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45. Eu acredito em nós

#CodinomeFlamingo

Olhando pelo retrovisor, Byul-yi ajeitava o cabelo e reposicionava a câmera escondida em seu broche dourado no casaco de lã preta enquanto Yeonjun a observava entediado, sorvendo o café já pela metade. A manhã parecia se estender dentro daquele carro, o que não combinava com a agitação da rua vista através dos vidros escuros.

— Por que tanta preocupação com a aparência de repente?

Byul-yi o olhou incrédula, como se fosse óbvio demais e a cafeína tivesse o efeito contrário, deixando-o mais lento.

— Qual a lógica de entrar em uma loja de cosméticos e parecer que eu não dou mínima para os produtos que vendem ali?

— Tem razão... — Yeonjun assentiu, checando o próprio visual e dobrando a gola da camisa com mais cuidado para esconder o microfone de longo alcance. — E se algum vendedor te perguntar o que deseja? O que vai responder?

— Não faço a menor ideia, na hora eu me viro.

Saíram do carro e as botas de cano longo de Byul-yi estalavam no asfalto, a pistola escondida não a incomodava. Até se sentia um pouco estranha em seus dias de folga, como se andar sem o metal gelado sendo esquentado pela própria pele fosse incomum, como se lhe faltasse algum acessório.

Assim que entraram na loja e sentiram a mistura de aromas dos inúmeros cosméticos formando um único e inconfundível perfume, os dois entraram em seus personagens de clientes e começaram a andar pelos corredores. Havia poucas pessoas fazendo compras, mas as cestinhas de plástico estavam cheias de cremes para cabelo.

Yeonjun não conseguia relaxar e parecia uma sombra ao lado de Byul-ly, que tentava não mostrar desconforto em sentir o colega tão próximo.

— Você pensou no que dizer se alguma vendedora te oferecer ajuda? — perguntou, com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Direi que eu estou acompanhando a minha belíssima namorada, é claro. — Sorriu, colocando a mão gentilmente sobre o ombro da parceira. — Deixa eu carregar a sua bolsa para melhorar o disfarce — sussurrou, a centímetros de distância do ouvido de Byul-ly.

Sua reação imediata foi dar uma cotovelada em Yeonjun, o qual engoliu um gemido para não chamar atenção.

— Não preciso que ninguém carregue nada para mim. — Empinou o nariz e saiu andando para o outro lado da loja, tentando controlar as batidas aceleradas do coração que ela tinha certeza que eram por causa do nervosismo da vigilância discreta.

Yeonjun não se importou, tentava olhar para o fundo das prateleiras à procura de algo estranho. Chegou mais perto de Byul-ly novamente só para confirmar as suas paranoias.

— Será que eles esconderiam alguma coisa atrás das prateleiras?

— Acho que não. Pelas informações que temos, se aqui tiver algo comprometedor, está atrás daquele balcão — Byul-yi respondeu, olhando fixamente para os esmaltes a sua frente.

Yeonjun ouviu e demorou alguns longos segundos para virar o pescoço em direção ao balcão, olhando como se procurasse algo na direção contrária e ele fosse apenas um obstáculo no caminho.

— Precisamos chegar até lá. Agora. — O investigador mostrou certa urgência em sua fala ao ver um jovem em frente ao balcão, deixando escapar os desenhos de sua tatuagem nas costas pela gola do casaco que vestia.

Byul-yi pegou um esmalte preto e outro cinza escuro, um pote de removedor, algodão e palitos de laranjeira, gestos firmes e automáticos como se já soubesse o que queria e conhecesse a loja. Seguiu andando despreocupada em direção aos dois, aparentemente alheios em uma conversa importante. Parou a alguns passos, tentando manter o corpo virado para o lado enquanto fingia se distrair com os acessórios de cabelo que por ali existiam e esperar para ser a próxima cliente a ser atendida. Por sorte, as prateleiras perto do caixa eram mais baixas e não cobriam a captação da câmera.

Byul-yi observou as pupilas de Yeonjun dilatarem-se e ele jogar a cabeça para o lado, tentando ouvir a conversa sem ser percebido e confiando no microfone. Ela não conseguia ouvir nada dali e tentava mostrar-se distraída, procurando alguma presilha quadriculada, algo que parecia impossível em uma prateleira tão colorida.

Byul-yi sorriu e mostrou a Yeonjun uma presilha de flor com uma cara tristonha e lágrimas nos olhos. Ele a respondeu com um sorriso igualmente radiante nos lábios, dizendo uma frase qualquer apenas movendo os lábios para não atrapalhar a captação do microfone.

Bufadas altas foram ouvidas de repente e Yeonjun engoliu em seco. O jovem colocou o capuz do moletom na cabeça e saiu da loja, pisando no cimento queimado com passos duros. Os investigadores não conseguiram acompanhar a intensa troca de olhares dos dois antes de serem os próximos clientes a serem atendidos. No entanto, assim que começaram a se aproximar do balcão, o atendente logo foi substituído por uma mulher com um pirulito na boca, deixando a situação ainda mais explícita para Yeonjun e Byul-yi.

Saíram de lá com uma sacola de papel rosa e, assim que entraram no carro, Byul-yi deu a partida, seguindo para a Estação Policial. Assim que chegaram, Yoseb, o responsável pela Divisão de Tecnologia, já estava os esperando com Seokjin em seu encalço.

A sacola ficou disposta na mesa de reuniões e Wheein a analisava enquanto escutavam o som captado pelo microfone de Yeonjun.

Não tenho mais nada aqui, cara. Já tem dias que estamos zerados. Precisamos esperar que alguém consiga chegar da América do Sul.

Eu não tenho mais tempo para esperar. Se ele não tem mais acesso a rota alguma, por que ainda acha que tem a gente sob controle dele?

Yeonjun jogou a cabeça para o lado, pensativo. As informações não foram totalmente comprometedoras, mas confirmavam o depoimento de Jeongguk.

Toma cuidado com o que diz, Solo — disse, por fim, o suposto traficante. Logo a reprodução foi interrompida pois só o que se escutava era a voz simpática de Byul-ly cumprimentando a atendente.

— Solo... — Yeonjun repetiu o nome. — Podemos falar com Jeongguk novamente para averiguar quem é esse?

— Podemos tentar. — Seokjin garantiu.

— Alguém parece desesperado para ter o que traficar — Wheein disse, olhando para a presilha com cara de chorona. — É possível que eles estejam esperando uma remessa de drogas.

— A rota mais eficaz não está nas mãos de Baekhyun, isso é óbvio. — Seokjin assentiu, suspirando com a operação que somente confirmou as informações que já tinham. — Como estão as investigações da rota de Jeju?

— Câmeras foram posicionadas estrategicamente em um ponto do cais para confirmarmos nossas suspeitas. — Wheein respondeu, jogando a presilha de volta na sacola. — Até ontem não obtivemos nenhum indício. As cargas chegam e são retiradas normalmente pelas empresas de entrega dos estabelecimentos.

— Já negaram a possibilidade de um desses comerciantes serem aliados do Niida? — Yeonjun perguntou, mordendo a borda plástica do seu copo de café.

Wheein franziu o cenho e encarou as letras em alto relevo da Persona. A loja de cosméticos era um disfarce para Baekhyun, mas e se Niida também tivesse um?

— No depoimento de Jeongguk, ele disse que retiravam os entorpecentes diretamente no porto de Busan e que precisavam pagar propina para o funcionário liberar a retirada. — Yeonjun continou, apoiando os cotovelos na mesa. — E se realmente existir uma peixaria, ou qualquer outro estabelecimento?

— Você está dizendo que Niida poderia retirar a mercadoria como um comerciante comum sem levantar suspeitas de que a carga está repleta de metanfetamina? — Wheein perguntou, apenas para checar o raciocínio do colega, que levantou as sobrancelhas e balançou a cabeça de modo positivo.

— Isso tornaria o flagrante ainda mais difícil — Seokjin ponderou. — Mas e quanto à fiscalização? Alguém precisa autorizar a entrada dos produtos no país.

— Jeju não possui o maior porto do país — Byul-yi observou. — E ainda não sabemos se existe alguma rota alternativa com ainda menos fiscalização. Quem sabe estejam usando técnicas de ocultação que não conhecemos, as alternativas são infinitas.

— Joon-ki está analisando os perfis dos usuários do porto, buscando alguma anormalidade nas informações, já que não captamos nenhuma imagem comprometedora — Wheein garantiu, levantando-se.

— Aliás, o mandado de busca do endereço de Gangnam já foi aprovado. Sintam-se livres para irem quando quiserem, a equipe está de prontidão apenas esperando por vocês — Seokjin avisou e os dois mais jovens arregalaram os olhos, animados.

Byul-yi levantou-se apressada, quase esquecendo-se das suas compras. Sorriu amarelo para Wheein, pegando a sacola em cima da mesa antes de sair.

— Que foi? Eu realmente quero começar a pintar as unhas — respondeu o olhar desconfiado de Yeonjun enquanto andavam pelo corredor.

— De preto e cinza? — provocou e ouviu Byul-ly bufar.

— Não foi como se eu tivesse tempo para escolher as cores. Você me apressou.

Yeonjun deixou escapar um riso presunçoso do fundo da garganta e mantiveram-se em silêncio por alguns passos, somente com o som dos sapatos estalando no chão de madeira da estação policial antiga.

— Para um comércio criado para lavagem de dinheiro, até que era bem organizado — Yeonjun disse, lembrando-se dos esmaltes em sequência por escala de cor, mas Byul-ly manteve-se em silêncio, pois a Persona a lembrava da ideia ridícula dele de fingir que era seu namorado.

Depois de algumas horas discutindo os melhores e piores cenários de adentrar o escritório de um chefe do tráfico de drogas e criar planos para resolver possíveis conflitos, Byul-ly e Yeonjun chegaram ao estacionamento do prédio do qual Jeongguk havia fornecido o endereço. Eles não sabiam, e nem poderiam, mas por diversas vezes, Jeongguk esteve ali, na mesma vaga, sentindo uma tensão parecida: a de não querer cruzar a porta de incêndio porque não sabia o que encontraria, apesar de já conhecer Baekhyun. No entanto, os investigadores sentiam algo parecido com a curiosidade, vontade de resolver aquilo de uma vez e medo.

A noite caía e o estacionamento esvaziava-se aos poucos, propiciando uma investida sem que nenhum civil inocente corresse risco de vida. Ficaram observando a entrada da ala norte ainda dentro do carro. Yeonjun começou a mexer na sacola da Persona e colocou a presilha chorona no cabelo, juntando um punhado de cabelo no meio da cabeça.

— Tira isso — Byul-ly disse, revirando os olhos por achá-lo muito fofo, sorrindo e mostrando-lhe os polegares. — Você está se distraindo.

— Desculpa! — reclamou de forma exagerada e jogou a sacola para o banco traseiro, junto da presilha.

Assim que já estava escuro o suficiente lá fora e o estacionamento estava quase completamente vazio, verificaram suas armas e comunicadores. Quando a resposta da equipe de reforço chiou no rádio, Byul-ly sentiu um arrepio percorrer pela sua espinha e Yeonjun suspirou depois de prender a respiração por longos segundos, apertando os dedos cobertos por luvas de couro.

Do lado de fora do carro, o estacionamento não aparentava qualquer atividade suspeita e a porta metálica que os separava dos corredores que dava acesso aos andares do prédio parecia deserto.

— Mantenha a atenção — sussurrou Yeonjun, empurrando a porta metálica com as costas, sempre mantendo a arma empunhada e o dedo firme no gatilho.

Depararam-se com um lance de escadas de cimento, a qual iluminou-se com a detecção de suas presenças. Yeonjun arriscou-se a olhar para cima e viu a linha maciça criando um círculo de acesso aos andares. Seus passos ecoavam abafados e as batidas do coração eram fortes em seus ouvidos. Começaram a duvidar de que ouviriam alguma aproximação suspeita, mas só pararam quando Yeonjun fez um sinal com a mão, indicando que chegaram no andar informado por Jeongguk.

O investigador colou o ouvido junto à porta, tentando averiguar se havia alguém lá dentro, mas não escutou nada além de um zunido de algo que parecia elétrico. Balançou a cabeça em negativa para a parceira, que mostrou um semblante mais tranquilo.

— Vamos entrar? — sussurrou Byul-ly.

Primeiramente, Yeonjun tentou abrir a porta pela maçaneta, que cedeu com facilidade, apresentando sinais de arrombamento. O ar quente invadiu o corredor, o zunido que ele escutou era do aquecedor ligado sabe-se lá por quantas horas.

— Entramos — Byul-ly avisou no rádio, e assim que Yeonjun achou o interruptor, mostrando a sala completamente vazia, ela completou. — E estamos sozinhos. A perícia está liberada.

Suspiraram em frustração e abaixaram as armas. Não havia nada além do carpete no chão marcado pelos móveis que um dia estiveram ali, e as paredes com os furos dos quadros arrancados.

— Será que estamos na sala certa? — Yeonjun questionou-se, intrigado. Retirou as luvas de couro que vestia e parou no meio da sala com a sua cabeça girando. — Será que ele sabe sobre a delação de Jeongguk?

— Eu só sei que está muito quente aqui. — Byul-ly olhou para o aparelho ligado e semicerrou os olhos. — Se ele fugiu, foi às pressas.

Passos foram ouvidos nas escadas e o agente Hansu surgiu com a sua câmera pendurada no pescoço e a maleta equilibrada nos dedos. O restante da equipe seguiu subindo para vistoriar todo o prédio à procura de Baekhyun, ou de qualquer outro suspeito.

— Fotografe o aquecedor, por favor. — Yeonjun pediu. — Precisamos desligá-lo antes que ocorra uma sobrecarga elétrica.

O som do obturador da câmera foi ouvido diversas vezes enquanto os agentes perambulavam pela pequena sala em busca de algo, mesmo que não parecessem muito otimistas com aquilo. Yeonjun suava e suas bochechas ficavam vermelhas, Byul-ly xingou-se mentalmente por ter reparado nisso enquanto deveria se atentar a coisas mais importantes, como nos papéis que se enfiaram por engano entre as emendas soltas do carpete. Abaixou-se para pegar e Yeonjun aproximou-se, curioso.

— Notas promissórias? — perguntou, lendo as informações rapidamente. — Vamos coletá-las como evidência.

— Esses valores são exorbitantemente altos — Byul-ly comentou, andando em círculos enquanto fazia a sua avaliação. — E estão com o CNPJ da Persona. — Riu de satisfação, vibrando tanto com o achado que não conseguiu evitar de balançar os braços para cima, comemorando. — Nunca uma loja como aquela cobraria esse preço pelos produtos.

— Tem razão. — Yeonjun sorriu junto a colega, contente com a ideia de estar pisando em um ponto importante da organização do tráfico de drogas.

A animação de Byul-ly a fez encostar na porta entreaberta para deixar o ar quente sair e assim, ela foi se fechando lentamente até revelar uma imagem escondida.

— O quê é isso?

Os cliques da câmera de Hansu foram ouvidos freneticamente e Byul-ly sentiu o coração bater mais rápido ao visualizar a serpente verde neon pichada.

— Baekhyun não saiu daqui às pressas. Essa sala foi invadida — Yeonjun constatou, olhando fixamente para o que parecia ser o símbolo de uma gangue rival.

— Niida? — O nome surgiu na mente de Byul-ly e procurar pelo olhar do companheiro fora inevitável.

— Precisamos rastrear o símbolo para confirmar nossas suspeitas. — Yeonjun vestiu a luva cirúrgica que estava na maleta de Hansu e tocou na tinta.

— Sprays costumam secar rápido — Hansu disse, repousando a câmera em seu pescoço. — O aquecedor ligado me intriga mais. Baekhyun estava aqui antes da invasão?

— Se isso foi um sequestro, seria cômico demais precisar salvá-lo de um chefe do tráfico — Byul-ly pensou em voz alta, lembrando-se da história que Jeongguk contou sobre a família Byun.

— Se ele conseguiu fugir antes, precisamos apertar o cerco nas fronteiras. Não somos os únicos a estarmos atrás dele.

(...)

Jimin parou de fazer curativos em sua ferida na testa, mas ainda se sentia machucado. Continuava vivendo, fazendo o que podia dentro de casa, assistindo às horas se arrastarem lentamente. Queria se perder nos dias da semana tão rápido que um era substituído pelo outro. Ao menos era assim no verão, com o verde vivo das árvores pintando o campus universitário e o seu coração batendo acelerado ao ver Jeongguk esperando-o depois das aulas.

Pensar naquela época o fazia perceber a falta de ânimo de seus dias. Não lembrava dos seus invernos anteriores serem assim. Alguns poderiam dizer que Jeongguk tirou a graça de tudo, ou que havia levado sua vontade de viver junto dele, mas Jimin sabia onde doía. Pensar que a vida de Jeongguk podia ser diferente e consequentemente, a sua também, era devastador.

Eunbi ligou avisando que voltaria para Busan, não podia ficar muito tempo fora do trabalho. Jimin tentou ser simpático, desejou uma boa viagem, mas quando a ligação terminou, chorou de raiva, apertando o travesseiro contra o corpo para não acabar se machucando com as unhas atravessando a pele das palmas, já bastava a garganta arranhada.

Queria vê-lo antes da audiência, mas ficou sentado à mesa da cozinha, assistindo aos seus pais prepararem o almoço enquanto imaginava o que podia estar acontecendo com Jeongguk e como ele estava se sentindo. No mesmo dia, Yoongi bateu à sua porta e Jimin não soube explicar o motivo de sua euforia, o porquê de achar que poderia ser Jeongguk.

Enquanto sua mãe esquentava a água para o chá, Jimin levou o advogado para o jardim. Não queria conversar sobre Jeongguk na frente dos pais, algo naquilo o fazia pensar que a sua intimidade estava sendo violada.

O vento frio fazia os galhos das árvores do jardim balançarem e Jimin se encolhia dentro do casaco. Yoongi estava ao seu lado, quebrando em pedacinhos um dos galhos que achou no chão, tentando se sentir menos desconfortável com o diálogo que tinham.

— Só estou te dizendo tudo isso porque Jeongguk veio com uma conversa de que você não pode ficar no escuro, mas eu também não posso te contar muita coisa. É mais seguro que você não saiba de nada.

— Eu sei. — Jimin suspirou, e uma pequena nuvem de fumaça branca escapou de sua boca devido ao frio intenso. — Mas é bom saber que ele está tentando.

— E tente não sair de casa, tudo bem? — O tom preocupado de Yoongi chamou a sua atenção.

— As informações são tão sensíveis assim? — Seu coração começou a bater mais rápido e o ar seco não lhe ajudava a umedecer a garganta.

— Tente não pensar muito sobre isso e siga as instruções da polícia. — Yoongi o encarou com veemência e Jimin não conseguiu sustentar o olhar.

— É muito difícil não poder fazer nada além de esperar, mas com ele sempre foi assim. Sem perguntas sobre suas angústias, ser um apoio sem poder saber no que ele pensava antes de dormir... Agora é só essa longa espera pelo futuro.

— Não pense tanto no futuro também. Ele vai demandar bastante coragem de vocês dois. — Yoongi apertou os lábios, pensando na gravidade de tudo o que fora delatado. A vida dos dois depois da tempestade também não seria fácil.

— Sobre o que eu posso pensar, afinal? — perguntou com um sorriso vacilante nos lábios, não querendo deixar que o comentário de Yoongi o abalasse.

— Pense no agora. O agora também é importante. É o caminho entre um passado cheio de boas memórias e um futuro cheio de expectativas.

Jimin desviou o olhar e negou com a cabeça sem perceber, pois se apegar ao passado e ansiar pelo futuro era o que o mantinha de pé, resistindo.

— Eu sei que está tudo uma merda, que está longe de ser o ponto alto da relação de vocês, mas existe algo tão bonito nisso tudo — Yoongi continuou, mesmo que suas mãos estivessem vazias e pequenos pedaços do galho estivessem perdidos na grama seca. — A forma como os seus pais te acolheram, sua amizade com Taehyung e os outros, e a certeza de um amor... São poucos aqueles que amam sem dúvidas.

— É difícil olhar para o lado positivo das coisas estando no olho do furacão. Acho que isso só será feito no futuro. — Riu, dando de ombros e chutando uma pedra.

— Eu sei — concordou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco de linho, pensando no que poderia falar para aliviar o coração de Jimin. — Ele tomou café hoje. E chupou balas skittles, conhece?

— Conheço. — Jimin sorriu, abraçando o próprio corpo com a lembrança. — Ele ama café.

Queria ouvir mais sobre Jeongguk, mas sua mãe abriu a porta dos fundos e constatando o frio que estava fazendo ali fora.

— Vamos entrar, o chá está pronto.

Sentados sobre almofadas, Yoongi deixou a xícara sobre o chabudai enquanto conversava com a mãe de Jimin, o qual nem percebia que a mente voava para longe enquanto assoprava a bebida quente com os joelhos dobrados. Jiyoon não queria saber de Jeongguk, queria ter a certeza de que Jimin estava seguro. Enquanto o nome alheio não fosse mencionado, Jimin fingiria não estar ali.

E era justamente a ideia de ignorar que levou o filho àquela situação que fazia Jiyoon criar planos de fuga, pensar em pedir transferência para outra filial da empresa que trabalhava, mas sem nunca colocar em prática. O pensamento de deixar aquela casa, de se distanciar de tudo o que conhecia e construíra, aterrorizava-lhe. Além disso, sentia que não era justo tomar essa decisão drástica por causa dos erros de alguém que mal conhecia.

No entanto, guardar todas aquelas ideias e planos apenas para si era sufocante, deixar escapar uma delas sem a pretensão de magoar Jimin era inevitável.

— Escuta — Jiyoon pediu, pois sabia que por mais que Jimin estivesse sentado e mastigasse automaticamente, ele estava mais aéreo do que os aviões que riscavam o céu. Depois da visita de Yoongi, seus planos aumentaram, assim como a ansiedade toda vez que via passar na rua um carro com um policial dirigindo olhando fixamente para a casa da sua família. — Estive conversando com a sua tia Kyunghee.

— A que mora no interior? — Jimin franziu o cenho, já tirando conclusões sem nem escutar tudo o que a mãe tinha a dizer. — A senhora contou tudo para ela?!

— Não, disse que você está passando por um momento conturbado e comentei que uma temporada em meio às montanhas poderia te fazer bem.

— Eu não vou para Gurye. Eu não sei nem se a medida protetiva permite que eu mude de endereço. — Jimin tentava disfarçar a irritação na voz, encontrando alguma desculpa racional para que aquela conversa, que mal tinha começado, terminasse.

— Podemos perguntar para o advogado. — Jiyoon parecia querer insistir naquilo. — Você pode levar os seus livros para Gurye e aprender a cozinhar com a sua tia. Eu e seu pai teremos que ficar por aqui por conta dos nossos trabalhos, mas vamos te visitar sempre que possível.

— Eu não vou ficar ainda mais longe do Jeongguk! — Jimin respondeu com a voz embargada. Toda a situação já era desconfortável, obrigar a si mesmo a ficar em um lugar desconhecido com pessoas que não conhecia direito era o oposto do que estava procurando. — Não me peça para fazer isso. Eu não vou viver esperando pelo futuro longe de todos que eu amo. E além do mais, as aulas vão começar em poucas semanas.

Engoliu o choro e tentou fugir do assunto com uma nova preocupação, não atrasar os seus estudos era algo importante para a sua família também. Enfiou uma colher cheia de comida na boca e mastigou olhando para a janela, sabendo que os olhos de sua mãe observavam cada piscar dos seus cílios.

O anseio pelo futuro era o que o cegava no momento. E se Jeongguk fosse solto em algumas semanas? Ele bateria na sua porta e Jimin não estaria ali para atendê-lo. Teria que passar mais de 4 horas na estrada para vê-lo e isso era inconcebível para quem tinha pressa.

— Você não vai voltar para a universidade — Jiyoon disse em um tom ameno, tão dócil que parecia lhe esfregar na cara o óbvio. Jimin se sentia um idiota. — Pelo menos não nesse semestre.

— Isso vai atrasar os meus estudos — Jimin respondeu, como se aquela fosse a sua única preocupação, sem conseguir esconder o tom de tristeza na voz.

— Pensasse nisso antes de... — Jiyoon hesitou, sabendo que as suas palavras poderiam fazer um estrago.

Mas a ideia já havia sido plantada no ar.

— De que?! De me envolver com um traficante de drogas? Era isso que a senhora iria dizer? — Jimin vociferou, deixando a primeira lágrima escapar.

— Isso não vai nos levar a nada. — Jiyoon negou com a cabeça, olhando para o seu prato ainda pela metade.

— Não, não vai. — Jimin voltou a se encostar na cadeira e remexeu a comida, sem apetite de repente.

— Não estou aqui para julgar as suas escolhas. — Jiyoon voltou a falar e Jimin se remexeu por dentro, não queria mais ouvir. — Mas preciso te lembrar que elas tiveram consequências. Você precisa pensar com calma nas opções.

Jimin não disse mais nada e Jiyoon respeitou o seu silêncio. Ficou sentado à mesa esperando que a mãe terminasse a refeição, mas ela apenas deixou o prato na pia sem vontade alguma de comer.

Dias se passaram sem que Jimin abrisse brecha para um diálogo com os pais. Jiyoon se arrependia de ter começado com aquilo, mas agora já era tarde demais.

Taehyung os visitou escondendo uma carta no bolso do moletom, a qual só entregou a Jimin quando os dois se encontraram sozinhos no quarto dele.

— Não sei como eles estão em relação a isso — Taehyung disse, apontando com o queixo em direção à porta.

— Minha mãe quer que eu passe uma temporada em Gurye. — Jimin pegou a carta e deitou-se na cama, repousando o envelope sobre o peito, sentindo o papel sobre as palmas.

— Onde fica isso?

— Do outro lado do país. — Bufou com a lembrança da conversa que tiveram. Ainda estava magoado com o que ela havia desistido de dizer, mas que havia ficado implícito no ar. Jimin se sentia culpado por tudo o que estava acontecendo, mas a única coisa que ele se permitiu fazer foi se apaixonar e isso parecia tão injusto. — Como se ficar cercado de montanhas fosse aliviar alguma coisa.

— Quase 5 horas de viagem. — Taehyung estava sentado em sua cadeira de rodinhas, pesquisando no celular rapidamente. — É realmente bem bonito, mas e se algo acontecer com você durante a viagem? Não é como se a polícia fosse te escoltar até lá.

— Ela não está pensando direito e o pior é que eu entendo.

— Não saber como andam as investigações é um pouco agoniante. — Taehyung colocou os pés sobre a cama e relaxou na cadeira. — A galera do estúdio pode visitá-lo, ou não? Não sabemos.

Jimin olhou para o envelope, passando o dedo sobre o carimbo da penitenciária. Lembrou-se do que Yoongi havia dito sobre amar alguém com a certeza de ser amado de volta. Tinha, sim, urgência de devorar o que Jeongguk havia escrito, de ter uma pequena amostra dos seus pensamentos e de que não estava em agonia sozinho, mas queria fazê-lo com calma, aproveitando-se da própria solidão, tentando nutrir a intimidade guardada que sempre tiveram.

— Escrevam cartas para ele. Vamos nos manter em segurança, mas não precisamos deixá-lo sozinho.

— Ele receber cinco envelopes de uma vez seria legal. — Taehyung riu e Jimin o acompanhou, imaginando os olhinhos dele brilhando.

Depois que Taehyung foi embora, Jimin imergiu em seu ritual particular, relendo as cartas que já havia recebido de Jeongguk sem se lembrar de todas as palavras que enviou como resposta. Só então, abriu o envelope mais recente com cuidado, desdobrando a folha como se virasse uma esquina e pudesse vê-lo.

Jimin não estava lendo apenas uma carta de saudades, mas de angústias também. Lia como se visse um filme, imaginando suas noites mal dormidas e a preocupação evidente em seus olhos tão expressivos. Sua promessa de cuidar de tudo e de Jimin já havia sido cumprida e era ali que a fala de Yoongi permeava seus pensamentos, todas as certezas que vinha nutrindo fincavam-se ainda mais fundo em seu peito. Amava Jeongguk com todas as batidas do seu coração e era amado de volta na mesma intensidade, andavam juntos na mesma direção para se encontrarem no final.

As palavras que escaparam pela sua caneta em resposta foram rápidas, com a velocidade que ele desejava que chegassem até Jeongguk.

"Seul, 10 de janeiro de 2020

Meu amado Jeongguk,

Li a sua carta e sinto que estamos em sintonia quanto aos nossos pensamentos sobre passado, presente e futuro. Gostaria de acolher as suas incertezas e angústias, mas tudo o que me vem à cabeça são frases genéricas, como "tudo isso um dia vai passar e será passado". Você sabe que vai, eu também sei, mas o que podemos fazer até lá?

Yoongi-hyung apareceu aqui em casa há alguns dias e conversamos bastante. Isso me fez reavaliar tudo o que estou sentindo e fazendo, pois estava vivendo à espera do futuro e criando projeções que estavam fora do meu controle e alcance, como, por exemplo, "será que estaremos juntos novamente no verão?" E não posso deixar de dizer que tinha medo do próximo inverno, pois eu costumava fazer metáforas com as estrelas quando olhava nos seus olhos, mas agora é inverno e elas não brilham tanto. Seria tudo isso uma coincidência?

Mas então me lembrava que a vida não é cíclica e ansiava que o tempo passasse mais depressa, mas não sei se sabe das armadilhas desse senhor, quanto mais rápido queremos que ele se vá, mais ele insiste em ficar.

Os dias se tornaram mais lentos desde a última vez que nos vimos. Você já deve estar sabendo de tudo o que aconteceu comigo e eu também já estou sabendo de tudo o que aconteceu contigo. Somos pessoas diferentes que estão vivendo suas respectivas vidas, cada um em um canto diferente da cidade, e, mesmo assim, nossos mundos se colidem a cada vez que os meus pensamentos vão em direção a você. E sabe o que mais? Estou tentando apreciar esses dias de solidão, estou deixando que o meu peito se rasgue quando preciso chorar, sem deixar de acreditar que o nosso futuro está por vir, mas sinto que é errado tentar ignorar o nosso presente.

Não gostaria de remoer o passado, revisitando as nossas memórias felizes como se essa fosse a única parte boa das nossas vidas, nem vislumbrar um futuro que, por enquanto, só faz parte da minha imaginação. Quero olhar para as estrelas e ouvir as pessoas que acreditam em vida além da Terra e me sentir acolhido porque eu também acredito em algo tão grandioso e magnífico: eu acredito em nós.

Quem se apega ao passado são aqueles que pensam nos mortos e o nosso amor está mais vivo do que nunca.

Estou até sentindo saudade de te ver através daquela maldita vidraça e dizer que te amo como se fosse segredo, mas também mal posso esperar para espalhar o nosso amor aos quatro ventos. Quero andar de mãos dadas com você, ir aos shows das nossas bandas preferidas e nos beijarmos em uma música romântica, como já fizemos um dia. O passado, presente e futuro se misturam, mas a verdade é que eu só queria te ter por perto.

Você existe agora e é a sua coragem que está plantando o Jeongguk do futuro. Você é amado hoje às três da tarde e amanhã também, quando eu acordo e você insiste em ser o meu primeiro pensamento do dia mesmo que eu tenha sonhado com você durante toda a noite. Você está em cada canto do meu quarto e em cada palavra que sai da minha boca porque eu queria era estar falando com você. Agora, você faz falta não só para mim, mas para todos que te amam e para aqueles com os quais seus olhos cruzaram.

Você nunca passou despercebido, esse universo que você carrega nas íris deixa marcas, Jeongguk. Minha mãe sabe quem você é porque se lembra da forma como a olhou e a enxergou. Aposto que seus companheiros de cela também vão levar boas lembranças suas, apesar do momento não ser oportuno.

Guardo a sua versão do passado em um canto especial do peito, sinto o seu eu de agora com a certeza de um amor recíproco e eu já conheço o meu Jeongguk do futuro, amarei-te ainda mais do que agora e muito mais e melhor do que já fiz anteriormente.

Daquele que te ama com infinitas certezas,

Park Jimin"



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