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Capítulo Quatorze

É difícil colocar em palavras a enxurrada de teorias que viajam em minha mente durante apenas 2 horas. Penso trilhões de coisas, e não encontro nem uma que justifique, humanamente, o que eu presenciei em Kwame Nkosi.

Não resta qualquer dúvida em mim, porém, de que algo muito preocupante estava acontecendo ali. Eu estou diante de um cenário onde o ponto de partida para que a solução do problema seja encontrado está em minhas mãos. Eu preciso comunicar o que aconteceu para Ikari e Gwen, no entanto me encontro sem a coragem necessária para dizer.

A festa para comemorar a vida do primeiro homem que voltou da Floresta começa, então decido adiar o momento onde sou a portadora das notícias ruins para que o descanso, mais que merecido, seja aproveitado por todos.

A decoração da festa é simples e antiga; pequenas luzes estão suspensas por altos suportes de ferro no meio do pátio de recreações; grupos de pessoas sentam-se no chão, ao redor de fogueiras crepitantes, passando garrafas de vinho e cerveja entre si; alguns jovens soldados se reúnem para disputar quebra de braço e outras dezenas de pessoas fazem fila para receber a comida especial de comemorações. Há dois dispositivos grandes de som ao lado da mesa de comidas, tocando uma batida leve condizente à energia pacífica do lugar.

Não posso deixar de sorrir ao ver como todos parecem flutuantes e felizes, fora da postura de soldados. Agora, são apenas pessoas que se consideram família, festejando a vida de um dos seus, e a nostalgia inevitavelmente bate em minha porta, lembrando-me do que eu achei que um dia tive.

— O que achou? — Gwen pergunta, aparecendo ao meu lado e colocando o braço ao redor dos meus ombros.

Balbucio, ainda sem costume com tanto contato físico, e recebo um olhar confuso em resposta.

— Eu disse que tudo parece ótimo — repito, torcendo as mãos. — Belo trabalho com as luzes... a comida... o som...

Gwen ri, bebendo do copo que eu não havia notado em sua mão.

— O som está uma merda — ela murmura em meu ouvido como se me contasse um segredo. Penso em questionar quanto vinho ela já tomou, mas não há sinal de que ela está bêbada. — Você viu Kwame por aí?

— Não.

Ela suspira irritada, e em seguida diz alguma coisa para o seu pulso, para que o som de cordas seja substituído por um grave ensurdecedor, seguido por vozes bem confusas. Há um coro de comemoração e várias pessoas se juntam para dançar com a batida rápida da música.

— Você dança? — ela pergunta, sorrindo marota. Faço um não desesperado, recebendo um dar de ombros e seu copo ainda cheio de vinho em minha mão. — Beba isso, e então, veremos.

Com um beijo em minha bochecha, ela se junta aos outros soldados para dançar, fechando os olhos e colocando os braços para cima. Observo-a por alguns instantes, feliz em vê-la tão despreocupada. Gwen mostra-me todos os dias ser uma mulher incrível e confiante. Ela foi aberta para me receber em seu lar e em sua vida, apesar de me odiar no começo e ainda não confiar em mim totalmente, o que é compreensível. O único momento em que a vi vacilar, foi na presença de Radesh Colligan, o rapaz que destruiu sua vida. Radesh ainda está por aqui, e fora o momento em que ele me cumprimentou com um maneio de cabeça em meio a confusão do retorno, não o vi mais. Não perco meu tempo pensando em suas atividades diárias, apenas agradeço pela distância que ele mantém de mim e Gwen.

Eunad Colligan havia ido para outra Estalagem quando voltamos da Floresta com Kwame, e apesar de o motivo oficial ter sido divulgado como "assuntos urgentes", eu sei que ele fugiu por vergonha ou medo, ou os dois. Eunad não é homem o suficiente para ver o fracasso de seu plano. Imagino se a notícia da recuperação de Kwame já chegou aos seus ouvidos.

Há um coro animado de saudações quando a presença de Kwame é vista atravessando o pátio. Com passos duros e mecânicos, ele apenas levanta uma mão como cumprimento a todos e se dirige ao banquete variado de comidas. Observo-o com muita cautela, comparando seus movimentos de agora com o pouco que consigo relembrar dos anteriores à Floresta.

Não há muito para ser notado; ele enche dois pratos com diversos pães recheados, bolos doces e frutas e senta no chão, equilibrando dois copos de suco de laranja e mingau nos antebraços. Várias pessoas passam por ele, batendo de leve em seu ombro intacto, rindo em cumplicidade ou apenas saudando-o com um maneio de cabeça. Ele responde imitando o mesmo gesto: tapinha, risada, maneio.

— Não seja esquisita — a voz de Gwen se levanta ao meu lado, me fazendo dar um pulinho com o susto.

— Você tem que parar de aparecer assim, do nada.

— Pés de seda — ela dá de ombros. — Por que você está com essa cara de quem fez um projeto de merda e não sabe como consertar?

— Você disse que ele estava estranho, então estou observando — justifico, enquando do outro lado Kwame come devagar, encarando o nada.

— Ele está, mas não acho que encarando-o por três horas vá ajudar, então pelo menos por hoje, deixe isso de lado. Descanse um pouco, Aurora — ela aconselha, apertando meu ombro com firmeza. — Ou se canse comigo, dançando.

Sem me dar chance para negar, Gwen puxa meu braço para o pátio, e só então me dou conta da música eletrizante que runfe pelo som, enviando vibrações sincronizadas com as batidas rímiticas. Sorrio ao ver Ikari dançar livremente, os cabelos sempre presos agora estão soltos, formando uma linda coroa de fios elétricos ao redor de seu rosto.

Passeio os olhos pelos rostos dos rebeldes, admirando profundamente a forma como escolhem viver todos os dias. Eles escolheram a liberdade, a independência, mesmo que haja um preço a ser pago por isso. Viver no limite, no penhasco de não saber o que será da sua vida daqui a amanhã, requere uma quantidade de coragem que ultrapassa os limites da minha mente. Há nesses homens e mulheres uma qualidade que nunca terei, o altruísmo de doar suas vidas à uma causa que talvez nem tenham a oportunidade de vivenciar. Dou-me conta do porquê é tão fácil para mim viver entre eles: no fundo, admiro-os completamente.

Meus fios avermelhados dançam no vento, imitando os movimentos do meu corpo leve. Há muito tempo não sentia a sensação de estar assim, solta. Sem marido, empresa, dinheiro e Capitólio para me preocupar, sou apenas eu em minha pura forma e no momento não há maior alegria que vestir minha própria pele por alguns minutos.

Apoio as palmas das mãos nos joelhos enquanto retomo o fôlego, inspirando o ar de calor humano que me rodeia. Vejo de relance a figura alta de Kwame sendo tomado pela escuridão na esquina da saída do pátio. Atrás dele, o rosto branco do homem que o segue se destaca, e quando ele olha para trás rapidamente, reconheço-o. Palore, o homem cujo nariz torto é minha cortesia.

Não penso, apenas sinto um arrepio horripilante levantar cada pelo em meu corpo, e tenho certeza de que não é resultado do frio ou a excitação que me tomava anteriormente. Todos os sentimentos bons em mim se esvaem, e há apenas o instinto que grita em minha pele e pede para que eu intervenha no que quer que Kwame e Palore estejam planejando.

Atravesso o pátio com passos urgentes, sem controlar minha respiração, ouvindo meus batimentos desesperados pulsando em meu rosto. Tomo cuidado ao dobrar a esquina em que os vi desaparecer, mas eles não estão ali. Ainda sem o costume de andar no escuro, procuro manter minha mão sempre em contato com as paredes das construções, enquanto mantenho meus ouvidos atentos aos barulhos e vozes.

A sensação de que não estou sozinha começa a crescer, e eu a sigo, certa de que eles estão por perto. Passo da ala de recreação para uma das de alojamentos, cautelosamente seguindo meu instinto, até que duas vozes se levantam em meio à cacofonia das vidas que nos rodeiam, e eu acelero.

Pronta para encerrar a discussão acalorada em meio às sombras da noite sem estrelas, sinto minha voz ser interrompida em minha garganta ao ter meu corpo puxado para trás. O impacto de minhas costelas ao chão expulsa o ar dos meus pulmões sem delicadeza. Um antebraço pesado imobiliza meu pescoço e o hálito pesado de cerveja é evaporado em meu rosto.

— Me solta, porra! — murmuro em meio aos ganidos, me debatendo violentamente.

— Não posso deixar você entrar no meio — diz o meu captor, e distingo o tom jovial e desesperado em sua voz. Provavelmente um dos jovens soldados que seriam ingênuos o suficiente para obedecer Palore.

— Tira o braço... do meu pescoço... — digo, com dificuldade. Os olhos do menino brilham em horror e ele rapidamente me livra de seu aperto, apesar de ainda permanecer imobilizando meu corpo no chão.

— Perdão — sussurra ele, enquanto eu tusso dramaticamente.

A alguns metros, a discussão entre Kwame e Palore aumenta de volume e o menino vira a cabeça em direção ao som, curioso. Aproveito o momento de distração para puxar meu joelho com força no meio das pernas dele, e quando ele remove a maior parte de seu peso de cima de mim para gritar, enfio meu cotovelo em seu rosto.

— Eu que peço desculpas — falo, vendo a fileira de seu sangue brilhar enquanto desce pelo nariz torto.

Corro em meio às trevas para impedir o desastre que meu subconsciente sabe que irá acontecer. Grito para tentar impedir o ataque que dura apenas alguns poucos segundos. Segundos suficientes para que a faca de um dos homens seja cravejada na base de seu pescoço. Segundos suficientes para meus olhos testemunharem a cena confusa que se desenvolve sem que eu possa impedir.

É só isso que dura, a morte. Apenas alguns segundos. Mas quando os olhos frios do assassino encontram os meus, em choque, eu sei que apenas aqueles segundos não foram suficientes. Talvez nunca seriam.

Notas: Capítulo curtinho, eu seeei! esse cap teria narração do Kwame, mas estou em semana de provas e tá um pouco puxado, então decidi deixar para o cap que vem. Enfim, é isso, espero que tenham gostado <3

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