Capítulo Único: Não parecia...
Oi, oi, oi, gente!!! A comissão de hoje é um aniversário solidário!!!
Essa fanfic é um pedido que recebi através das comissões que eu abri pra incentivar o #BlackLivesMatter! Vou deixar no comentário desse parágrafo o post no twitter para que você possa entender melhor se tiver interesse, mas de uma forma geral, se você fizer uma doação eu escrevo uma fanfic para você!
PARABÉNS, PRA VOCÊEEEEEEEEEEE purelyjjk NESSA DATA QUERIDAAAAAAAAAA, MUITAS FELICIDADESSS, MUITOS ANOOOOOOOOS, DE VIDAAA!! Tudo de bom, na sua vida, Eli!!! Muito obrigada mesmo por ter pedido a comissão e por ser uma esposinha incrível <3 espero que goste da fific!
Boa leitura!
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Jimin tinha um pouco de dificuldade para acordar, sempre teve, na verdade. Os raios solares já haviam alcançado a cama de casal, incomodando suas pálpebras, como se insistissem que elas abrissem. Ele rolou pelo colchão, ocupando o lugar vago ao seu lado. Enterrou o rosto no travesseiro, sentindo o cheirinho gostoso e característico de seu marido impregnado, e aquilo só pareceu mais um convite confortável para que se acomodasse lá. E dormiu mais, lembrando de forma nublada e sonolenta o beijo que ganhou na testa de manhã.
Acordou de vez uns 15 minutos depois, passando tanto calor por causa do sol que começava a incidir no quarto que nem mesmo seu eu sonâmbulo ter livrado-se de todas as cobertas foi o suficiente para que refrescasse seu corpo. Murmurou baixinho para ele mesmo, virando de peito pra cima e tentando abrir os olhos pesados. Rolou até a borda da cama, empurrando as pernas para fora dela para que finalmente levantasse.
Sentiu todos os pelinhos do corpo nu arrepiarem-se ao tocar o chão gelado, tão contrastante perto da temperatura do corpo. Saltitou na ponta dos pés até o armário no quarto, puxando uma das gavetas, tirando um par de meias de lá com pressa e indo sentar-se na cama para vestí-las.
Ao afastar os pés do chão frio, Jimin começou a notar que a textura do tecido em sua mão, parecia... Diferente. Sem querer pensar no pior, desenrolou as meias e viu que, de fato, tinha algo de errado com elas. Elas foram... Assassinadas.
Brutalmente.
As fibras elásticas que compunham seu corpo estavam completamente partidas, até um pouco espetadas pra fora. O tecido tinha sido alargado de tal forma que não parecia ser mais capaz de voltar ao tamanho original. Jimin, por desencargo de consciência, vestiu a meia branca, observando o jeito deprimido que ela ficava frouxa e apática em seu pé. É, ela estava morta.
Mais uma.
Estava há tanto tempo de luto pelas meias que nem parecia um recém casado, feliz e cheio de energia. Mas Jimin nem poderia acreditar que Jeon Jungkook, o homem que amava, era tão impiedoso e cruel com suas peças de moda para pés... As juras de amor feitas durante o casamento pareciam ruir quando Jimin lamentava a morte de mais uma de suas preciosas meias.
Nunca poderia ter imaginado, de verdade. O casamento dos dois tinha tudo para dar certo, afinal, sobreviveram a uma república masculina juntos, o auge da desordem que poderia ser vivida por um universitário. E, ainda por cima, dividiam o mesmo quarto e não se mataram durante os tempos de faculdade! Definitivamente morar juntos após o casamento não deveria ser um desafio.
Jimin e Jungkook conheceram-se há exatos sete anos e três meses atrás, quando Jungkook mudou-se de cidade para fazer graduação em engenharia elétrica. Jimin já morava na república dos Porcos Loucos, estava no 4º período de Letras e definitivamente não queria dividir o quarto com um estudante de engenharia, achando que já tinha que lidar com macho demais.
Mesmo com o receio de Jimin sobre a mudança de Jungkook, eles nunca tiveram nenhum conflito, o calouro era tímido e arrumadinho demais para isso. Jimin até tentou iniciar umas brigas por conta própria, só pra ver o que acontecia — pela ciência, é claro —, mas o máximo que aconteceu foi Jungkook chorar e pedir desculpas sem ter feito nada, fazendo Jimin quase morrer de remorso e culpa. Definitivamente Jeon Jungkook, inocente daquele jeito, não parecia um assassino de meias. Jimin nunca teve a chance de reclamar de sujeira, fedor ou alguma coisa tipo... Jungkook largar alguma toalha molhada em sua cama; o calouro talvez nunca tivesse invadido seu espaço, como se respeitasse uma linha imaginária dividindo a área de cada um.
Bem, não tinha invadido até os dois começarem a namorar — em segredo — e arrastarem as camas de solteiro uma pro lado da outra para dormirem de conchinha a noite inteira, arrastando-as silenciosamente para o local de origem todas as manhãs a fim de não serem descobertos pelos outros Porcos Loucos. A quantidade de vezes que quase foram pegos se beijando timidamente na cozinha vazia de manhã, ou quando tomavam banho juntos no banheiro coletivo era grande, mas de alguma forma sobreviveram. A única testemunha dos toques dos dois por todos aqueles anos foi a gata da vizinha — Margarete Felpudinha —, que felizmente nunca contou pra ninguém que a república escondia dois pombinhos apaixonados.
Jimin sofria ao lembrar daquela época, porque Jungkook era tão fofinho... Tímido, quietinho e com um rostinho tão de bebê que dava para sentir o cheiro de leite de longe, um calouro de todas as formas possíveis. Até a forma que contava piadas baixinho em seu ouvido, com vergonha de outra pessoa ouvir, era adorável. Era até estranho pensar que ele se transformara no homem alto e seguro que apertou com força sua cintura enquanto puxava-o para um beijo no "altar" de seu casamento, três meses atrás.
Jimin sofreu de novo, porque as lembranças do casamento dos dois era incrível. Tinham o feito na beira da praia, afinal, ambos tinham vindo de Busan e compartilhavam o amor pelo oceano. Jimin até hoje não conseguia apagar a lembrança de seu marido no terno impecavelmente branco, os pés descalços afundados na areia e os fios negros fartos e originalmente arrumados há muito bagunçados pela brisa marítima gostosa... E o sorriso enorme que não saía de seu rosto, ah, Jimin era muito rendido por aquele sorriso. Definitivamente Jungkook, estonteante daquele jeito, não parecia um assassino de meias.
Lembrava claramente de como quase choraram fazendo seus votos, tão terrivelmente apaixonados que nenhuma palavra de amor parecia transparecer tudo que queriam passar um para o outro; juntos há tanto tempo que nada parecia ter a solidez da fortaleza de amor e cumplicidade que construíram. Tentaram passar aquilo no beijo intenso que deram quando o Juiz de Paz permitiu, mas também não parecia o suficiente. Bom era que tinham acabado de comprometer-se em compartilhar uma vida inteira juntos, quem sabe durante aquele tempo eles encontrassem um jeito bom o suficiente para expressar tudo aquilo que sentiam?
Lembrava de como foi estourar o champanhe importado que o irmão do Jungkook deu de presente de casamento, tomando um susto tão grande com o som da rolha saindo que suas mãos escorregaram pela garrafa e quase molhou ele mesmo e o marido ao seu lado. Quando a catástrofe foi evitada de vez, beijaram-se novamente, com o sabor do álcool borbulhante na ponta das línguas.
Também provou da boca de seu marido o doce do bolo branco e enorme que a sua mãe fizera, emocionada que só com o casamento do filho. Provou tantas coisas... A boca de Jungkook parecia dar um toque ainda mais especial nos prazeres palatáveis de suas vidas. Definitivamente Jungkook, dando beijos tão gostosos daquele jeito, não parecia um assassino de meias.
Cumprimentaram todos os convidados, comeram o buffet com eles e fizeram toda a burocracia antes de permitirem-se adentrar a pista de dança — um quadrado de areia contornado de flores brancas bonitas e caixas de som. Jimin lembrava claramente o jeito que sentia-se flutuar entre os braços de Jungkook. De como dançaram lentinho, colados um no outro, de olhos fechados e lábios tocando-se, tão intensamente conectados que o amor que compartilhavam em êxtase parecia surreal.
Lembrava de como Jungkook abraçava sua cintura, lembrava de como seus próprios braços encaixavam bem ao redor do pescoço do outro. Os hálitos que misturavam-se e trocavam juras de amor silenciosas enquanto balançavam de um lado pro outro, mergulhados em seu dia, em seu amor, acolhidos pelo som da música tranquila misturado ao das ondas que quebravam perto. Definitivamente Jungkook, apaixonante daquele jeito, não parecia um assassino de meias.
Também teve a lua de mel logo depois... Foram para Tóquio passar uns dias sem preocupações, só os dois. Sentiram-se acolhidos no país estrangeiro, mas talvez fosse a liberdade que sentiam em estar passando um tempo sozinhos, sem precisar esconder-se de outros meninos na república, sem pensar na incerteza que era assumir-se para a família e apresentar o melhor amigo da faculdade como namorado. Tudo já tinha passado e eram só eles ali.
Visitaram a Disney, encantando-se com as xícaras que giravam, as atrações grandes, as luzes coloridas que piscavam animadas, os fogos de artifício no final da noite... Ah, o jeito que beijaram-se enquanto os rastros de luz desenhavam o céu escurecido tinha sido tão lindo, tão gostoso. Lembrava-se tão claramente de todos os detalhes que parecia poder revivê-los toda vez. Definitivamente Jungkook, com os olhos grandes e brilhosos iluminados pelos fogos daquele jeito lindo, não parecia um assassino de meias.
Caminharam pela cidade inteira, exploraram restaurantes escondidos e compraram lembrancinhas bregas pros familiares. Mesmo chegando exaustos no hotel, sempre ganhavam energia quando mergulhavam na água pelando da banheira, afundados nos braços um do outro e acabavam deixando os lençóis da cama de casal quentes como as peles cheirosas de sabonete. Definitivamente Jungkook, com seus toques firmes e carinhosos daquele jeito, não parecia um assassino de meias.
Jimin não tinha, de verdade, como ter previsto aquele lado cruel do mais novo. Nunca dera nenhuma pista; o ludibriara com uma paixão perfeita e ardente, o conquistou com pequenos detalhes de amor, como os bilhetinhos fofos pregados na geladeira e até mesmo o café da manhã pronto na mesa de cabeceira quando acordava adiantado para o trabalho e tinha tempo para preparar algo. Bem que Jimin, ao cheirar casualmente o pé de seu marido um dia e perceber que ele não tinha chulé, suspeitou que deveria ter algo de errado com aquele homem.
Enfim, não poderia chorar por causa daquilo para sempre, então calçou a outra meia esgarçada, pegou uma cueca limpa e vestiu uma das blusa largas e cheirosas de Jungkook. Não colocou uma calça, — um dos privilégios de se trabalhar home office — então dirigiu-se apenas de cueca até a cozinha.
A falta de café pronto indicava que Jungkook tinha acordado atrasado para o trabalho aquela manhã, então provavelmente não tinha se alimentado direito também. Jimin botou uma água para esquentar e pegou um pedaço de queijo da geladeira, refletindo que aquela provavelmente era o 4ª atraso daquela semana, e ainda era quinta! Jungkook literalmente não acordou nenhum dia na hora, mas definitivamente também não dormiu, algum projeto crucial na empresa fazendo com que acumulasse as horas extras e perdesse as horas de sono.
Jimin refletiu que deveria preparar um café da manhã pro marido poder levar e comer no trabalho. Com certeza Jungkook, estressado daquele jeito, não fazia pausas para comer. Suspirou, um pouco preocupado, mas acabou abrindo um sorriso quando foi pegar o coador de café e descobriu um bilhetinho de "Bom dia, vida! Eu te amo!".
Decerto fora escrito com pressa, as letras mais emboladas, bem diferentes da caligrafia caprichosa de seu amor. Também não tinha nenhum dos desenhos fofos que seu marido adorava fazer. Jungkook vivia de deixar aqueles pequenos detalhes por aí. Sentiu-se quentinho por ser lembrado pelo marido mesmo que ele estivesse vivendo com tanta pressa nos últimos dias. E mesmo sendo um assassino de meias. Um assassino de meias bem fofo e carinhoso, mas definitivamente impiedoso.
Jimin terminou de passar o café e o tomou enquanto mastigava o pedaço de queijo em silêncio, apenas o som do trânsito lá fora se fazendo ouvir. Os olhos ainda estavam pesados de sono, mas o torpor anuviava aos poucos sob o efeito da cafeína.
Depois de comer, foi até seu escritório, sentando confortavelmente na cadeira ergonômica que tinha ganhado de presente do Jungkook — mesmo que insistisse que iria comprar sozinho. Como forma de vingança acabou usando o dinheiro que estava juntando para dar um PS4 pro marido — e botou a playlist favorita para tocar enquanto abria os arquivos que tinha que traduzir aquele dia. Ele seria longo.
Jimin tinha recebido uma recomendação muito boa de um cliente influente no último mês e, sinceramente, nunca teve tantos serviços na vida. Não que isso fosse ruim, claro, talvez pudesse até descolar uma air-fryer pro apartamento próximo mês. Normalmente traduzia artigos científicos do inglês e do japonês, mas conseguiu até mesmo alguns em francês de tantos pedidos que tinha.
Foi divertido, sentia falta de brincar com a gramática cheia de formas de escrever o fonema "ô" da língua estrangeira. Riu, lembrando de quando insistia em sair falando todas as línguas que conhecia por aí na época da faculdade, treinando a pronúncia. Era definitivamente muito engraçado o biquinho frustrado que Jungkook fazia ao não entender nenhuma de suas declarações românticas em francês. Realmente... Fazia tempo que não chamava o marido por Mon Amour.
Quando carregou todos os arquivos que pretendia traduzir aquele dia, foi até a janela do escritório, abrindo as persianas horizontais para receber um pouco de luz solar e vestiu os óculos que filtravam parte do brilho azul do monitor. Espreguiçou-se e sentou-se para trabalhar novamente, sentindo as meias frouxas escorregarem pelos pés pequenos enquanto digitava veloz em seu teclado.
🛀
A noite de quinta também não foi boa para Jungkook, que ainda parecia aflito com o trabalho. Jimin ficou muito preocupado mesmo ao ir pra cama de madrugada — assim como acordava tarde, ia dormir também — e encontrar o marido acordado. Puxou o maior para um abraço, fazendo com que as costas grandes e nuas repousassem contra seu peito.
— Acordado ainda, mon amour? — Jimin perguntou retoricamente, resolvendo matar saudades do apelido que havia recordado-se mais cedo. Beijou o ombro largo e cheiroso. Defitinitivamente Jungkook, agoniado e insone daquele jeito, não parecia um assassino de meias. Decidiu nem tocar no assunto.
— Só umas coisas no trabalho, vida, nada demais — o homem respondeu baixinho e permitiu ser acolhido no abraço e nos carinhos de seu marido e melhor amigo.
— Até parece... — Jimin duvidou, subindo o nariz pela nuca alheia e afundando-o nos fios macios. Quando Jungkook ficava vulnerável daquele jeito, parecia voltar a ser aquele jovem calouro inseguro que sempre ansiava em juntar as camas de solteiro e dividir as cobertas. Talvez Jungkook até tivesse amadurecido, mas nunca deixou de ser aquele menino doce. — Conta pra mim, vai.
— Você deve estar cansado. Trabalhou o dia inteiro, vamos dormir...
— Mas você não vai dormir — Jimin afirmou. Conhecia demais Jungkook para deixar ele safar-se com uma mentira porca daquelas.
— É a nova subestação que estão construindo... Tá dando um monte de problema, descobri que dimensionaram um monte de carga errado e não disponibilizaram o orçamento previsto para a adoção de uma tecnologia de supervisão dos transformadores, agora tá tendo um monte de retrabalho... E o prazo tá correndo.
— Não entendi nada, amor meu, mas tô ouvindo tudo — Jimin riu baixinho e Jungkook acompanhou, acariciando os braços que lhe enlaçavam.
— Que mentira, volta e meia você traduz artigos de física... E você sempre me ouve falar do trabalho...
— Shh... — Jimin pediu silêncio. — Ninguém precisa saber disso, não. Explica pra mim, o que é um transformador?
Jungkook deu uma risadinha baixa, percebendo que Jimin queria que falasse bobeirinhas e detalhes que gostava do próprio trabalho para que pudesse relaxar. Não entendia como o marido tinha tanta paciência em ouvir aquilo tantas vezes.
Virou-se na cama na direção de Jimin e puxou o marido pra cima do seu peito, querendo ficar coladinho nele. Deslizou as mãos pelas costas nuas e Jimin apoiou seus braços ao redor da cabeça de Jungkook para que pudesse beijar ele.
— Um transformador é um equipamento que serve para mudar os níveis de tensão sem perder muito a potência elétrica... — sussurrou entre os beijos.
— Nossa... Onde eu acho um transformador? — Jimin fingiu-se de sonso de novo.
— O mais perto tá no poste aqui da rua... Transforma a energia elétrica dos postes, que é enorme, pra a que tem nas nossas tomadas — murmurou entre os lábios de Jimin, que riu antes de mordiscá-los. — 127V ou 220V, normalmente... E é alternada, em formato senoidal, como se fossem ondinhas do mar...
— Ai, que dirty talk gostoso, amor... — Jimin brincou, achando engraçado o jeitinho que o tom manso da voz de Jungkook fazia ele derreter-se de amor. Não acreditava que era bobo por um homem falando de transformador e assassino de meias.
— Gostou? — Jungkook riu baixinho de volta, a voz travessa. Achava impressionante a forma que Jimin lhe deixava automaticamente mais leve, como sentia-se confortável pra fazer piadinhas novamente, igual na época que confessava-as apenas aos ouvidos do outro.
Jimin segurou as bochechas de seu marido e depositou um beijo longo nos lábios finos, antes de sapecar outros na testa e nas bochechas. Enquanto Jungkook sorria, saiu de cima do corpo grande do marido para não incomodar tanto, mas manteve a cabeça apoiada entre um dos ombros e o peito, o braço enlaçando a cintura fina.
— Vamos dormir, amor... — Jimin pediu baixinho, esperando que o mais novo estivesse mais calmo. — Deixei um sanduíche embalado na geladeira e passei um café na garrafa térmica, leve pro trabalho, sim?
— Estou me sentindo mimado... — Jungkook murmurou tímido sobre o carinho do outro. Talvez fosse muito bobo mesmo, porque qualquer coisa que vinha de Jimin faziam-no sentir-se tão amado que chegava a doer, mesmo que o outro sempre fizesse favores sinceros daquele jeito no relacionamento dos dois.
— Somos dois mimados — Jimin riu baixinho e acariciou a lateral do corpo do Jungkook, apreciando a pele quente e macia. — Amanhã já é sexta, só mais um pouquinho, amor...
— É verdade... — Jungkook suspirou aliviado, mesmo que soubesse que na semana seguinte tudo continuaria. — Boa noite, vida...
E, de fato, dormiram. E, novamente, Jungkook acordou bem na hora de sair de casa, e foi uma tortura ainda maior ter que tirar Jimin, adormecido de forma tão fofa, de cima dele. Seu ombro estava dormente e formigando por causa do peso do marido, mas era um preço baixo a se pagar em ter um descanso tão gostoso e tranquilo.
Zonzo de sono, Jungkook cambaleou pra fora da cama direto até o armário, vestindo uma das milhares camisas de uniforme que tinha e enfiando-se em calças jeans. Abriu a gaveta e, desequilibrando-se de moleza, os olhos ainda semicerrados, calçou as primeiras meias que viu pela frente.
Quase esqueceu de pegar o café da manhã que Jimin tinha preparado na madrugada anterior, apenas lembrando dele ao dar de cara com a garrafinha térmica em cima da mesa quando apoiou-se nela para deixar alguma mensagem bonitinha para quando seu amor acordasse. Feliz, o colocou com cuidado em sua mochila antes de correr para o trabalho.
Jungkook bem que pensou que chegaria melhor em casa, afinal, era sexta-feira e foram-se os dias que ele aceitava trabalhar nos finais de semana também. Era horrível para ele não ter nenhum descanso, e era horrível para o relacionamento com seu marido por simplesmente não terem tempo juntos. Mas apesar da promessa do descanso animá-lo, o dia foi ainda mais pesado do que o previsto.
E isso resultou que chegasse em casa arrastando os pés, largando a mochila perto da porta e jogando a camisa do uniforme longe enquanto caía de barriga no sofá da sala. Tentou gritar um "cheguei" para Jimin, mas este foi abafado pelo estofado do móvel.
Mesmo assim Jimin apareceu na sala no mesmo segundo, tendo ouvido a porta bater. Riu um pouco ao ver o jeito largado do mais novo no sofá, mas parte de si estava preocupada com a exaustão que ele transpirava. Sentou-se na ponta do móvel e inclinou o corpo para conseguir dar beijinhos na nuca exposta de seu marido.
— Sextou, amor... — falou baixinho enquanto deitava com cuidado em cima de Jungkook, colando lentamente seu peito nas costas nuas, apoiando o rosto entre as omoplatas. Era engraçado como o corpo de Jungkook parecia ser feito para abrigá-lo.
— Finalmente — Jungkook suspirou, sentindo confortavelmente o peso e o calor de Jimin sobre si. E suspirou mais alto ainda quando este sentou em sua lombar e começou a massagear com cuidado os músculos tensos de suas costas.
O mais novo fechou os olhos para aproveitar melhor aquilo, gemendo baixinho de dor quando Jimin tentava desatar algum nó mais insistente. Jimin, por outro lado, estava realmente muito preocupado com o mais novo.
Saiu de cima dele e, apenas com gestos, convenceu seu marido a levantar do sofá também, um tanto à contragosto, resmungando baxinho de forma manhosa. Jimin riu e beijou brevemente o seu bebê grande demais, pensando que fez bem em adiantar o trabalho e ter toda a noite livre para poder cuidar do outro.
Puxou Jungkook até o banheiro e começou a despi-lo sem pressa. Tirou a calça, a cueca e as meias — suas meias, mortas e esgarçadas. Jungkook correspondeu, deixando Jimin nu rapidamente apesar de o fazer com tranquilidade — um blusão e uma cueca não formavam lá o conjunto mais complicado de roupas.
Os dois entraram na banheira e Jimin enxaguou ambos rapidamente debaixo da água quente antes de fechar o ralo e deixar ela encher. Jogou uma bomba de sal de banho que tinha sobrado da lua de mel dentro d'água e sentou em um canto da porcelana limpa, estendendo e afastando as pernas.
— Vem, amor... — chamou Jungkook para acomodar-se no espaço entre suas coxas. — Só cuidado com as minhas bolas.
Jungkook riu, lembrando nostálgico da vez que o próprio Jimin tinha sentado um pouco afoito demais entre suas pernas, dando uma espremida em seus testículos. Chorou muito na hora, mas agora era engraçado.
Agachou com cuidado e sentou-se razoavelmente longe do marido, cheio de medo de provocar outro acidente. Jimin riu e puxou Jungkook contra seu peito, deslizando o mais novo com facilidade pela porcelana molhada.
E ficaram daquele jeito, abraçadinhos enquanto esperavam a banheira terminar de encher e sentiam a água quente, cheirosa e rosinha consumí-los centímetro a centímetro. Depois que Jungkook inclinou-se para fechar o registro de água, Jimin voltou a massagear os ombros tensos do maior.
Jungkook só deixou-se ser cuidado pelo mais velho, acomodando-se melhor em seu peito e entrelaçando seus braços nas pernas dele debaixo d'água. Suspirou baixinho enquanto sentia Jimin deixar beijos em seus ombros e nuca de vez em quando, como se não conseguisse manter a boca longe. E não conseguia mesmo, todos aqueles anos de beijos eram provas daquilo.
— Isso me lembra Tóquio... — mumurou Jungkook baixinho e relaxado. Só ele, Jimin e a banheira. Até o cheiro do banho era o mesmo, Jimin fez muito bem em trazer aquele kit de bombas de banho com eles.
— E você ainda disse que a gente não precisava alugar um apartamento com banheira... — brincou Jimin, apesar de estar genuinamente feliz com sua insistência.
— Você está sempre certo, vida... — o maior suspirou enquanto acariciava as panturrilhas de Jimin. — Queria voltar para lá, pena que a gente acabou de usar nossas férias...
— Vamos ter mais férias e mais chances, amor — Jimin consolou. — Enquanto isso, acho que dá pra gente aproveitar a banheira aqui de casa.
— Verdade... — Jungkook sorriu.
Sinceramente, o mais novo estava sentindo-se tão feliz e confortável ali, na banheira com Jimin, que o resto do dia estressante parecia completamente longe de si. E, novamente, nem conseguia colocar em palavras a sorte que era ter o marido ao seu lado, o jeitinho que ele fez questão de recriar a lua de mel... Era tão maravilhoso quanto ela própria foi, apesar de diferente. Novamente Jimin estava certo.
— E como foi seu dia, vida? — Jungkook perguntou e, ao refletir melhor sobre aquilo, continuou. — Você não deveria estar trabalhando?
— Ah... Adiantei tudo que estava com o prazo apertado já, queria sextar com você — explicou e Jungkook sorriu tímido com o carinho de seu marido. — Preparei até o jantar... Só precisa colocar no forno para reaquecer.
— Sério? — Jungkook perguntou animado entre um gemido de dor por causa de um aperto mais forte de Jimin em seus músculos. — O que você fez?
— Ah, só peixe, purê de batata e salada. Tenho certeza que não comeu o dia inteiro e fiquei com medo de algo mais elaborado ser agressivo demais.
Jungkook ficou quieto e baixou a cabeça envergonhado porque era verdade... Tinha comido apenas o café que Jimin fez e um biscoito que ofereceram-lhe no meio do dia. A verdade era que seu estômago parecia nem sentir mais nada de tão vazio que estava. Jimin riu com o jeitinho tímido e arrependido do seu marido.
— Não queremos que aconteça terceiro dia em Tóquio parte dois — completou, querendo deixar o clima mais leve e que o marido risse. — Podemos nos contentar só com a banheira.
E deu certo, Jungkook gargalhou alto com a lembrança, agora que era distante. Definitivamente, comer besteiras o dia inteiro por dois dias completos em um país estrangeiro não era a melhor das ideias para um intestino. Mas bem, aproveitaram muito a comida enquanto resistiram.
— O único defeito daquele quarto de hotel era não ter duas privadas — Jungkook refletiu. — Um grande erro arquitetural.
— Ah, amor, acho que arquitetos não costumam considerar caganeira sincronizada na hora de desenhar uma planta.
— Você pega leve desse jeito porque quem teve que cagar no banheiro coletivo do hotel fui eu — Jungkook fez uma carinha de bravo e virou-se de leve para encarar o marido nos olhos, mas estava morto de vontade de rir.
Jimin derreteu-se de amor de novo, o biquinho teimoso no rosto do marido lembrando-lhe novamente de quando ainda estavam na faculdade. Jungkook era tão carente e mimadinho na época, sempre mostrava aquele bico quando Jimin não podia dormir com ele para estudar para alguma prova... Ou quando começaram a passar menos tempo juntos porque tinha que estagiar.
E era engraçado, porque estressou-se com a carência do mais novo na época, mas ficou exatamente do mesmo jeito quando Jungkook, percebendo que tinha que ser menos dependente e tocar a própria vida sem Jimin, entrou em uma equipe de competição de carros elétricos. O estudante de Letras simplesmente detestava a época de competições, primeiro que Jungkook ficava uns cinco dias fora, segundo que o namorado nem conseguia dar um sinal de vida por mensagem direito, os dias corridos demais e até os horários de descanso sendo ocupados por cochilos intermitentes interrompidos por momentos de ajustes no carro. E pior: nem quando voltava Jungkook estava disponível, tendo que repor provas e matérias que perdia com aqueles carros malditos.
Sofreram um pouco para aprender a lidar com os outros detalhes da vida do outro que não consistiam em seu namoro, mas uma hora a maturidade veio, só precisaram insistir juntos. Insistir e não esquecer do quanto amavam-se.
Também tiveram que aprender sobre os valores um do outro. Jimin irritava-se demais com o jeito que Jungkook insistia que ele comesse no café da manhã, parecia uma avózinha chata. Isto é, até entender que a irmã mais nova dele já tinha desenvolvido distúrbios alimentares horríveis por causa de dietas estranhas. Continuava detestando tomar café, mas comia pelo menos uma fruta ou um pedaço de queijo para acalmar o marido.
Era estranho como uma simples expressão brincalhona de Jungkook conseguia despertar tanto amor dentro dele. Talvez tivessem lembrança demais juntos para simplesmente ignorar aquilo. Provavelmente o biquinho manhoso no rosto tão maduro, tão adulto de Jungkook o deixasse nostálgico, porque lembrava como se fosse ontem o mesmo biquinho contornado por traços infantis.
— Ai, ai, Jeon Jungkook, fofinho desse jeito nem dá pra acreditar que você é um assassino de meias, meu amor — Jimin deixou seus pensamentos falarem mais alto e deixou um selinho desajeitado no tal biquinho, a posição deles ruim para aquilo.
— Sou o quê? — Jungkook perguntou de volta, confuso.
— Um assassino de meias — o mais velho riu e decidiu trazer aquilo à tona antes que ficasse sem meia nenhuma. — Você matou todas as minhas meias.
— Matei? — Jungkook colocou a mão na boca, horrorizado, mas logo a expressão tornou-se pensativa. — Quando que eu fiz isso?
— Durante o último mês inteirinho.
— Mas eu não lembro... Como eu fiz isso? — Jungkook só parecia ficar mais confuso e Jimin riu alto porque, porra, amava muito aquele homem, mesmo que ele destruísse suas meias.
— Pega as meias que você usou pra eu te mostrar. — Apontou as roupas largadas no chão claro do banheiro deles. Jungkook obedeceu, levantando um pouco da banheira e inclinando-se para fora para alcançá-las. Jimin, ao ter a bunda nua do marido bem na sua cara, gargalhou e deu uns tapas nela e uma mordida fraca, só para irritar. Jungkook, concentrado em achar as meias naquela posição toda torta, resmungou baixo.
Quando Jungkook conseguiu alcançar o que queria, sentiu as mãos molhadas de Jimin em sua cintura ajudando-o a sentar-se novamente na banheira em segurança. Novamente acomodado e quentinho na água e entre os braços de seu marido, Jungkook passou a meia pras mãos de Jimin, que apoiava seu queixo em um dos ombros do seu marido.
— Tá vendo isso? — Mostrou os fios de elástico todos para fora. — É o que sobrou da alma das minhas meias.
Jungkook notou mesmo, com a meia tão perto de seu rosto, que o tecido estava um tanto quanto transparente e o formato estranho. Fez um biquinho, tentando entender o que tinha acontecido.
— Mas eu só calcei normal...
— Esse é o problema, amor... Você enfiou esse teu pé de pato nas minhas meias, nunca que elas iam resistir a tamanho arrombamento.
— Ah! — Jungkook pareceu entender. — Desculpa, eu só pego a primeira meia na minha frente quando acordo de manhã... Elas são todas brancas, não consigo diferenciar qual é minha e qual é sua.
— Você está culpando a vítima, é? Você mata elas e acha que elas serem brancas justifica essa atrocidade? A piada de morte ao branco colonizador foi longe demais... — Jimin devolveu, brincando, Jungkook começou a rir.
— Desculpa ter matado elas... — Jungkook fez um biquinho tristonho, sentindo-se triste por ter estragado algo do Jimin. Será que deviam usar gavetas separadas, que nem quando ainda eram Porcos Loucos?
— Ouvi dizer que desculpas não significam nada em um crime desses, você vai ser punido com prisão perpétua. — Jimin jogou a meia longe de novo e abraçou o marido com mais força, o prendendo entre os braços. — Vai ser obrigado a passar o resto da vida preso em mim.
— Oh, não! Que destino horrível! — Jungkook entrou na brincadeira, fingindo tentar se livrar do abraço. — Por favor, Sr. Jimin! Tenha piedade de mim!
— Vou pensar no seu caso, jovem cruel e insolente. — Mordeu a orelha já vermelha por causa da água quente de Jungkook, sentindo-se jovem e bobo, como sempre ficava com o seu amor.
— Mas agora sério... — Jungkook parou de rir um pouco. — Me desculpa pelas meias, vou comprar outras. Mas como vamos fazer? Usar meias de cores diferentes ou separar as gavetas?
— Você poderia notar que a meia não é feita para caber no seu pé também... — sugeriu, rindo.
— Juro que de manhã eu nem noto que as meias foram feitas para caber apenas em seus pézinhos preciosos, Cinderela... — Jungkook explicou enquanto massageava um dos pés pequenos e agora enrugadinhos do banho debaixo d'água. Jimin suspirou fraquinho, aproveitando para apoiar o rosto nas costas largas do marido, os braços que rodeavam a cintura descansando nas coxas fortes.
Talvez aquilo não tivesse dado tão certo se Jimin não fosse tão flexível, mas Jungkook abaixou um pouco o tronco e puxou um dos pés do marido para fora d'água. Deixou um beijo levinho no peito dele, rindo que realmente era muito pequeno, parecia um pãozinho.
— Fetiche em pé, é? — Jimin provocou, sentindo-se um pouco envergonhado com o carinho diferente. — Essa é nova, amor.
— Você é podre demais, vida — Jungkook bufou enquanto mergulhava o pé de novo na água, continuando a massagem. — Eu só estava sendo romântico e você metendo fetiche no meio...
— Ih... Tenho certeza que os fetichistas sentiram-se ofendidos agora... — Jimin provocou novamente e Jungkook revirou os olhos, bufando. Ainda bem que estava acostumado com os mecanismos de defesa do marido e que sabia que a problematização e deboche apenas serviam pra esconder vergonha.
Como era muito difícil mesmo olhar o marido naquela posição sem ter um torcicolo, Jungkook virou o corpo, precisando apoiar-se nas mãos e nos joelhos para equilibrar-se antes de aproximar de Jimin, que só assistia ansioso o que o mais novo estava tramando. Jungkook engatinhou devagarinho até Jimin, tomando cuidado para não fazer com que a água transbordasse, puxando o rosto do marido para um beijo que queria dar desde que chegara exausto em casa.
Jimin, como sempre, pôde apenas entregar-se àquele beijo, àqueles toques. Afinal, amava o jeito que as mãos grandes acariciavam sua mandíbula com os polegares mesmo segurando sua nuca com possessão e embrenhando os dedos no cabelo úmido. Amava o jeito que as línguas arrastavam-se de uma forma tão familiar, compartilhando o seu próprio calor. Amava o jeito que os lábios de Jungkook sabiam, após anos de pesquisa, como enlouquecê-lo.
Espalmou as mãos no peitoral largo de Jungkook, entregando-se mais e mais ao beijo e aproximando-se do marido. Empurrou de leve o mais novo, fazendo com que ele sentasse no fundo da banheira antes de buscar seu colo e acomodar-se nele, necessitando sentir mais do corpo de Jungkook contra o seu.
— Te amo, implicantezinho... — Jungkook suspirou após o beijo, descendo vários selinhos pela pele molhada e cheirosa do pescoço de seu marido. Deixou as mãos descerem pelas costas do outro, acompanhando a linha da coluna, até repousá-las em sua lombar. Jimin suspirou baixinho com os toques, amava a devoção que Jungkook tinha com seu corpo.
— Desculpa... — riu sem graça ao perceber que usara do deboche para fugir de sua vergonha de novo. Achava que tinha melhorado naquele hábito ruim. Subiu suas mãos do peito do outro até os ombros e as costas, enlaçando seu pescoço. Inclinou-se na direção do marido para deixar mais um beijinho em seus lábios. — Também te amo, boiolinha romântico.
— Sou — Jungkook não negou, mordiscando os lábios de seu amor antes de ir descansar a cabeça no ombro dele, sentindo seu corpo ainda mais mole de cansaço do que antes, completamente tomado pela água quente. — Amor... Não sei se aguento hoje.
— Shh... — Jimin acariciou os fios molhados de seu marido, ninando-o e abraçando com mais força. — Sei que está cansado...
— Desculpa... — Jungkook murmurou baixinho contra o ombro alheio, sentindo-se chateado agora.
— Shh... — Jimin virou a cabeça para tentar ficar mais perto ainda do ouvido do marido, falando baixinho e pausadamente. — Nunca foi o plano, meu amor... Vamos terminar nosso banho, jantar, abrir o sofá, pegar os edredons lá da cama e assistir um filme no escuro emboladinhos até dormirmos... O que acha disso?
— Gosto... — murmurou manhoso, sentindo-se novamente mimado pelo marido e Jimin riu baixinho.
Lavaram o cabelo um do outro com cuidado, ensaboaram-se e enxaguaram tudo enquanto deixavam a água rosinha da banheira minguar aos poucos pelo ralo. Jimin riu ao ser envolto em sua toalha junto com o abraço de Jungkook, o enlaçando com outra toalha também. Riram, porque sabiam que eram bobos demais daquele jeito, mas não importavam-se também.
Foram até o quarto pegar roupas limpas no armário. Jungkook seguiu a etiqueta de Jimin e vestiu-se com uma cueca e um blusão também. Jimin tratou de entregar a Jungkook um par de meias do tamanho certo, tentando poupar as próprias e o mais novo riu envergonhado. Enquanto o tradutor ia até a cozinha começar a esquentar a comida, Jungkook tratou de pegar os edredons felpudos da cama de casal e levar até o sofá da sala, abrindo o móvel. Ligou a TV e acessou a Netflix, olhando o catálogo de filmes até Jimin lhe chamar para comer.
Comeram quietinhos, mas encarando um ao outro com devoção. Talvez os dois não acreditassem de verdade que eram casados e que compartilhavam uma vida um com o outro. Admiravam-se tanto que ficavam bobos com a visão de seu amor, e em como o coração acelerava quando embolavam as pernas debaixo da mesa mesmo com tantos anos de relacionamento.
Deixaram a louça pro dia seguinte, afinal, já estavam cansados e só queriam poder aconchegar-se um no outro no sofá. Jungkook foi o primeiro a deitar, esticando seus braços pro Jimin, querendo ajeitá-lo contra seu corpo que nem nos velhos tempos. Jimin riu, nostálgico, antes de enfiar-se entre os braços e as pernas de seu marido, tão quentinho. Puxou o cobertor sobre eles enquanto Jungkook dava play em um filme aleatório.
O tradutor mergulhou no peito de seu amor, apreciando o cheirinho que só Jungkook tinha, mesmo que tivessem tomado o mesmo banho e usassem os mesmos produtos. Ele era tão quente também... Era o melhor lugar do mundo.
Como sempre, assistiram o filme bem mais ou menos, eles distraíam-se demais um com o outro. Com beijos, carinhos, conversas aleatórias. Eles sempre passavam muito tempo conversando, talvez ficassem com saudades demais durante os dias corridos da semana e sentissem a necessidade de compensar isso de alguma forma depois.
— Então... Gavetas diferentes? Ou eu compro novas cores de meia? — Jungkook lembrou do assunto das meias.
— Não quero usar gavetas diferentes — Jimin resmungou manhoso, ainda espremido contra o peito largo de Jungkook —, a gente não evoluiu de quarto da república para apartamento próprio pra usar gavetas separadas.
— Mas mesmo com gavetas separadas a gente ainda aluga nosso próprio apartamento... — Jungkook retrucou, rindo do marido. Sem aguentar, deixou um beijinho nos fios negros e quase secos do banho. Jimin era tão cheiroso...
— E daí? Pela gaveta compartilhada eu dou a vida — deu seu ultimato e Jungkook, que não era bobo nem nada, concordou.
— Então meias de cores diferentes? — Jungkook ponderou antes de afetar a voz e enfiar o rosto no pescoço de Jimin. — Posso te comprar aquelas meias felpudinhas com desenho de bichinhos de bebê pra você... Já que nossa Cinderela tem pézinhos de pãozinho delicadinhos...
— Para de agir como se o problema fosse o meu pé, não o seu! — Jimin reclamou, mas começou a rir com as cócegas que sentia ao ter a respiração de Jungkook em seu pescoço.
— Quando que eu disse que o problema eram seus pés, vida? — Jungkook desapoiou Jimin do próprio peito e fez com que ele deitasse para que pudesse segurar os seus pés novamente.
Tirou uma das meias e começou a deixar vários selinhos na sola do pé, vendo Jimin quase chorar de rir de tantas cócegas que estava sentindo. Jungkook talvez morresse de fofura, porque amava o jeito que Jimin era pura espontaneidade e alegria debaixo de sua camada de deboche e a tão dita e desenvolvida maturidade. Gostava de quando Jimin podia ser menos o veterano que lhe protegia e ajudava na faculdade e na república, o que tinha que ser o sensato e adulto da relação; e mais o homem brincalhão que era. Gostava de saber que Jimin tinha a liberdade de mostrar suas outras faces consigo.
Parou de fazer cócegas, passando os beijos para o peito do pé. Parou apenas para buscar os lábios de Jimin novamente, apaixonado, mas o marido rolou para fora de seu alcance, rindo.
— Credo, amor, não vem me beijar com essa boca de pé, não! — reclamou entre as gargalhadas, lançando um olhar travesso.
— Mas é o seu pé! — Jungkook devolveu e, sabendo que argumentar com Jimin não daria certo, fez uma cara de coitado. — É um pãozinho macio e gostoso. Tá duvidando da limpeza do próprio pé?
— Eu não, lavei com muito carinho — respondeu, fazendo uma cara convencida, mas observando ansiosamente Jungkook aproximar de si engatinhando.
— Então tudo certo... — Jungkook apoiou os braços ao redor da cabeça de Jimin. Com uma das mãos, acariciou os fios negros do marido para trás antes de apoiá-la novamente no estofado do sofá e abaixar-se para finalmente beijar Jimin. Não que já não tivesse beijado incontáveis vezes.
Beijaram mais um tanto e Jungkook finalizou com um beijinho de esquimó antes de deixar-se cair do lado de Jimin e puxá-lo para uma conchinha. Os dois buscaram as almofadas e cobertores novamente para ajeitarem-se e até mesmo lembraram-se do filme que tinham colocado para passar na TV, rindo com a própria distração.
Foi a vez de Jungkook apreciar o cheirinho da nuca de Jimin, ou pelo menos até cair no sono, que não demorou muito. Jimin, ao perceber que o marido dormiu, refletiu que ele realmente estava muito cansado. Ficou feliz que Jungkook pôde descansar depois de um dia tão longo, então apenas acomodou-se melhor entre os braços fortes e tentou acompanhar, confuso, o filme que já não estava entendendo a narrativa por ter perdido pedaços demais antes de cair no sono também.
Incrivelmente, quem acordou primeiro no dia seguinte foi Jungkook, então quando Jimin teve que rolar pra fora do sofá para despertar de fato, o cheiro do café da manhã impregnava a cozinha e chegava até a sala, que era ao lado. O tradutor percebeu, um pouco emburrado, que teria que comer mais do que o normal naquela manhã para deixar seu marido tranquilo. Mas, de fato, o cheiro estava muito gostoso.
Com os olhos ainda quase fechados, arrastou os pés de mansinho pelo assoalho até chegar em seu marido, abraçando-o por trás. Jungkook riu com a moleza de Jimin de manhã — não que ele ficasse muito diferente quando não tinha horas de sono suficientes — e desgrudou o menor de si para dar um beijo.
— Eu tô com bafo, credo — Jimin resmungou, a cara ainda amassada de sono, o que só fez Jungkook ficar mais doido de vontade de beijar. Distribuiu selinhos pelas bochechas fartas e nas pálpebras estufadas antes de repetir o contato entre as bocas. Depois de cinco anos já era vacinado contra bafos matinais.
— Estou fazendo uma sopa de broto de feijão — explicou, sorrindo. — Sei que você não gosta comer muito de manhã, então resolvi fazer algo mais leve...
— Grato. — De fato, se fosse comparar com a casa em que Jungkook fora criado, aquilo era pouca coisa. Lembrava da tortura que era comer o vasto café da manhã tradicional coreano que a sogra preparava quando visitava-os. Era muito gostoso, mas Jimin realmente não conseguia comer direito de manhã sem ficar com asia pelo resto do dia.
Jimin, manhoso, abraçou o mais novo apertado novamente. Era tão bom passar o dia com o marido daquele jeito... Amava finais de semana e sempre usava-os para matar aquela saudades que ficava ao não ter o marido presente no dia a dia. Jungkook abraçou de volta, feliz com o carinho sem muitos motivos.
— Comprei meias novas para você também... — Jungkook contou, rindo. — Todas coloridinhas com frutinhas bordadas... Uma gracinha.
— Tá me infantilizando, hein, Sr. Jungkook? — Jimin provocou, com uma carinha de bravo. Mas na verdade ele bem gostava de coisas bonitinhas, ainda mais para usar em casa, seria aconchegante.
— Estou nos infantilizando, Sr. Jimin, comprei pares novos de super-herói pra mim — riu, soltando-se do abraço porque a sopa parecia pronta. Jimin continuou agarradinho em sua cintura, olhando a sopa de forma curiosa sobre os ombros do marido. — Acho que com isso a gente resolve o problema das meias, não é possível que eu não consiga diferenciar um pêssego do Hulk, mesmo com sono.
— Isso, vai, esquece as vidas que você tirou... — Jimin debochou, afastando-se do abraço e indo pegar uma xícara de café ao ver que Jungkook começava a servir a comida. — Aquelas meias tinham família, Jungkook!
Abriu o armário e puxou a primeira caneca que viu para fora, uma amarela. Porém, ela escorregou entre seus dedos, estilhaçando-se no chão. Jimin bufou, cheio de ódio porque teria que coletar os cacos, varrer e embrulhar em camadas de jornal para que ninguém se machucasse depois de jogar fora. Era trabalhoso demais!
Pelo menos daquela vez Jungkook estava ali e o marido, preocupado, veio acudi-lo junto a um par de chinelos para que não pisasse nos cacos. Até que com a ajuda dele, não foi tão demorado assim e logo Jimin já estava sentado na mesa, comendo a sopa ainda quente.
Jungkook, por sua vez, levantou-se para terminar de fazer seu chá— não gostava muito de tomar café aos finais de semana — e foi colocar no bule a água da chaleira que indicava ter terminado de ferver. Observou satisfeito o vapor quentinho da água fazer desenhos no ar antes de esvair-se enquanto enchia a porcelana.
Foi até o armário buscar uma xícara para tomar seu amado chá, mas... Só tinha uma ali. Jungkook tinha muita certeza que quando ele e Jimin haviam mudado para o apartamento eles possuíam um total exato de sete xícaras.
— Vida... Você é... — chamou o marido que tomava a sopa de forma adorável, o rostinho ainda amassado de sono, os olhos inchados e os fios negros bagunçados. Lindinho daquele jeito, Jimin não parecia — um assassino de xícaras?
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Bem, espero que tenham gostado da chuva de boiolice dos jikook casadinhos aaaaaaa!! Muito obrigada por todo mundo que leu <33
E, novamente, mil vezes obrigada à purelyjjk por ter pedido a comissão! Espero que tenha gostado do presentinho que você se deu de aniversário shaushusah
Beijinhos de luz e até mais!
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