Capítulo Sete
Dois dias passam como se eu não os estivesse vivendo. Não percebo o tempo, o que estou fazendo ou para onde estou indo, apenas faço. Acontece que uma mulher que acabou de ser liberta de seu sequestro tem uma agenda cheíssima.
Fiz todos os tipos de exames que existem no mundo e estive em mais coletivas de imprensa e entrevistas em quarenta e oito horas do que em meus trinta e um anos de vida. Não posso dizer que não entendo o motivo de tanto frenesi.
Minha mãe, como esperado, agiu de forma muito exagerada, tocando a testa e o peito quando uma câmera apontava em sua direção e mantendo a expressão triste e feliz nas horas certas. Eu apenas respondi às perguntas, e se fiz qualquer semblante, não percebi.
No terceiro dia tenho todos os horários livres, exceto pela consulta de duas horas que terei que fazer com a psicóloga à noite.
Não vi Eunjin outra vez, para meu alívio. Está em viagem de trabalho com Dimitri Bullock e só volta amanhã à noite. Mas, mesmo ocupado, fez questão de me ligar a cada duas horas para saber como estou. Parei de atender depois da terceira ligação pois não sou uma boa atriz.
A segurança em cima de mim está multiplicada. Há dois guardas na porta do quarto e incontáveis outros por toda a casa, além de câmeras no cômodo, as quais fiz questão de retirar quando vim morar aqui.
Não disse nada sobre Kard à mamãe, porque pretendo obter algumas informações antes, ter certeza do que estou fazendo antes de jogar um meteoro dessa magnitude em seu colo. Preciso de respostas, e é isso que estou indo fazer quando abro a porta do quarto.
— Onde está indo, Sra. Park? — pergunta Jerffins, apenas me acompanhando com os olhos e mantendo sua postura intacta.
— Meu escritório — respondo, sem parar de andar. Jerffins começa a acompanhar meu passo e um outro guarda me atravessa para seguir em minha frente. — Isso não é necessário.
— Ordens diretas, Sra. — o guarda em minha frente responde.
Meu escritório fica à três portas do quarto, então não há mais tempo de protestar quando chego ao meu destino. Fecho a porta atrás de mim quando entro no cômodo. É, sem dúvidas, meu lugar preferido nessa casa. Um lugar que realmente parece meu.
Vidros vão do teto ao chão onde deveriam estar as paredes, o pé-direito alto dando amplitude ao local. Esbanjo uma mesa de madeira preta bem larga, móveis planejados ocupando a maior parte do espaço no ambiente.
— Vox? — ativo o programa virtual quando sento em minha cadeira de couro.
— Bom dia, Sra. Park — a voz neutra do programa ressoa e sua figura cibernética emerge do aparelho de imagem em minha mesa com uma luz azul.
Vox é minha assistente virtual, criada por mim e muito rara. Apenas dez pessoas no Continente inteiro possuem um programa virtual igual a esse. Ela pode ser personalizada para ter qualquer tipo de nome, voz e aparência que seja instalada.
— Me chame de Aurora a partir de agora, Vox — peço, e ela assente, atualizando seus dados.
— O que posso fazer por você hoje, Aurora?
— Puxe tudo que existe no sistema sobre Kard Baek — automaticamente a figura de Vox é substituída por várias pastas, arquivos em carregamento e criptografias que Vox rapidamente derruba.
— Consegui dois mil novecentos e quarenta e quatro resultados na pesquisa sobre Kard Baek. Gostaria de filtrar esses dados, Aurora?
Para começar minha investigação sobre o que aconteceu com meu irmão, preciso partir de algum lugar, então decido voltar ao momento onde tudo terminou, sua morte.
— Cruze isso com a data dois de novembro do ano cento e quarenta e quatro.
Até a menção da data faz meu corpo estremecer. Vim evitando pensar em tudo isso porque parece loucura demais e parte de mim se recusa a acreditar. Eu sempre uso a lógica para justificar minhas ações, porém não há qualquer resquício de nexo no que venho vivendo esses últimos dias.
No dia que Kard morreu, era noite e estávamos sozinhos em casa. Mamãe e papai haviam saído para um baile de gala e não presenciaram o momento em que dois homens de máscara entraram em nossa casa e colocaram uma bala na cabeça do meu irmão. Nada foi roubado, então desconsideraram roubo, porém nunca encontraram os assassinos e o caso foi arquivado muitos anos depois. Nunca entendi porque os homens haviam me poupado, porém o luto era tão profundo em mim que não me aprofundei no pensamento.
Pelos contatos que minha família tem, sempre moramos no Capitólio, e quando alguma coisa mais emocionante que dinheiro, luxo e vaidade acontece por aqui, os moradores não demoram muitos minutos para estar no centro da notícia, o que explica os inúmeros vídeos e fotos que existem desse dia terrível.
Abro um vídeo amador gravado no dia da morte de Kard. Na imagem tremida, aparece a frente da minha antiga casa, onde eu vivia com minha família. Surge uma versão de mim aos dezesseis anos, com cabelos ainda castanhos e longos, rosto corado e olhos petrificados em choque. O pijama está coberto por respingos de sangue. Há o barulho de muitas vozes no vídeo, mas consigo identificar uma frase, a frase que assombrou meus sonhos por muitos anos depois.
"— Ele está morto? Seu irmão está morto? —" é a voz da minha mãe se dirigindo a mim, sacudindo meus ombros. Eu apenas assinto e ela entra dentro de casa correndo.
Não via esse vídeo há muito tempo, e percebo algo diferente. Algo que antes não havia notado, talvez por estar tão absorta em minha dor que meus instintos estavam dormentes.
Há algo de errado no tom de voz de Margareth. Volto alguns segundos, para ouvir de novo. Definitivamente algo errado.
— Procure um ângulo diferente desse momento, Vox — ela demora alguns segundos até me mostrar outro arquivo. É outro vídeo amador, sem áudio, mas agora posso ver minhas costas e o rosto de mamãe.
Reproduzo o vídeo. Mamãe e papai saem do carro e atravessam a multidão à cotoveladas, porém um homem desconhecido e muito grande segura meu pai, e para minha confusão, ele fica completamente estático. Volto o vídeo e aproximo a imagem, seguindo os movimentos da mão do homem. Não tenho certeza, mas parece que um segundo antes de meu pai parar, o homem introduz algo em seu braço.
Que merda é essa?
Volto a olhar para mamãe no vídeo, que me alcança. Aproximo seu rosto, esperando encontrar ali algo que me conforte, que tire qualquer dúvida da minha mente e que prove aos meus instintos que eles estão completamente errados. Não há nada disso. Seu olhar é ansioso quando ela me pergunta se Kard está morto, uma ansiedade incomum. Ela corre para dentro de casa, para o corpo de Kard. Papai ainda está imóvel.
— Vox, busque qualquer informação sobre esse homem — peço, ampliando a imagem no rosto do homem desconhecido.
Vox começa com o reconhecimento facial, cruzando o rosto dele com o nosso banco de dados.
— O nome dele é Lamar Jackson. Não há muito sobre ele no sistema, o que é estranho — Vox diz, colocando algumas informações na tela.
— Há alguma coisa que o conecte com Kard Baek?
— Sim, Aurora. Lamar Jackson foi professor no Colégio Sullivan por vinte anos, onde Kard estudou por três anos. Também há registros de algumas classes ensinadas por Sr. Jackson que Kard esteve presente.
— Entre no sistema do Colégio Sullivan, Vox. Vamos pesquisar mais profundamente.
— Já tentei, Aurora. O sistema está protegido por uma criptografia que não reconheço.
Coloco a mão na massa e começo a tentar derrubar a proteção do sistema manualmente. É um programa completamente diferente, mais forte e difícil de ser lido, então uso alguns minutos para conseguir descriptografá-lo. Dou um sorriso de triunfo quando consigo entrar.
Puxo o nome de Kard e uma pasta é mostrada, dentro dela há diversas subpastas. Abro a de documentos e olho rapidamente os arquivos de matrícula, mensalidades, contrato, regulamentos e etc. Um dos arquivos me atrai, pois está protegido por senha. Clico nele e Vox não precisa ser mandada, pois já hackeia a senha na velocidade da luz.
Parece ser apenas um documento comum, contendo dados sobre Kard e seu desempenho acadêmico, então não entendo o motivo de ser protegido por senha. Vasculho entre as setenta e cinco páginas, e posso sentir que existe algo que pode esclarecer muita coisa para mim. Já estou na página cinquenta e dois quando um novo tipo de documento aparece, um contrato. Leio por cima as primeiras cláusulas, mas a número treze me chama a atenção.
Meu peito afunda. É um contrato de prestação de serviços. É um contrato onde o governo comprou Kard pelas "habilidades" dele.
— Esse contrato está assinado por quem? — pergunto, chocada demais para fazer qualquer suposição.
— Está assinado e biometrado por Margareth Baek.
Então entendo.
O ódio que me toma é tão forte que minha garganta trava e eu cravo as unhas nas palmas das mãos.
"Ele está morto? Seu irmão está morto?" Ela sabia que não. Ela sabe que não.
Minha mãe vendeu meu irmão e deixou que vivêssemos um luto falso por quinze anos. Ela o vendeu. Ela assinou o contrato que o torna um assassino, uma máquina. Ela sabe de tudo.
Em questão de dias fui traída pelas pessoas que me juraram fidelidade eterna. Fui enganada pela minha própria mãe, por vários malditos anos. Eunjin e Margareth, parceiros no plano em destruir a vida de Kard e a minha. Não duvido que o meu casamento tenha sido uma condição de garantia para ambos. Se Eunjin cai, eu também caio. Se eu caio, mamãe cai.
Mas não sou uma menina ingênua. Sou uma mulher inteligente e não preciso que um contrato conjugal seja o motivo de minha ruína. Não deixarei um homem ser o motivo de minha queda.
Não irei cair, mas serei eu a derrubá-los.
〆〆〆
Em dois dias, já li três livros, rabisquei cinco páginas de papel com desenhos aleatórios, queimei mais calorias do que poderia saber e dormi mais do que seria recomendado.
Estou oficialmente entediado.
A cela em que estou preso, não é nada como a de Aurora. É apenas um quadrado pequeno, com uma janelinha de vidro no teto, paredes de concreto não rebocadas, um colchão velho jogado no chão e uma latrina e uma pia no canto.
Gwen veio os dois dias me visitar, trazendo cinco livros e uma fruta fresca escondida nas roupas. Ainda está decepcionada com minha decisão, obviamente, mas não toca no assunto, apenas me distrai por alguns minutos para que eu esqueça que existe uma grade nos separando. Quando contei sobre o dispositivo que entreguei à Aurora e a possibilidade de ela voltar, Gwen não me poupou xingamentos, porém no fim concordou em buscar Aurora, se a mesma decidir assim.
Ikari também veio os dois dias. Não trouxe frutas ou livros, apenas uma bronca de mãe e outra de General. Ela nunca iria admitir, mas as minhas ações refletem diretamente em como ela é vista em sua posição de poder e sei que há pessoas que só precisam de um motivo para tentar retirá-la de seu cargo, e eu acabei lhes dando um.
À noite, quando sou deixado no silêncio dos meus pensamentos, imagino possibilidades para meu futuro. Quando qualquer membro de qualquer Estalagem comete traição, um Conselho é montado para decidir para onde e para qual cargo o traidor será relocado. Não nos dizem o que acontece depois disso.
Fazem muitos anos desde que um crime de traição foi cometido na Estalagem 2, e não faço ideia de onde estão essas pessoas. Seus nomes não são mais ditos e as memórias que os incluem são ignoradas. Eles simplesmente deixaram de existir para o restante de nós. Imagino se Gwen ou Ikari ainda se agarrarão às suas lembranças de mim, mesmo quando meu nome não possa mais ser proferido.
Através da pequena janela, vejo a noite cair, a escuridão tomando posse do ambiente, tornando as grades e o concreto invisíveis, e é quando o silêncio vai que quase posso sentir que estou ao ar livre. Esse é o momento em que me agarro a este pensamento e durmo, sem sonhos.
— Acorde, imbecil — uma voz fala, atrapalhando meu momento de ilusão.
— Gwen?
— Chegue mais perto, ou você quer que eu acorde a Estalagem inteira? — diz, impaciente. Levanto do colchão e me aproximo da grade em dois passos, colocando minha mão para tocá-la. Ela apalpa meu braço até achar meus dedos e os entrelaça com os seus.
— O que aconteceu? — sussurro, apesar de que as celas da frente e do lado estão vazias.
— Nada, vim dormir aqui. Traz o colchão para perto — instrui, mas não solta minha mão. Não vejo nada além dos glóbulos brancos de seus olhos e a sombra de sua silhueta.
— Você ficou doida? — dou uma risada de incredulidade. — Não vou deixar você dormir do lado de fora da cela, no chão frio. E se te pegarem aqui, você vai tomar uma suspensão.
— Ikari não faria isso.
— Eunad faria — contraponho.
— Eu não tenho medo daquele cara de búfalo — contraio a boca para não soltar uma risada. — E eu estava querendo uma folga mesmo.
Vejo a sombra de sua silhueta descer, e sei que não haverá argumentos no mundo que a farão mudar de ideia, então arrasto o colchão para deitar ao seu lado, com a grade entre nós. Nossas mão se encontram novamente, ambas aquecendo uma a outra.
— Kwame? — Gwen chama, a voz embargada. Saber que sou o motivo de sua dor me traz uma alfinetada no coração, porque Gwen significa muito para mim. Sei que a possibilidade de nos separamos dói tanto nela quanto em mim.
— Hm? — murmuro. Ela fica em silêncio por bastante tempo, como se estivesse ponderando o que dizer, o que é incomum de Gwen, que sempre diz a primeira coisa que vem à sua mente.
— Sinto muito — diz, enfim. Sinto que o aperto em minha mão aumenta.
— Eu também, linda — confesso, fazendo movimentos circulares com meu polegar em sua pele macia. — Você pode me prometer uma coisa?
— Qualquer coisa — responde de imediato.
— Não esqueça de mim, tudo bem? Não quero que sofra, nem nada disso, mas se eu souber que uma parte de mim ainda permanecerá viva em sua memória, poderei viver mais facilmente.
O silêncio cai sobre nós, e não ouço a respiração de Gwen até que seu corpo comece a chacoalhar.
— Você está rindo? — pergunto, fingindo raiva.
— Alguém já te disse que você é muito sentimental, Kwame Nkosi? — ela questiona, entre gargalhadas abafadas. — E um completo idiota.
— Se eu não estivesse indo embora em algumas semanas, você me pagaria caro por isso na arena, Gwen Fitz — digo, com um sorriso enorme no rosto. Ela tem esse efeito.
— Kwame, a única forma possível de eu te esquecer é se queimarem meus miolos. Até lá, guardarei você comigo — suas palavras enchem meu peito de amor. — Isso é suficiente para você viver mais facilmente?
— Não — respondo. — Mas ainda temos algumas semanas para você ir tentando.
Até não termos mais.
Quando a luz fraca do dia se instala pobremente na cela, os passos ritmados me acordam. Quando Eunad e seus soldados arrastam uma Gwen ainda sonolenta para longe de mim e me imobilizam no chão, sei que não teremos semanas. Sei que será hoje.
Não haverá Conselho. Não será justo. Eu servirei de mensagem para os outros. Ninguém atrapalha os planos da Base Rebelde e fica impune.
Sou jogado na lama, como um cachorro morto, porém não permaneço caído. Ergo-me, juntando cada pedaço de dignidade que me resta para encarar Eunad nos olhos. Ele não demonstra qualquer emoção, apenas permanece com a postura impecável de Comandante.
— Kwame Nkosi, pelo crime de traição, condeno-o à Floresta — diz Eunad.
É nesse momento que todas as possibilidades se acabam. É com essas palavras que meu destino é selado. É pela Floresta que minha morte está decretada.
Os moradores da Estalagem 2, que se agruparam ao redor do show, soltam suspiros de surpresa, incredulidade, pena. Vejo minha mãe surgir no meio das pessoas, abrindo caminho até o Comandante. Pela forma que anda sei que está pronta para matá-lo, se isso fosse uma opção.
— Senhor, a punição da Floresta não é imposta há vinte anos! Não acho justo trazê-la à tona agora — Ikari diz, os dentes cerrados.
— Nada sobre isto é justo, General Nkosi — ele nem mesmo a olha, o desgraçado. — Se quisermos debater injustiça, que tal o fato de que seu filho está colocando em risco a vida de todos nós por uma promessa? E não pense que não estou ciente de que, em várias ocasiões, Kwame desobedeceu ordens diretas e negligenciou missões importantes.
— Então aja de acordo com nossas leis e faça a Relocação, Comandante — Ikari tenta de novo, e tudo que recebe é uma dispensa com a mão. Péssimo erro, porque ela grunhe, fechando a mão no cabo de sua espada. Automaticamente, os guardas de Eunad também alcançam suas pistolas e fuzis, mas eu contenho o movimento de Ikari com um olhar.
— Está tudo bem — sibilo, cuidadoso. Ela solta os braços ao redor do corpo, claramente contrariada.
— Você confia nas suas habilidades de soldado, Kwame? — pergunta Eunad a mim e eu cerro os olhos, porque não vou responder a essa besteira. — Imagino que sim, então não vejo o porquê de tamanho alvoroço, certo? Tenho certeza de que se sairá muito bem.
Dito isso, uma mulher alta se põe ao lado do Comandante para recitar as regras da punição da Floresta. Não preciso ouvir, porque sei muito bem cada detalhe desse desafio.
A Floresta é a maior das punições dentro das Estalagens. O criminoso é solto exatamente no meio da floresta, carregando uma arma de fogo, uma de corte, uma mochila com poucos suprimentos - uma garrafa pequena de água, corda, fósforos e pão -, a roupa e sapato do corpo e um desejo falso de boa sorte. A pessoa então, tem oito dias para achar seu caminho de volta à Estalagem, se conseguir, todos os seus crimes são perdoados. Se falhar, bem... é suposto que morreu lá dentro.
Nunca ouvi uma história sequer de qualquer sobrevivente durante os anos em que aqui vivo. A Floresta é mortal, e quem entra nela, não sai. É uma condenação à morte sem sujar as mãos de sangue.
— Você entendeu todas as regras? — a mulher alta pergunta e eu digo que sim. — Escolha suas armas. Lembrando que um trentis não é permitido.
Um jovem menino leva um carrinho até mim, com todos os tipos de arma que dispomos ali dentro. Penso que não terei qualquer utilidade para um fuzil dentro de uma floresta, então escolho a pistola e uma espada, porque os domino com mais facilidade. Checo o carregador da arma, que está cheio, e a coloco em minha cintura. Guardo a espada em um coldre que jogo por um ombro. O mesmo menino do carrinho joga a mochila para mim, e eu a pego no ar, abrindo para ver se está tudo ali.
Devidamente equipado, Eunad começa a andar para a Estação de Pouso e Decolagem, onde uma nave irá me levar até minha morte iminente. Ikari se posiciona ao meu lado, uma mão em meu braço para demonstrar apoio. Imagino que Gwen esteja sendo presa em algum lugar, senão tudo isso seria muito mais complicado.
Quando chegamos na Estação, a nave já está ligada. Ikari me vira rapidamente, encarando-me com toda firmeza que tem.
— Não tropece. Não hesite. Não olhe para trás. — Assinto, querendo ter um pouco mais da coragem que ela parece exalar.
— Lutar. Sobreviver. — Completo a frase que ela me disse há muitos anos atrás, no momento em que entramos no navio. Ela me abraça com força, e eu retribuo. — Eu amo você, mãe.
— Se alguém pode fazer isso, é você — ela afirma, ao mesmo tempo em que sinto um peso extra na minha mochila. Minha mãe é mesmo incrível. — Eu te amo, meu filho. Volte para nós.
E então eu sigo em frente, para a maldita Floresta, certo de que, se eu não sobreviver, morrerei com dignidade, princípios e uma família que não se esquecerá de mim.
Se eu morrer, morrerei com a certeza de que estarei tentando voltar para casa.
Notas: Olá, leitores! Eu amei escrever esse capítulo, espero que vocês tenham gostado, deixem o voto e comentário para eu saber a opinião de vocês. Até mais, cheiro <3
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