Phoenix
"Ninguém ainda sabe se tudo apenas vive para morrer ou se morre para renascer."
1790
No contexto da segunda partilha da Polônia, alguns homens influentes da sociedade decidiram se unir e formar uma aliança secreta e exclusiva. Eles não concordavam com Ignacy Potocki, que queria fazer um acordo com o Reino da Prússia, e por receio de que houvesse uma intriga política, se mudaram para a Inglaterra.
A Aliança, que se expandia entre a elite inglesa, se fortalecia graças aos bens que os membros doavam como garantia de confiança. Aqueles que violavam esse pacto, eram eliminados e apagados da história.
Os membros originais, que se tornaram cidadãos ingleses para ocultarem suas verdadeiras origens, se transformaram nos Reais.
A Aliança, agora, tinha uma hierarquia, dividida em três níveis. No topo, estavam os Reais, formados pelos sete membros fundadores. No meio, estavam os Venatias, formados pelos nobres mais ricos da Inglaterra e arredores. E por último, os Hungers, que eram os diplomatas, clérigos e estudiosos da época, que cuidavam dos tesouros subterrâneos.
Os Hanovers, agora como eram chamados, eram uma sociedade secreta que buscava o poder e a influência sobre os demais países, especialmente a França, que estava em plena Revolução. Eles tinham conexões com o Rei George III, que os apoiava em troca de informações e favores.
Em um encontro de líderes e mestres, o grupo se reunia em um condado próximo, mas fora da Inglaterra. Eles discutiam as estratégias adequadas para a expansão inglesa, e as estratégias de defesa necessárias, além de calcularem as chances e de criarem planos alternativos que deveriam ser implementados em cada continente.
Só poderiam entrar aqueles que herdassem as devidas honras, caso contrário, os herdeiros desonrados eram expulsos da elite inglesa e exilados para outros países europeus. Mas sempre, com a vigilância requerida. E, destacando que, a maioria deles definitivamente ignoravam a existência de tal grupo.
Poderiam facilmente perder tudo em um jogo de cartas, ou um incêndio fatal que também custasse a vida de alguns, entre várias outras situações.
Em um dos conselhos, foi estabelecida uma nova divisão internacional. Deveriam ser formados subgrupos de Hanovers para cada região, facilitando o comando geral sobre os diversos reinos e países.
Através de comunicações por correspondências, foram-se distribuídos milhares de grupos por toda extensão mundial. Os Reais, comandariam da Inglaterra, enquanto os Venatias e Hungers seriam recrutados nas demais regiões.
Em uma noite chuvosa, um subgrupo chegou ao Condado de Lash. Eles tinham uma missão: monitorar e controlar tudo o que acontecia naquele pequeno povoado, que guardava um segredo antigo e fascinante.
Os membros se alojaram em uma mansão deserta, no topo de uma colina, de onde podiam ver toda a vila. Vestiam roupas finas e elegantes, máscaras de metal e na maioria do tempo andavam encapuzados. Possuíam armas avançadas e aparelhos enigmáticos, que lhes permitiam escutar e ver tudo o que os moradores faziam e falavam.
O grupo não se relacionava com os habitantes do condado, que os temiam e os detestavam. Eles só saíam da mansão à noite, para executar suas operações secretas e até rituais, já que estavam dispostos a tudo para desvendar e dominar o poder que se ocultava ali.
Comandado por John Wargrave, um nobre da região, eles se isolavam ao máximo da população por diversos motivos, entre eles, o sigilo e a proteção de seus próximos passos. Por isso, os Hanovers viviam em uma mansão abandonada, longe dos olhos curiosos e hostis. Mas eles não estavam satisfeitos com essa situação.
Seguindo as ordens dos Reais, eles tinham um plano: infiltrar-se e recrutar outros nobres, clérigos e estudiosos que estivessem dispostos a se juntar a Aliança. Eles sabiam que havia alguns deles na região, mas não sabiam exatamente onde ou quem eram.
Os grupos, espalhados por todo continente, teriam que ser cuidadosos e discretos, pois não queriam chamar a atenção dos espiões do Rei Luís XVI, que também estavam à procura dos fantasmas da noite, como ficaram "popularmente" conhecidos. Wargrave tinha um plano: ele usaria sua habilidade de persuasão e carisma para enviar convites aos seus potenciais aliados, esperando que eles respondessem esperando que eles reconhecessem o símbolo dos Hanovers, uma águia dourada, que seria gravada nos envelopes. Ele também esperava que eles fossem ambiciosos e leais, pois a luta que os esperava seria difícil e perigosa.
Com a nova mudança, os membros selecionados passariam por uma fase teste comandada pelos Reais. Nessa etapa, os membros recebiam instruções sobre os objetivos, as regras e os riscos da Aliança, e eram testados em suas habilidades, lealdade e ambição. Os Sete Reis queriam garantir que os membros fossem capazes, confiáveis e alinhados com os interesses da Aliança. Aqueles que passavam eram enviados para os seus destinos, onde se juntavam aos grupos locais. Aqueles que falhavam eram eliminados ou aprisionados, dependendo da gravidade do seu erro.
O grupo, assim como os demais, conseguiu se integrar à população e se tornar indetectável para seus perseguidores ao longo dos anos graças à sua habilidade de adaptabilidade e de infiltração nas mais diversas esferas da sociedade. Eles utilizaram seus recursos, seus contatos e seus conhecimentos para se passarem por pessoas comuns, mas que exerciam influência e poder sobre os demais. Também empregaram suas tecnologias e seus rituais para se comunicarem entre si, sem deixar rastros ou suspeitas. A Ordem permaneceu fiel aos seus objetivos e à sua hierarquia, mas também soube se renovar e se atualizar conforme as mudanças históricas e culturais. E foram capazes de sobreviver e prosperar em meio a guerras, revoluções, crises e transformações. Eles foram mestres da manipulação, da conspiração e da ocultação, eles foram os Hanovers.
Em 2023, o grupo ainda estava em atividade, ainda comandado pela elite da sociedade. Eles haviam se expandido para todos os continentes, e possuíam membros em posições estratégicas de governos, empresas, mídias, religiões, organizações e movimentos sociais. Controlavam e observavam tudo o que acontecia no mundo, e tinham planos para o futuro. Agora eram conhecidos como Phoenix, a aliança secreta e poderosa que ninguém conhecia, mas que de alguma forma todos respeitavam.
Um dos seus planos era promover a paz mundial, que lhes permitiria cooperar com seus aliados e negociar com seus adversários. Eles tinham infiltrado agentes em diversos países, que incentivavam o diálogo, a cooperação, o desenvolvimento e a sustentabilidade. Eles também tinham acesso a tecnologias inovadoras, que estavam dispostos a compartilhar quando fosse o momento certo. Eles esperavam criar um consenso global, que lhes daria a oportunidade de liderar a humanidade, oferecendo uma nova ordem mundial, baseada na sua visão e nos seus interesses.
Mas eles não estavam sozinhos nessa busca pelo progresso. Havia outros grupos secretos, que também tinham seus próprios objetivos e recursos, e que estavam dispostos a colaborar ou competir com os Phoenix. Entre eles, estavam os Illuminati, os Templários, os Maçons, os Rosa-cruzes, os Skull and Bones, e muitos outros. Eles também tinham membros influentes, tecnologias avançadas, e planos ambiciosos. Também sabiam da existência dos Phoenix, e tentavam se aliar ou se diferenciar de seus planos e tentavam se relacionar entre si, buscando parcerias, traições e vantagens.
Assim, o mundo estava à beira de uma revolução secreta, que poderia mudar o destino da humanidade. E ninguém, exceto os envolvidos, sabia o que estava acontecendo por trás das cortinas, ou poderia contribuir ou participar dessa revolução. E apenas os envolvidos, poderiam prever ou escolher o resultado dessa revolução.
Mas nem mesmo os Phoenix, um dos maiores grupos mundial, se safou de divergências e traições internas. Obviamente que os descobertos foram punidos, mas e aqueles que tinham noção e inteligência suficiente para se manterem em seus cargos?
O subgrupo Atria-879, comandada por um descendente de Venatias, ficou à frente de Lashbury e de seus arredores. O nome de seu líder era desconhecido até para seus subordinados, que apenas seguiam suas ordens e decretos. De todos que participavam, apenas 20% mantinham contato com o líder misterioso, esses, capangas que operavam de forma contrária ao objetivo da Aliança.
Cada subordinado tinham uma missão a cumprir, sem questionamentos do processo, apenas de resultados.
Caim, um mercenário descendente de Hungers, foi o primeiro escolhido. Ele deveria matar uma determinada pessoa, a qual seria escolhida a dedo pelo líder, na devida data, horário e lugar. Seu passe era livre, e como dito anteriormente, só seria questionado o resultado. E como cultuava deuses que necessitavam de oferendas com sangue e carne humana, então sua missão foi um prato bem servido.
Ao entrar na sala, e se deparar com uma pessoa mascarada e sentada em um ambiente totalmente desprovido de luz, na qual imaginou ser o líder, o Hunger apenas assentiu a ordem e coletou a ficha de informações.
Então, tempos depois, surgiu a primeira morte. Cenário macabro com um corpo completamente mutilado, o ambiente perfeito para um ritual demoníaco.
Já o Tira, um recém recrutado, também de linhagem Hanover, foi o segundo escolhido. Sua missão? Quase a mesma que a anterior, só diferia da escolhida e de seu modus operandi.
Como devem ter percebido, além de não ser apenas um subordinado, ele era também um infiltrado na polícia. Um dos milhares.
E como esperado, mais uma morte. Uma armação perfeita para capturar a vítima, e um assassinato nada convencional. Questionavam os resultados, mas será que os processos não estavam sendo insuficiente? Não, não estavam. Tinham recursos suficientes para encobrir qualquer cagada.
O terceiro, já escolhido, aguardava pacientemente sua vez. Devo mencionar que todos os capangas eram de uma hierarquia inferior à do líder, ou seja, eram todos Hungers.
E com toda essa informação, acho que a pergunta que não quer calar é, por quê?
O líder, que agora vocês conhecem como o Astrólogo, fazia parte de um subgrupo alemão que consistia basicamente em criar armas e tecnologias avançadas que os Phoenix poderiam usar, com o objetivo principal de promover a paz mundial.
Sua intenção, não sendo nada boa, fez com que procurasse aliados que o ajudasse a extraviar rascunhos e projeteis para um grupo rival. Um de seus aliados, Edward Von Woodward, convencido por achar que por um pretexto da Aliança, as armas seriam usadas para fins negativos, aceitou contribuir com o colega de laboratório.
Com o passar dos dias, uma suspeita se fez presente entre Edward e seu então suposto aliado, já que as coisas começaram a ficar estranhas. Seus discursos não estavam mais batendo com o plano inicial, e o cientista começou a estranhar a forma nervosa e ambiciosa da qual o colega respondias suas perguntas.
Com cautela, e uma tamanha perspicácia, Edward acabou escutando uma conversa suspeita e muito, muito diferente do que lhe fora mencionado a respeitos dos armamentos e rascunhos. Certo de que havia sido enganado esse tempo todo, armou para que Alan (o tal Astrólogo) confessasse tudo. Por um erro, Alan descobriu seu plano e ameaçou Edward, que temeu por sua vida e pela de sua família.
Mas como cobra apanhada não deixa barato, Alan conseguiu fazer com que Edward saísse como o vilão e percussor do plano de extraviar os recursos, então o expondo para a Aliança. Os Phoenix, que não aceitam traições, apagaram Edward Von Woodward, e consequentemente, toda sua família.
Mas é claro, não é porque o resto dos integrantes se passaram por mortos e mudaram de nome que eles não iam ficar de olho, claro que não. A Aliança passou a observar cada passo dado, e obviamente souberam da mudança dos agora Stone.
A mãe, não era um obstáculo, e se chegasse a ser, seria facilmente aniquilada. E a mesma coisa poderia ser dito do filho mais novo, que estava servindo no Afeganistão como soldado. Dois alvos extremamente fáceis de serem manipulados e esquecidos.
Mas, e a filha mais velha? A mesma que sobreviveu a um incêndio em um manicômio e a perseguição de um psiquiatra maníaco e abusador. Podia ser um obstáculo, uma pedra no sapato, ainda mais por ter se tornado uma jornalista, mais tarde, investigativa e de renome na sociedade.
Não poderiam simplesmente apagá-la como qualquer outro, ou, caçar seu diploma, ou então incriminá-la? Eu teria que lhe lembrar que o objetivo é matar sem ser descoberto.
Se os Phoenix descobrissem que o assassino em série está comandando de dentro do subgrupo, centenas de pessoas seriam apagadas. Por quê? Como se manteriam no pódio para os demais grupos influentes mundiais, sabendo que a qualquer momento, um agente do subgrupo infectado poderia vender tais informações para o exterior? E pensem, a influência iria cair, e facilmente eles seriam apagados da suprema elite.
Tentando manter o controle, a situação do ocorrido na Alemanha chegou aos ouvidos dos Reis, que ainda comandavam de bases britânicas. A decisão final foi subir a patente de Alan para líder, na qual resultou a sua ida para Lashbury.
Que coincidência, não?
Com extrema perspicácia, Alan usou e continuou usando de seus recursos ilimitados para fazer com que a culpa de todos os assassinatos caísse sobre Stella, como retaliação e principalmente, para que pudesse se divertir sem punições.
Para que faria o trabalho sujo, se ele tinha condições de ter capangas que fariam o que lhes fosse ordenado sem questionamentos? E ainda mais, pessoas de sua extrema confiança e sádicas, assim como ele?
Talvez Roman esteja certo em não querer se meter com o grupo, talvez ele saiba que se começar não poderá parar mais até expor cada um de seus integrantes, ou pior, talvez esteja com medo de ter o mesmo fim que Florence Hahn, a ex-prefeita enxerida que mexeu em um vespeiro e teve um trágico fim no fundo do lago Borrow.
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