c a p í t u l o - 2 1
Edith abriu os olhos lentamente, percebendo que a dor no corpo se foi. Todos os ferimentos não existiam mais. Seu rosto tocava algo macio, etéreo. Virou o rosto para cima e viu algo que fez seu coração bater mais rápido e ao mesmo tempo mais calmo. Nuvens, fofas e emolduradas, refletindo centenas de cores. Entre as nuvens havia um caminho feito de luz, não era possível dizer do que era feito exatamente, era puro e mesmo sem saber por que, Edith sentia que devia seguir aquele caminho.
Apenas levantou-se devagar. Observou o caminho, ele levava a um portão gigantesco aberto que emanava luz dourada. O que vinha a seguir era a visão mais magnífica que Edith já poderia ter visto, um castelo de luz, ao lado das colunas prateadas que ele exibia a Catedral dos Anjos não seria mais que um castelo de areia.
Centenas de colunas do tamanho da Catedral se erguiam aos céus. Cada ponta emitindo uma cor diferente formando um arco-íris. Edith estava deliciada com aquela visão. Mas estava no Céu? O que aconteceu?
Ao virar de lado viu Nathan em pé sob uma nuvem que brilhava em um tom esverdeado onde seus pés tocavam, ela viu que também estava em uma nuvem, estava emitindo aura lilás. Quando seus olhares se encontraram a curiosidade aumentou. O rosto de Nathan era pura incredulidade, ele estudava as mãos, as pernas, as penas. Ele se aproximou de Edith.
— O que aconteceu? O que...? — Nathan foi invadido por milhares de pensamentos e um deles com certeza seria "O que me tornei?".
Edith se aproximou dele, pousou as mãos sobre o peito nu e definido de Nathan, deixando deslizar até as costas. Ela sentiu penas, leves, delicadas, suaves. Atrás das costas largas de Nathan esticavam-se longas e brancas asas translúcidas, mais altas que ele, fortes e delicadas ao mesmo tempo, ao se olharem de perto, Edith viu que seus olhos verdes já não emitiam centelha alguma de poder maligno.
Era o seu Nathan. Ele vestia uma calça branca apenas. Então Nathan também deslizou suas mãos até as costas de Edith. Ela percebeu a túnica clara que escorregava por seu corpo. Ao se mover algo acariciou sua perna. Penas.
— Eu não sei. — Edith respondeu.
Ainda estavam maravilhados com tudo o que estava acontecendo. Nathan olhou para o castelo e a jovem percebeu que ele estava a ponto de chorar. Ele, Nathan, aquele que foi controlado, um ser maligno, indigno, estava no céu. Ele fitou os olhos violetas de Edith com os seus esmeralda brilhando tanto quanto a própria pedra preciosa. Ele a puxou para um abraço apertado, como se suas vidas dependessem do calor um do outro.
Separaram-se quando sentiram a presença de alguém. Ao se virarem viram o lindo rosto anguloso de Lilayh. Seus olhos dourados emitiam pureza e gratidão. Ao seu lado estava Grendow, com os olhos azuis brilhando e o maior sorriso que Edith já viu. Ele foi até Edith e a abraçou.
— Tive tanto medo de perder você. — Ele disse e então foi até Nathan e esticou a mão. — Seja bem-vindo, irmão. — Nathan segurou sua mão em um aperto caloroso.
Ao lado de Lilayh outro anjo apareceu. Os olhos violetas sorriam tanto quanto sua boca. As penas de Edith se remexeram. Edith o reconheceria de qualquer outra maneira.
— Pai! — Edith foi até ele e o abraço foi caloroso e protetor.
Assim que se soltaram, Ariel se aproximou de Nathan.
— Finalmente fez a escolha certa, Nathan. — Nathan sorriu envergonhado, assentindo. — Alguns anjos têm orgulho de você. — Ele não esperava ouvir isso, sua expressão foi da mais pura emoção.
— Precisamos ir, Ele está nos convocando. — Lilayh disse.
Por dentro aquele castelo era mais incrível do que qualquer coisa já vista, as paredes tinham detalhes incríveis e bem feitos, e não era possível deixar de notar as centenas de anjos que estavam ali.
Era engraçado caminhar para Nathan e Edith, com aquelas asas se arrastando logo atrás. Não havia trono algum por ali, assim como no lugar do teto havia apenas mais céu infinito. E em algum lugar da sua mente, Edith sabia que estava vendo o que queria, que aquele era o "Céu" na sua percepção.
"Vocês conseguiram.". Edith ouviu algo em sua mente, era como se fosse sua própria voz, mas mais gentil e etérea. Sabia que cada um estava ouvindo sua própria voz. Ele não tinha forma, apenas uma grande entidade de pura luz. E por mais que não tivesse forma e nem voz, era impossível não sentir a força que emanava. Sua grandiosidade enchia os corações de quem estava ali. Não havia outro lugar no qual Edith e Nathan tinham se sentido tão bem antes.
— Grendow...
Apesar de não estar falando com ela. Edith estava adorando. Grendow se ajoelhou.
— Sim, Pai? — Ele estava calmo. Os ombros relaxados, os cabelos louros flutuando.
— Você me deixou orgulhoso com a sua coragem. — A jovem viu um feixe de luz rodear o seu anjo da guarda e chacoalhar seus cachos louros com um vento inexistente. Grendow olhou para a imensidão com um brilho mágico no olhar. Ele sorria.
— Lilayh. — Ela deu um passo à frente e se ajoelhou. — Seu trabalho também foi cumprido, sua força será requisitada em outro lugar. — Ela fez o mesmo ritual que Grendow.
— Ariel. — O pai de Edith caminhou e se ajoelhou. Ali na frente dos anjos, havia certo tempo desde que entrou naquele lugar, ficou exilado, agora sentia que tudo fazia sentido. — Finalmente me entendeu e se entendeu, o desejo de seu coração será respondido. — Edith viu lágrimas verterem dos olhos do pai junto com um sorriso radiante.
— Nathan. — Ele olhou para Edith e ela meneou a cabeça, ele caminhou tremendo e se ajoelhou. — Sua vida foi realmente longa e difícil, mas você escolheu o que lhe faz bem, mesmo com todas as opções, decidiu que quem mudaria seu destino seria apenas você, e após provar seu valor você demonstrou que merece estar entre nós. — Nathan sorria e quando olhou Edith, havia realmente apenas o amor.
— Edith. — A voz reverberou. — Filha de Ariel e Beatrice. Nefilim. A proibida.
Edith caminhou e se ajoelhou devagar. Seu coração estava disparado. Ela procurou o olhar de Nathan para confortá-la.
— Sua alma sobreviveu a muita coisa, tantos segredos, tantas decepções, mas agora, tornou-se finalmente o que sempre foi, um ser celestial, minha filha, assim como todos. — houve uma curta pausa. — Você sofreu e defendeu, ofereceu sua alma para que a maldade acabasse, lutou pelo amor, errou e acertou.
Edith fechou os olhos e deixou-se inundar por aquelas palavras.
— Você pediu a minha ajuda e, apesar de toda a dificuldade que você passava, acredite, eu estava lá, pois é na dificuldade que cada um encontra sua força. Não poderia lhe dar nada que já tivesse. O que seu coração mais deseja você terá.
Nathan veio ao seu lado, assim que ela levantou, ele segurou sua mão firmemente. Então uma imagem veio à mente dos dois. Estavam na Catedral dos Anjos, com Nathan ao seu lado, os dois rindo e dançando, as asas dos dois brilhando e tornando a visão mais etérea, uma música lenta e ritmada, delicada, uma música que fazia os pelos do pescoço se arrepiarem, que tocava o coração.
Ela sentiu uma força a ser combatida também, algo em volta deles. Ela percebeu que não seria fácil, estaria lá pelo poder Dele, para que ela espalhasse seu amor ao mundo que vive e aos corações que precisam novamente crer na existência de algo como o amor.
Nathan a olhava nos olhos. Ele sorriu, ela era dele, ele dela. E eles sabiam que as pessoas sofriam, choravam, decepcionavam-se e até desistiam da própria vida por amor. Que as guerras, a fome, o sofrimento e a dor continuavam na Terra.
Que pessoas desistiam de acreditar no amor.
A luz começou a rodeá-los.
Eles estariam lá para provar que o amor ainda existe.
(1360 palavras)
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