Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

17 - Rumo Certo?

— No dia em que vocês chegaram... Ontem de manhã... Antes da reunião no auditório... Ernani me disse que conhecia Carlos Eduardo de vista. O viu uma vez, em São Paulo. Mas Carlos não o conhecia, até ontem. Ernani falou dele com muita raiva. Uma raiva de alguém que guarda rancor e pode matar por causa disso.

— Diferente de você, que só mataria num momento de raiva?

— Delegado, eu nunca mataria ninguém!

— Eu não pago pra ver, mas fale mais sobre o Ernani. O que aconteceu entre ele e Carlos?

— Não foi exatamente entre os dois. Foi entre Carlos e o irmão de Ernani, o Roberto. Ernani disse que a vaga para vir nessa expedição era do Roberto e que Carlos jogou sujo para tirar a vez dele e vir no seu lugar. Carlos descobriu que o Roberto tinha sérios problemas de saúde, um câncer, que poderia comprometer o trabalho dele aqui na Antártida, caso viesse a adoecer. Assim, revelou o fato aos organizadores, que o desqualificaram. Carlos era o próximo da lista — e teve uma ajudinha da Dra. Ema, claro. Acabou por pegar a vaga.

Aludi:

— E você acha que isso daria a Ernani um motivo tão forte assim?

Ele sentenciou:

— Daria, sim, mas pelo que aconteceu depois. O irmão de Ernani praticamente morreu de desgosto, pois o sonho de vir para cá foi por água abaixo. Ernani tem certeza que o irmão se entregou à morte, não lutando contra o câncer, por causa do desgosto que passou.

— Entendo. Obrigado por nos ajudar. Bem, é só isso. Coloque seus dados pessoais nesta folha e considere-se dispensado.

Փ

Vinte horas e trinta minutos após o crime, ainda havia muitas considerações a serem feitas. Devido à natural ansiedade do almirante, que, no fundo, era quem ditava o ritmo da investigação, tudo se dera de forma ultra-acelerada. Parecia ser uma questão de honra, para ele, encontrar o culpado antes da Polícia Federal chegar.

— Basílio, tu é fogo! Imagino o que não sofreram os interrogados na tua mão. Tu botou o bagual contra a parede, sem dó.

— Ele é mesmo um cavalo selvagem. Difícil de domar.

Sempre acelerando, o almirante prosseguiu:

— A tua ideia sobre ele é muito interessante...

— Sem dúvida, mas, qualquer caminho que sigo, sempre esbarro em algum problema. Por exemplo, ele teve muito tempo para esfriar a cabeça. Não o vejo agindo com meticulosa frieza, na consecução de um crime. E sua indignação, diante da hipótese de ser ele o assassino, pareceu-me bem genuína.

"Ter fugido, de fato, é muito estranho e sugestivo. Talvez tenha feito o que sugeri, mas, além de pouco provável, teria que contar com muita sorte, pegando todo o caminho livre nessa possível aventura.

O almirante considerou:

— Mas o caminho nem seria tão longo, seria? O alçapão do quarto vago está muito próximo do alçapão do quarto dele. Utilizando-se dos alçapões, passou de um quarto a outro. Já no quarto vazio, ficou ali, escondido, espreitando uma oportunidade, até entrar em ação. Depois, fugiu pela porta do corredor... O tal "vulto" da Dra. Ema...

— Possível. Mas há vários entraves...

— Como sempre — resmungou H. Nunes. — Quais?

— Muitos: 1) Saiu sem deixar pegadas? 2) Como sabia do osso-punhal? 3) Como sabia que o senhor estava alojado na ala dos civis? 4) Espreitou uma oportunidade e mesmo assim entrou no quarto errado? Isso, só para listar alguns. Posso encontrar mais.

Inês sugeriu:

— Sobre o osso, não poderia ter saído pelo alçapão, lá pelas 17h40 e visto a cena na praia?

A ideia não me convenceu:

— Poderia, mas acho muito improvável. Teríamos que supor que Humberto ficou o dia todo saindo e entrando de alçapões. Com aquele corpanzil? Não acredito.

O almirante insistiu:

— Esqueçamos o vulto da Dra. Ema. Tendo ele fugido de seu próprio quarto, às 22h00, pode ter entrado pelo alçapão do quarto vago, antes do Carlos chegar à ala dos civis. Ao procurar saber qual era o meu alojamento, encontrou o osso. Voltou ao quarto vazio e, espreitando o corredor, viu quando Carlos passou, já trajando meu jaquetão. Aí, pensando que fosse eu, o matou. Saiu, não pela porta do corredor, mas pelo alçapão do alojamento vazio, utilizando-se dos mesmos expedientes já mencionados, com a mesa e a corda. Demoramos a ir examinar o quarto dele e, muito mais ainda, o quarto desocupado. Ele teve bastante tempo para ajeitar tudo, não só no seu dormitório, quanto no vazio.

Meneei a cabeça, com desconfiança:

— Uma trabalheira e tanto, há de convir. Nessa teoria, porém, Ema ainda continuaria, mentindo sem um motivo. Sabe, almirante, quanto mais tentarmos encaixar alguém a fórceps, na cena do crime, mais surgirão obstáculos, em especial quando da acareação com a narrativa de Ema. Precisamos ter calma. Lembrem-se do método indutivo: os fatos é que devem nos levar à teoria, não o contrário.

Suspirei profundamente. Inquéritos são bons, mas cansam. Tomei um gole d'água e prossegui:

— Eu vou ajudá-los a organizarem as ideias. Vejamos... Pelas características peculiares da arma do crime e acerca de sua obtenção pelo criminoso, parecem-me claras três coisas. O assassino: 1) Sabia da existência do osso; 2) Sabia onde encontrá-lo; 3) Tomou posse dele com facilidade.

"Na questão da utilização do tempo, entre 22h25 e 23h25, o assassino teria que: 1) Ter condições favoráveis para agir; 2) Ter pleno domínio territorial; 3) Estar dentro da EACF.

"Por fim, ter uma razão forte para escolher a EACF como palco de seu delito.

O almirante colocou a mão sobre os lábios, pensativo. Sentei-me e alisei meu bigode por alguns momentos:

— Diante disso, temos analisado várias opções. Ema, Humberto, um possível bandido, vindo de fora para resgatar os apontamentos de Peary... Vamos, porém, olhar um pouco mais para o Ernani...

"Ernani estava dentro da estação, no quarto defronte ao de Humberto. Poderia ter em mente matar Carlos Eduardo, tendo um bom motivo para isso, afinal, o ódio pode ter se reacendido quando viu o biólogo novamente. Talvez esse ódio nunca tenha se apagado. Poderia até estar obcecado por essa ideia. Quando viu o desafeto desembarcar aqui, pode ter pensado em dar um fim nele. Por ter relatado seu passado a Humberto, significa mesmo que não esqueceu o que Carlos fez ao irmão. Esteve na praia. Sabia do osso. Pode ter visto Ema guardá-lo no bolso e trazê-lo para dentro da EACF. Apoderou-se dele mais tarde, quando saiu da sala de vídeo. Teve todo o caminho livre, pois foi o primeiro a sair, cinquenta minutos antes de Carlos, às 21h30. E, excetuando-se Humberto, confinado, esteve sozinho, na ala dos civis, por um bom tempo, com toda a facilidade do mundo.

"Mais tarde, na espreita de uma oportunidade, talvez tenha visto quando Carlos furtou o jaquetão. Poderia estar bisbilhotando, escondido. Teve até tempo para descobrir (e utilizar), o quarto vago. Talvez também tenha visto Ema indo ao toalete e, tendo notado o caminho livre, foi até o quarto, viu a porta aberta e Carlos de costas para o corredor... Entrou e desferiu o golpe fatal. Jogou o lenço sob a cama e depois voltou correndo para o seu próprio quarto, esperando Ema dar o alarme.

"Teve oportunidade, teve motivos, já poderia ter em seu poder a arma do crime... Até a questão da frase sobre o jaquetão seria justificável: "E o que faz com a jaqueta do almirante?", afinal, sabia realmente que era uma peça do uniforme do almirante, pois teria visto Carlos surrupiá-la.

Os olhos do almirante brilharam:

— Basílio! Agora entendo o que você quer dizer sobre "os fatos levarem à teoria e não o contrário". É uma questão de fluidez, estou certo? Tudo agora flui naturalmente, sem esforço.

Assenti:

— Exatamente. Nessa teoria, os fatos fluem harmoniosamente. Ernani é, sem dúvida, uma via melhor que Humberto, para a resolução desse caso.

— Ah, meu caro, descobriste tudo. Tudo se encaixa. Para mim ficou tudo claro agora. Ernani matou Carlos.

Prossegui:

— E ainda há um detalhe: Ema, por exemplo, poderia muito bem esperar outra oportunidade, se quisesse dar cabo do marido. Não iria fazê-lo aqui, perto de um delegado e de um punhado de militares. Ernani, entretanto, teria outra chance, com a possibilidade, inclusive, de incriminar Ema? Assim, mesmo correndo risco, sua chance era aqui, não em outro lugar. Foi friamente calculado, mas não sem uma dose de muito ódio.

H. Nunes estava radiante:

— Magnífico! Basílio, tu és um gênio! Mataste a charada! Barbaridade, tchê! É perfeito! Agora tudo se encaixa. Não me venha dizer que não!

— Apenas uma coisa não. Aliás, duas!

— Ah, não! Não me venha de novo com isso! E o que é?

— Magro e fraco, como é, teria conseguido conter o atlético Carlos? Teria conseguido tampar a boca do biólogo, por exemplo, para que ele não gritasse, antes de desferir o golpe fatal?

— Ora, talvez Carlos não tenha gritado.

— Acho muito difícil. De qualquer maneira, essa é a teoria que considero a mais plausível, por enquanto, até porque, Ernani poderia jogar o crime pra cima de Ema, quando contasse sobre a cena da praia, tendo em mente que as digitais dela poderiam ser encontradas no osso. Apenas descuidou-se quanto à posição do punhal, quando desferiu o golpe fatal. Na verdade, talvez nem pudesse lembrar em que posição Ema o segurara.

Inês ouvia atentamente tudo o que dizíamos, aliás, como sempre. Perguntei-lhe:

— No que está pensando?

— Que o Ernani está bem encrencado. Mas uma coisa é matar um homem e até acredito, ele teria uma boa razão para isso. Outra é imputar um crime a uma inocente. Ele não me parece uma pessoa capaz disso.

Ponderei:

— Se o Humberto estiver certo, na cabeça de Ernani, Ema também teve culpa, pois teria agido nos bastidores a favor de Carlos. Nesse caso, Ernani talvez não esteja nem aí, se ela vier a ser acusada.

Após minhas considerações finais, o almirante decidiu-se:

— Deixemos os argumentos para o advogado de defesa. Vou mandar confiná-lo até que a Polícia Federal chegue. Foi ele!

Saiu apressadamente, ao que Inês disse:

— Basílio, você disse que duas coisas não se encaixavam. Uma, é o fato de Ernani ser magrelo e fracote. A segunda, acredito: a falta de justificativa para as mentiras de Ema.

— Quer incluir uma terceira?

— O cantil, onde entra?

— Pois é!

Փ

Ernani esperneou, mas, diferentemente de Humberto, foi muito mais fácil carregá-lo para o confinamento. Sobre pressão, acabou por confirmar a história a respeito do irmão:

— Eu não matei ninguém. Não nego, tinha vontade disso... Aquele miserável... Foi difícil conviver com ele, ainda que por poucas horas... Fingir que não estava sentindo nada, fazer sala e até servir de guia turístico. Desgraçado! Matou meu irmão de desgosto. Sinceramente? Estava torcendo para ele e a mulher irem logo para o navio, mas aí veio a tempestade... Pra mim, ele mereceu o fim que teve, não vou dizer que fiquei com pena... Nem dele, nem dela... Mas, eu não o matei! Jamais faria isso!

Ernani já estava quase chorando:

— Lugar desgraçado! Nunca mais quero pôr os pés aqui!

— Cale a boca! — exigiu a capitã Azevedo. — Para onde você vai, não vai mesmo precisar voltar.

Ernani esbugalhou os olhos. Suando frio, encarou a capitã:

— E para onde vou?

— Para a cadeia!

---------
O delegado não está concordando muito com o rumo da investigação. Quer que todas as perguntas sejam respondidas, sem entraves. Será, portanto, que a prisão do biólogo medroso é mesmo o caminho mais certo?

*Registe seu voto e comentário. Grato.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro