07. Lust
#CodinomeFlamingo
O destino não existe.
O que existe são pessoas que possuem um cérebro e um coração, e são elas que precisam desembaralhar o novelo para marcar os seus caminhos e conviver com as consequências de sua ações. Se durante o percurso elas vão se encontrar e permanecer juntas até o fim de suas vidas, isso depende única e exclusivamente de suas escolhas.
A vida é um jogo de ação e reação. Nada acontece se ninguém mover o peão, se não mudar a rota e se jogar em algum precipício incerto apenas pela curiosidade de saber o que tem ali no fundo. Pode não ter nada, mas só dá pra saber se fechar os olhos, apertar os braços em volta do corpo e se jogar no desconhecido. Até porque, bola de cristal também não existe.
A vida também é como um avô ranzinza que está cansado de assistir todas as tolices do resto da humanidade, gritando aos quatro ventos: "Ah, por favor, deixe de ser um mimado e pare de culpar o universo pelas suas decisões mal pensadas. Encare-as e tente tirar algum ensinamento disso."
Jimin ainda não tinha noção que cada pequena ação sua influenciava todo o percurso de uma história. Uma história que não era só dele, porque por mais que se achasse insignificante perante a grandiosidade do universo, ele ainda conseguia ramificar caminhos que antes eram retilíneos, criando escolhas.
Andava em passos largos pela passarela da entrada do campus da Yonsei. Não sabia se bocejava ou se bufava, tamanha a sua vontade de não estar na Universidade àquela hora da tarde. As apresentações do evento sobre literatura já haviam começado, mas aquela primeira mesa do dia não era de seu interesse e por isso, não se importou com o horário que saiu de casa.
Kim Taehyung:
Você está atrasado!
[03:12 p.m.]
Diferentemente de seu melhor amigo que não poderia perder qualquer apresentação sobre o uso da literatura no cinema. Olhou a mensagem e guardou o celular sem o responder, já que a mesma não seria marcada como lida e nem mesmo a última vez que estava online apareceria. Uma tática que ele usava para não ser vigiado e poder ignorar todas as mensagens que quisesse.
A tarde estava quente e os rasgos nos joelhos em seus jeans claro eram bem vindos. A camiseta branca parecia ter sido feita sob medida para terminar rente ao cós da calça e a bolsa carteiro de couro sobre um dos ombros estava ali apenas pelo costume de sempre carregar algo consigo. Os fios negros de seu cabelo já estavam completamente secos, mesmo tendo sido lavados apressadamente alguns minutos atrás. Sua pele exalava um cheiro gostoso e cítrico de manga, característico de seu sabonete preferido.
Passava por todos os prédios iguais, com apenas placas informativas na fachada para quem não conhecesse o campus, se achar. Mas aquelas pilastras já eram muito bem conhecidas por Jimin, sabia de cor qual era a sequência de cartazes com uma quantidade de cola exagerada e frases em um hangul desesperado, um grito mudo em meio a um mundo em que nem todos tinham acesso. Do lado de fora, ninguém se importava com esse tipo de protesto.
Sua caminhada se tornava mais lenta à medida que o primeiro cruzamento se via logo a frente. Se seguisse reto, chegaria ao auditório mais rapidamente, sem desvios. Mas se escolhesse por entrar a esquerda, faria uma volta desnecessária entre o Centro de Belas Artes, precisando passar pelo Jardim tão movimentado e só depois, encontraria Taehyung.
Só dependia de si arriscar e mover as peças do jogo, podendo escolher entre ter um dia normal, assistindo seminários interessantes, ou fazer o próprio coração disparar e ir para o auditório com uma sensação boa no peito e uma lembrança instigante na memória.
Sem nem pensar duas vezes, virou a esquerda. "Uma olhadinha não faz mal", era como pensava e já conseguia vislumbrar a imagem do Flamingo com o sorriso de dentes avantajados enquanto conversava com algum maconheiro, que poderia muito bem estar lhe enchendo o saco, mas ele não faria questão de o afastar e mandá-lo embora e, inúmeras outras pessoas ocupando todos os bancos e mesas, conversando e fumando ao ar livre. Assim que se fizesse visto, se encaminharia até onde Taehyung estava, sem querer explicar o motivo de seu atraso.
Mas seu coração errou as batidas ao se aproximar. As pilastras de cimento e as árvores emolduravam o local quase que completamente vazio, se não fosse uma moça de vestido esvoaçante, aproveitando a rara calmaria e lendo um livro e, um cara de cabelo cor-de-rosa-cereja concentrado, com um lápis entre os dedos, desenhando a folha de uma árvore que estava em sua mão. Ele estava sozinho, precisava aproveitar a oportunidade.
Quando Jeongguk procurou por algum raio de sol que iluminasse a folha, evidenciando os seus detalhes, viu ao fundo um par de pernas longas, as quais já não poderia mais dizer que não as reconheceria. Acenou de longe, apenas para mostrar que havia notado a sua presença, no fundo desejando que ele notasse a sua também, sem saber que Jimin estava passando por ali apenas para vê-lo, acenando de volta e indo em sua direção, com os braços no ar e olhando em volta.
— Onde tá todo mundo? — Perguntou em um tom divertido, se sentou e jogou a bolsa de qualquer jeito na mesa de cimento.
— Semana de prova, todo mundo some por um tempo. — Jeongguk deu de ombros e fechou o seu caderno de folhas canson, emborrachado. — E também não podem gastar todas as faltas.
— Melhor pra mim. — Jimin sorriu sem mostrar os dentes e esticou o pescoço para cima, encolhendo os braços entre as penas.
— Como assim? — Tudo dentro de Jeongguk soava confuso.
— Melhor pra mim porque aí eu não preciso dividir a sua atenção com mais ninguém. — Flertou descaradamente, deixando o outro com as bochechas pegando fogo e um sorriso ladino nos lábios. Uma combinação perfeita entre fofo e safado.
Jeongguk nem deveria estar ali já que não havia tantos clientes interessados no que tinha a oferecer; quando era assim, circulava por outros centros ou simplesmente ia se encontrar com Jooheon a fim de reabastecer a sua pochete. Mas toda vez que se encontrava com os amigos no estúdio, a vontade de aprimorar os seus desenhos crescia, nutrindo uma esperança escondida de algum dia se tornar tatuador. E por isso, ali ficou, olhando para uma folha perfeita recém caída de uma árvore, tentando imitar os traços tão sublimes feitos pela natureza em seu simples caderno. Seu dia poderia ter terminado sem grandes problemas somente por ter desenhado o dia inteiro, mas ter Jimin a sua frente, com um sorriso tão encantador nos lábios e dizendo que queria a sua atenção, tornava tudo melhor.
— E o que você quer fazer com toda a minha atenção só pra você? — Respondeu no mesmo tom provocador, se sentando na beirada do banco e esticando a mão para pegar o pingente de Jimin, notando as pequenas folhas e galhos secos em um tom quente de outono. Os olhos do menor o fitavam na mesma intensidade, sem desviá-los ao responder.
— Quero ver os seus desenhos. — Nem precisou pensar, já sabia exatamente o que queria desde que o viu tão concentrado naquele caderno de capa vermelha. Acariciou de leve a mão em seu pingente, sabendo que era ali que se encontrava uma rosa tão perfeita, se recordando que foi ele quem a desenhou, ansioso para saber o que mais ele seria capaz de fazer.
Jeongguk pigarreou em um tom brincalhão e ofereceu os próprios braços para que Jimin pudesse ver todos as tatuagens, jogando-os sobre o seu colo. Os desenhos possuíam tamanhos diferenciados, espalhados pela derme sem a intenção de formar um quebra-cabeça e fechar por completo a pele natural. Estavam completamente expostas já que trajava a sua típica camisa de botões, bermuda jeans com as barras desfiadas e um par de All Star Chuck Taylor de cano alto preto.
Ao ver o sorrisinho bobo nos lábios, achando graça da própria brincadeira, Jimin não resistiu e sorriu também, as pálpebras pressionando os olhos que se fecharam por completo, passando levemente as mãos pelos braços fortes de Jeongguk até chegar em seu pescoço, o puxando para um beijo, selando os lábios de forma rápida e terna: — Você é muito fofo.
O coração de Jeongguk bombeou forte com a ação inesperada. Como Jimin conseguia fazer tudo soar tão natural e borbulhar tudo dentro de si? Acabou por sorrir tímido, com o nariz enrugado e os dentes à mostra. O moreno por sua vez, ficou sem jeito com o próprio ato involuntário, parecia não estar controlando as suas ações perto do mais novo, ficando mais solto e espontâneo. Se afastou pressionando os lábios e Jeongguk empurrou o pequeno caderno em sua direção, continuando a se sentar na beirada do banco, com as pernas fechadas entre as abertas de Jimin, repousando a mão em seu joelho, tocando a pele exposta devido aos rasgos da calça.
Os dedos pequenos enfeitados por alguns anéis acariciaram a capa emborrachada antes de abri-lo, como se fosse adentrar em um mundo desconhecido, mas com passe vip para explorá-lo. O primeiro desenho era muito simples: Um par de olhos fechados, com cílios espessos e sobrancelhas marcadas. Dava para ver a linha do nariz, que não fôra desenhado, assim como a da lateral esquerda do rosto e a curvatura dos olhos que indicava que estava olhando para o chão. Embaixo, os dizeres em letra bem desenhada: "mantenha a calma", como se tentasse conseguir algum tipo de paz enquanto escrevia.
O restante das folhas foram passadas delicadamente, com os olhos atentos em cada detalhe de todas as pétalas, ramos e pólen. Desenhos dos mais diversos tipos de flores: rosas, girassóis, orquídeas, sakuras e até mesmo dentes de leão. Traços tão realistas que Jimin passava a ponta dos dedos em alguns apenas para se certificar de que não eram.
— Por que você desenha tantas flores? — Elevou o olhar do caderno e se deparou com os orbes atentos de Jeongguk sobre si, ansioso para saber se havia gostado do seu traço.
— Porque eu já espero tanta coisa da vida, seria um saco ter que esperar pela primavera. — Disparou sem pensar muito. Deu um peteleco em uma pedrinha que estava sobre a mesa, fazendo-a voar para longe, sem saber que tais palavras golpearam a Jimin como um soco no estômago. "O que o Flamingo tanto espera?". Tudo o que ele dizia possuía um quê de mistério com uma nuance de dor ao fundo. Era como se todas as suas palavras o deixassem murcho e somente saber o que havia por de trás delas conseguiria dar um pouco de vida a si mesmo. Mas não sabia até onde estava disposto a desabrochar e o que faria com essas novas pétalas.
Depois de alguns pequenos segundos apenas encarando o bico nos lábios finos e rosados, Jimin piscou os olhos e constatou: — Mas nenhuma delas é colorida.
— Eu não sou muito bom com aquarela. — Inventou uma desculpa qualquer. A vida não fez muita questão de ser colorida consigo e essa era a forma como ele enxergava o mundo.
— Meu amigo Taehyung adora pintar aquarelas. — Jimin disse assim que ouviu o nome de tal técnica. Cansou de ficar o observando juntar camadas e cores diferentes, esperando que cada uma delas se secasse e o resultado final surgisse. Ainda folheava o pequeno caderno, imaginando o que Taehyung poderia fazer ali, colorindo tudo o que visse pela frente.
— É? — Jeongguk respondeu imitando o sorriso que recebia. Mal sabia, mas os seus olhos também brilhavam apenas por observar Jimin tão feliz ao falar do amigo. — É aquele grandão que parece um modelo?
— Modelo? Então quer dizer que você ficou observando com quem eu ando? — Jimin elevou o olhar do papel e sorriu se esforçando para não mostrar os dentes, fechando o caderno e o devolvendo.
— Bem... — Mordeu o inferior, sem graça. — Foi ele que nos interrompeu naquela noite... Na festa, certo?
— É... — Jimin mordiscou a ponta da unha do mindinho, o coração batendo um pouco mais rápido do que deveria. Não estava acreditando no que diria a seguir: — Você quer terminar o que começamos?
— Como assim? Agora? — Jeongguk arregalou os olhos ao passo que tentava manter a sua boca fechada, esta que parecia querer se escancarar a todo custo.
— Vem comigo. — Jimin pegou a bolsa pela alça e se pôs a andar. Olhou para trás e viu que o mais novo pegava seus pertences sobre a mesa de modo apressado, o seguindo logo em seguida.
Andaram até a passarela central com Jeongguk fazendo questão de manter certa distância entre os dois; não sabia se Jimin gostaria de ser visto junto a si. Ele que cruzou todo o espaço cimentado e virou a direita, entrando em um prédio espelhado. Subiram os três lances de escadas e logo Jeongguk viu para onde o seu hyung estava o levando: O banheiro para deficientes do terceiro andar de um prédio qualquer, que em sua maioria, eram usados apenas por pessoas com problemas intestinais ou com a libido elevada.
Visto que o corredor estava vazio, entraram apressadamente e jogaram os pertences sobre a tampa do vaso sanitário. Se viraram um para o outro logo em seguida, Jimin colocou os braços sobre os ombros de Jeongguk e o tecido de sua camisa se elevou, fazendo uma carícia tênue sobre parte de seu abdômen revelado. Respirou pesado em antecipação, querendo sentir as mãos firmes do Flamingo em sua pele, mas ele preferiu esfregar o nariz no de Jimin e só depois, pousou os dedos nas laterais da cintura, subindo devagar e trilhando o caminho da lateral do tronco, fazendo todos os pelos se eriçarem com o simples toque, tão leve.
Observava cada pequena ação do corpo de Jimin e ao ver que o mesmo mordeu os lábios, escondendo um sorriso, desceu as mãos até o cós da calça e subiu novamente, mas com as palmas cheias da pele macia do moreno, puxando o corpo pequeno para mais perto do seu. Jimin fechou os olhos e se concentrou em sentir as mãos adentrarem a sua camisa e percorrer toda a trilha de sua coluna, quase chegando aos ombros. Tê-lo o tocando era tão bom. Os lábios se mantiveram entreabertos em expectativa, mas só o que recebeu foi o beijinho de esquimó: — Seu nariz é tão bonitinho. — A voz de Jeongguk era tão agradável de se escutar, ainda mais tão baixinha.
Pareciam estar dançando pelo banheiro, pois Jeongguk movia os corpos de ambos de um lado para o outro, o que fez Jimin sorrir e acariciar a sua nuca, se entregando de vez naquela dança, se permitindo ser conduzido pelos braços fortes que rodeavam o seu corpo. Se sentia molinho, molinho, como se estivesse flutuando nas nuvens, sem nem ao menos puxar um baseado.
Ainda de olhos fechados, pediu logo em seguida em um sussurro suplicante: — Me beija, bebê. — E sem demora, sentiu a língua adentrar a boca e a mão grande se enterrar entre os seus fios de cabelo, movendo os músculos em um ritmo que era todo deles, continuando com a dança sobre o piso antiderrapante e o cheiro exacerbado de desinfetante.
A medida que os pés pararam de se mover porque o beijo, que se intensificava, não permitia, Jimin começou a desabotoar a camisa de Jeongguk, lentamente, botão por botão. Jogou o tecido fino para trás de forma brusca, tateando com a ponta dos dedos a pele que tremulava ao ser tocada. O puxava em direção ao vaso sanitário, andando de costas, até sentir a cerâmica em sua panturrilha e abandonar os lábios de Jeongguk, se concentrando em umedecer a pele de seu pescoço com os beijos de seus lábios carnudos.
Descia pelo peito como quem beija uma boca, fazendo Jeongguk sentir a pressão da língua molhada e a sucção gostosa que não marcava. Jimin dobrava os joelhos à medida que se aproximava do umbigo, até se sentar no tampo, com a sua bolsa logo atrás. Encarou as linhas laterais do abdômen que se perdiam no tecido da bermuda, a mesma que logo foi aberta rapidamente, fitando a ereção que crescia por detrás da box preta. Mataria um de seus desejos daquela noite na festa: Tê-lo inteiro dentro de sua boca.
Passou os indicadores pela linha da cueca, arranhando levemente a pele antes de puxá-la para baixo, assistindo bem de perto o abdômen de Jeongguk ondular. Parecia ter descoberto um ponto frágil, já que assim que passou as unhas com um pouco mais de força do umbigo para baixo, ouviu uma risada com um sopro carregado de querer. Jeongguk olhou para o teto, rodando o pescoço antes de encher uma das mãos com os fios negros do cabelo de Jimin, jogando a cabeça do mesmo para trás, passando o polegar pelos lábios carnudos e o vendo sorrir logo em seguida, deixando um beijo molhado em sua digital. Quase sorriu junto a ele, mas forçou o moreno para baixo, o incitando a deixar tal beijo em seu caralho.
Logo sentiu o interior molhado da boca de Jimin envolver toda a sua extensão, o engolindo sem pressa, saboreando com a língua todas as linhas das veias que começavam a se sobressaltar. Jeongguk não via necessidade alguma de guiar o ritmo, já que o moreno sabia exatamente o que fazer, assim, ficou a observar o seu membro se perder dentro da boca bonita, garganta a dentro, e a sentir a ponta do nariz de Jimin tocar os seus ralos pêlos pubianos.
Park gostava da sensação sufocante que o pau lhe proporcionava ao preencher todo o seu interior. Segurou com firmeza na cintura fina e impulsionava a própria cabeça em um ritmo que sabia que era bom. Lágrimas se acumulavam no canto de seu olhos toda vez que sentia a ponta da glande atingir o fundo da boca, sentindo o gosto perolado do Flamingo preencher as suas papilas gustativas, salivando e engolindo-o com facilidade.
— Jimin... — Jeongguk suspirou e as suas pernas já começavam a tremer, vacilantes, sabendo que se o menor continuasse, se desmancharia em questão de minutos. Estava parado apenas recebendo prazer, mas das suas têmporas escorriam suor. Preencheu mais uma vez as mãos com os fios de cabelo de Jimin, mas agora o puxando para trás, observando a boca inchada e os olhos que julgava estarem perdidos, sem saber que o único foco era o cara de cabelo cereja a sua frente. — Levanta.
Antes que firmasse os joelhos, as mãos de Jeongguk já levantavam a sua blusa, mas não a retirou por completo, deixou que o tecido passasse sobre a cabeça de Jimin, mas as mangas permaneceram no mesmo lugar, deixando apenas o tronco exposto. Foi puxado para mais perto pelos passantes da bermuda, os abdomens quentes e colados eram um sinal da vontade de chegarem ao íntimo um do outro, tocando uma parte do corpo que sempre estava coberta, a não ser quando estavam juntos.
Jeongguk interrompeu o beijo e o virou de costas, de frente para a pia solitária e para um espelho colado a parede. Jimin mal conseguia ver o tronco por completo, mas o rosto estava bem nítido. Observava as próprias feições de prazer ao ter a orelha e o pescoço explorados, o perfil do Flamingo com os lábios colados a sua pele e a língua que brilhava úmida, sentindo o seu sabor. As mãos grandes e calejadas passeavam por sua derme, sentindo cada curva de seu abdômen, espalmando com vontade, sentindo a carne macia quase passar entre os dedos e pressionando a pélvis contra a bunda do moreno, fazendo-o ter noção de que ainda estava duro.
Jimin não conseguia olhar para nada além do reflexo no espelho. O gemido baixo entoado em sua orelha e a boca de Jeongguk se abrindo minimamente ao levar uma das mãos até a sua ereção enquanto a outra puxava fortemente seu cabelo, quase o tirando a visão do espelho, mas os olhos teimaram em continuar o fitando. E ainda bem, pois Jeongguk fazia questão de expor sua língua ao que encarava incisivamente o próprio reflexo, deixando o lóbulo de Jimin úmido como a cabeça de seu pau, latejando e expelindo pré-gozo.
Soltou o cabelo do moreno e desceu os lábios sustentando o olhar, deixando Jimin sozinho com a sua própria imagem refletida. A medida que descia e a boca não conseguia deixar de ter contato com a pele saborosa, suas mãos ágeis iam de encontro ao botão da calça jeans, descendo o zíper que escorregou com facilidade. Passou firmemente as palmas pelas linhas ondulares do corpo bem desenhado de Jimin, puxando em um solavanco o tecido para baixo e logo tomando a carne farta da bunda em mordidas preenchidas de lábios nervosos, marcando-o sem pudor algum.
Poderia se sentar no vaso sanitário para que as suas pernas ficassem em uma posição confortável, mas queria que Jimin visse as próprias expressões de seu rosto se contorcerem com o que sabia fazer: Proporcionar prazer aos outros, mesmo que esta fosse uma das formas menos habituais.
Afastou ambas as carnes, separando-as com as duas mãos e se permitindo observar por alguns instantes a entrada que parecia tão atraente. Apertou os lábios entre os dentes apenas por imaginar todo o seu caralho adentrando-o. Jimin sentiu a respiração pesada lhe atingir em uma parte de seu corpo tão exposta, mas ele não se importava com esse tipo de coisa, apenas empinou a bunda querendo ter mais contato e logo sentiu a língua quente se apossar de si, tão úmida e gostosa, massageando de um jeito que o fez inclinar o corpo mais para frente, quase se chocando contra o espelho, fazendo a respiração que saía audivelmente da boca, embaçá-lo. Via o seu reflexo por detrás de uma neblina erótica, sua boca se abrindo de repente em um grito mudo, nada entoava de suas cordas vocais.
O clima já era quente do lado de fora, o banheiro de portas fechadas com o exaustor ligado só fazia tudo se abafar, nas testas existiam gotículas de suor e suas têmporas escorriam, mas a pele de Jimin não deixava de se arrepiar. Empinava o quadril involuntariamente, sem perceber. Jeongguk parecia procurar mais espaço para se afundar, pois só queria sentir mais daquele desespero que o outro demonstrava ao querer mais contato.
— Fla... — Jimin começou em um sussurro tão baixo que Jeongguk não conseguiu entender o que ele diria, mas de qualquer forma, se auto interrompeu, pois algo que emanava em seu âmago o dizia para não gemer aquele nome e só então percebeu que não sabia como ele realmente se chamava. Uma fisgada no baixo ventre o fez entoar uma sílaba bagunçada, se esquecendo de seus pensamentos e de qualquer orgulho ao pedir: — Vem aqui e me fode de uma vez.
A voz grave e trêmula fez algo emergir em Jeongguk, como lava subindo em fúria, pronta para causar destruição. Os dedos foram firmes na cintura do menor, suas pontas quase se esbranquiçaram devido a força usada, mas a ação só fez com que Jimin rebolasse inconscientemente em direção ao falo de cabeça molhada, escorregando com facilidade entre o seu meio. Os dois estavam com os olhos vidrados no espelho, atentos as feições do outro. Jeongguk observava os olhos perdidos em lascívia, apenas a espera. Jimin quase se perdeu de vez ao mirar a expressão desorientada e sentir uma lufada de ar quente em sua orelha, misturada a um gemido sôfrego e a cabeça do pau se forçar para dentro, em um ato completamente inesperado e sem consciência, entorpecidos pela devassidão.
Mas como em uma dose exacerbada de glicose injetada na veia, ambos arregalaram os olhos e Jeongguk se afastou, respirando pesado na nuca de Jimin: — Desculpa... Eu não tenho camisinha.
— Não?! — Arqueou as sobrancelhas em uma mistura de frustração e surpresa. — O que eu vou fazer com isso? — Se virou bruscamente, apontando para a própria ereção, arrancando uma risada soprada de Jeongguk.
— Tá putinho, bebê? — Perguntou manhoso, se aproximando e lambendo os lábios de Jimin, como um gato. Sem dar vazão a resposta, apenas adentrou a boca alheia sem cerimônias, colando mais uma vez as carnes e fazendo as ereções se tocarem. A medida que as línguas se embolavam, Jeongguk colocou a mão grande entre os corpos, segurou os dois membros juntos em sua palma, apertando-os um no outro, descendo e subindo o punho em uma velocidade que só crescia.
A boca de Jimin já nem conseguia se movimentar, apenas ficou entreaberta e o seu corpo sensível procurou apoio na parede, se encostando e trazendo Jeongguk junto a si. Os olhos tão próximos pareciam uma borrão de escuridão, mas os hálitos quentes ainda invadiam a boca um do outro, tentavam respirar ritmados, mas tudo estava uma bagunça. As mãos pequenas pousaram sobre o peito do mais novo, traçando o rumo em direção ao pescoço, até tocarem o rosto quente e se manter ali, com cada gemido seu sendo ecoado dentro da boca de Jeongguk.
— Porra, bebê... — Jimin praguejou, sentindo os membros molhados em meio a todo pré-gozo expelido, a mão ágil escorregando de forma deliciosa, em uma velocidade absurda. Jeongguk começava a respirar tão pesado que a cada lufada de ar que saía de sua boca, emitia um som rouco. O braço já mostrava cansaço, mas o pulso não se perdia nos movimentos.
As mãos de Jimin passaram para os fios rosados, segurando-os sem força alguma, deixando o rosto se perder no do outro, enquanto as respirações ricocheteavam na pele.
— Olha pra mim. — Jeongguk pediu e colou as testas suadas, mas o braço livre se apoiou na parede para dar visão ao rosto corado de Jimin, bem a tempo de ver os olhos se revirarem e da boca sair um som capaz de o fazer se desmanchar no mesmo instante, quase junto a ele, sentindo o jato duplo lhe encharcar a mão e não conseguir controlar os gemidos que entoavam das próprias cordas vocais.
Se mantiveram parados, como já estavam, mas as respirações estavam tão descompassadas que pareciam que acabaram de correr uma maratona. Se entreolharam a medida que os espasmos do recente orgasmo se dissipava e as bocas já começavam a procurar uma pela outra, mas o beijo era quase doce de tão lento. As línguas apenas se saboreavam em deleite, sem pressa alguma, como se não quisessem sair de dentro daquele banheiro espaçoso e voltar para uma realidade confusa.
No momento em que o ósculo se desfez, tudo ficou constrangedor por um meio segundo. Jeongguk olhou para Jimin temeroso, mas logo viu um sorriso gigante estampar a face de bochechas fartas: — Acho que a gente tem que se limpar. — A voz acompanhada de uma risadinha se fez presente ao constatar ambos os abdomens destruídos.
A cabeça de Jimin apontou para fora do banheiro, inspecionando o corredor, que mais uma vez, estava vazio. Acabou por puxar Flamingo pelos dedos e a medida que desciam as escadas, nem notou que os mesmos se entrelaçaram. O que não foi bem o caso de Jeongguk, que se manteve completamente concentrado no toque das mãos recém lavadas com sabonete líquido de erva-doce e o andar despreocupado de Jimin ao seu lado. Céus, como ele gostava do jeito que o moreno andava.
Ao chegarem mais uma vez na passarela central, Jimin avistou o caminho que deveria ter seguido há alguns bons minutos atrás, mas não se arrependeu nem um pouco da escolha que fez. Olhou para Flamingo, que parecia não saber muito bem o que fazer, e apenas disse um "vou indo", deixando-o para trás mais uma vez, mas sem deixar de olhar sobre o ombro e piscar com um dos olhos, ao passo que um sorriso safado pintava os seus lábios. Voltou o seu olhar para o caminho, jogando os fios negros e suados para trás, movendo as pernas do jeito que fazia Jeongguk estagnar no mesmo lugar, apenas observando-o ir.
Taehyung avistou Jimin o procurando de longe, ainda na entrada do auditório. O suor se secando na pele devido ao efeito do ar condicionado e o cabelo sem indícios de que havia sido lavado recentemente. Ao vê-lo andar carregando a bolsa pendurado no ombro, retirou a sua mochila do assento e logo sentiu o corpo ainda quente do amigo se jogando na poltrona, sem nada dizer e muito menos sem olhar para si: — Você tá atrasado. — Murmurou fitando o seu perfil.
— Eu sei. — Respondeu ainda sem olhá-lo nos olhos, sabendo que poderia ser descoberto a qualquer momento.
— Jimin... — Taehyung o chamou, se aproximando de seu ombro e fungando a camiseta branca, notando as diferentes nuances das fragrâncias misturadas, como se dois corpos tivessem decidido que não respeitariam as leis de Newton, se tornando apenas um, se embolando um no outro. Conhecia muito bem o seu cheiro para notar que havia algo a mais em sua pele. — Você tá com cheiro de... — Fechou a feição e se interrompeu, já sabendo exatamente com quem ele estava e o porquê de estar atrasado.
O moreno o olhou nos olhos como quem não havia feito nada demais. As sobrancelhas se arquearam simplistas e a sua mão direita jogou o cabelo com a raíz úmida para trás: — É só tesão. — Se afundou ainda mais na poltrona e repetiu mentalmente a frase ao se lembrar do sorriso de dentes avantajados e nariz franzido, o mesmo que o deu um beijinho de esquimó enquanto dançavam no banheiro e os dedos leves acariciavam a lateral de seu tronco. "É só tesão", repetiu mais uma vez, coçando a bochecha, desconcertado.
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