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PATINHO

— Bom dia, Marília! — Cassandra entrou na sala com um sorriso mediano estampado em seu rosto. Estava dando o melhor de si naquela expressão morna de humor relativamente bom.

Apesar dos pesares, tinha dormido um pouco bem, e o cheiro úmido da manhã lhe inspirou um pouco mais a ver o copo meio cheio. Podia ter ido correr, já que tinha alguma disposição, mas resolveu que não queria. Preferiu ir trabalhar enquanto estava bem disposta. Precisava se organizar melhor e pensar mais para saber o que estava perdendo naquele caos, para encerrar logo o caso. Sua principal suspeita recaía sobre Inezita, porém, havia pouco que apontasse, de fato, para ela. Precisava de evidências mais consistentes.

— Bom dia, Cassandra. — A delegada respondeu de cara amarrada.

Cassandra achou irônico que os polos de ambas tivessem se invertido. Marília estava com o copo meio vazio.

— Noite ruim? — Cassandra questionou, cautelosa, sem realmente querer saber. A não ser que fosse uma boa fofoca.

— Demais! Não tem um homem decente nessa cidade. — Marília bufou, apoiou os cotovelos sobre a mesa e enfiou os dedos entre os cabelos.

— Ah... — Cassandra soltou uma sonora gargalhada. — Me conta uma novidade.

O celular da delegada tocou e ela atendeu imediatamente. Era uma chamada de vídeo.

— Uai, o Celso fazendo videochamada? — Marília estranhou no mesmo instante que viu quem a chamava. Não era do feitio dele.

Marília consertou a postura na cadeira.

Atendeu, alerta, e viu o homem com certo pânico no olhar. Na verdade estava completamente espantado. Estupefato. Seus olhos transmitiam desespero. Cassandra viu tudo, olhando acima dos ombros de Marília, porque ficou curiosa. A voz de Celso saiu abalada.

— Vocês precisam vir aqui. — Ele falou e mudou da câmera frontal do aparelho para a câmera traseira. Estava no Lago Diacuy. Cassandra e Marília focaram seus olhares enquanto ele dava zoom em um dos pedalinhos coloridos em formato de pato.

O Lago Diacuy tinha duas estruturas de lago, na verdade. Sendo uma menor, onde as pessoas apenas contemplavam os peixes, e a outra maior, onde se desenvolviam algumas atividades de lazer. A principal, era andar de pedalinho. Os pedalinhos eram veículos aquáticos movidos por pedais que as pessoas podiam pilotar. O passeio podia ser feito em dupla, o que era considerado romântico. A imagem de duas pessoas sentadas em um pato falso, flutuando por um lago, pode não soar romântica para os corações endurecidos pela vida, entretanto, pense que é divertido, e que o amor também é diversão, que tudo se resolve.

Um desses patos estava no centro da imagem que Celso transmitia.

Estava à deriva, deslizando sobre as águas mansas de correnteza quase inexistente. Um grito ecoou ao mesmo tempo que elas conseguiram enxergar o corpo largado sobre o pato, com o abdômen aberto apontando para o céu. Cassandra sentiu um calafrio. Um arrepio percorreu seu corpo.

Pessoalmente a imagem era muito pior.

Quando ela chegou no lago, já haviam alguns curiosos se aglomerando sobre a grama molhada das margens das águas, com seus celulares ligados, registrando a cena macabra. Odiava aquele programa de realidade das redes sociais, que não permitia privacidade, por isso prendeu os cabelos dentro de um boné, colocou óculos escuros e um casaco corta vento com o zíper fechado.

Celso e a equipe forense já estavam com o pedalinho preso no pequeno deck onde ficavam estacionados seus iguais. Todos da equipe estavam pálidos e com os olhos cheios de pavor enquanto trabalhavam, porque, a situação, claramente, estava fora do controle.

Cassandra observou com o máximo de objetividade que a profissão exigia. Viu o sangue espalhado pelo veículo, já seco sobre a desbotada pintura. Na água, os peixes do lago estavam todos amontoados perto do veículo, alguns até pulando para tentar alcançar as pontas dos dedos da mão esquerda do cadáver. Do que foi uma mão inteira, nas pontas, restavam só os ossos, porque os próprios peixes já tinham comido a pele e a carne dali. A vítima, mulher, estava nua. Os seios cobertos de sangue, a barriga dilacerada com insetos pousando sobre ela. A pele bem dobrada para fora, para deixar a abertura ainda mais evidente. E dentro da abertura os órgãos estavam ensopados, flutuando em uma solução que envolvia um tanto de água. A perna esquerda da jovem estava encaixada no espaço onde ficavam os pedais, enquanto a direita estava jogada sobre a lateral oposta à do braço. O calcanhar pendente, um pouco distante da água, tinha sinais de mordidas, mas estava inteiro. A pior sensação veio quando Cassandra viu o rosto. A boca aberta, pálida, ressecada, com moscas entrando e saindo dela. Congelada em um grito mudo e desesperado. Os olhos, vítreos, abertos, opacos, pareciam pedir por socorro, eternamente. As sobrancelhas quase totalmente unidas no centro, em súplica. O conjunto inteiro implorando por uma clemência que nunca viria.

E poucas vezes Cassandra ficou tão abalada quanto naquele momento.

A mulher aberta, deixada no pedalinho, nua, despida da vida, era a atendente da clínica de Inezita. A mesma que tinha sido tão solícita com ela.

Foi como tomar um soco no estômago. Os órgãos expostos, faziam a investigadora sentir que assistia a um desrespeito gigante. Uma violação com mil significados. Uma violação que ecoava em seu cerne.

— Não tem como tampar, Celso? — Perguntou, sentindo a bile na garganta.

— Ainda não. Precisamos de mais alguns procedimentos. — Celso replicou. — Devemos identificar ela também, e nada foi encontrado com seu corpo.

— Eu sei quem é. Eu a vi quando fui até a clínica de Inezita. — Cassandra contou. As palavras saíram queimando pela garganta.

Celso lançou um olhar desconfortável.

— Já é meio caminho andado para a identificação. Precisamos ser ágeis. — Suspirou olhando os curiosos que se aglomeravam. O entorno do Lago Diacuy já estava ficando sem espaço para estacionar.

Cassandra deu uma última olhada na jovem morta, notando que ela ainda estava de coque. Então começou a analisar os arredores. Já tinha ido no lago muitas vezes e sabia exatamente como era. Durante a noite a iluminação em algumas partes era baixa, principalmente onde havia mais árvores.

Teve certeza de que teria imagens de câmeras para analisar, pois, por ser um ponto de muito movimento, havia grandes estabelecimentos por ali. Posto de gasolina, academia e outros.

Ela já sabia o que fazer. Alguma câmera teria capturado a movimentação suspeita. Sua certeza se esvaiu quando se lembrou da chuva forte da noite anterior. A tecnologia seria capaz de ajudar naquele caso? Não adiantava ela procurar por evidências porque a chuva já teria lavado, mesmo assim caminhou pelo entorno, olhando para o chão e com as mãos nos bolsos. Verificando cada limite de grama e de calçamento. A imagem da morta não saía de suas retinas. Cada vez que piscava, ela estava ali.

O celular de Cassandra tocou enquanto ela anotava quais estabelecimentos consultar para pedir as imagens das câmeras. Era a delegada Marília.

— Alô. — Atendeu com a voz fraca, ainda engasgada.

— Venha para cá imediatamente, Cassandra. — Marília ordenou. — Depois o Celso te inteira do que aconteceu aí.

— Tem um corpo aberto em um pedalinho, Marília. O que pode ser mais urgente do que isso? — Cassandra suspirou e passou a mão pelo rosto.

— Anda logo. — Marília respondeu e desligou o telefone.

Sua pacata vida interiorana tinha, definitivamente, ido para as cucuias. Só restava a correria daqueles absurdos que ela deveria resolver rápido.

*****

De dentro da academia, uma das mais caras e requisitadas da cidade, a pessoa responsável por aquele crime observava a sua arte através da parede de vidro. Era como assistir a um filme de ação enquanto aproveitava o ar condicionado e as instruções de seu personal trainer. Sentia certo júbilo porque jamais seria pega. Acumulava centenas de crimes em sua conta e quase ninguém desconfiou de si. Quando desconfiavam, tratava logo de calar o intrometido.

A cliente terminou a sua última série ouvindo o burburinho da fofoca crescer. O local já estava ficando cheio, odiava aquilo. Era uma pessoa reservada, gostava de exclusividade.

Passou pelo espaço onde vendiam comida e pediu um suco detox. Gostava de cuidar da saúde, mesmo pensando que aquela combinação tinha gosto de merda. Ia fazer uma lipoaspiração dentro de poucos dias, para ficar em forma. Bastava apenas ajeitar os negócios para ter paz. Sebastião já tinha saído de seu caminho.

Agradeceu à atendente com um sorriso gentil, cumprimentou alguns outros funcionários e foi se banhar.

Quando saiu da academia, ligou para um amigo de longa data.

— Descobriu onde ela mora? — Falou enquanto entrava em seu carro

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