20 - Relatório Final
EACF, 12 de janeiro de 2011, 10h00 (35 horas e 30 minutos depois)...
... As comunicações já estavam restabelecidas. A Marinha do Brasil e a Polícia Federal já tinham sido informadas dos acontecimentos na estação antártica Comandante Ferraz. Como suspeitara, teríamos que permanecer na estação e aguardar a chegada deles, mas já estavam a caminho do Chile. Imaginava-se que, até o início da noite, chegariam à estação. Tendo em mente isso, chamei Inês em particular e fiz um pedido a ela:
— Depois de tudo terminado, gostaria que você transcrevesse todo o material faltante para letra cursiva, para entregarmos à Polícia Federal. Vi que você já está bem adiantada nesse ponto. Mas, o principal: gostaria de ter cópia de tudo o que produzimos. Notei que há uma máquina reprográfica, aqui na EACF. Só não quero, porém, que saibam disso, será um segredo entre nós dois, tudo bem? Quero ficar com uma cópia desse material, secretamente.
Inês, para minha surpresa, disse:
— Basílio, nem precisava pedir, porque eu já tirei cópia de quase tudo. O que não foi possível xerocar, eu bati fotos. Fiz aos poucos e o mais discretamente possível, para não chamar muito a atenção.
— Grande Inês! Muito obrigado. Que eficiência.
Após a conversa com Inês e enquanto aguardava para falar com o almirante sobre Patrícia Rocha, busquei repassar algumas anotações.
Inquérito EACF:
1) Número de pessoas na EACF, no momento do crime:
Dentro da estação: 12 militares e 5 civis.
Fora da estação: 1 civil, Humberto, refugiado.
Total: 18 pessoas.
2) Universo dos suspeitos:
Restringiu-se à EACF, pois a nevasca praticamente isolou a estação do restante do continente.
3) Etapas cumpridas:
Perícia da cena do crime (local e entorno).
Análise tanatológica (cadáver).
Coleta de depoimentos.
Fase preliminar inquisitória.
4) Universo dos depoentes:
Não foram ouvidas todas as 17 pessoas da estação.
Apenas as com ligação direta ou indireta com a cena do crime.
5) Horário do crime:
Entre 22h25 e 23h25.
* Pelo relato de Ema: entre 23h15 e 23h25.
6) Álibis:
Período das 22h25 até 23h00:
- com álibi: Ema, H. Nunes, Basílio e Inês (juntos, na sala de vídeo).
- sem álibi: Humberto, Ernani e militares (sozinhos, nos quartos).
Depois das 23h00
- sem álibi: todos (sozinhos, nos quartos).
7) Motivação:
Patrícia: possível crime passional.
Humberto: revolta com a detenção, confundindo Carlos c/ H. Nunes.
Ernani: revolta pela morte do irmão.
Bandido externo desconhecido: reaver os apontamentos de Peary.
Demais pessoas: sem motivação aparente.
8) Dinâmica do crime (Ala dos Civis):
Antes das 23h00: mais liberdade de ação (3 pessoas na ala).
Após as 23h00: menos liberdade de ação (7 pessoas na ala).
9) Perfil do criminoso:
Ser forte, para dominar a vítima.
Saber da arma e onde encontrá-la.
Ter oportunidade de obter a arma com facilidade.
Ter todas as condições favoráveis e o domínio territorial.
Estar dentro da EACF.
Possuir razão forte para cometer o crime dentro da EACF.
10) Discussões, sinais de luta, etc.
Nenhum registro.
Enquanto lia, senti um pouco de dor de cabeça. Era ainda efeito da pancada na moleira. Tomei um gole d'água e um analgésico, prescrito pelo Cardoso. Estava bem cansado, mas ansioso. Aguardava o almirante, para conversarmos sobre Patrícia Rocha e, quem sabe, finalizarmos o relatório do inquérito.
---------
Do que será que o delegado está desconfiado? Será que Inês é realmente de confiança? Tomara que sim, mas estamos a ponto de saber, não só isso, mas toda a verdade. Vamos prosseguir?
*Registe seu voto e comentário. Grato.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro