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Senhora do Dever - Maegelle

Pessoas, esse foi o capítulo que mais gostei de escrever até agora. Achei bastante orgânico e queria saber a opinião de vocês, gosto muito de interagir. <3 

PARTE 1

Maegelle Targaryen seguia seus deveres como nenhuma outra criança de sua Casa fazia. Às vezes, isso a perturbava. Vezes não.

O nome fora esquecido ao se juntar a Fé dos Sete. Ficava orgulhosa em dizer que desde de tenra idade havia decorado as orações e os ditos da "Estrela de Sete Pontas", como sua irmã, Daella, nunca havia conseguido.

Por vezes, a mãe, Alysanne, unia-se à ela para rezar. Pediam ao Pai por proteção; à mãe, por crianças saudáveis; à Donzela, por virtude; à Velha, por sabedoria; ao Guerreiro por força; ao Ferreiro para que o que estivesse quebrado pudesse ser consertado. E ao Estranho... não sabiam ao certo o que pedir ao estranho e às vezes riam disso, muitas destas com certa culpa.

Em Vilavelha, refletia muito. Sabia que nada era tão confortável quanto a Fortaleza Vermelha, mas os votos que fizera eram reais e válidos. Ela amava a Mãe do céu tanto quanto amava sua própria mãe, o Pai era tão sábio quanto seu. Mas as Donzelas e os Guerreiros... às vezes não eram tão honrosos quanto os deuses a quem reverenciavam.

No ano 81 depois da Conquista de Aegon, a corte fora abençoada com uma criança, mas desta vez pertencentes à um príncipe e uma princesa. Toda a Westeros chorou de felicidade quando fora anunciado que o segundo filho do Príncipe da Primavera e da Princesa Alyssa Targaryen havia nascido. Eles o chamaram de Daemon, um nome curioso até mesmo para a Antiga Valíria, Maegelle refletiu. Mas sabia que ganharia uma licença especial para visitar seu novo sobrinho, e que os pais deveriam estar nas nuvens com mais um garoto na linha de sucessão ao Trono de Ferro.

O caminho para Vilavelha era sinuoso e cheio de tráfego; homens fortes viajavam com seus animais e carroças, outros levavam suas famílias ou comida. Porém, o caminho de volta fora tranquilo, apesar de todo o caos. Tranquilo, pois sabia que estava voltando para casa.

Maegelle fora recebida pela mãe, Alysanne, que a abraçou com força quando a viu. Sentia o cheiro doce que vinha dela e percebera o quanto sentia falta de tudo. Sua mãe era sua grande estrela guia, e desde a infância passava mais tempo em sua companhia do que na de suas irmãs.

— Oh, minha querida, veja só como está linda e crescida — Alysanne pareceu emocionada, com lágrimas em seus olhos quando finalmente a soltara. — Fico feliz que tenha se juntado à Fé, mas devo dizer que seria uma bela noiva.

A noviça sorrira pare ela.

— Não consigo imaginar-me casada, mamãe — disse Maegelle. — Eu honrarei meus votos e cumprirei meu dever. Morrerei donzela.

Ao contrário do que esperava, a rainha não pareceu nem um pouco chateada. Havia um brilho em seu olhar quando acariciou o rosto da filha com ternura.

— Casar-se com o dever também lhe cai bem.

Maegelle sorriu. Não poderia esperar outra coisa de sua mãe.

— Onde está o pai? — perguntou, carregando suas malas pelas escadarias.

Alysanne suspirou, um pouco contrariada:

— Com seu mais novo herdeiro — ela disse, com acidez em sua voz. Maegelle se surpreendeu.

— Não está contente?

Alysanne parou de subir as escadas, e a encarou, perplexa com a pergunta.

— Eu estou mais do que feliz, estou emocionada com o nascimento de meu neto — disse ela, com um meio sorriso. — Daemon é forte como a mãe, tem os olhos do pai. Tenho certeza de que ele e Viserys serão inseparáveis. Daemon não é o problema.

Seu pai é, Maegelle conseguia ouvir as palavras saírem de sua boca, apesar de Alysanne não ter dito nada.

— Tem algo a ver com...

— Ora, pelos deuses! — Alysanne exclamou, horrorizada. — Minha querida, por que está carregando suas malas?

Maegelle sorriu com a preocupação de sua mãe.

— No convento aprendemos a sermos independentes — disse ela. — Às vezes me esqueço de que nasci princesa, as orações e as bondades me mantêm ocupada.

Alysanne pareceu relaxar um pouco, embora a preocupação não tivesse desvanecido totalmente de seu semblante:

— E como é lá? — perguntou a rainha. — Estive ao lado dos arquimeistres quando menina, até cuidei de alguns doentes. Mas não acompanhei as septãs de perto.

— Nós vivemos de modéstia. Comemos bem, mas não enquanto o povo passa fome, às vezes jejuamos quando fazemos promessas — disse ela. — Rezamos muito e às vezes cuidamos de doenças. Um homem chegou lá há uma lua atrás com uma doença estranha, a pele era endurecida, ressacada como pedra. Os meistres a chamam de escamagris.

— Uma doença vinda de Essos, eu presumo — a preocupação da Boa Rainha era quase palpável. — Prometa-me que se manterá longe.

Maegelle quase cruzou os dedos ao prometer.

— Eu prometo.

PARTE 2

O Príncipe Daemon era saudável e forte, como a Rainha Alysanne havia dito que era. Maegelle o segurava nos braços enquanto o menino berrava, próximo a se esvair em lágrimas. A tia o examinou com cuidado. O príncipe tinha os cabelos prateados com luzes douradas dos Targaryen e os olhos púrpuras dos valirianos. Tem o rosto de um guerreiro, comentou o rei Jaehaerys, mais cedo. Se parecia terrivelmente com sua mãe, Alyssa, apesar dos olhos pertencerem ao pai.

— Ele está magnificamente bem — disse Maegelle, com um sorriso. — Talvez só Viserys tenha nascido mais robusto.

O meistre Elysar cruzou os braços contrariado:

— A exata mesma coisa que eu havia dito, princesa — disse o meistre com uma carranca —, mas sua irmã não me deu ouvidos.

Alyssa em seu leito tinha os cabelos loiros extremamente bagunçados, olheiras debaixo dos olhos e suor brilhando na testa, mas apesar de tudo, ela mantinha sua postura teimosa e rebelde de sempre.

— Não existe ninguém melhor neste mundo para examinar meu filho do que minha irmã — disse a princesa Alyssa, irredutível. — Eu confio nela e apenas nela.

O meistre Elysar fez uma reverência.

— Suas Altezas — disse, antes de retirar-se do quarto.

Quando partira, Maegelle certificou-se de que a porta estava bem fechada. Ela deixou Daemon em seu berço, e virou-se para a irmã.

— Acho que ele ficou chateado. Não deveria falar assim, Alyssa — censurou-a Maegelle.

— Eu acabo de parir uma criança, falo como eu quero! — disse a princesa rebelde. — E além do mais, ele é um lambe botas daqueles. Precisa ver como ele se apruma para o pai. Vossa Graça isso, Vossa Graça aquilo, Vossa Graça blá-blá-blá, sinto que ninguém o aguenta mais, nem a mamãe.

Maegelle sorriu pequeno, caminhando lentamente ela se sentou na cama de sua irmã.

— Como está se sentindo? — ela perguntou, tomando a mão de Alyssa na sua.

— Cansada e dolorida — Alyssa disse, sem rodeios —, mas feliz. Estou feliz. O único mais feliz do que eu é...

De repente a porta se abriu com um estrondo.

— Irmãzinha! — Baelon, com a expressão mais alegre que Maegelle já havia testemunhado, a abraçou com força, quase esmagando seus ossos. — Puxa, estou tão feliz que esteja aqui. Pensei que fosse estar em Vilavelha.

Ele lhe beijou o rosto alegremente, fazendo Maegelle rir.

— Eles abrem exceções para eventos especiais, e esse momento é mais do que especial — disse ela.

Baelon sorriu ainda mais.

— Minha guerreira, Alyssa — ele foi até ela para dar-lhe um beijo nos lábios. Maegelle corou ao presenciar a cena, pensando que Baelon pudesse engravidar sua esposa novamente ali. — Ela é realmente um evento especial.

Alyssa o socou no ombro, fazendo-o gemer com a dor.

— Não fale de mim como se eu fosse uma feira de porcos — ralhou.

Os três riram com os absurdos que a irmã dizia. Quando Daemon voltou a chorar, Maegelle quis ir embora para dar alguma privacidade ao casal e seu recém-nascido.

— Onde pensa que vai? — Alyssa cruzou os braços, irritadiça.

Maegelle arregalou os olhos com a intimação.

— Eu ia encontrar nossos pais para o almoço, pensei que quisesse um pouco de privacidade para poder amamentá-lo — disse ela.

O cômodo ficou em silêncio de repente. Alyssa pareceu cabisbaixa enquanto Baelon só fez olhar para baixo. Maegelle temeu ter dito a coisa errada.

— Tentei antes, mas não consegui. Viserys era um bebê faminto, e precisei da ajuda de amas de leite — Alyssa continuou cabisbaixa. — Eu só não pensei que jamais fosse conseguir alimentá-lo eu mesma.

— Eu sinto muito, irmã, eu não sabia — Maegelle voltou até ela. — Eu não teria dito nada se soubesse.

— Não se preocupe — Alyssa tentou sorrir, em vão. — As amas de leite fazem um trabalho muito melhor do que eu, eu sempre soltava Viserys quando ele me mordia.

Maegelle a olhou surpresa, mas Alyssa parecia mais contente em zombar da surpresa da irmã do que ficar triste com sua incapacidade. Logo, as duas voltaram a rir. Maegelle beijou sua testa.

— Eu não conheço ninguém mais forte do que você — disse ela. — A amo tanto...

Baelon sorriu para as duas e tirou o filho do berço para dá-lo à esposa, estava prestes a dizer algo quando ouviram um grito vindo dos jardins. O Príncipe da Primavera rolou os olhos enquanto se dirigia até a porta.

— Daella... — ele suspirou, indo ao resgate de sua irmã caçula.

Maegelle franziu o cenho.

— Eu pensei que ela estivesse com os Blackwood em Corvarbor — disse Maegelle. — O que ela está fazendo aqui?

— Você não soube? — Alyssa questionou enquanto brincava com Daemon em seus braços.

Maegelle não sabia. E preferia não ter sabido.

PARTE 3

Encarara de cara feia o lorde Rodrik Arryn desde o começo do discurso do rei. Às vezes, a irmã ao lado corava e sorria para alguma coisa que ele havia dito, mas não durava muito. Daella era uma menina tímida.

Não deveria mentir, e não iria. Não estava satisfeita com o noivado da irmã caçula. O noivo tinha quase a idade do rei, com trinta e sete anos. Sua noiva, tinha apenas dezessete.

— Eu sou um homem orgulhoso às vezes, é verdade, mas também sei ser modesto — disse o rei Jaehaerys com um sorriso. — Eu não poderia estar mais feliz. Para mim, uma boa comida, uma boa música e essa companhia tão valiosa é mais do que eu poderia pedir.

O príncipe Aemon foi o primeiro a erguer taças em nome de seu pai. A esposa, Jocelyn Baratheon, meia-irmã dos pais, estava sentada à sua direita, saboreando um pedaço do leitão, enquanto a filha do casal, a pequena Rhaenys conversava com Viserys sobre amenidades.

Maegelle os cumprimentara com saudações educadas. Amava o irmão, mas mentira se dissesse que eram próximos. Quando eram crianças brincavam juntos, mas logo seus interesses de desencontraram. Por vezes ele a pedia por conselhos referentes à estudos, e só. Podia dizer que conseguia conversar mais com lady Jocelyn, que era divertida, e com a pequena Rhaenys, que tinha uma trança em seus cabelos feita por Maegelle.

— Minhas filhas... — continuou o rei —, as preciosidades da minha vida, tão valiosas quanto a mãe: Alyssa, Maegelle, Daella, Saera, Viserra e Gael. Minhas meninas... todas aqui hoje.

Maegelle quis revirar os olhos. Não estava menos chateada com o pai em querer mandar Daella para longe. Era inteligente o suficiente para saber o porque da mãe estar tão irada com ele. Tinha suas desconfianças, e agora havia as confirmado.

Distante do assunto, Gael bateu palminhas no colo de sua mãe que se deliciava com um pedaço de frango. Jaehaerys apenas pigarreou ao perceber o descontentamento da esposa.

— E hoje, eu tenho o orgulho de anunciar que minha doce Daella, minha adorável filha, finalmente está noiva. Será casada com o Lorde Rodrik Arryn do Ninho da Águia no final desta lua — o rei ergueu seu cálice de ouro.

Todos os acompanharam, porém, a maioria ali encarava a situação de modo diferente. Aemon e Baelon foram os primeiros a erguer suas taças, com um pouco de desconfiança, talvez ao perceberem a grande diferença entre a idade dos noivos. Alyssa mal erguera a sua, com a desculpa de que ainda estava dolorida do parto. Vaegon, quem não via há algum tempo e nem sabia que estava ali, ergueu sua taça como um bom filho. Talvez Saera tenha sido a única genuinamente feliz em se ver livre de Daella, uma vez que não gostava dela. Viserra e a mãe ergueram as suas.

O lorde Rodrik foi o segundo a erguer o cálice. Com uma mão no ombro de Daella ele se levantou:

— Vossas Graças, talvez não estejam cientes, mas acabaram de me conceder o mais presente que podiam — disse ele, com um grande sorriso. — Daella é uma moça adorável, eu garantirei que ela viverá seus dias em plena felicidade no Ninho da Águia.

Maegelle revirou os olhos. Rodrik Arryn era ao menos duas cabeças mais baixo do que Baelon, mas de alguma forma ainda parecia estupidamente alto se comparado à baixinha Daella. Também era calvo e barrigudo. Maegelle se sentia enjoada ao pensar no que seria da noite de núpcias da irmã. No mínimo decepcionante, pensou ela.

— Mas não é apenas Daella a quem devemos celebrar — continuou Jaehaerys. — Meus filhos, Baelon e Alyssa, me deram mais um neto. Mais uma grande adição à Casa Targaryen e ao Trono de Ferro, tenho certeza de que Daemon será um grande homem.

Mais uma vez taças foram erguidas. Desta vez, Alyssa se mostrou mais disposta a brindar. Já Jocelyn Baratheon pareceu extremamente desconfortável, mexendo na manga do vestido e remexendo-se na mesa. O príncipe Aemon tampouco parecia contente.

O rei pigarreou.

— E dois de meus filhos também me enchem de orgulho, embora tenham escolhido caminhos alternativos... — Jaehaerys ergueu uma taça à Maegelle e Vaegon, sentados um de frente para o outro. — Vaegon, Maegelle... os mais inteligentes desta família. Vocês levarão os Sete Reinos à sua mais perfeita condição. Desvendarão mistérios, curarão doentes e acharão respostas perdidas há mais de mil anos. Tenho certeza de que os deuses olham por vocês.

Maegelle quase não sorriu, mas ao ver a mãe discretamente esfregando os dedos nos cantos dos lábios, pedindo-a para sorrir, a levou a fazê-lo, ainda que pouco. Talvez os deuses fossem bons para ela, mas certamente não eram para Daella. E o pai deveria saber disso uma hora ou outra.

Já era tarde da noite quando deixara seus aposentos para rezar. O septo da Fortaleza Vermelha era menor que seu bosque sagrado, e às vezes passava despercebido por seus visitantes, que na maioria das vezes preferiam o Grande Septo para realizar suas orações. Vestia-se com uma toga branca e simples, apertada por um cinto de couro prateado. Deixara os cabelos soltos, e não se olhara no espelho ao sair.

Ao chegar, Septão Barth e a Rainha Alysanne terminavam suas orações ao Pai. Alguns minutos mais tarde, ele a reverenciou e deixou o septo para Maegelle e sua mãe.

A rainha estava triste, isso não era um mistério para ela. Conhecia a mãe muitíssimo bem, e sabia até mesmo os motivos.

Maegelle ajoelhou-se ao seu lado, de frente para a chorosa estátua da Mãe de braços abertos. As velas acesas faziam os olhos lacrimejantes da rainha brilharem. Maegelle tomou a mão da mãe na sua.

— Deveria ter dito ao pai que queria Daella aqui — disse ela.

A rainha caiu no choro, segurando uma têmpora para fazê-lo elegantemente. Era sempre elegante.

— Ah, minha querida, eu disse. Disse mil vezes, mas Jaehaerys está irredutível — explicou Alysanne. — Eu o disse que queria um filho para ficar aqui comigo, ele disse que já tinha três. Porém, não é o suficiente. Aegon, Daenerys, Gaemon e Valerion, abriram uma ferida em meu coração que jamais será possível cicatrizar. Daella é boa, inocente e carinhosa, me cura todos os dias. Tenho medo do que acontecerá à ela se ficar longe.

— Deve dizer isso a ele. Meu pai é o rei, mas você é a mãe de Daella, e sempre será — Maegelle enxugou suas lágrimas. — Eu não suporto vê-la chorando, se há algo que eu possa fazer...

— Reze comigo! — pediu a rainha. — Não há nada que eu possa fazer por sua irmã, mas talvez os Sete possam.

Mãe do céu — Maegelle começou. — Sei que protegerá Daella, pois é mãe e é caridosa com todos os seus filhos. Minha irmã é sensível, senhora, e apesar de Rodrik Arryn parecer adequado, pouco sabemos se Daella está pronta para conhecer a vida fora da Fortaleza Vermelha.

Isso apenas fez com que a rainha chorasse mais. Ela apertou as mãos de Maegelle, enquanto com a outra livre, acendeu mais uma vela.

Minha filha é uma criança, Mãe. Meu marido não compreende, mas quero que o faça enxergar seus pecados — disse Alysanne. — Estou com medo. Entrego a vida de Daella em suas mãos, e conto com a senhora para que ame e a proteja como eu fiz, enquanto ela está longe de meus olhos. Sei que a ama como eu amo.

Um vento cortante irrompeu as orações e apagou às velas acesas diante da Mãe. Maegelle sorriu.

— Eu acho que ela nos ouviu.

PARTE 4

A luz havia desaparecido do castelo. A lua e as estrelas brilhavam mais do que as velas, tornando-as as únicas fontes de luz do castelo. Maegelle tateou por um castiçal quando ouviu um barulho estridente e se levantou, assustada. Talvez fossem ladrões, em busca das joias reais, pensou. Calçou os sapatos e empurrou a pesada porta, observando o corredor vazio e embaçado que se estendia em silêncio, com uma única armadura de ferro jogada no chão.

De repente, a origem do barulho voltou a aparecer em seu campo de visão. Do batente de sua porta ela observou em silêncio a irmã Saera e um cavalariço, chamado de Ruivo Roy Connington, saírem de trás de uma pilastra, aos beijos e aos amassos.

— Eu nunca pensei que foderia uma princesa — disse o cavalariço, quando se afastou da princesa, beijando seu pescoço. — Se bem que você se parece muito mais com uma puta.

Maegelle arfou de olhos arregalados, mas por algum motivo não conseguia tirar os olhos dos dois.

Saera, com um sorriso no rosto, esbofeteou o garoto com divertimento e o beijou nos lábios com ardor.

— Talvez sim, para você eu sou qualquer coisa — ela puxou seus cabelos, fazendo-o com que ele baixasse a cabeça para capturar seus seios na boca. — Deveríamos chamar Perita Bonita para se juntar a nós. Ela gosta de algo a três.

— Não — Ruivo Roy Connington respondeu entre os gemidos baixos de Saera. — Hoje eu quero você só para mim.

E esta nem foi a parte mais chocante. O vestido verde que Saera usava caiu no chão, enquanto o cavalariço das Terras da Tempestade a despia e deixava-a somente com suas joias douradas. Maegelle percebeu que já era hora de sair dali.

Era algo chocante de se ver. Saera tinha apenas catorze anos, era uma menina ainda. Sempre soubera que a irmã era audaciosa, precoce e esperta, talvez fosse por esse motivo que o rei a amasse mais do que aos outros. A mãe já não podia ser enganada por ela tão facilmente. Nem suas irmãs. Apesar de divertir Baelon, Alyssa a odiava. Eram vistas brigando com frequência enquanto os pais tentavam acalmá-las. Daella tinha horror à ela desde de um incidente com abelhas em seu penico. Já Viserra e ela tinham um gênio mais semelhante, embora a princesa mais jovem parecesse invejá-la mais do que odiá-la.

Maegelle tampouco tinha sentimentos especiais por sua irmã. Soube quem ela era desde sua primeira palavra, e vê-la daquele jeito, de alguma forma era mais chocante do que imprevisível. Talvez já passasse da hora do rei conhecer Saera de verdade, ela não era gentil, e alguns diriam que sua irmãzinha era má, especialmente o bobo da corte que há pouco tempo havia se ferido com as espadas do Trono de Ferro, tentando escalá-lo. Por ordem de Saera, é claro. Embora o rei se recusasse a acreditar nas "tolices" que contavam sobre sua querida filha.

Pouco tempo depois, Maegelle deixou seus aposentos para verificar se o corredor estava vazio novamente. E estava.

As luzes vindas dos archotes tremeluziam conforme o vento passava, havia silêncio e neblina no ar. Foi quando Maegelle ouviu passos vindos em sua direção.

Vaegon saíra de trás de uma pilastra, com um estranho sorriso no rosto, vestindo uma túnica cinza como seu coração.

— Você viu o que eu vi? — questionou o garoto, de olhos arregalados.

— Sim, eu vi. — Maegelle suspirou, não esperava encontrar Vaegon perambulando pelo castelo. Normalmente, ele permanecia em seus aposentos estudando ou ao lado dos meistres, para que pudesse aprender e anotar tudo. — E você não pode dizer uma palavra sequer aos nossos pais.

Vaegon arqueou uma sobrancelha prateada.

— Só porque é a mais velha não quer dizer que possa mandar em mim.

Maegelle teve vontade de estapeá-lo. Esse era Vaegon, com suas perguntas e grosserias, até para as próprias irmãs.

— Não estou tentando mandar em você, gênio, mas claramente não é tão inteligente quanto pensa que é se não consegue ver que mais um escândalo acabaria com nossos pais, e com o casamento deles — disse Maegelle, dando de ombros.

Duvidar da inteligência de Vaegon era como agredi-lo fisicamente. O príncipe fechou a cara e a fitou com desdém:

— Por que eu deveria me importar com o casamento deles? — questionou o garoto. — Todos nós vamos sair ganhando se contarmos sobre Saera. Ela é uma vadiazinha cruel, logo estará longe daqui.

Maegelle riu com escárnio.

— Não finja ser melhor do que ela, seu perturbado. Eu ainda não me esqueci do que disse à Daella, não me surpreende ela o detestar.

Vaegon, surpreendentemente, pareceu incomodado com as palavras de sua irmã.

— Ela me detesta? Daella detesta alguém?

— Sim, você.

— Ela é uma idiota, não é minha culpa se a sinceridade a afetou — acusou ele.

— E você é um grosso, palavras dela.

Vaegon massageou as têmporas.

— Por que estamos falando sobre Daella quando deveríamos estar falando sobre a puta da nossa irmã — disse Vaegon, com um cotovelo apoiado sobre o braço. — Eu não me importo com o que diz, vamos dizer aos nossos pais a verdade.

Maegelle finalmente perdera a paciência com Vaegon, o empurrando para dentro de seus aposentos para poder falar mais alto.

— Você não dirá nada! Mamãe está sofrendo com a partida de Daella, está incomodada porque papai não chama Rhaenys de herdeira — disse a noviça, esbravejando. — O que acontecerá se acusarmos Saera de ser quem ela realmente é? Papai culparia mamãe, mamãe culparia o pai. Saera seria mandada para longe e no final nossa família estaria em frangalhos.

— Você os defende como se importassem realmente— cuspiu Vaegon, — eu seria mais feliz se tivesse nascido um Hightower de Vilavelha.

Maegelle o esbofeteou com força desta vez. Depois do tapa estalado, um silêncio ensurdecedor se fez presente. Chegara a pensar que ele retribuiria, mas a bochecha avermelhada foi o suficiente para contê-lo.

— Deveria colocar os joelhos no chão e agradecer à família que tem — disse Maegelle. — Não precisa ser um idiota o tempo todo, sabe?

Vaegon a olhou enojado dos pés a cabeça. Por fim, rodou os tornozelos e foi até a porta, parando antes do batente para dizer-lhe:

— Eu vou contar ao rei e a rainha sobre quem Saera verdadeiramente é — disse Vaegon. — E não há nada que você possa fazer para me impedir.

Ah sim, tinha. E ela o impediria. Estava fazendo muitas promessas ultimamente.

PARTE 5

Na noite anterior, havia impedido Vaegon de contar a verdade ao pai. O rei Jaehaerys e seu terceiro filho jogavam damas quando Maegelle os interrompeu.

— Papai — ela chamou.

— Maegelle, querida. Não nos interrompa — disse o rei, concentrado em seu jogo de damas —, estou quase vencendo o seu irmão.

— Não exatamente — Vaegon disse em seu habitual tom de indiferença. — Como está minha querida, irmã, Saera?

O rei olhou para o filho de relance, enquanto preparava-se para sua próxima estratégia.

— Finalmente tomou gosto pelas damas? — questionou o mais velho. — Sua irmã está esplêndida como sempre, linda como a manhã de uma primavera.

— Talvez linda como uma primavera, mas com a atitude das tempestades de inverno — disse Vaegon, passando suas peças.

— O que quer dizer com isso? Teve algum problema com sua irmã? — O rei Jaehaerys perguntou.

Maegelle interferiu, sorrindo.

— Vaegon tem um oculto ótimo humor, pai, é isso — disse ela. — Ele e Saera tiveram uma briga boba sobre Jonquil, mas fizeram as pazes.

— Ganhei — Vaegon declarou, com um quase sorriso.

— Deixe-me que eu assuma seu lugar, pai — Maegelle pediu, praticamente empurrando seu pai de sua cadeira.

O rei observou os dois, contentes.

— Me alegra que se deem tão bem — disse.

Porém, logo a paz se esvaiu quando a rainha Alysanne adentrou os aposentos privados de lazer, brandando:

— Jaehaerys! — ela exclamou, caminhando em passos largos com suas pernas curtas até o rei. — É verdade o que eu ouvi? Rodrik Arryn vai viver com minha filha no Ninho da Águia para sempre? Isso é absurdo. Daella não é uma lady, é uma princesa.

O rei sorriu para ela, passando os braços por trás dos ombros da rainha que o afastou.

— Não vamos discutir isso agora, Daella está alegre, sim?

— Ela não sabe o que a espera, por isso — Alysanne cruzou os braços.

O rei coçou a garganta.

— Minha rainha, se pudéssemos falar sobre isso em outro lugar...

— Que seja! Desde que conversemos — a rainha foi clara, saindo dos aposentos privados com o rei, cabisbaixo, em seu alcance.

Maegelle os observou partir.

— Foi por muito pouco.

Percebendo que o irmão apenas inspecionava peças, ela lhe deu um murro no braço. Ele exclamou em dor:

— Ai! Pare de me bater! — o príncipe reclamou.

— Você não entende, não é? Não entende o que está em jogo aqui — disse Maegelle. — Se o pai souber sobre Saera, nossa família acabará. E você ficará sem ninguém.

— Por que eu deveria me importar? Ninguém nunca aqui se importou com o que eu pensava.

— Ora, não seja tão dramático — a noviça ralhou. — Por uma vez na sua vida pense em alguém que não seja você.

Vaegon suspirou, afastando suas peças.

— Eu vou contar a nosso pai sobre Saera, vai ser melhor dessa forma, irmã.

— Você sabe que não vai.

— Que seja, então. Ao menos um de nós ficará feliz.

Maegelle deu-se por vencida.

— Se é isso o que você quer fazer... vá em frente — ela disse.

— Eu irei.

Vaegon vestia-se com uma túnica cinza, e carregava livros para cima e para baixo. Seria uma falácia se Maegelle não admitisse que já havia prestado atenção em seu irmão em um passado distante, quando ainda eram crianças bobas da idade de Saera. Ele ao menos era estudado, e apesar de sua introversão e ego gigantesco, sempre se deram bem. Talvez os pais não tivessem prestado atenção nisto quando propuseram um casamento de Vaegon e Daella.

Ela atravessou o pátio interno cabisbaixa, perguntando-se o que ela poderia fazer se tivesse um dragão. Se tivesse um dragão, poderia fazê-lo sucumbir às suas vontades. Porém, ela havia sido prometida à Fé quando criança, e não conseguia se imaginar seguindo um caminho mais divino e adorável. Amava a Fé dos Sete, ainda que os dragões e aventuras ocupassem, com frequência, em sua mente.

Naquela noite fora dormir pensativa.

PARTE 6

Vaegon ainda não tinha dito uma palavra sequer ao rei Jaehaerys. Todos na Fortaleza Vermelha saberiam se ele tivesse o feito. O pai era conhecido como um conciliador, mas só os deuses velhos e novos sabiam como as filhas testavam sua paciência de vezes em vezes, especialmente Daella, e sua postura fragilizada, e Saera, com seu temperamento.

Durante o desjejum, o príncipe Viserys e a princesa Rhaenys iniciaram uma discussão sobre dragões. Ele apostou que montaria o Terror Negro antes do décimo sexto dia do seu nome, enquanto a princesa garantiu que montaria Dreamfyre, o mais cedo possível, uma possibilidade que encantou a rainha.

— Ela ainda está no fosso dos dragões, vovó? — questionou Rhaenys.

— Desde que minha irmã nos deixou, querida — Alysanne respondeu, com um sorriso.

Jocelyn Baratheon intrometeu-se no assunto:

— E ficará lá bom um bom tempo, se os deuses forem bons — disse ela.

— Jocelyn está certa — comentou Alysanne. — Os dragões são criaturas esplendorosas, mas temperamentais. Uma vez que se consegue a lealdade de um dragão, essa conexão não pode ser quebrada. Mas não devemos pensar que somos muito especiais, nosso irmão mais velho não resistiu ao fogo de dragão.

O rei Jaehaerys sorriu para a esposa:

— Não falemos disso, não é? O que está no passado está no passado.

Isso pareceu chatear a rainha.

— Tem razão, devemos pensar no futuro — disse Alysanne. — Como em nossa futura rainha e em nossos netos que estão por vir, sejam eles desejados ou não.

— Alysanne...

— Sinto-me enjoada, de repente — anunciou a rainha. — Com licença.

— Alysanne — o rei chamou. — Alysanne!

A Boa Rainha não lhe deu ouvidos, e deixou a sala de banquetes rapidamente.

Maegelle terminou seu mingau de aveia, ponderando sobre a mesa conforme seus parentes a deixavam.

Vaegon havia permanecido em silêncio, isso era mais do que uma benção dos Sete. Porém, o silêncio também a perturbava. Vaegon era um garoto ganancioso e amargo, talvez se ela pudesse o convencer do contrário? Mas como?

Maegelle encontrou Vaegon mais tarde naquele dia, no salão onde ele passava horas enterrado em pergaminhos e tratados sobre alquimia, história e matemática. Ele estava debruçado sobre um volume grosso encadernado em couro, rabiscando anotações em um papel ao lado. Nem sequer ergueu os olhos quando ela entrou.

— Ainda não contou ao pai. — Maegelle cruzou os braços, observando-o.

— Ainda não. Mas vou fazê-lo.

Ela se aproximou, deixando a mão deslizar pela mesa de madeira polida.

— Preciso que reconsidere, Vaegon.

Ele suspirou, fechando o livro com um ruído seco.

— Por quê? Para proteger nossa irmã? — questionou. — Saera fez sua escolha, e agora precisa enfrentar as consequências.

— E você acredita que contar ao pai ajudará? Acha que ele será misericordioso?

Vaegon não respondeu de imediato. Seus olhos lilases e frios analisaram Maegelle com aquele ar calculista que a irritava profundamente.

— Não me importa se será ou não. O que me importa é que não podemos viver à sombra dos erros de Saera. Se eu não disser nada, serei tão cúmplice quanto você.

Maegelle sentiu um nó apertar em sua garganta. Ele realmente ia fazer isso. Levantaria da cadeira, caminharia pelos corredores e despejaria tudo diante do rei. Uma sentença para Saera, para a paz da família, para o frágil equilíbrio que sua mãe tentava manter.

Não podia permitir.

— Não faça isso — ela implorou, baixinho.

Vaegon se levantou.

— Preciso ir.

Seu coração bateu forte. Ela sabia que não conseguiria convencê-lo com palavras. Mas talvez... talvez houvesse outra maneira.

Antes que ele pudesse dar um passo, Maegelle segurou-o pelo pulso e puxou-o para perto. E então, sem hesitar, beijou-o.

O choque de Vaegon foi imediato. Seu corpo enrijeceu sob o toque, os lábios imóveis por um segundo que pareceu se estender para sempre. Mas Maegelle não recuou. Manteve-se ali, pressionando-se contra ele, sentindo sua respiração hesitante, sua mente tentando compreender o que acontecia.

Quando finalmente se afastou, Vaegon parecia perdido.

— O... O que foi isso? — sua voz saiu fraca, incerta, como nunca antes.

Maegelle deu um passo atrás, respirando fundo.

— Algo para você pensar antes de ir até nosso pai — disse ela, com um meio sorriso. — Agora pode dizer que já beijou uma mulher.

Ele continuou imóvel, os olhos fixos nela, ainda tentando decifrar o que acabara de acontecer.

Maegelle virou-se e saiu do salão sem olhar para trás, deixando-o ali, confuso, hesitante. Exatamente como ela precisava que ele estivesse.

PARTE 7

Vaegon não disse uma palavra sequer ao rei.

Por dias, Maegelle esperou o chamado que nunca veio, um olhar severo de seu pai à mesa do conselho, uma reprimenda fria durante o desjejum, uma palavra que selasse o destino de Saera..., mas nada aconteceu. O silêncio persistiu, e a ausência de qualquer menção ao assunto era a única confirmação de que Vaegon havia, afinal, ficado em silêncio.

No entanto, o clima na Fortaleza Vermelha continuava carregado. Não por Saera, mas por outra filha do rei.

Daella Targaryen e seu casamento.

Maegelle ouviu sussurros pelos corredores, fragmentos de conversas entre damas e lordes. O rei recebera novas propostas, e desta vez, não parecia haver mais espaços para recusas. O assunto foi trazido à mesa durante o jantar de forma direta e implacável.

— É tempo de nos certificarmos de que fizemos a escolha certa, Alysanne — Jaehaerys limpou os dedos no lenço de linho. — Daella precisa de um marido.

A rainha, que mal tocara na refeição, ergueu o olhar:

— Não há o que discutir, ela já escolheu alguém depois de sua explosão.

— Escolheu — o rei confirmou, sem rodeios. — O Lorde Rodrik Arryn, do Vale.

Alysanne fechou os olhos por um instante, os lábios se apertaram em desaprovação.

Naquela noite, o jantar fora feito apenas para Maegelle, Gael, Alysanne e o rei Jaehaerys, que acreditava que as táticas de Maegelle como noviça pudesse ajudá-lo com sua esposa. Mas só havia uma coisa no mundo que faria a rainha satisfeita.

Maegelle, sentada em silêncio até então, apertou os punhos sobre o colo.

— Pai...

O rei fez um gesto quase grosseiro, não permitindo que sua filha o contradissesse.

— Não há o que discutir, Mae.

— Mas isso não era o que Daella queria — insistiu a noviça. Alysanne sorriu para ela.

Jaehaerys soltou um suspiro cansado.

— Daella não tem vontades, ela precisa de uma direção — argumentou o rei. — Se dependesse dela, permaneceria em segurança dentro deste castelo para sempre. Mas uma filha minha não pode se dar a esse luxo, não quando o reino está separado. Rodrik é um homem bom, um lorde poderoso.

— Um homem com idade para ser pai dela! — brigou Maegelle.

— Que cuidará dela — rebateu ele. — Não há opção melhor.

— Então me diga — Maegelle inclinou-se à mesa, a voz vacilando com a súplica. — Você a escutou? Perguntou o que ela queria? Ou apenas decidiu que, por seu dever ela não tem escolha?

O silêncio em seguida foi pesado.

— Basta, Maegelle! — disse o rei, firme. — Esse casamento acontecerá, quer nós queiramos ou não.

Os olhos de Maegelle ardiam. Ela se levantou da mesa, com as mãos trêmulas.

— Você sempre foi o melhor rei para todos, menos para suas filhas — logo, virou-se para sua mãe: — Eu tentei.

A rainha fechou os olhos com força, como se a confirmação de que todas as tentativas foram falhas a trouxessem dor física. Então, sem aviso, desabou em lágrimas. O som era baixo, quase sem vida, mas imensamente pesado e soturno. Maegelle sentiu um aperto no peito, um nó sufocante de frustração e impotência.

— Cuide disso! — disse Maegelle para o pai. — Eu tentei, mamãe.

Alysanne apenas balançou a cabeça.

Naquela noite, Maegelle decidiu partir.

A Fortaleza Vermelha já não era mais sua casa, sentira isso ao chegar. Não era, pois, suas palavras não tinham peso, não quando suas irmãs, a quem amava imensamente, estavam fadadas a destinos irreversíveis.

A sombra do entardecer cobria seu rosto cansado, mas não ocultavam o brilho úmido de seus olhos enquanto ela arrumava suas arcas sem pressa. As criadas não perguntaram nada, e Maegelle não se preocupou em se despedir de mais ninguém.

Quando saiu pelos portões, uma última visão prendeu seus olhos ao céu: Meleys, Caraxes e Vhagar cortavam os céus de Porto Real, com suas gigantescas asas lançando sombras sobre a cidade. Voavam alto, livres, com seus montadores, apenas.

Lágrimas caíram sem que pudesse contê-las.

Alguns ainda poderiam ser livres.

                                                                                                                                                                                 Fim. 

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