro?
— Sim senhor!
— Pessoal, já vão embora? — Hércules, para os dois, buscando conversar.
— Não! Vamos ali comer alguma coisa e voltamos. — Responde Rafael.
– Só não vou com vocês por que tenho muito trabalho a fazer, identificando o que sobrou dos nossos amigos.
– Bom trabalho Hércules! — Fala Júlio Mendes.
— Boa noite! — Hércules, vira-se e vai entrando no prédio da polícia.
Eles se afastam mais um pouco, e Júlio/João parabeniza Rafael.
— Muito bom rapaz! Muito bom! A vida de sua irmã agradece!
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