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Capítulo Dezesseis

É estranho como um simples erro gera consequências catastróficas, ou quando um leve engano no timing decide o destino de uma pessoa. É estranho saber que mesmo indiretamente, nossas ações — ou a falta delas — atingem o curso natural das coisas com um impacto imenso.

Era um bom plano, na verdade. Mesmo que inconscientemente, estava desesperado ao ponto de tentar fazer aquilo. Mas eu sabia que alguma lacuna simplesmente não estava preenchida, e ao invés de colocar a lógica acima do que a pessoa presa dentro de minha cabeça dizia, agi em função do medo.

Vai dar certo, ela disse, e eu acreditei. Mas não deu.

Em um impulso raivoso, jogo um dos monitores próximos a mim no chão, e saio da sala de câmeras sem esperar ver o estrago feito nele. Reconhecendo que a raiva é um dos sentimentos constantes que não devo exibir, me concentro em desconectar minha mente do meu corpo, inibindo qualquer sinal do Kwame preso em minha consciência.

Sem as emoções afloradas, posso pensar com lucidez. Sem o arquivo das câmeras que provam o meu crime, de nada adiantaria encobrir meus rastros, apenas provaria quão sangue frio me tornei. Não resta nada a ser feito além de confessar e me entregar, e sendo minha morte a consequência do meu ato, que assim seja.

Ignorando a persistente voz que grita não! em minha cabeça, faço meu caminho à General Nkosi sem pressa, já aceitando o alvoroço que causarei até o fim da noite. Encontro-a na frente da ala de prisão, conversando com dois soldados de guarda, seu cabelo já preso e seu uniforme perfeitamente arrumado. Ela me avista de imediato, dispensando os guardas com um maneio de cabeça.

— Por onde andou? Estava à sua procura — Ikari diz, com um semblante cansado que não condiz com a energia alegre que ela emanava mais cedo.

— Precisamos conversar — implico, observando alguns bêbados risonhos tentando encontrar as áreas de seus alojamentos. — Como soldado e general.

— É urgente? Estou lidando com algo grave agora — ela começa a andar, mexendo em seu crops ao mesmo tempo que ordena através do ponto em seu ouvido.

— Onde está? — ela pergunta, sem me olhar. — Utilizem o protocolo 22, já estou a caminho.

— Protocolo 22? Isso é para suspeita de assassinato.

— Não é uma suspeita dessa vez, Aurora confessou tudo. Legítima defesa, aparentemente.

— Aurora fez o quê? — franzo a testa, cético. Cravo as unhas nas palmas das mãos para limpar minha mente de todos os cenários em que imagino minhas mãos ao redor da garganta de uma ruiva específica.

— Ela tomou uma surra, Kwame — reconheço a pena no tom de voz de Ikari. — Levou sete pontos na testa, quase teve as costelas quebradas... e mesmo assim a mulher continua como a droga de uma rocha, inabalável.

Trago de volta a imagem de Aurora em apenas uma hora atrás, concluindo que definitivamente ela não parecia ter tomado surra alguma. Inabalável, realmente.

— Ela está presa? — Ikari murmura um "sim", e então dou meia volta para dar um jeito nesse problema de uma vez por todas.

Um dos guardas de Ikari tenta impedir minha entrada, porém um mata-leão é suficiente para desacordá-lo pelo tempo que irei precisar. Suspiro irritado quando um outro guarda no fim do corredor levanta a mão para sinalizar que não devo estar aqui.

— Ordens do Gener... — o encontro do meu punho contra seu nariz faz o favor de terminar a frase para ele. Um bando de inúteis, realmente.

Utilizo a digital do guarda desacordado para ter acesso ao seu crops e busco pela senha da cela de Aurora, encontrando-a em poucos instantes. Aurora se mexe em sua cama, assustada, enquanto eu digito 776213 no monitor.

— Kwame? Ah, finalmente. Conseguiu o arquivo? — ela se senta com certa dificuldade, com a mão nas costelas machucadas.

— Você tem dez segundos para me dizer o motivo de ter confessado um crime que não cometeu — sussurro, impassível. Ela faz uma careta confusa, desfazendo-a no mesmo momento em que sente a dor dos pontos sendo puxados.

— Não tem câmeras aqui? — pergunta, olhando para os quatro cantos.

— Somente visuais.

— Ok. Me responda o seguinte: se eu expusesse que o verdadeiro plano era me entregar, você teria concordado?

— Não — respondo de imediato.

— Aí está sua resposta, então — ela se recosta na parede, sem mais um pio.

— Foi estupidez. Ninguém vai acreditar em você — dou passos lentos, e ela não move nem um músculo. — É a minha adaga no pescoço de Palore, são as minhas digitais na adaga. Nas diversas gravações das diversas câmeras espalhadas pela estalagem, sou eu quem aparece caminhando com ele, discutindo com ele, matando-o.

— Escute-me, Nkosi, porque eu não fiz o que fiz à toa — ela se empertiga, e mesmo estando bem abaixo de mim, é intimidadora como se medisse 3 metros. — Quando pedi para você ir até à sala de câmeras, limpei seus vestígios da adaga e implantei minhas digitais. Debaixo das unhas dele, há minha pele — ela estende os pulsos para mim, mostrando sua pele arranhada. — Debaixo das minhas unhas, havia pele e suor do seu amigo Palore, resíduo este que já foi coletado como prova — ela afasta os cabelos do rosto, esticando o pescoço pintado de hematomas. — Preciso dizer qual dna também estava aqui?

— Palore.

— Exato. E sobre quem pertence a adaga, isso é simples. No dia que me levou de volta ao Capitólio, você fez uma piada de mau gosto e me deu a faca que eu havia enfiado na sua perna, para que eu me lembrasse de você. Desde então, eu andava com ela e usei para me defender — ela dá de ombros, satisfeita.

— Mas ainda temos uma ponta solta — relembro.

— Sim, temos — ela concorda, mordendo o lábio. — Porque você não conseguiu acesso ao arquivo, não é?

— Não tinha arquivo algum — justifico. — Na hora exata em que Palore e eu aparecemos nas câmeras, é como se o sistema fosse cortado, ou algo assim.

— Isso não faz sentido — Aurora diz, pensativa. — A única explicação é se alguém chegou lá antes de você e...

— Pegou as gravações — completo.

— Você havia dito que as câmeras ficavam sem supervisão durante as festas.

— E elas ficam. Além disso, lembro de ter visto os seguranças noturnos no pátio. Todos estavam lá, Aurora.

— Nem todos — ela conclui, cerrando os olhos com força. — Qual a única pessoa dentro dessa estalagem para quem não faz a menor diferença se você está vivo ou morto?

— Radesh Colligan — replico, assentindo ao alinharmos nossa suposição.

— E o desgraçado nos tem na palma de sua mão novamente — ela dá leves murros na parede, irritada.

Não me vem muito à mente quando se trata de Radesh, tirando o fato de que preciso cuidar do problema que ele causou. Sinto que para entender melhor sobre sua pessoa, devo conectar meus sentimentos ao meu físico, mas isso não é uma possibilidade o qual estou disposto a tomar. Se eu quero salvar minha vida e a de Aurora, preciso ser frio e preciso, o total contrário da essência de Kwame Nkosi.

— Eu cuido dele — asseguro, tomando a expressão duvidosa de Aurora como desafio. — Tente não confessar outros crimes durante minha ausência.

— Havia esquecido de comentar antes, mas também temos uma testemunha — ela espera até que eu esteja do outro lado das grades para revelar. Viro-me, inflando as narinas e testando a resistência das barras de ferro ao segurá-las com força. Aurora força um sorriso. — Mas eu já cuidei dele.

— Não vou nem perguntar — decido deixar de lado esse fato e sigo para tratar de negócios com Radesh Colligan. 

 Eu não quero fechar os olhos. Nas vezes quando o cansaço me toma e minhas pálpebras caem, pesadas, inundando-me em escuridão, eu o vejo. Vejo a faca no pescoço de Palore se transformar uma bala perfurando o crânio de Kard. Vejo o rosto rebelde, esvaindo-se em vida, tomando os traços de meu irmão. É a sua morte que vejo quando fecho os olhos. É a dor do luto que retorna como se nunca tivesse partido.

— Idiota, idiota, idiota! — murmuro diversas vezes, apoiando a cabeça na parede de concreto.

Eu tomo decisões estúpidas quando não sei o que fazer; esse é o motivo pelo qual eu tinha um planejamento, um cronograma, uma ordem. Mas aqui, absorta na rotina cansativa de um soldado iniciante, me deixei levar pela impulsividade e fiz exatamente o que não deveria.

Meu único propósito ao me juntar à causa rebelde foi apenas por Kard, para ter meu irmão de volta. Era nisso que deveria estar meu foco, treinamento e pensamento. Mas, em algum momento, deixei que esse sentimento estúpido de culpa me dominasse, levando-me para o caminho mais longe de Kard.

Eu falhei com meu irmão, novamente. E talvez nunca mais tenha a chance de fazer a coisa certa.

Sinto a explosão de fúria tomar volume dentro de mim, porém luto contra ela, pressionando minhas costas contra a parede e deixando com que toda a vontade de quebrar algo transforme-se em lágrimas pesadas que me cegam. Puxo de leve o cabelo perto dos pontos em minha testa, concentrando-me na dor, tentando fazer as batidas do meu coração combinarem com o latejar rítmico da ferida.

Os cabelos de Gwen atuam como um farol em meio a escuridão mórbida da prisão. Ela troca algumas palavras com o guarda que substituiu o que Kwame desacordou, e ele se afasta da cela para nos dar privacidade.

Os músculos do rosto de Gwen se contraem ao ouvir minhas fungadas e a tentativa falha de cessar a corrente de lágrimas.

— O que ele fez com você? — ela pergunta, sua voz em um fio. — Está muito machucada?

— Vou ficar bem — garanto, tocando sua mão através da grade. Ela olha ao redor para ter certeza de que não está sendo ouvida.

— Tem noção do tamanho da merda que você fez ao se entregar? — ela toma meu pulso com força, mantendo-me imóvel. Com a outra, passa no cabelo, exasperada. — Se você tivesse vindo a mim antes...

— Você faria o quê? — corto-a, ríspida. — Eu o matei em legítima defesa, por quê não me entregaria?

— Aurora, eu sei muito bem como as coisas funcionam no Capitólio, mas você não está mais lá. Aqui, tudo é regido de maneira diferente, e talvez a sua ideia de justiça seja diferente da nossa.

— O que está dizendo? — solto meu pulso de seu aperto, amedrontada pela expressão de seriedade no rosto de Gwen.

— Estou dizendo que você é um estranha para nós, uma intrusa. Estou dizendo que Palore, a despeito de seu mau caratismo, tinha amigos. Basta apenas a pressão correta dessas pessoas para que o fato dele ser um soldado excelente e fiel à causa pese muito mais que sua suposta legítima defesa!

— Suposta? — repito, cética. Gwen rosna, impaciente. — Suposta?

— Acabei de dizer que você pode ser condenada à morte e é com isso que você se importa?

— Você não acredita em mim? — pergunto, sinceramente ofendida.

— Tenho certeza de que você está mentindo em algo. Eu cresci em meio a mentiras, eu fui treinada para identificar mentiras, assim como cada pessoa nessa estalagem — ela dá de ombros, balançando a cabeça. — Por isso você foi estúpida; está mentindo para os maiores mentirosos da história. Espero que tenha sido pelos motivos certos.

— Não tenho mais certeza — sussurro, apenas para eu ouvir.

Não sei por qual motivo Kwame matou Palore, talvez nunca queira saber, mas minha mente ainda martela no pedido de ajuda. Kwame me pediu ajuda, e a única certeza que tenho é a de que preciso ajudá-lo.

— Gwen — chamo-a, estendendo a mão através da grade. Ela não a toma. — Preciso que me ouça com atenção.

E com sua expressão atenta às minhas palavras, conto tudo. Conto sobre cada detalhe de seu comportamento estranho desde que saiu do coma; a expressão dura, as palavras frias, as emoções abafadas. Friso com cuidado tudo que me lembro sobre nossa conversa e seu pedido de ajuda, que mais parecia um clamor por misericórdia. Compartilho com Gwen meus conhecimentos sobre como o Capitólio utiliza mutações genéticas nos animais para criar monstros.

— Ajude-o — concluo, ofegante pela velocidade do meu desespero. — Talvez você tenha razão e eu me coloquei em algo maior do que pensei, mas ainda há tempo de salvá-lo.

— Posso confiar em você, Aurora? — Gwen questiona, franzindo os lábios machucados pelo ressecamento. — Posso confiar em suas razões para ter entrado em uma floresta mortal para resgatar seu sequestrador? De estar mentindo sobre a morte de Palore? De querer ajudar Kwame, mesmo conhecendo-o tão pouco? Posso confiar?

A tão complexa, desejada e frágil confiança... "A confiança deve ser conquistada", eles dizem. Às vezes ela é tomada à força, sem chance de perguntas ou permissões, o tipo momentâneo, desconfiado. Sei que a confiança que Gwen espera de mim não é essa, sei que neste momento, estamos selando algo muito maior que uma simples afinidade.

Entregando toda sinceridade que carrego comigo através de meus olhos, enrosco sua mão nas minhas, esperando que nosso calor seja suficientemente simbólico para a ratificação das minhas palavras.

— Sim, Gwen, você pode.    

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