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1 - Cena do Crime

WHODUNIT (Quem matou)?

EACF, 10 de janeiro de 2011, 23h45...

... — Almirante, pode chamar o médico da estação? Precisamos que o doutor faça logo um exame, pois ele parece morto, mas pode não estar.

O almirante, como se fosse um subordinado meu, nem se dando conta de ser a autoridade máxima ali, saiu rapidamente e entrou por outro corredor, perpendicular àquele em que nos encontrávamos, dirigindo-se à ala dos militares da estação.

Ema ainda se encontrava um tanto quanto anestesiada:

— Delegado, o assassino...

Ernani a interrompeu com um grito, assustando-se com a palavra:

— Assassino?

A bióloga reiterou, já com um pouco do autocontrole recobrado:

— Assassino, sim! Ou você acha que seria possível Carlos ter enfiado um osso de baleia em suas próprias costas?

Surpreendi-me com a facilidade com que ela afirmara ser a arma do crime um osso. E de baleia! Seria pelo fato de ser bióloga? Indaguei:

— Como sabe que é um osso de baleia?

— Ora, pois é o osso que peguei hoje na praia. Eu o trouxe comigo.

— Trouxe o osso? E onde o deixou?

— Sobre a mesa aí do quarto, delegado.

Ernani passou a mão nos cabelos, apreensivo:

— Ema, te falei pra não trazer o osso. Não se pode pegar nada lá fora. É proibido... Viu no que deu?

E, voltando-se para mim, informou:

— Delegado, pior que ela ainda brincou com esse osso, dizendo que parecia um punhal, simulando um ataque contra o marido. Eu não falei, Ema, que não se brinca com essas coisas aqui nesse lugar?

Inês, que acabara de voltar com água e comprimidos de passiflora, ao ouvir aquela última afirmação de Ernani, o recriminou:

— Pare com estas bobagens metafísicas e engula três comprimidos! Não há nada de sobrenatural aqui! O que temos é algo bem real! Um crime! E graças a Deus, um delegado experiente para nos ajudar!

Dando razão a Inês, fechei a porta atrás de mim, para evitar a visão do morto. Ao adentrar um pouco mais no corredor, senti um vento gelado e perguntei:

— Mas... De onde diabos está vindo esse vento frio?

Ema apontou para aquela porta que eu verificara antes de deitar e que dava para o lado externo da estação, no final do corredor. A porta ficava a uns três metros da entrada do quarto dela e agora estava encostada, não mais trancada com o ferrolho, tampouco fechada com o giro da maçaneta. Ema, tomando dois comprimidos oferecidos por Inês, declarou:

— Era justamente sobre isso que eu ia falar, quando Ernani me interrompeu. O assassino! Era o que eu ia dizer, ele fugiu por ali. Eu vi!

De repente, um vento forte abriu a porta de vez, fazendo com que ela se chocasse contra a parede do corredor, assustando a todos, provocando mais um grito de Ernani. Corri até a porta e, apesar do vento cortante que entrava, olhei para fora e observei a grossa camada de neve que se formava sobre o solo, já tendo atingindo o nível do último degrau da escada de acesso ao contêiner. Estava tudo liso e branco! Em outras circunstâncias, não teria tido aquela coragem. E não fosse a preocupação com o crime, estaria bem preocupado com toda aquela neve, que continuava caindo e já quase invadia o corredor. A previsão de que a neve poderia cobrir a estação não parecia mesmo exagero.

Luzes artificiais, em postes acima da estação, ajudavam a iluminar boa parte do terreno até o início da enseada Martel. Não havia muita luz natural, pois o sol estava pouco acima da linha do horizonte, como num verdadeiro ocaso, mas logo, como já me haviam dito, estaria se levantando novamente. Em outras palavras, em poucas horas já seria dia totalmente claro de novo, muito embora, houvesse muitas nuvens. Ema, observando minha indecisão em sair, informou:

— Ele fugiu por aí! Temos de pegá-lo!

Arguí:

— Nem pensar! Com esse vento e neve não alcançaremos ninguém nessas condições, seja quem for e esteja onde estiver.

Fechei a porta e passei-lhe a tranca, pela segunda vez, naquela noite. Olhei para o chão do corredor, a fim de examiná-lo. Excetuando-se pela neve que acabara de entrar pela porta aberta, ele se encontrava totalmente limpo. Todo aquele cenário já me parecia realmente muito estranho, mas não externei meus pensamentos a ninguém, esperando um momento mais propício.

O almirante logo voltou com a chefe da estação, a capitã-de-mar-e-guerra Azevedo. O médico e capitão-de-corveta Cardoso os acompanhava. Cardoso lembrava-me muito uns dos meus investigadores mais inteligentes e eficientes, o negro espadaúdo Madeira, que, inclusive, fora promovido a delegado titular, na Divisão de Homicídios do DEIC — Departamento Estadual de Investigações Criminais, em São Paulo, após a minha aposentadoria.

Entramos no quarto e fechamos a porta. Os militares ali possuíam cada um uma atividade específica, sendo destinada aos capitães os postos de chefe, subchefe e médico; e, aos sargentos, postos como os de mecânico geral, comunicações, eletricista, mergulhador e cozinheiro. Naquela oportunidade, havia, na estação, quatro militares da Marinha do Brasil (os capitães Azevedo e Cardoso, o próprio contra-almirante H. Nunes e o Cabo Gerson), sendo os demais militares pertencentes ao Exército Brasileiro. O capitão Cardoso examinou a vítima, utilizando-se de um estetoscópio:

— Está morto! Não há sinal de batimento cardíaco. Notem as pupilas: dilatadas, além da palidez cadavérica, com perda total da tonicidade muscular. Flacidez geral. Ao que tudo indica, hemorragia interna, causada pelo ferimento. Quase não há sangue no jaquetão. O osso atingiu em cheio o coração e o varou, muito provavelmente.

Perguntei:

— Há quanto tempo? Consegue precisar?

— Diria há pouco tempo. O corpo está com temperatura pouco abaixo do normal e não há sinais de rigidez muscular, apenas num pequeno grupo de músculos. Diria, no máximo, uma hora e meia. Não tenho grande experiência nesse tipo de análise, mas possuo boas noções de medicina legal. Por isso, não acredito em mais que uma hora e meia.

Busquei mais precisão:

— No máximo uma hora e meia. E no mínimo...?

— No mínimo? Ah, sim, no mínimo... Uns 30 minutos.

Olhei meu relógio de pulso e verifiquei que eram 23h55. Fiz as contas de cabeça, um pouco devagar, mas fiz:

— Então ele morreu entre... 22h25 e... 23h25. Isto é muito importante. Tem certeza?

— Certeza absoluta, não. Não sou legista, mas possuo conhecimentos suficientes para afirmar que, além de uma hora e meia, não foi.

Passei as duas mãos no bigode:

— É inacreditável! Debaixo das nossas fuças. Mas quem? E por quê?

A clássica pergunta das novelas policiais: "Whodunit", isto é, "Quem matou"? O almirante aproveitou a deixa que talvez já esperasse:

— Quem irá nos responder isso, és tu, meu caro. Tenho autoridade aqui para pedir que investigue o caso.

Փ

DILIGÊNCIAS.

EACF, 11 de janeiro de 2011, 0h00...

... — Eu?

— Sim, Basílio! Quem mais indicado que tu mesmo? Digamos que já é muita sorte ter um delegado de homicídios num lugar ermo como esse, onde nunca se esperaria um crime. E tu vai ficar de braços cruzados? Veio veranear por aqui? Não mesmo!

— A despeito do fato de que estou aposentado, não estou na minha jurisdição. Esse é um caso para a Polícia Federal.

— Basílio, Basílio... A polícia não poderá chegar aqui tão cedo e nem nós poderemos sair, com essa tempestade. Tu é uma sumidade no assunto, uma das mais respeitadas no país. É profissional. Nada do que fizer irá contrariar os passos de uma investigação. Estaremos adiantando o trabalho e tu sabe muito bem, nesses casos, quanto mais rápido forem apurados os fatos, melhor.

Tive de concordar e acrescentei:

— Vamos ter que mexer ao menos no corpo, porque não podemos deixa-lo aqui, esperando a polícia chegar. E não sabemos quanto tempo vai durar essa tempestade.

— Pois então! Se já vamos mexer na cena do crime, acho que já é um bom motivo para você fazer uma perícia profissional, ainda que com limitações. Justifica-se plenamente.

— Terei seu respaldo?

— Nem precisa duvidar.

— Bem, se os capitães aqui presentes não fizerem nenhuma objeção...

Diante do silêncio da Azevedo e do Cardoso, enchi o peito, matando a bola que me fora cruzada:

— Sendo assim, tomo as rédeas do caso! Capitã Azevedo, vê algum empecilho em destacar uma equipe para vasculhar a área externa da estação?

— Nenhum empecilho. Mas temos que ser rápidos, pois a nevasca está se intensificando. A continuar assim, a neve poderá atingir o telhado em alguns pontos da EACF.

Novamente aquela possibilidade me assustou:

— Isso pode mesmo acontecer? — indaguei. — Ouvi falar, mas não quis acreditar.

— Pode sim! No verão é difícil, mas acontece. No inverno a estação invariavelmente vira um submarino.

— Meu Deus!

Azevedo tranquilizou-me:

— Fique tranquilo. Os contêineres são estanques. Estaremos seguros. E o nosso pessoal é acostumado a essas situações.

Azevedo desviou o olhar para o almirante:

— Mais alguma ordem, senhor?

— Sim, capitã. Destaque apenas cinco homens. Peça ao grupo que vasculhe a área, atrás de qualquer indício suspeito. Não são peritos, mas que procurem por algo diferente, que não esteja dentro da normalidade. Peça também que não se arrisquem. Lembre-se, estaremos respondendo por nossos atos de forma grave, se algo mais acontecer!

— Ah! — exclamei. — Capitã, oriente os homens pra não tocarem em nada que encontrarem. Se bem que vão estar de luvas, por causa do frio... É necessário preservar possíveis marcas ou digitais.

A capitã deu meia-volta e saiu. Voltei-me para o médico:

— Capitão, será que poderia me providenciar uma máquina fotográfica?

— Claro! Algo mais?

Fiz uma lista de itens que necessitaria na perícia. O capitão Cardoso, seguindo os passos da capitã Azevedo, rapidamente foi providenciar, porém, antes, pensou em designar que alguns homens buscassem uma maca para retirar o corpo do local.

— Como vamos conservá-lo? — perguntei.

Cardoso respondeu:

— Há uma câmara frigorífica aqui na estação. Está desligada, mas vamos ligá-la e deixaremos o corpo nela. É pequena, mas cabe lá uma maca.

Aplaudi:

— Ótimo! Mas, não retire o corpo ainda, até que eu faça a perícia. Te informo quando estiver liberado. Em "dois palitos", termino.

Ficamos dentro do quarto, apenas eu e o almirante. Olhei-o, de forma incisiva:

— Bom, depois que eu fizer algumas verificações periciais, precisaremos tomar alguns depoimentos.

— Um Interrogatório?

— Não um interrogatório, propriamente dito, mas essa não é uma investigação policial? Então, tem de haver uma fase preliminar inquisitória, para reunirmos elementos mínimos de materialidade e autoria.

O almirante, ainda surpreso com todas as minhas oficiosas providências, saiu mais uma vez para ajudar a cumprir minhas ordens, quem diria, porém, antes me lançou um desafio:

— Vou querer ver qual explicação encontrará para esse infeliz estar metido num dos meus jaquetões!

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Agora as coisas se tornaram claras, ao menos quanto ao assassinato, apresentado no início da história. Mas, Assassinato no Continente Gelado é um "Crime em Dois Atos", o primeiro, em Punta Arenas. Relativo ao segundo ato, sobem agora as cortinas e novas perguntas surgem... Whodunnit?

*Registe seu voto e comentário. Grato.

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