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04. Encontro no Bosque Velho

"'Esta floresta, agora tão pacífica, deve ter estremecido outrora com os gritos de morte', pensei. E a imagem era tão convincente que até hoje penso ouvir os gritos."

Robert L. Stevenson, A Ilha do Tesouro

HAVIA UMA FRACA DOR POR TRÁS DE SEUS OLHOS assim que voltou a consciência. Pestanejou lentamente, fazendo os olhos se ajustarem ao ambiente escuro; o sol ainda não nascera e de alguma forma Eirwen estava de volta à sua cama, com o manto verde escuro e a faca no chão ao lado, o que a fez estremecer. Questionou-se mentalmente se tudo havia sido verdade ou apenas parte de um pesadelo. E se fosse, seria isso alguma premonição?

Sentou na cama, esfreguando o rosto; subitamente toda a vontade que tinha de passar seu décimo nono aniversário em Caer Amrath desapareceu. Ficar entre paredes dava-lhe a sensação de sufocamento, preferia estar ao ar livre sozinha — este era um traço de personalidade que dividia com Arwan.

Levantou e se vestiu, pegando seu arco com a aljava e flechas, e prendeu a faca de caça na cintura, junto com uma bolsinha com moedas de ouro; peguou as botas de montaria e as calçou.

Endireitando a aljava no ombro, seguiu pelos corredores iluminados pelas tochas, ao contrário de como estavam em seu... pesadelo; ainda não era hora para que os servos acordassem e os guardas não a questionavam, de forma que foi fácil ir até as cozinhas e pegar um pouco de pão adormecido e queijo — se precisasse de algo mais poderia caçar e ir para alguma taverna ou hospedaria.

Seguindo para os estábulos, preparou Albus, que sempre ficava feliz em vê-la, montou e o fez trotar em direção aos portões da frente, que sempre ficavam abertos, e onde não havia nenhuma figura encapuzada e macabra. Os soldados que tranquilamente montavam guarda não impediriam-lhe a saída, apenas avisariam à sua avó, então estava tranquila; não era a primeira vez que saía sem avisar.

Porém, como sua sorte não era das melhores, Iwan Pennoyer colocou-se diante de Albus, com as mãos na cintura.

— Onde você pensa que vai? — questionou, com os cabelos escuros brilhando à luz dos fogos que iluminavam a escuridão da madrugada.

Ela conteve uma careta. Iwan Pennoyer era o capitão da guarda de Caer Amrath, e ao que parecia nunca dormia. Era o responsável por lhe treinar com espadas, embora muitas vezes Eirwen desse um jeito de escapar de suas aulas — preferia ficar sozinha com seu arco e as flechas.

— Vou cavalgar um pouco — respondeu, inclinando-se na sela.

— Em plena madrugada? — ergueu as sobrancelhas de forma incrédula.

Eirwen deu os ombros, encarando-o de forma inocente.

— O ar frio das noites do fim de verão sempre me acalmam e clareiam minha mente.

— Não, não, não — balançou a cabeça negativamente, sem sair da frente do cavalo — Desça de Albus e volte para dentro. Não quero ser o responsável por tê-la deixado sair se alguma coisa acontecer com você.

Ela sabia que o Pennoyer não iria deixá-la passar, precisaria adotar uma estratégia — já que ser a neta da Senhora de Caer Amrath parecia não ser o suficiente.

— Tudo bem — disse, suspirando — Mas preciso de sua ajuda, acho que acabei por prender meu pé esquerdo no estribo...

Revirando os olhos, ele finalmente saiu da frente, vindo até o seu lado, e sem perder um segundo Eirwen fez Albus partir depressa. O capitão gritou seu nome e mais algumas coisas — provavelmente praguejando —, porém, ela já havia passado pelos portões. Talvez o moreno mandasse cavaleiros atrás dela, mas isso não faria diferença, pois cavalgava mais rápido do que todos eles. E Ceridwen não se incomodava com suas saídas, dizia que a liberdade e o desejo por peregrinar estava no sangue de todo Sarienan.

Geralmente Eirwen não gostava de viajar durante a noite, porém, se referia ao anoitecer; as horas que antecediam a aurora sempre eram as mais tranquilas para caçar ou iniciar uma jornada. Não sabia exatamente para onde iria, então, após deixar uma grande distância entre ela e Caer Amrath, permitiu que Albus conduzisse-a sem destino. Seu desejo era de rever Arwan, e para isso precisaria chegar em Vihreä, onde ficava Isernoris, o reino oculto de Erendriel Dorinaeth.

Estava relativamente segura de qual direção seguir para talvez alcançar a floresta Vihreä, mas o caminho era muito longo e para esses lados nunca havia viajado; limitava-se a região de Brenainn e algumas vezes até os arredores de Tir-Ardmar, visitando várias partes de Eireadail. O restante desse continente conhecia apenas pelos mapas e mesmo assim não estavam gravados totalmente em sua mente. Ótimo. Maravilhoso. Talvez não estivesse nem mesmo relativamente segura. Deveria seguir em direção oeste ao Vale Tortuoso, isso tinha certeza, então decidiu fazer Albus a levar aos poucos para o oeste.

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Muito bem, cinco dias já se passaram desde que Eirwen deixara Caer Amrath e se estivesse correta encontrava-se agora no Bosque Silencioso. Até então tudo corria bem, e se arrependia de nunca ter cavalgado por ali; mantendo-se nas trilhas que conseguia identificar, pensava nas vezes em que Naeron e ela se divertiram nos lados seguros da floresta de Brenainn. Talvez pudesse chamá-lo para caçar com ela neste bosque quando o visse de novo, seja lá quanto tempo levasse para isso — se dependesse dela, o veria todo mês ou toda semana.

Porém, apesar do ambiente ser tranquilizador, não pode evitar de notar que dois corvos a seguiam. De início não tinha estranhado as aves de penas negras, mas quando elas alçavam vôo para lhe alcançarem repetidamente era impossível não ficar perplexa. Alisou a faca em sua cintura; haviam chances, embora pequenas, dos corvos não serem animais comuns, pois algumas história antigas diziam que Espíritos da Floresta e Sídhes poderiam assumir formas de animais — e esses eram os mais perigosos.

Era difícil imaginar um Sídhe por essas bandas, há tanto tempo não eram vistos para cá que começavam a ser tratados como mitos entre os humanos, mas Eirwen acreditava nas histórias dos elfos, assim como sua avó; era bem melhor estar preparada para tudo, para qualquer perigo.

Uma flecha passou bem perto de seu rosto, fazendo com que saísse de seus pensamentos, atingindo o tronco da árvore ao lado. Com o sobressalto Albus se empinou, fazendo com que ela quase caísse da sela, e teria realmente ido ao chão se seu equilíbrio não fosse tão bom quanto era.

— Quem está aí? Mostre-se! — gritou, segurando as rédeas.

— Uma jovem caçadora tão habilidosa sendo surpreendida? — a voz masculina falou — Você não costumava se assustar tão facilmente, Eirwen...

O elfo surgiu da direção em que a flecha viera, também montado em um cavalo; tinha cabelos prateados com alguns fios que pareciam dourados que caíam sobre os ombros, olhos cinzentos e um sorriso atrevido. Suas vestes eram próprias de viagem: botas marrons, calças negras, túnica verde e marrom, e um manto cinzento sobre os ombros. O arco e a aljava com flechas estavam presos em suas costas, juntamente com duas facas longas de caça.

— Hopea Kultainen! — Eirwen exclamou, franzindo o cenho — O que está fazendo aqui?

— Seguindo caminho até Caer Amrath, preciso falar com sua avó — respondeu sereno, como se não tivesse quase a matado segundos atrás — Mas... Eu que deveria estar lhe perguntando isso! — fez seu cavalo trotar e se colocou ao lado da jovem — O que você está fazendo aqui? Está longe de casa, florzinha.

Hopea Kultainen era um dos quatro irmãos de Naeron, e ele a conhecia bem antes do querido elfo ruivo; Hopea era um grande caçador e aventureiro, e muitas vezes seus caminhos o levavam até Caer Amrath, onde Eirwen o viu pela primeira vez quando tinha dez anos. Na época, ela tinha dito que seus cabelos prateados pareciam a lua e que ele era a pessoa mais linda do mundo, e sua sinceridade infantil pareceu ter massageado seu ego o suficiente, pois naquele momento Hopea basicamente lhe adotou como a irmã mais nova que ele nunca teve — apesar dela ser humana. Costumava lhe chamar de "florzinha", pois seu nome vinha de uma flor branca que não murchava no inverno.

— Estou tentando chegar em Isernoris — respondeu sua pergunta — Quero ver meu irmão.

Hopea ergueu uma sobrancelha.

— Curiosamente você parece estar indo na direção correta, embora não pareça ter um mapa — o elfo comentou — Porém, irei levá-la de volta para Caer Amrath.

— Por que? — ela questionou antes que pudesse evitar, surpresa com o modo que ele falou — Faz apenas cinco dias que parti, e quero ver meu irmão — repetiu.

— Houve alguns problemas nas florestas de Vihreä, não é seguro e eu não deixarei que você siga para lá!

Eirwen se encolheu levemente com o tom ríspido e alto; algumas vezes esquecia que Hopea Kultainen tinha o pior temperamento dentre seus irmãos. A mesma facilidade que ele tinha para rir e se alegrar, tinha também para se irar. Ela deu um sorriso fraco, um pouco sem jeito, e ele suspirou, esfregando a testa.

— Perdoe-me, florzinha — desculpou-se — Mas realmente não posso deixar que você siga em direção à Vihreä — estendeu a mão e segurou seu braço — Por favor, venha comigo. Vamos seguir de volta para Caer Amrath.

Ela assentiu positivamente, e fez Albus virar junto com o seu cavalo para darem meia volta; Hopea não costumava ser tão protetor assim, e se ele estava insistindo tanto, então algo com certeza o estava preocupando. Durante um longo tempo não trocaram nenhuma palavra, apenas fizeram suas montarias correrem pelo bosque, esmagando folhas e galhos que estavam no caminho. Quando diminuíram, com os cavalos trotando lado a lado, o elfo voltou a falar:

— Aconteceu alguma coisa para que saísse das terras de sua avó? — sua voz estava estranhamente suave.

— Hm, por que pergunta isso? Querer encontrar meu irmão não seria motivo suficiente?

— Sim, é — respondeu — Todavia, seus olhos estão assombrados, e eu gostaria de saber se há algum motivo para isso.

— Não é possível esconder nada de vocês elfos, não é mesmo? — ela pressionou os lábios, balançando a cabeça. Não gostava muito de conversar sobre aflições ou problemas pessoais.

— Nossa visão enxerga além do que olhos humanos podem ver, em todos os sentidos. Responda-me, por favor.

Era a segunda vez que ele dizia "por favor", por isso ela parou de hesitar.

— Não sei explicar muito bem — começou — Acho que foi um pesadelo, mas ao mesmo tempo pareceu tão real...

Eirwen contou à Hopea sobre a figura encapuzada diante dos portões do castelo, sobre a forma como ela gritou e conseguiu lhe deixar de joelhos mesmo à distância; o som nefasto ainda ecoava dentro dela de alguma forma, fazendo-a gelar ao recordá-lo.

— Você conversou com Ceridwen sobre isso? — Hopea estava estranhamente impassível, da forma como ficava quando queria disfarçar suas emoções.

— Não — murmurou — Quando saí de Caer Amrath o sol ainda nem havia nascido.

— Teremos que contar a ela. Você deveria ter contado.

— Eu sei — ela sentiu como se fosse uma criança sendo repreendida.

Passaram-se mais alguns momentos de silêncio.

— Houveram ataques nas fronteiras de Isernoris, vampiros invadiram a floresta de Vihreä — Hopea voltou a falar.

— Meu irmão é um dos guardas da fronteira, ele...

— Acalme seu coração, Arwan está bem, o vi com meus próprios olhos — nesse momento, ela sentiu como se um peso houvesse saído de cima dos seus ombros — É incomum vampiros passarem por florestas, geralmente preferem ficar próximos a colinas ou montanhas, onde há cavernas que podem usar como proteção contra a luz do sol.

— Por isso não quis que eu fosse para lá?

— Exatamente — franziu o cenho — Há uma escuridão se levantando, Eirwen. Sinto isso em meus ossos.

Observando Hopea conforme conversavam, pareceu por alguns instantes que tinha envelhecido fisicamente — algo impossível para os elfos. Porém, seus olhos revelaram sua verdadeira idade, as centenas de anos que passou caminhando no mundo.

Eirwen sentiu um arrepio, como se uma sombra gélida caísse sobre eles, e não gostou disso.

— Veja! — exclamou, atraindo a atenção do elfo, tentando desfazer a aura sombria que pareceu dominá-los.

Assobiou longamente poucas vezes, e imediatamente alguns passarinhos ergueram vôo, saindo dos galhos das árvores, circulando sobre eles e repetindo a melodia de seu assobio com seus cantos. Ela Assobiou de forma diferente e ergueu o braço, e eles vieram, um deles pousando em seus dedos por segundos; outros voaram ao redor de Hopea, que riu voltando a sua alegria.

— Deveras impressionante — disse — Talvez você tenha sido abençoada por Fiáin, já que é uma excelente caçadora e tem afinidade com animais.

— É provável — a jovem acompanhou sua risada, embora não acreditasse muito nisso — Meus pais costumavam prestar homenagem à Fiáin, e minha avó ainda o faz durante o equinócio de outono, talvez ele esteja me abençoando por isso.

— Então, — Hopea parou de rir — já declarou seu amor pelo meu irmão mais velho?

Eirwen sentiu as orelhas esquentando.

— Não — murmurou — Ainda não... consegui juntar coragem para isso.

Era impressionante; ela caçava sozinha florestas adentro sem medo, e não conseguia revelar seus sentimentos para Naeron.

— Naeron sente o mesmo por você, florzinha — o elfo suspirou — Conheço meu irmão o suficiente para poder afirmar isso. Mas ele não dirá para você, pensa que poderá ofendê-la, pois acredita que daqui a alguns anos você preferirá estar ao lado de um humano.

Ela mordeu o lábio, sem saber o que dizer, mas Hopea apenas sorriu em sua direção e assobiou, incentivando-lhe a voltar a fazer o mesmo.

Assobiou mais algumas vezes, admirando os pássaros que lhe acompanhavam e satisfeita pela sensação gélida tê-la deixado. Agora o bosque parecia mais vívido, com as aves cantando.

Conforme Hopea e ela olhavam para cima e para os lados, examinando os passarinhos voarem, pode perceber que os dois corvos que lhe acompanhavam a tanto tempo não estavam mais ali.

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