33- Priscila
Esse capítulo foi inspirado escutando o albúm: Led Zeppelin IV (Deluxe Edition)
—Priscila! — Luana a chama quase sussurrando. — Pri! Fala alguma coisa! — Elas continuam amarrada, suspensas e vendadas.
— Falar o que? — Responde Priscila, perguntando. — Vamos morrer! Vocês não estão vendo?
— Não diga uma coisa dessa! — Repreende Luana. —A polícia está nos procurando.
— Nunca mais verei minha filha e meu marido! Isso é um fato! — A voz dela esta horrivelmente abalada.
— Priscila, você nem parece aquela menina positiva que conhecemos há quinze anos atrás.
— Luana, você está de sacanagem comigo? Por que só sendo! Não vamos sair vivas daqui!
— Amiga... Cala a boca, por que, senão consegue pensar positivo, pelo menos deixe sua latrina calada! — Isabel, fala movendo-se para trás, como se soubesse onde ela estava.
— Não vou calar a boca! Olha aonde uma mentira nos trouxe Isabel! — Respondeu Priscila. — Vamos morrer por causa daquela brincadeira! Detonamos a cabeça dele!
— Você acha isso Priscila? Se pensa assim, você está pior que ele! — Isabel, lamenta-se pela amiga, ao mesmo tempo que buscava força interior.
— E sabe o que é o pior? É que defendi crápulas iguais a ele!
— Duvido que seja igual a ele... — Fala Luana.
John Lennon entra no local e sai tirando a venda de cada uma.
Depois sai, coloca água nas taças de cada uma, e dá na boca delas.
Por último, levanta Caetano, o encosta na parede, coloca um canudo dentro da taça dele com água, aproxima-a da boca de Caetano para ele beber.
O rosto do economista esta desfigurado e com sangue pisado.
Ele não consegue enxergar pelo olho esquerdo que está totalmente fechado.
— Boa noite meus amigos! — John Lennon saúda a todos. A sua voz é fria e sem emoção.
Todos, calados, olham para John Lennon.
— A propósito doçura, — Ele se vira para Caetano. — O Douglas está morto! Não era para ter tirado o seu dedo e sim o de Priscila.
— Filho da puta! — Priscila xinga John Lennon, remexendo-se com ira.
— Priscila, poupe suas energias... Acredite, você vai precisar! — Ele tira o canudo da boca de Caetano e se senta na frente deles. — Hoje essa história acaba... Estamos indo para o terceiro e último ato.
— Medeiros não vai deixar você escapar! — Grita Luana.
— Nem pretendo! Isso tudo, faço, como uma imensa oferenda à minha deusa: A Morte! Foi ela quem não me quis, naquele tenebroso dia... Ela me tirou do mar, para oferecer dez vidas. Então sintam-se especiais, por que vocês são as cerejas do bolo!
— Vou ver você morrer! — Caetano, fala quase sem força.
— Entendam uma coisa... Não tenho medo de morrer. Estou morto numa carcaça há mais de dez anos, e meus executores estão aqui ou já os matei.
— Você... Está... Louco! — Priscila, fala como se tivesse bebido. Sente-se grogue.
John Lennon suspira, como se estivesse cansado.
— Vou contar a vocês como vai acontecer, acho que vocês merecem saber... É o tempo que o sonífero fará efeito, digo, acho que já está fazendo. Priscila, primeiro vou levar você... — Tudo fica misturado, zonzo, Priscila não consegue se concentrar.
A sala está girando.
Umas luzes vão passando... Ela está de cabeça para baixo. Alguém a carrega.
Sua mente começa a ter devaneios.
Priscila escuta o Professor Miranda falado com sua filha de 2 anos, Sofia, ela está estudando na Faculdade de Direito do Recife.
"Não entendo... Por que minha Sofia está na faculdade?" — Pensa ela, enquanto está sendo carregada.
Depois ela sente seu corpo sendo puxado para cima, está indo sentido as estrelas... Priscila, agora vê sua cara de felicidade, quando estava se casando com Alex... A música "The Battle of Evermore" está sendo tocada no seu casamento!
— Alex está lindo! — Priscila, vê o marido no altar... Ele com seus cabelos escuros, curtos e com olhos verdes a esperando com a mão estendida, a chamando.
Priscila não consegue tirar os olhos dele, sempre o achou muito para ela.
— Tenho sorte em ter você minha vida! — Balbucia para o nada.
Alex, está olhando para os seus olhos, o padre pede para eles fazerem seus votos!
— A sua casa será minha casa, a sua luz será minha luz, quando você estiver com frio, serei teu cobertor!
O mundo gira. Trezentos e sessenta graus.
— Prometo, — Ela continua se lembrando, pelo efeito psicotrópico, que corre em sua veias. — Sempre te amar... Não te deixar faltar nada. Te amar na riqueza e na pobreza. — Priscila, vai alternando as falas dela, Alex e do Padre.
— Sim... Sempre. Vamos. Nos amar. — Repete Priscila.
"Eu te amo e sempre te amarei!" — Sente um enjoo, enquanto está pesando, agora.
O mundo gira de novo!
— Que luz é essa? — Priscila, foi colocada num local, que consegue enxergar uma luz amarela.
"Meu amor aguente... Estamos chegando! Sofia está nascendo!" — Agora, sua mente lembra-se do nascimento de sua única filha.
— S-Sofia?! — Priscila, não está mais vendo sua filha, e sim, aquela imensidão verde a sua volta.
"Nossa menina está nascendo! Te amo!"
Choro de criança!
Mais enjoos.
"É uma menina saudável! Ela é linda!"
— Alex ela tem os seus olhos! Ela tem seus olhos verdes! — Priscila encara o céu escuro sobre sua cabeça.
"Ela está pesando três quilos!" — A mente vaga.
— Gordinha... Nasceu gordinha — Sorri e fala olhando para os lados, como quem conversa com outra pessoa.
"Estou orgulhos de você! Meu amor... Você é a melhor coisa que já me aconteceu!" — Sua cabeça dói.
— Você... É meu tesouro... Quero... Te... Contar...
"Não fale! Você acabou de voltar da cirurgia! Descanse!"
Sua cabeça gira duas vezes.
Uma para cima e outra para baixo.
"Nas discussões relativas às prisões e instituições totais destacam-se dois autores que por sua obra, tornaram-se referência para os estudiosos da Psicologia Criminal. São eles:" — Agora, sua mente vai buscar os tempos da faculdade.
— Michel Foucault e Erving Goffman, Professor Miranda.
"Muito bom Priscila! Certo!"
— Obrigado! — Ela sorri para o nada.
"Michel Foucault ensinou que não apenas se punem as agressões mas por meio delas as agressividades. Importa agora não apenas estabelecer que lei sanciona esta infração, mas verificar, também, até que ponto a vontade do réu determinou o crime. Assim, a medicina mental será chamada ao tribunal para decidir sobre a:
— Culpa e condições físicas!
"Acertou de novo! e Entre os princípios da Psicologia Criminal, inclui-se:
— A defesa do argumento psicopatológico para explicar o processo de formação do comportamento criminoso?
"mantém essa resposta?"
— Professor Miranda, sim! Sim... É isso mesmo!
"Você é minha melhor aluna!"
— Por que... Sou... Sua melhor... Aluna? — A fala de Priscila, vai ficando mais devagar e espaçada.
"Você não tem medo de errar!"
— Então não acertei?
O mundo faz outro giro, sente gosto ácido do vômito em seu paladar.
"Mamãe!"
— Meu... Amor... O que vocês está fazendo fora... Da cama?
"Quero te dar um beijo."
— Um beijo?!
"Você conta a história da chapeuzinho vermelho?"
— Sim... Era uma vez... Uma menina...
"Mãe, estou com medo!"
— Não tenha... Mamãe, está... Aqui... Sempre vai estar com você!
"Você sempre vai está comigo mamãe?"
— Sempre minha filha... Sempre... Vou... Estar com... Você...
"Mamãe, a senhora canta uma música?"
— Sim! Qual... a... Música... que você quer? — Priscila, arreia sua cabeça e sente a bater num piso duro.
"Atirei o pau no gato!"
Priscila sorrir
— Essa... Música... para dormir?
"Canta outra então..."
— Vai... Dormir... Nenê... Do... Meu... Coração... Não... Tenha medo do vento.
Outro giro e mais uma pancada na cabeça.
Priscila está amarrada, com o vento batendo no seu rosto.
O frio, faz seu corpo doer... mas, não consegue se acordar ou talvez, não queira e sim, está desejando morrer dormindo!
Sexta às 18:00
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