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ASFALTO

As horas seguintes foram um vórtice de caos.

Cassandra recebeu os primeiros socorros no local e imediatamente foi levada para um hospital, onde foi encaminhada para o atendimento adequado. A equipe estava em pânico com o estado de saúde da agente goiana que foi inserida na operação, e que, com sucesso, conseguiu realizar o flagrante. Graças à coragem e ao pouco amor à vida que a investigadora nutria, Rogério estava finalmente preso.

O homem assistiu, perplexo, ao desenrolar dos fatos. Viu Cassandra desmaiar sobre a grama verde enquanto tinha a calça manchada de sangue. Cassandra, que para ele era Samara. "Meu Deus, a Cassandra está ferida!" Foram as palavras de uma das agentes de polícia que estavam ali. Dois policiais correram na direção daquela que o criminoso outrora julgou ser apenas uma conterrânea. Rogério apertou os lábios ao ver que foi pego na teia da polícia. Eles juravam que tinham tudo sob controle, que os infiltrados sabiam de tudo o que acontecia dentro dos departamentos. Aparentemente não sabiam do elemento surpresa. Não vazou a tempo.

Rogério se amaldiçoou em silêncio por ser tão burro.

Assistiu a Elif ser carregado, desmaiado, com a cabeça sangrando e um braço quebrado. Um dos seguranças tinha uma grave ferida na mão, que sangrava muito. Farrah, anunciaram, estava em estado crítico. Não era preciso esforço para inferir isso, já que o tiro de Cassandra foi certeiro.

- A investigadora da civil de Goiás foi alvejada e aparentemente abriu fogo, pois está com uma doze. - Uma policial baixinha falou ao telefone. - Avisem a Marília, imediatamente.

As próximas mercadorias, crianças e mulheres que em breve seriam levadas para fora do país, saíram da casa, andando, livres, assustadas, amparadas pelos agentes que vieram para seu resgate. Delas se ouvia os choros altos e as súplicas. O incêndio foi contido. Algumas crianças que estavam livres e brincando poucos minutos antes, tão surpresas quanto assustadas, correram na direção das outras que estavam presas. Companheiras que supostamente partiram para a cidade durante a noite.

Aquele braço da organização foi completamente desarticulado e estaria abandonado a partir daquele momento. Rogério pensou que teria sorte demais se não se dispusessem a ceifar a sua vida na prisão, o que era impossível.

Ouviu enquanto o policial anunciava o motivo de sua prisão: artigo 149-A. Tinha seus direitos resguardados pelo Estado, mas, direito de quê exatamente? De ser tratado como um ser humano? Ele pensou que a vida acabou no momento em que aceitara entrar no esquema e seguir Inezita de perto. Errou em se apaixonar por Pablo Tamanduá e disputar poder com Virgínia, que também estava envolvida. E, se ele caísse, iria arrastar a mulher consigo assim que pudesse, pois ela não deixou a vida de Rogério mais fácil durante aquele tempo. Mas, como provar tudo? Já ela, tinha provas contra ele. Aquele maldito celular com pornografia infantil que fez das vítimas de tráfico, à pedido dos clientes. Os dados. Virgínia tinha ele nas palmas das mãos. Rogério suspirou enquanto entrava no carro e aceitava seu destino.

Sua mente voltou outra vez para Cassandra, pois lembrou-se de que gravou o corpo dela durante a madrugada.

Cassandra... Sua sentença de morte. Uma mulher simpática, com uma pontaria absurda, que corria tão rápido quanto uma onça. Cassandra certamente tinha o corpo fechado.

*****

Cassandra acordou no hospital, devidamente tratada. Tinha dois grandes curativos e muita dor como saldos de sua valentia. Caso se importasse com a dor, não faria mais nada por algum tempo, mas esse não era o plano da investigadora. Cynara estava lá quando ela teve alta, um dia depois. Os ferimentos não foram profundos, apenas grandes o suficiente para causar incômodo durante muito tempo.

- Cassandra, nós vimos toda a ação pelos vídeos que as câmeras registraram. -.Cynara estava espantada. - Égua! Tu não tens amor à vida? Impressionante como escapou da morte por pouco.

Cassandra soltou um riso enigmático.

- Se eu não me arriscasse, acabaria morta do mesmo jeito, mulher. - Replicou, sentindo a língua seca e amarga devido aos remédios. - Já posso ter alta?

- O médico disse que sim. - Cynara avisou.

- Vou registrar a ocorrência e voltar para Goiás. Precisamos finalizar essa investigação. Rogério disse algo sobre Inezita, Virgínia ou Pablo? - Cassandra se moveu, sentindo a dor em seus músculos.

- Nada, mas tudo indica que ele quer colaborar. - Cynara noticiou com ar de quem não acreditava tanto na colaboração plena. Enquanto isso, via Cassandra se movendo com lentidão, enquanto fazia caretas de dor. - Tu vais assim?

- Estou bem. - Cassandra se sentou na cama e logo estava em pé, pois se negava a ceder.

Cynara ergueu as sobrancelhas. A goiana era teimosa, mas nada podia ser feito, pois era o direito dela voltar para o estado de origem após os procedimentos padrões.

A investigadora cumpriu com a sua parte dos protocolos e se preparou para a última ação em relação a Rogério. Precisava saber quem matou Inezita, então teria seu momento para conversar com ele.

Estava na frente da porta, pronta para entrar, quando recebeu uma ligação de Marília.

- Parabéns pelo sucesso da operação, Cassandra. Estamos cheios de orgulho. - A mulher disse com a voz cheia de gabo. - E muito assustados porque você quase terminou comendo grama pela raiz.

- Não seja dramática, Marília. Tomei apenas dois tiros, de raspão. As famílias da outra parte vão chorar bem mais. - Cassandra sorriu. Não podia evitar o sentimento de orgulho, ainda que fosse bastante condenável. - Alguma novidade?

Cassandra logo perdeu o ar descontraído, pois só conseguia sentir cansaço e preocupação porque as horas passavam e o tempo corria depressa.

- Soube que você vai interrogar o Rogério agora, então tenho algo para dizer. - Marília suspirou. - Ele é um problema de Goiás também, você sabe. O Pablo Tamanduá desapareceu e a Virgínia não descansou até encontrar ele. O resumo da história é que encontramos ao mesmo tempo que ela, ou quase. Seguimos pistas diferentes e terminamos na casa de Rogério. Não poderíamos simplesmente entrar, é claro. Então Rogério foi preso no Pará e conseguimos um mandado bem rápido... Nem te conto.

A delegada suspirou do outro lado da linha. Cassandra ficou em silêncio, esperando Marília falar. Algo dizia que as próximas palavras descreveriam uma situação terrível.

- Fala... - Cassandra incentivou, já ansiosa.

- Pablo estava morto e esquartejado, dentro da casa de Rogério, em um congelador oculto, atrás do closet. - Marília contou com a voz embargada. - Embaixo do corpo dele encontramos dois bebês congelados. As imagens das câmeras de segurança da casa do próprio Rogério mostraram ele saindo da residência com as malas que foram encontradas.

Cassandra sentiu seu estômago embrulhar. Sabia que Rogério era uma pessoa ruim, mas aquilo estava fora de qualquer projeção inicial.

- E Inezita...? - A investigadora questionou.

- Não sabemos ainda. Infelizmente não podemos fazer nada sobre a morte dela. - Marília contou em tom de desabafo. Claramente estava sobrecarregada.

Ambas se despediram e desligaram os telefones. Cassandra recebeu por meio virtual alguns dos registros que estavam em posse da polícia goiana.

Respirou fundo e entrou na sala para ver Rogério. Dois bebês congelados. Cassandra viu as fotos deles poucos segundos antes de fitar a face tranquila do dentista. Respirou fundo outra vez, pois a profissão exigia autocontrole. Não tinha o que fazer quanto a isso, ainda que internamente desejasse justiça com as próprias mãos.

A investigadora se sentou com o auxílio do delegado que estava ali. Era um pouco difícil se mover. Andava torta e capenga, porém não se deixaria vencer por nada agora que estava tão perto de finalizar o caso. O advogado de Rogério estava ali também. Um dos melhores do estado, quiçá do país. Certamente trabalhava somente para amenizar a pena, pois dificilmente o cliente dele escaparia da prisão.

Cassandra suspirou, olhando nos olhos do homem criminoso. Dois olhos, dois bebês congelados. Teve vontade de tirar tudo a limpo, contudo, controlou a mente. Devia ter foco. Força de vontade para não estragar toda a operação.

- Eu, tenho algumas perguntas. - Cassandra anunciou. Ele se mexeu, desconfortável. - Tenho certeza de que já anunciaram os seus direitos.

- Quem é você? - Rogério perguntou. Queria saber pelos lábios dela. O advogado fez uma careta de desgosto. Certamente a instrução era para manter o silêncio, entretanto, Rogério não conseguiu.

- Meu nome é Cassandra e eu sou investigadora da polícia civil de Goiás. - Ela expôs com firmeza na voz e postura altiva.

A sala foi tomada pelo silêncio tenso.

- Cassandra. - Rogério pronunciou pela primeira vez. Sentiu na boca o peso daquele nome e seus pelos se arrepiaram.

Mais silêncio. Cassandra odiou ouvir ele dizendo seu verdadeiro nome na mesma proporção em que se deleitou ao ver a crescente expressão de desgosto naquela face.

- Você me fodeu, Cassandra. - Rogério acusou.

A investigadora ergueu uma sobrancelha, indignada. Então sorriu, sarcástica.

- Você cometeu os crimes e a culpa é minha... No mínimo irônico, para não dizer mais. - Ela riu sem humor. - Rogério, serei breve. Quem matou Inezita?

- Eu não sei. - O homem respondeu com sinceridade. - Eu genuinamente não sei.

- Você sabe que já encontramos o corpo do Pablo, não é? - Cassandra indagou. O homem meneou com a cabeça. - Coopere e haverá um melhor cenário para você, apesar de eu achar que você não merece. Então, Rogério, quem matou Inezita?

- Eu realmente não sei. - Repetiu.

- Entendo... - Cassandra observou em silêncio. - O quê você sabe? Me dê algo.

Rogério fez contato visual com o advogado, que permaneceu neutro, depois fitou novamente a mulher à sua frente. Ela tinha o braço enfaixado e a perna também. Estava de camiseta de uniforme da polícia civil de Goiás e com uma bermuda curta, folgada. Cassandra realmente tinha porte de modelo de passarela. Rogério pensou um pouco. Não cairia sozinho, já tinha prometido para si mesmo. Dariam cabo da vida dele, então ele levaria ela consigo.

- Eu sei que Virgínia Tamanduá também está envolvida no esquema. Inúmeras vezes usamos o avião dela para transportar as "mercadorias". - Ele fez as aspas no ar.

As pessoas presentes ficaram chocadas. Cassandra viu nos olhos do advogado o exato momento no qual ele desistiu. O delegado puxou a cadeira e se sentou ao lado de Cassandra.

- Tu vais fazer uma delação? - O delegado perguntou. - Queremos registrar.

- Vou. - Rogério confirmou. - Depois eu repito tudo. Não vou cair sozinho. Eu me recuso.

Cassandra abriu um sorriso largo. Não podia xingar o criminoso, mas queria. Era um desgraçado sem honra. Isso a deixava feliz.

- Então abre o bico e canta, passarinho. Quero chegar em Goiás e terminar esse serviço para aproveitar meus dias afastada porque estou só o bagaço. - Ela pediu.

Rogério contou tudo e que sabia. Para o desgosto de Cassandra, o que ele sabia não resolvia os casos das mortes de Inezita e Sebastião, mas colocava Virgínia em maus lençóis. Sonegação de imposto era seu crime mais leve.

*****

Em um lugar no passado, Virgínia Tamanduá desceu de sua caminhonete e suspirou enquanto guardava as chaves dentro da bolsa cara. Precisava de um bocado de paciência para mais um dos eventos dos empresários rurais. Muitas vezes se recusava a participar, mas dessa vez a elite da cidade estava toda presente e não seria interessante ficar longe de uma reunião tão perigosa. Olhos e ouvidos presentes garantiriam bem mais do que conhecimento sobre algumas fofocas.

A mulher jogou os cabelos platinados para trás, fazendo os fios lisos deslizarem sobre seus ombros. Pablo, após dar a volta no carro, vindo do lado do motorista, pegou a esposa pela mão.

Virgínia queria falar com Sebastião, mas ele estava sumido havia meses. Soube que ele ia oficializar um casamento em cerimônia discreta, da qual tinha recebido o convite. Com certeza iria comparecer. A noiva não era goiana.

Virgínia e Pablo adentraram o salão privado, discreto e exclusivo, que tinha fachada de residência. Cumprimentaram as pessoas e iniciaram seu ritual social de praxe. No fim das contas o resultado não era tão ruim, pois a maioria era agradável para uma convivência social.

Após muito circular e conversar, Virgínia foi até o bar pegar uma bebida. Aproximou-se do balcão e cumprimentou o funcionário que era um velho conhecido da família.

- Uma piña colada, por favor, Márcio. - Solicitou.

- Já sai, dona Virgínia! - O homem deu uma piscadela simpática.

Virgínia riu do jeito divertido do homem. Ele era daquele jeito desde que ela se lembrava. Enquanto esperava, olhou para o lado e viu uma mulher nova por ali, que jamais tinha visto antes. A mulher também a fitou. Quando os olhares se cruzaram, ambas sentiram os corações acelerados e sorriram. As respirações se tornaram levemente irregulares.

- Oi, o meu nome é Virgínia. - Ela tomou a iniciativa.

- O meu é Inezita, uai. - Ela respondeu, falando um pouco arrastado.

Virgínia franziu o cenho diante da construção frasal pouco ou nada usual. Havia algo ali, oculto. Mas não importava, porque a mulher era alguém por quem poderia ignorar qualquer esquisitice.

- Ah! Você está aí! - Sebastião surgiu do meio da multidão e falou para a mulher.

- Oi, amor... - A estranha cumprimentou.

Inezita. Era o nome que estava no convite de casamento: Inezita. Sebastião e Inezita, Virgínia se lembrava bem do convite e já tinha comprado o presente.

- Virgínia, já conhece a minha esposa? Linda, né? - Sebastião riu e pediu uma cerveja no bar enquanto as mulheres cruzavam os olhares mais uma vez.

- Sim. - Virgínia respondeu e deu um gole em sua bebida. - E de onde você é?

- De Goiânia. - Leila mentiu.

- Virgínia, precisamos falar sobre negócios. Quero o projeto do seu novo empreendimento. - O homem comentou.

- Posso ir até a sua casa, então. - Ela se ofereceu ainda olhando para a outra.

- É melhor. Vamos combinar um dia.

Ele arrastou Inezita para longe depois de pegar a bebida que tinha solicitado. E Virgínia o odiou, pois sentiu que ele tinha em mãos um grande tesouro que não iria valorizar. No restante daquela noite, a empresária procurou por ela com o olhar. Sentia um arrepio toda vez que a localizava e via que ela também estava procurando por si.

*****

- Você está linda. Parece uma fada ou um anjo. - Virgínia elogiou enquanto olhava para Inezita vestida de noiva.

Inezita sorriu, emocionada pelo elogio que fez seu coração acelerar.

Ambas estavam sozinhas no quarto. O laço de amizade estava cada dia mais estreito. Como a noiva não tinha família, Virgínia se disponibilizou para ajudar enquanto Sebastião lidava com família dele e amigos. Elite dos negócios, magnatas rurais. Homens e mulheres com poder inimaginável, reunidos para aquele matrimônio. A própria família tinha o império que cobria boa parte da cidade de Jataí.

A fazenda estava toda decorada com flores brancas e arranjos diversos. A melhor comida e a melhor bebida já eram servidas para os poucos convidados selecionados.

- Estou nervosa. - O olhar baixo de Inezita denunciava a complexidade de seus sentimentos.

- É só uma cerimônia. - Virgínia acariciou o rosto da mulher.

Inezita colocou sua mão sobre a mão de Virgínia e a fitou nos olhos, os quais considerava lindos, enigmáticos e sinceros.

- É um contrato. - Inezita falou. E sua fala tinha muitos sentidos.

- Você o ama, é o que importa. - Virgínia sussurrou as palavras.

- Eu... sim... - A noiva não tinha certeza do que estava acontecendo, mas Virgínia aproximava o rosto com lábios entreabertos.

Então Leila fechou os olhos e entreabriu os próprios lábios, sentindo o ar faltar e o coração acelerar. Quando a boca de Virgínia se uniu com a sua, tinha gosto doce e pouco ácido da champanhe. Leila se abriu completamente naquele momento porque foi ali, vestida de noiva, que encontrou o amor. O amor que segurou seu pescoço e sua cintura, aprofundando o beijo. Ambas se entregaram de corpo e alma, selando com a união dos corpos.

Quando Leila disse "sim" no altar, ela olhava para Virgínia.

*****

- Eles não vão devolver o seu irmão, Leila! - Virgínia estava a portas fechadas com a mulher que tinha lágrimas nos olhos. Plantou as mãos na cintura.

- Por favor, meu amor! - Leila implorava.

- Eu sabia que se ajudasse a passar a mercadoria pela fronteira uma vez, iriam querer que se tornasse hábito. Agora estou presa nessa merda e fiz isso por você! - A mão de Virgínia tremia. Estava irritada. Já tinha cometido muitos crimes, mas nenhum era mais arriscado do que tráfico de mulheres e crianças.

- Eles disseram que será só mais dessa vez, Virgínia. Só mais uma vez e vão falar onde ele está. Além disso, você vai lucrar bem mais. - Leila chorava. Estava desesperada, pois eles prometeram que finalmente ela encontraria o irmão.

Apenas o que passava pela fronteira com o avião de Sebastião não era mais suficiente, principalmente depois que viram que a estrutura oferecida por Virgínia era mais eficiente, então convenceram ela de cooptar Virgínia.

Virgínia segurou Leila pelos ombros.

- Eles não vão falar, Leila! Você é uma refém. - Ela chacoalhou a mulher, tentando fazer ela acordar do devaneio.

- Vi... - Os olhos de Leila refletiram o rosto da outra enquanto se enchiam de lágrimas mais uma vez. O líquido correu farto.

Leila se sentia frágil, incapaz, mas confiava em Virgínia. Confiava tanto que aquelas palavras surtiram efeito imediato, levando ao seu chão. E Virgínia deixou Leila desmoronar em seus braços enquanto pensava freneticamente, com o coração apertado, no que deveriam fazer para sair daquele problema. Já estava muito dentro de tudo.

Era uma grande questão, pois Leila estava sempre sendo vigiada, principalmente por Rogério, o amante de Pablo. Ter cedido uma vez foi um lapso de fraqueza que agora custaria caro para sair, talvez fosse até impossível. A empresária fazia seu último esforço para tentar demover a amada do delírio de que teria seu irmão de volta, pois não teria mais.

Virgínia fitou bem. Sabia toda a história de Leila e seu verdadeiro nome. Maldito momento foi aquele, quando fraquejou. Quem tinha feito a proposta e organizado tudo foi Rogério, que sempre estava repassando os recados para Leila. A organização criminosa era grande, de fato.

- De toda maneira, a gente não consegue mais sair disso. - Leila disse com a voz afogada em pranto. - Rogério nunca vai deixar, logo eles aparecem.

- Podemos fugir por um tempo. - Virgínia respondeu. - Sair do país e dar um respiro.

- Eles não vão deixar. Assim que você se negar, já vão estar prontos para fazer algo. - Leila não tinha esperança..

- É só não deixar que saibam. - Virgínia disse. Quando notarem, estaremos longe.

E foi assim que Virgínia e Leila começaram, aos poucos, a fazer seu plano de fuga. Isso incluía ganhar tempo, então precisavam cortar as asas do principal informante e articulador local. Virgínia não precisava fazer isso por si mesma, mas para que Leila continuasse viva, porque, assim que não tivesse mais utilidade, seria prontamente eliminada pela organização.

E a única maneira de ganhar tempo era tendo ele, Rogério, nas mãos.

- Ele é um pedófilo e tem uma carga de crimes. - Leila conjecturou.

- E, está confortável.- Virgínia concordou. - Quando ele for na sua clínica, pegue o celular dele. Tenho certeza de que isso vai ser a chave para a nossa liberdade.

*****

Cassandra, apesar das pequenas limitações de movimento, dirigia pela BR-060 enquanto voltava para Jataí. Estava imersa em seus pensamentos que repetiam as cenas de Rogério entregando os crimes de Virgínia Tamanduá.

No começo ele tinha se envolvido com Pablo para ficar mais perto, inserido dentro do círculo social enquanto vigiava Inezita e, nessa empreitada, acabou descobrindo outros crimes de Virgínia. Era perfeito para chantagear, até que começaram uma guerra. Virgínia tinha informações que acabariam com ele, mas ela era louca por Leila e a organização jamais a deixaria sair viva de dentro daquela situação, até mesmo pelas informações que tinham.

Entraram em um impasse. As armas da organização do tráfico estavam apontadas para as cabeças de Rogério e Inezita, mas ele se recusava a se render. Obrigava Inezita a cumprir pelo menos o acordo inicial, de usar a estrutura que Sebastião tinha, para levar as mercadorias.

De tempos em tempos Leila voltava para o Pará para prestar contas. Era melhor do que irem atrás dela. Rogério também voltava para acompanhar as próximas mercadorias até Goiás. Chegavam em uma fazenda de Goiânia em voo particular. Eram transportadas de van até a fazenda de Sebastião onde acontecia a organização final, então iam para o aeroporto de Jataí, em um hangar particular, onde embarcavam em outro voo particular junto com Leila. Assim chegavam em outros países ou em outros estados, onde eram embarcadas para o primeiro mundo ou encontravam seu fim em alguma mesa de cirurgia, com os órgãos retirados para venda. Aquelas que seguiam vivas embarcavam como modelos em voos de jogadores de futebol e outras celebridades. As crianças eram as mais difíceis de levar, mas também as mais caras.

Cassandra sentiu repulsa.

Rogério explicou muito, dizendo tudo o que sabia, mas um mistério ainda permanecia sem solução: as mortes. Apenas presumir não era suficiente, precisava prender Virgínia e fazer ela confessar. Necessitavam de provas. Somente a morte de Pablo era de responsabilidade de Rogério, segundo ele. Não dava apenas para inferir, apesar de parecer uma total queima de arquivos que terminaria na morte de Rogério. Bem, pelo menos foi o que ele disse que aconteceria.

Cassandra precisava apenas prender Virgínia, logo as pessoas ao redor dela entregariam tudo o que aconteceu.

Tudo fazia sentido. O rapaz açougueiro que trabalhava no supermercado de Virgínia matou a irmã que sabia do ocorrido na clínica, provavelmente à mando da patroa, e a namorada, por ter traído ele. Então Virgínia deu seu jeito de limpar a área.

Cassandra estava tão distraída que não percebeu as duas caminhonetes pretas, sem placa, emparelhadas, que estavam paradas uma do lado da outra, em uma estrada de terra que dava acesso para o asfalto da rodovia.

As caminhonetes deram partida assim que ela passou. Não havia outro carro à vista.

Cassandra logo percebeu que era perseguida e ficou ainda mais evidente quando um dos carros entrou na frente e o outro emparelhou do lado, forçando a investigadora a ir para o acostamento. De repente a janela do carro que estava ao lado foi aberta, revelando uma metralhadora.

Cassandra se desesperou, não tinha rota de fuga para onde ir, então, em um ato de impulso, jogou o carro na direção da lavoura. Pensou que poderia escapar de dentro enquanto vinham atrás dela. Teria alguns segundos para rastejar e se esconder.

Havia uma grande vala entre a estrada e a propriedade rural às margens da rodovia. Devido à manobra, o carro deu um giro no ar e aterrissou de lado sobre a soja. O coração acelerado de Cassandra foi tomado pelo sentimento de fim quando ela nem sequer conseguiu desplugar o cinto de segurança, já que o impacto fez com que o braço anteriormente ferido terminasse quebrado.

A investigadora desmaiou enquanto os homens fortemente armados chegavam.

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