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Capítulo Treze

Durante a semana, descubro que os dias na Estalagem passam com uma rapidez impressionante. Sem o desespero constante de estar à procura de uma possibilidade de fuga, posso analisar todos os movimentos com mais consideração.

O sistema de funcionamento é tão organizado que mais parece uma coreografia ensaiada ao nível da perfeição. Às 7h da manhã, o café começa a ser servido na cafeteria e vai até às 10h. Às 10h30min, os soldados iniciantes começam seu treinamento, salvo os soldados já formados que treinam três vezes por semana; apesar disso, sempre há grupos que se juntam para manter seu condicionamento físico correndo, lutando ou levantando pesos.

O almoço é servido às 13h e finalizado às 14h30min, sem chance de comer fora do horário; descobri isso na prática. O treinamento dos iniciantes é finalizado às 17h, e então o começo da noite é tomado por atividades sociais coletivas: leitura, jogos de tabuleiro e cartas, e cantorias e danças entre os mais jovens. Todos devem estar em suas camas às 22h.

Ikari me contou que a Estalagem 2 é voltada para o principal objetivo de formar soldados competentes, e que esta tarefa cabe a ela, principalmente.

Quando os soldados se tornam profissionais, os medianos ou que não têm habilidades especiais são enviados para às diversas outras Estalagens espalhadas pelo Continente. Os melhores soldados permanecem, preparando-se para as batalhas da guerra iminente. Entre os melhores, está Gwen Fitz e Kwame Nkosi.

Kwame permaneceu exatos nove dias desacordado, da mesma forma que o encontramos três dias depois que entramos na Floresta; em posição fetal, de olhos fechados e esvaído de cor ou qualquer indício de vida, além de sua pulsação perigosamente lenta.

Após encontrá-lo, entramos em contato com Ikari, que pessoalmente nos resgatou do perigo da terra para a segurança da nave. A dor nos olhos de Ikari ao ver seu filho daquela maneira irá me assombrar pelo resto dos meus dias em vida.

Eu estava cética sobre a recuperação de Kwame, porém obviamente decidi respeitar a esperança daquelas mulheres que tanto amam e confiam nele. Fiquei surpreendentemente feliz ao saber que ele havia acordado, estável em sua condição física. Mas, a expressão de Gwen não negava meu ceticismo anterior; algo estava errado.

- O quê? - repito, surda em meio à cacofonia do centro de treinamento.

Ikari havia me introduzido ao programa de treinamento, alegando que se eu quisesse salvar meu irmão, precisaria aprender a me defender primeiro. Apesar de eu estar indo muito mal, não contrairei a ordem de uma general.

- Não é ele - Gwen diz, lançando uma faca bem longe do seu alvo. Aparentemente, eu não sou a única a ir mal no treinamento de hoje. - Eu o conheço mais que a mim, Aurora. Ele me conhece mais que a si mesmo. Mas, ontem, foi como se ele não me reconhecesse... - mais uma faca, dois palmos acima do alvo.

- Dê o tempo necessário para que ele se cure, Gwen. Ninguém passa por uma experiência como a dele sem contrair sequelas. Sua mente precisa de descanso, talvez mais ainda que seu corpo - faço um buraco de bala no ombro direito do corpo virtual do boneco.

- Ikari pensa o mesmo que eu - ela argumenta, deixando as facas de lado e pegando o arco. - Parece que tem a droga de um muro entre nós.

- Talvez na festa de hoje ele consiga voltar a si, nem que seja um pouco - tento tranquilizá-la, enquanto o meu tiro passa dois centímetros ao lado da cabeça do boneco. Xingo quando meu painel mostra apenas dois acertos de onze tiros.

- E se isso não acontecer? - ela pergunta, logo depois acertando a flecha no coração do alvo e puxando um sorriso triunfante. Seu painel mostra cinco acertos de sete.

- Você o trouxe de volta uma vez, não foi? Tenho certeza de que poderá fazer o mesmo novamente, se necessário.

- É - concorda, puxando mais uma flecha no arco. Ela atinge a testa do boneco dessa vez. - Mas não sei se serei suficiente dessa vez.

Continuamos nosso treinamento de mira conversando tópicos relevantes entre os intervalos que não estamos atirando. Distraída dos assuntos referente a Kwame, Gwen acerta seus alvos com perfeição. Eu, por outro lado, ainda preciso aprender muita coisa.

Gwen continua a me acompanhar pelo nível básico para iniciantes, não sei se para me fazer companhia ou por ordens superiores; estou sob vigilância constante, ainda que sutil. Espero que seja a primeira opção, já que eu realmente aprecio sua presença.

O treino de luta corporal é um pouco mais divertido, já que tenho noção de alguns movimentos básicos. Minha mãe insistiu que eu tomasse aulas de defesa quando me casei com Eunjin. Nas suas palavras: "Uma mulher poderosa nunca deve ser indefesa."

Pensar neles ainda me traz uma profunda tristeza que tento abafar com a rotina corrida da estalagem durante o dia, porém quando deito minha cabeça no travesseiro à noite, não há nada que eu possa fazer além de deixar que as sombras dessa melancolia tomem meu coração. São esses os momentos que eu mais temo; quando não posso fugir dos meus sentimentos.

Mas, tenho um objetivo traçado, uma meta a ser cumprida: salvar meu irmão. E estou me preparando para isso, ansiando o dia em que poderei colocar em prática tudo que irei aprender aqui. Já tenho marcada uma reunião com a general Ikari e sua equipe para que o plano de resgate de Kard seja posto em andamento o mais breve possível.

- Você está fazendo errado - Gwen murmura pela décima vez, enquanto eu ofego no chão acolchoado do salão de luta.

Ela está encostada na parede, uma perna dobrada, braços cruzados e olhar analítico. Texas, minha parceira de treino, - uma menina de 17 anos muito mais forte e experiente que eu, vale ressaltar - estende a mão para me colocar de pé.

- Venha até aqui e me ensine, então - replico, exaltada. Não gosto de perder e nem de ser repreendida.

Gwen e Texas trocam um olhar sagaz e riem, mais alto do que julgo necessário. Levanto as sobrancelhas em questionamento, sem saber o motivo da graça.

- Ikari não te contou qual é a habilidade especial de Gwen, não é? - Texas pergunta, com um olhar piedoso.

- Não - respondo. - Qual é?

Gwen suspira, tomando uma decisão. Com um aceno, dispensa Texas e se posiciona em frente a mim, os olhos azuis brilhando. Ela estende as duas mãos para mim; palmas e dedos longos, calos proeminentes se projetam da sua mão direita, e eu relaciono-os à Floresta, quando ela precisou enrolar a corda na mão e escalar todo o corpo apenas com esse apoio.

- Isso é minha habilidade, Aurora - ela fala baixo, olhando-me nos olhos. Sinto-me como uma aluna que está prestes a tomar uma aula muito importante. Gwen separa os dois pés, gesticulando para que eu faça o mesmo. - Isso também é minha habilidade.

Ela coloca as mãos em meus ombros, consertando minha postura. Depois levanta meu queixo e sorri.

- Minhas habilidades são todas as partes do meu corpo - sua voz agora é um sussurro. Não ouso nem respirar. - Eu sou a minha própria arma. Seu corpo é a sua arma, você só precisa entender como usá-lo.

Ela caminha para atrás de mim, posicionando a mão na base de minhas costas para colocar-me no lugar correto. Meu corpo agora é uma pedra, imóvel e duro.

- E eu não digo para usar suas armas apenas em batalha - ela sobe a mão vagarosamente por minha espinha, apertando a base do meu pescoço. O suspiro pesado que sai de mim é involuntário. - Na cama também vale o esforço.

Ela usa o tremor que invade meu corpo para me desequilibrar, puxando meu tornozelo para trás e fazendo com que eu caia com o rosto no chão.

- Você é impiedosa! - gemo de dor, apertando minha bochecha, enquanto Gwen me olha de cima, maliciosa.

- Nunca se deixe distrair, ruiva, não importa quão irresistível seja seu adversário.

Dou risada de sua confiança, muito justa, por sinal. Respiro fundo para recuperar meus sentidos e me coloco de pé novamente.

- Ótimo - Gwen elogia. - Volte para a posição de defesa. Dessa vez, não se distraia.

***

Durante todo o tempo em que Kwame esteve em coma, não o visitei uma vez. Minha atitude covarde é explicada pelo medo. Estive torcendo em silêncio pela sua recuperação, pensando na parcela de culpa que tive para que ele estivesse naquele estado em primeiro lugar.

Por minhas decisões, eu o condenei à Floresta. A ideia de encarar o homem que me salvou, agora acamado por minha causa, me trouxe náuseas, então eu simplesmente evitei pensar na possibilidade de vê-lo. Porém, enquanto a água quente do chuveiro massageia os músculos doloridos dos meus ombros, imagino que será inevitável encontrá-lo; portanto, é melhor que o episódio de vergonha e culpa seja feito de maneira privada.

Repassando o monólogo de desculpas em minha mente, termino o banho e me visto rapidamente com as roupas rebeldes que agora me pertencem: calça de couro velho, blusa de manga longa preta e um casaco pesado mas eficiente.

Meu alojamento é menor que minha antiga cela, ironicamente. Considerando que só utilizo o pequeno espaço para dormir e me lavar, não me importo com regalias - ou a falta delas.

Saindo da seção de alojamentos para o centro médico, percebo a versão rebelde de Jerffins a me seguir, obviamente obedecendo a ordem de me conceder espaço suficiente para respirar. Ordens de Ikari, imagino, já que como todos aqui deixam bem claro: eles não confiam em mim.

O centro médico é uma área aberta e muito iluminada, com setores separados apenas para salas de cirurgias e internação. Não é difícil localizar Kwame em meio às diversas camas vazias. Ele está deitado, de olhos fechados e corpo imóvel, enquanto um fluido transparente passa por um tubo diretamente para sua veia do braço.

Vê-lo me causa mais nervosismo do que eu havia imaginado. Seu estado não é bom; está magro, apesar de que seus músculos ainda se sobressaem através da roupa. Posso ver as bordas da atadura em seu ombro onde a camisa não cobre e seu pulso imobilizado. Debaixo das malhas, há muito mais cortes e feridas marcando sua pele.

Fecho as mãos em punho para controlar minha pulsação quando seus olhos se abrem em minha direção. Ele se senta e coloca os pés no chão, as pernas juntas e a coluna perfeitamente reta. Dou três passos em sua direção, esperando qualquer reação sua, mas ele nem pisca.

- Oi - digo, tentando resgatar a memória do monólogo que eu havia preparado. Como sempre, me sinto intimamente exposta diante de sua presença, e cruzo os braços para tentar minimizar a sensação.

- Aurora Park - cumprimenta ele, maneando a cabeça. Estranho sua formalidade, apesar de preferir não comentar nada.

- Certo. Eu gostaria de começar pedindo desculpas pela posição em que te coloquei - começo, decidindo ir direto ao assunto. - Minhas ações foram egoístas, e apesar de não me arrepender de tê-las tomado, sinto muito pelas consequências que você teve que sofrer.

- Do que você está falando? - ele pisca pela primeira vez, e eu pisco várias em resposta.

- Você me levou de volta ao Capitólio, quando eu pedi. Você não se lembra?

- Sim, eu lembro de tudo - ele responde. - Devo ter tido alguma razão para ter feito isso, não?

- Sim. Você havia me feito uma promessa - me dou conta de que estou com a expressão completamente confusa, e tento suavizá-la.

- Não há qualquer motivo para seu pedido de desculpas, então - conclui ele. - Isso é tudo?

- Não - elevo minha voz.

Parece que nada foi resolvido nessa breve conversa, e eu não consigo limpar minha consciência enquanto não tiver certeza de que está tudo bem entre nós. Sento-me na cama em frente a sua, apertando o acolchoado com força.

- Você está... - corto a frase, já que perguntar se está tudo bem, no momento, é completamente idiota. - Tem certeza que deseja ir à festa? Estou te oferecendo uma chance de escape, se quiser.

- Foi um pedido pessoal de Gwen - Kwame analisa, duas rugas se formando nos cantos dos seus olhos. - Eu disse que iria comparecer.

- E Kwame Nkosi sempre cumpre suas promessas - suspiro pesadamente, cansada do momento. Levanto, mais nervosa do que quando entrei. - Acredito que não temos mais nada para ser discutido.

- Suponho que esteja certa - ele diz, e apesar da indiferença em seu tom de voz, não quero ir embora.

Não é necessário anos de convívio com Kwame para saber que ele está longe de si; bastou apenas alguns dias em sua presença para eu saber que esse não é o seu comportamento normal. Ele sorriria, mesmo diante da hostilidade da circunstância, e se o problema fosse comigo, ele demonstraria através da raiva. Kwame é aberto para todos os sentimentos e não tem receio em demonstrá-los. Kwame é transparente. Kwame Nkosi não é indiferente, raso e inalcançável como o homem sentado nessa cama.

- Boa recuperação - sussurro, sentindo-me impotente. O que eu poderia fazer?

Quando me viro para ir embora, porém, ele segura meu pulso. Com força. Abro a boca para protestar, mas sua expressão me cala. Não sinto o chão ao meus pés quando meus olhos encontram os seus, cheios de lágrimas. Todos os sentimentos que faltaram nos minutos anteriores, surgem na superfície de suas órbitas. Seus olhos demonstram dor, pura e dilacerante. O tipo de dor que comporta os maiores medos de uma pessoa.

Ele abre a boca para falar algo, mas nada além de uma sílaba sai dela. E então uma lágrima escapa do oceano que a mantinha presa. A gota solitária viaja destemida até o osso proeminente da bochecha de seu dono.

Quando estou prestes a perguntar alguma coisa, todo seu rosto muda novamente. O aperto em meu pulso é desfeito. A lágrima viajante volta para o oceano e o mesmo esvazia-se imediatamente. A expressão de dor é substituída pelo muro indestrutível de passividade. A passividade que não pertence a ele.

A sílaba presa morre e as palavras que ele fala são límpidas, audíveis e cortantes.

- Vejo você mais tarde, Park.

Não reajo como deveria, apenas corro apressadamente para fora do centro médico, mortificada em horror. Puxo o ar para dentro dos meus pulmões, minha mão no peito como se desejasse controlar as palpitações do meu coração.

A sílaba não completada se repete em minha cabeça como um martelo irritante, insistindo para ser interpretada.

Aju.

Aju, o quê? Aju. Aju...

Ajude. Ajude-me.

Kwame Nkosi está pedindo socorro.

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