Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

7 - Sem Saída


O interfone tocou:

Senõrita Patrícia?

Sí, soy yo.

Senõr Carlos, puede subir?

Sí, sí, puede.

Patrícia deixou a porta destrancada. Logo Carlos adentrava o quarto, o rosto pálido, respiração ofegante:

— Patrícia, pelo amor de Deus! Me ajuda!

— O que houve? Você mal acabou de sair e já voltou?

Carlos tremia:

— Fiz uma besteira! Estou ferrado!

— Sente-se aqui, vou pegar algo pra você beber.

— Boa ideia. Pega aquele uísque que eu trouxe mais cedo. Esqueci aqui. Cacete, tentei te ligar no celular e não consegui. Só deu ocupado. Não sabia o número do hotel. Aí resolvi vir.

— Seu tolo, eu mudei de celular aqui na cidade.

Patrícia estava ansiosa, mas esperou ele tomar um gole e respirar fundo. Sentado à cama, Carlos sorveu todo o conteúdo de uma só vez, desabando para trás. Ela perguntou:

— O que houve, afinal?

Num átimo, Carlos Eduardo pareceu rever os acontecimentos em uma tela mental:

Reconstituição...

"Onde você estava, Carlos?"

"Por aí."

"Com uma piranha, não é?"

"O quê? Do que você está falando?"

"Disto aqui! Você deixou cair o bilhetinho da vagabunda: 'Carlos, te espero, meu amor. Louca de desejo, Hotel Bellavista, Av. Espanã'. Ah, se eu tivesse visto esse papel assim que você saiu... Eu juro que tinha ido lá... Mas só vi agora.

Instintivamente, ele quase procurou pelo papelote no bolso da calça, aquele mesmo que Patrícia lhe dera no aeroporto. Para azar dele não trazia apenas o nome e o endereço do hotel, mas também palavras para lá de calientes. Nem se lembrava do bilhete, uma vez que havia decorado o endereço à primeira vista. Devia ter caído do bolso sem que ele percebesse, quando tirou o celular e a carteira, assim que chegou ao quarto da pousada com Ema.

"Não sei do que você está falando!"

"E você ainda quer negar? Não posso acreditar! Até aqui em Punta Arenas você está me traindo? Já não chega a traição de São Paulo?"

Ele ainda tentou remediar:

"Que absurdo! Do que você está falando?"

"Chega de mentiras, Carlos! Eu sei que você me trai e faz tempo."

Carlos não sabia se era o efeito do uísque, ingerido ao lado de Patrícia, mas não estava mais disposto a ficar escondendo nada. Resolveu falar:

"Ah, quer saber? É verdade sim. Aqui em Punta Arenas... Em São Paulo também... Cansei!"

"Cretino, desgraçado! Te tirei da sarjeta, te fiz alguém, paguei tuas dívidas... E é com isso que tu retribui?  Tu é nojento! Teve a baixeza de transar comigo e depois ir deitar com uma desclassificada qualquer! E quase ao mesmo tempo, foi isso?"

Em silêncio, mas ironicamente, deixou transparecer a resposta, que pairou no ar, o que a irritou ainda mais. Apesar de nervosa, ela ainda conseguia encontrar palavras amenas para designar a amante, como "desclassificada", muito embora "piranha" e "vagabunda" fossem novidades nos lábios de Ema. Mas era cabível, ela estava transtornada, no ponto em que as emoções podem tomar conta da racionalidade. Mesmo assim, respirou fundo e tencionou vestir um casaco, para sair e ir tirar satisfações com a outra. Carlos, contudo, não permitiu. A segurou pelo braço e a empurrou na direção da cama. Sendo mais forte, conseguiu deitá-la, baixar-lhe a calça de moletom e rasgar sua roupa íntima. Tampando a boca de sua presa com uma das mãos e a outra lhe servindo de apoio sobre o colchão, violentou-a. Chegou ao orgasmo como se fora um animal no cio. Ema praticamente desfaleceu, mas conseguiu observar quando ele se levantou e sentou-se numa cadeira, exausto. Ema estava atordoada. Como ele pudera chegar àquele ponto? Era um verdadeiro monstro!

Reunindo forças não sabia de onde, a bióloga ergueu-se e pegou um souvenir de metal pesado, réplica de um monumento da região e investiu contra ele, tentando golpeá-lo, mas ele facilmente a dominou, desarmando-a:

"O que é isso? Quer me matar?"

"Me solta!"

"Não!"

"Me solta!"

Tentou desvencilhar-se dele, mas ele a segurava firmemente:

"Quer mais?"

Quando finalmente Carlos a soltou, Ema teve a chance de dar-lhe um forte tapa no rosto, que foi revidado com extrema violência, fazendo-a cair e bater a cabeça no criado-mudo.

O filme mental encerrou-se e ele retornou à cena atual com a amante:

— Ema...

— O que tem ela?

Ele não conseguia falar. Ela insistiu:

— O que você fez?

— Eu a matei!

— O quê?

— Está morta!

Patrícia apoiou suas mãos sobre as maçãs do rosto, apertando os dedos nervosamente contra os lábios:

— Que merda você fez?

— Sou um idiota, um filho-da-puta! Eu voltei ao hotel, ela estava nervosa com a minha demora, começamos a discutir. Eu tinha deixado cair no chão o papel que você me deu, com o endereço e as palavras eróticas. Por que você tinha que escrever aquilo? Não bastava só o endereço? Aí ela disse que já sabia das traições. Eu quis saber que traições. Ela disse: "Daqui e de São Paulo".

— Ela sabia? Te seguiu? Mandou alguém te seguir?

— Não disse. Mas eu me enchi o saco e confirmei que era tudo verdade.

Patrícia:

— Você é mesmo um idiota. Ela jogou verde e você caiu... Mas fale o resto!

— Continuamos a discutir, ela ficou histérica, veio pra cima de mim... Me descontrolei, dei um tapa nela. Confesso que foi um tapa bem forte. Acho que foi o uísque que eu bebi, não sei. Ela caiu! Bateu a cabeça no criado da cama.

— Meu Deus! Mas tem certeza que ela morreu?

— Sim!

Ele soergueu o corpo:

— O que eu faço?

Patrícia balançou a cabeça várias vezes, em claro sinal de reprovação, mas também havia desespero estampado em seu rosto:

— O que você faz? Você já fez, seu idiota! Agora tem que avisar a polícia.

— Não, polícia não, pelo amor de Deus!

— E o que mais você acha que deve fazer? Você estapeia sua mulher, ela bate a cabeça e você nem presta socorro...

— Mas ela morreu! Não adiantava eu prestar socorro.

— Ora, as coisas não funcionam assim. Não interessa se ela estava morta ou não. Não era você quem tinha que decidir isso. Você tinha que ter levado ela a um hospital. Na hipótese dela ainda estar viva, você não prestou socorro. Omissão de socorro também é crime.

— Eu tenho certeza, ela está morta!

Patrícia começou a andar de um lado a outro, cada vez mais nervosa. Serviu-se também de um gole de uísque, pegando o cantil de bolso oferecido por Carlos:

— Tem certeza que ela morreu? Sob efeito de álcool e movido pela ira, como sabe? E não sei o que você espera que eu faça, sinceramente.

— Você é escritora, descubra uma saída.

— Saída? Tá pensando que isso aqui é um livro? Que saída pode haver que não seja dentro da lei?

Ela puxou uma banqueta e sentou-se defronte ao amante. Pensou por alguns instantes, que lhe pareceram uma eternidade. Ele pegou nas mãos dela:

— Temos que encontrar uma solução, sei lá, só sei que eu não posso ser preso.

— Temos de encontrar? Se mete numa enrascada dessas e ainda quer me tornar cúmplice? Porra, isso não é novela não, é vida real, a gente vai se dar mal.

— Sei que você consegue.

Patrícia correu nervosamente os dedos sobre os olhos fechados. Depois cerrou o punho e bateu a mão sobre os lábios:

— Não!

— E se eu disser à polícia que ela escorregou e bateu a cabeça, será que cola?

— Claro que não! Vão ver a marca do tapa no rosto. Vão ver que você bebeu.

E havia outras "marcas", as de violência sexual, que ele omitia em seu relato com medo da reação dela...

— Mas no fundo eu não queria matá-la, foi um acidente. É considerado crime?

— Claro! Foi crime! Tendo ela morrido ou não, só de bater em mulher hoje em dia já dá cadeia. Lei Maria da Penha, meu caro! Não sei se aqui no Chile existe lei parecida, mas extraditado ao Brasil, você não escaparia dela. Agora, se ela morreu, é homicídio, além de omissão de socorro e agressão contra uma mulher...[1]

— Mas não é crime culposo?

— No Brasil é crime doloso. Quando bateu nela, você assumiu o risco de matar, mas tem vários enquadramentos, não sou advogada, não sei ao certo. Conheço só um pouco, por causa dos meus livros.

Patrícia levantou-se do banco:

— Só me pergunto... Se você não se entregar, vai ter que tirar o corpo de lá e inventar uma história qualquer.

Aquela afirmação ecoou em sua mente:

"Tirar o corpo de lá!"

--------
[1] Na data em que ocorre a história não havia ainda, no Brasil, a lei que enquadra esse tipo de crime como "Feminicídio".

-----------
O que será que esses dois malucos farão com o corpo? Não deixe de registrar seu voto, mas gostaria muito de saber sua opinião... Está gostando?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro