Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

O CACHORRO

— Que merda, Marília! Você podia ter enviado isso por mensagem. — Cassandra ficou irritada quando viu que a delegada ia reproduzir um vídeo.

A mulher franziu o cenho.

— Fica quieta, Cassandra. Observa. — A mulher clicou no "tocar" e colocou a imagem em tela cheia.

Cassandra reconheceu a rua no primeiro segundo quando a viu. A imagem era um pouco ruim em definição, e estava escura, mas ela conhecia a rua onde morava como a palma de sua própria mão. Ela mesma, Cassandra, apareceu na imagem da câmera de segurança, entrando na própria residência. Marília acelerou o vídeo e depois voltou para a velocidade normal.

Cassandra viu o carro estacionando na frente do portão de Marínia. Era uma camionete preta, cara, sem placa, com tração nas quatro rodas. Alta, de cor brilhante, não fosca. Um homem desceu do lado do passageiro, era Vigílio. A porta do lado do motorista foi aberta e, depois de longos segundos, desceu uma pessoa de porte mediano, vestindo roupa toda preta e escondendo o rosto com uma máscara preta. A máscara cobria tudo, menos boca e queixo.

A pessoa caminhou até onde Vigílio estava parado, aguardando de braços abertos. Ambos se abraçaram na calçada e se beijaram. A pessoa encapuzada disse algo no ouvido de Vigílio enquanto massageava suas partes íntimas por cima do tecido da roupa. Ele sorriu, saliente, e revirou os olhos. Houve uma despedida com mais beijos curtos e carícias. Vigílio franziu o cenho para o portão. Abriu de repente, parecendo estar com raiva. O cachorro saiu da casa, contudo, ao invés de correr até a esquina e voltar, ficou latindo e rosnando para a figura mascarada. Eles brigaram com o cachorro, aparentemente tentando calar o animal, que só ficou mais agressivo e ameaçador. A figura de preto deu um bote e agarrou o cão pelo pescoço, segurando de uma forma certeira e firme. A pessoa apertou forte enquanto Fubá se debatia entre suas mãos. Ela estrangulava o pobre cachorro caramelo.

Vigílio colocou as duas mãos na cabeça, desesperado. A figura fez um gesto com o dedo indicador ereto na frente dos lábios, para ele calar a boca. O pobre animal foi largado no chão, com seu corpo amolecido, já sem vida.

O assassino abriu a porta da camionete, do lado do passageiro e tirou um facão de dentro do veículo. Deu dois passos até Fubá e cortou o pescoço do bicho.

O estômago de Cassandra se revirou diante de tamanha atrocidade. Estava perplexa e enojada com a frieza dos dois.

Vigílio tapou a boca, assustado, enquanto a pessoa brandiu o facão para ele. O jovem se afastou um passo para trás. Parecia um tipo de ameaça.

A pessoa caminhou em passadas rápidas, entrou na camionete e foi embora.

— O maldito. — Cassandra disse enquanto lidava com o asco. — Tenho pena da mãe dele.

— Como você não acordou com todo esse fuzuê bem na porta da sua casa? — Marília questionou.

— Ah, pronto. Agora eu não posso ter o sono pesado. — Cassandra retrucou, impaciente.

— Vou chamar ele aqui para esclarecer a situação. — Marília avisou.

— Eu quero acompanhar. Principalmente porque eu quero saber quem é essa pessoa inimiga dos animais. Acho que ele disse meia verdade e essa é a tal namorada que ele "recebeu". — Cassandra suspirou.

Só conseguia pensar em como Marínia iria se sentir.

— Aonde você vai agora? — A delegada indagou.

— Acompanhar o velório do Sebastião. — Cassandra pretendia trocar de roupa, pois aquela devia estar circulando pelas redes sociais, em vídeos feitos mais cedo.

— Até hoje? — A delegada estava perplexa.

— Nos grupos de fofoca estão dizendo que o corpo dele não vai estar no caixão. É só o ritual mesmo, para a viúva chorar o morto. — Deu de ombros. — De toda maneira, quero ver quem se importava com ele.

— Acha mesmo que vai encontrar alguma pista lá?

— Uma pista eu não sei, mas vou na esperança de alguma boa fofoca. — Cassandra inspirou fundo e verificou o relógio.

Ainda não tinha começado, era perfeito para ela. As pessoas do serviço funerário estariam preparando o Memorial para velar o morto.

*****

A investigadora estacionou na Rua Valeriano do Prado, próximo ao Cemitério São Miguel. O Memorial Municipal ficava de frente com o cemitério e era comum que velórios acontecessem ali. Era um lugar simples, com salas grandes, cozinha, banheiros e uma entrada ampla, em formato de meia lua, para os carros funerários. A rua era tranquila e silenciosa.

Cassandra andou pela calçada larga vendo o tempo nublar mais uma vez. Seu estômago se revirou lembrando da jovem morta com os órgãos expostos. Nunca mais teria coragem de andar em um pedalinho. A mulher viu a equipe do serviço funerário mais caro da cidade, devidamente uniformizada, carregando coroas de flores e outras quinquilharias que para ela não tinham importância.

— É aqui o velório do Tião? — Perguntou para uma moça parda, baixa, de nariz largo e cabelos descoloridos, presos em um rabo de cavalo.

— Sim, moça, mas é vaiser ser apenas para a família e os amigos íntimos. — A mulher avisou sem parcimônia.

— Que pena, eu gostava dele. — Cassandra se fez de chateada. — Uma vez ele ajudou o meu pai, tenho uma dívida de honra com a memória dele.

— Então veio no lugar errado, pois ele já está no mausoléu da família. — A moça olhou com pena. — Procura com o coveiro, ele sabe melhor.

— Será que vem muita gente hoje? — Cassandra seguiu os passos da mulher para dentro da sala. Aproveitou para olhar em volta e ver se tinha algo diferente do usual.

— Duvido muito. Os curiosos estão todos lá no Lago Diacuy. Uma tragédia e tanto, viu. Que pena. — A mulher parecia bem informada. — A família da menina está desesperada.

— Você os conhece? — Cassandra questionou.

— Muitas pessoas conhecem. São gente boníssima, e moram lá no Jacutinga. Não mereciam passar por isso. Meu Deus, tanta gente ruim no mundo... — Ela estava realmente pesarosa.

— Estranho, pois eu moro no Jacutinga e nunca ouvi falar dessa família. — Cassandra se fez de desentendida.

— Você não é da cidade, eu tenho certeza. Eles moram de frente com a praça, perto da igreja amarela, em uma casa verde com portão dourado. Já viu? — Questionou como se fosse um destaque óbvio.

— Já vi a casa, mas nunca vi eles. — Cassandra esticou o assunto.

— Poxa, que lástima. — Ela pareceu genuinamente triste pela investigadora.

Cassandra contraiu os lábios e balançou a cabeça.

– Esse velório, o da menina, vai lotar. E muita gente vai querer fazer justiça com as próprias mãos. Agora deixa eu trabalhar que daqui a pouco os ricos chegam. — Ela parecia estar de saco cheio daquele trabalho.

— Eles devem ter pago uma grana para vocês. É tudo do melhor. Nunca vi arranjos tão bonitos.

— Pagaram até para não ter reportagem hoje. Se quer saber... — A mulher olhou para os lados, depois cochichou: — É cobra engolindo cobra.

Cassandra meneou a cabeça em um gesto de afirmação e saiu à francesa. Recostou-se em um ponto próximo ao Memorial, onde havia ótimas vistas de todo o canto. Ficou observando se acontecia algo incomum, mas era apenas um velório de pessoas de boa posição social. Daria tudo para estar lá dentro, ouvindo as conversas, porém era muito pequeno e um evento demasiadamente privado.

A investigadora animou-se ao entardecer, quando a noite caiu e alguns rostos conhecidos surgiram. O casal Tamanduá. Pareciam muito unidos, de mãos dadas.

Não passou muito tempo e Inezita saiu do Memorial com Virgínia. Foram para um canto escuro onde conversaram com os rostos muito próximos. Quando um jovem saiu também, elas se abraçaram como se a viúva estivesse sendo reconfortada.

Pouco depois entraram novamente no Memorial. Uma chuva fina começou a cair. Cassandra se retirou, rendendo-se finalmente à fome e à sede. Não queria, pois é no escuro que as máscaras caem.

*****

Era uma pessoa cansada de tantas reuniões. Ouvia aquele aglomerado de gente dizendo coisas que não faziam sentido para si, pois não se importava com porcaria nenhuma ali. A grande caixa no centro de tudo estava vazia, não tinha motivos para demorar, exceto o protocolo. Foi até o banheiro, derramou o conteúdo de um pino sobre a pedra da pia, enrolou uma nota de duzentos reais em um canudo e aspirou o pó com ela.

Não tinha vício, mas aquele era o melhor estimulante que o dinheiro podia comprar. Ajudava a suportar a falação no pé de seu ouvido.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro