Capítulo 19 Visitante inesperado
As estrelas no céu pareciam mais vivas aquela noite e no Palácio, na companhia de sua esposa e filha mais nova Park Yoo-na, o rei Park Baek jantava como não fazia há muito tempo, sentado à mesa e segurando seus próprios talheres. Antigos acreditavam na teoria de que quando um moribundo tinha uma melhora repentina cuja explicação era desconhecida, significava estar próximo de sua morte. Oh Myeong-joo não se importou com tal ideia, estava contente de ter o marido a mesa como a anos, não o via. Rainha regente a tanto tempo, ela havia esquecido como ser esposa de um homem saudável que tinha forças para amá-la e tomá-la, saciando seus desejos. Ela respeitava o rei e sabia que estava doente, mas sentia falta de tais atos, tanto que até cobiçava casais, principalmente os jovens.
Para a idade, a mulher era bela o bastante para chamar a atenção de muitos homens. Até jovens, mais jovens que sua filha de 16 anos, inclusive. A experiência dos anos, misturada a beleza da qual ainda desfrutava, atraía a atenção e todos pensavam se ela casaria novamente quando Park Baek morresse. Aliás, muitos esperavam por isso. Tê-lo a mesa poderia dar a ela uma oportunidade que a anos não tinha e só pensava nisso, mesmo tentando disfarçar mantendo a compostura na frente da filha. Durante o jantar ela passou um dos pés descalços na perna do marido e o viu direcionar seu olhar, mas não tinha certeza se ele compreendeu a indireta.
Park Yoo-na saiu da mesa pouco depois, ela sempre comia rápido e voltava ao quarto. Já que precisava ser carregada pelos criados, não costumava descer para comer e não fazia questão, afinal, o pai nunca estava presente. Como aquela era uma ocasião especial ousou acompanhar os pais, mas lamentou o irmão ter recusado o convite de se juntar a eles. Park Ji-min os visitava com certa frequência e estranhou ele deixar de vir justo em tal dia, mas a menina sabia das histórias, ele lhe contou sobre a paixão que sentia por Kim Kkoch-hee e seu desejo de torná-la sua esposa. É claro que Park Yoo-na adorou tal informação, ela gostava muito da lady Kim.
— Preciso ser ainda mais clara para notar que desejo algo, Park Baek? — Oh Myeong-joo perguntou enquanto terminava sua bebida.
— Entendi das seis primeiras vezes. — respondeu com um sorriso desconsertado no rosto. Ele sabia que fazia muito tempo desde que tocou a esposa, por isso, duvidava que conseguisse satisfazê-la. Clamava pela ajuda do álcool esperando que ele resolvesse a situação, porém, a incapacidade causada pela doença era preocupante.
— Então?
Convencido pela insistência da esposa, Park Baek se levantou e tomou-a pela mão, seguindo na direção do salão, cuja escadaria abaixo de um enorme lustre, levava para o quarto dos dois, que ele usava sozinho desde que adoeceu. Para a surpresa de ambos, um dos criados os parou dizendo que havia um desconhecido parado na entrada, homem que chamava pelo nome de Park Baek, o rei de Koguryo. Por um lado, sua majestade não poderia estar mais aliviada com a ideia de ter mais tempo para acalmar os ânimos, por outro, temia em saber quem lhe procurava depois das dez em um dia qualquer de dezembro, já que tinha se ausentado das tarefas reais a tanto tempo, que seu nome não era ouvido por mais ninguém, além do mesmo.
— Devo ver quem é? — encarou a esposa que sentou-se na escadaria, visivelmente irritada com a interrupção.
— Há anos não lhe visitam ou chamam, parece que alguém sabia da sua melhora ou é uma grande ironia do destino, tal cavalheiro aparecer justo hoje.
— Ele não se identificou? — Park Baek questionou a criada.
— Não senhor. — respondeu cabisbaixa e continuou assim, em respeito ao rei.
— Bem, não o deixarei esperando. — com dificuldade, desceu os degraus da entrada e andou até o palanquim, onde um homem mantinha-se dentro e no escuro.
— O senhor já teve dias melhores, tio.
— Tio? Ninguém me acham assim, por aqui.
— Nem o seu sobrinho favorito? — o rapaz saiu da carroça e os dois se encararam.
— Oh! — demorou um tempo para associar a voz ao homem, em pé na sua frente, até que entendeu o verdadeiro problema. — Min Yoongi.
— Tio Park Baek. Surpreso em me ver?
— Não tem ideia. — coçou a nuca. — O que lhe traz à Koguryo?
— O que mais? As festividades.
— Entendo.
— E ouvi de um conhecido que eu estava aqui, o que teoricamente seria loucura já que não saio de Silla há anos, desde que meu pai faleceu e me incumbiu da enorme responsabilidade de cuidar da família Min.
— Talvez eu possa explicar o que está havendo.
— Ele voltou, não foi? Seu filho Park Ji-min está aqui para assumir o trono de Koguryo.
— Exatamente. Para protegê-lo, aconselhei a assumir sua identidade, já que tem muito tempo que não vem a Koguryo. Poucos lhe conhecem e não seria uma ameaça.
— Ameaça?
— Tem pessoas tentando eliminar a família Park. Park Ji-min corre perigo, não é seguro a ele estar aqui tão perto da coroação. Deve entrar, o Palácio tem olhos e ouvidos em todo lugar.
Caminhando de volta ao Palácio, Park Baek entrou na companhia de Min Yoongi, o verdadeiro, o rapaz de 27 anos, solteiro, que herdou o título do pai e suas propriedades em Silla. Ele era um sobrinho de consideração de Park Baek e Oh Myeong-joo, já que a família Min tinha um grau de parentesco com os Park, uma tia ou prima de terceiro grau os conectou há muitos anos.
— Meus olhos não acreditam no que veem. Min Yoongi?
— Olá tia.
— Isso é mau. — ela reclamou encarando o marido. — Park Ji-min e ele não deviam estar no mesmo ambiente.
— Ninguém sabe que estou aqui, tia. Não se preocupe.
— Contei a ele sobre o Park Ji-min, devemos pensar no que fazer agora. O garoto vai se casar, deve se revelar uma hora ou outra.
— Park Ji-min está noivo? Que surpresa, nunca pensei que fosse do tipo matrimonial, quando criança só falava de uma menina que ajudou.
— Está noivo de Jeon Bong-soon. — Park Baek respondeu-o. — O problema é que ele quer casar com Kim Kkoch-hee e o pai dela parece pouco disposto a ceder.
— Kim Chung-hee? Eu o vi em Silla, ele vendeu algumas casas por lá.
— Por que ele venderia casas em Silla? As plantações vão começar em alguns meses, eles não produzem arroz como ninguém? — Oh Myeong-joo questionou o sobrinho.
— É realmente estranho ele estar vendendo propriedades nessa época.
— Talvez queira ir embora ou coisa do tipo. — deu ombros. — Se o Park Ji-min quer fazer da Lady Kim Kkoch-hee, sua esposa, porque não o ajudou?
— Por dois problemas. — sentou-se no sofá e continuou, enquanto as criadas serviam o chá aos três. — Fizemos um acordo há alguns anos com a família Jeon, onde Park Ji-min e Jeon Bong-soon foram unidos em um noivado e segundo, há rumores de que Kim Kkoch-hee é cobiçada e cortejada não só pelo Park Ji-min, mas os cavalheiros, Jeon Jung-kook e Kim Tae-hyung estão disputando a atenção dela.
— Yoon... — o pai dele é ótimo com negócios, Baekje está quase sobre domínio dele. O senhor devia pensar em lhe dar um título.
— A família Yoon tem um título não reivindicado. Ele pertence ao Kim Tae-hyung, mas é provável que o garoto queira voltar a China, onde mora desde que enriqueceram.
— Vocês dois estão fugindo do assunto mais importante! — Oh Myeong-joo se meteu. — Min Yoongi e Park Ji-min não podem ficar em Koguryo ao mesmo tempo.
— Talvez possamos. Quem sabe eu possa ajudar o Park Ji-min a conseguir a noiva que quer? O senhor poderia coroá-lo e se livrar do problema que lhe preocupa.
— Mas sua identidade, o que fará a respeito?
— É simples, basta eu assumir uma identidade falsa, como seu filho, usurpando a minha. Posso descobrir o que impede Kim Chung-hee, posso proteger o seu filho e permanecer em Koguryo para as festividades, motivo que me trouxe aqui.
— Você é um homem solteiro, pode se passar pelo meu primo Oh Han-jae, devem ter quase a mesma idade. E ele viajou para a China há sete anos, ninguém tem notícias dele, desde então.
— Tudo parece resolvido.
— Precisa ter cautela quanto a sua verdadeira identidade, Min Yoongi. — Park Baek advertiu. — Há pessoas perigosas em Koguryo, dispostas a cortar pontas soltas só para obter o que quer.
— O que houve?
— Mataram Choi Seo-Joon e talvez tenha a ver conosco.
— Ainda não capturou o responsável pela tentativa de homicídio e acha que ele está eliminando testemunhas?
— A pessoa que tentou me matar anos atrás, continua nas sombras esperando a hora certa para atacar. Meu palpite crucial é que Choi Seo-Joon soube de algo que não devia.
— O senhor quer que eu investigue isso?
— Sua presença me será útil, Min Yoongi. Deixarei que seja meus olhos e ouvidos em Koguryo, além de proteger Park Ji-min de quem quer que esteja procurando por ele para matá-lo.
— Não irei decepcioná-lo, tio.
— Espero que não.
— Vou pedir para prepararem um quarto para você, deve estar cansado de sua viagem. — Oh Myeong-joo levantou-se e deixou os dois a sós.
— O senhor está preocupado com algo, não está?
— Desde que chegou, Park Ji-min está obcecado por aquela garota Kim. Ele colocou na cabeça que a quer como sua esposa, mas esqueceu que algumas coisas não funcionam assim. A menina pode ser dada como noiva a outro e não poderei fazer nada.
— Não sabe como ele irá reagir com tal notícia?
— Ele acha que a menina da árvore e Kim Kkoch-hee são a mesma pessoa, se a Lady Kim for seu primeiro amor, tudo será pior, caso ele perca.
— Jeon Jung-kook também está apaixonado por ela e teoricamente tem mais autoridade que Min Yoongi.
— Se Park Ji-min se revelasse, o acordo que fiz com Jeon Tae-yang e Seo Ja-yeong teria de ser honrado. Isso o devastaria.
— Supostamente se Jeon Bong-soon desistisse de casar com ele ou fosse obrigada a desistir, o acordo seria desfeito?
— É, mas a única maneira de realizar tal feito culmina em traição ou morte.
— Não será tão difícil resolver.
— Não faça nada da qual se arrependa, Min Yoongi.
— Fique calmo tio, não farei nada imprudente. Meu papel é sempre na espreita, procurando sujeiras que outras pessoas não veem.
— É, por isso acredito que seja ideal para tal tarefa. — encarou-o sorrindo. — Tenho a sensação de que isso vai ser interessante.
— Nem me fale.
Min Yoongi, ou Oh Han-jae, como seria conhecido, teria muito trabalho para juntar as peças soltas e as histórias mal contadas que estavam espalhadas por Koguryo e que permeavam a coroa. Essa era a única peça que realmente fazia sentido, todas as demais, o assassinato de Choi Seo-Joon, o amor secreto de três homens por Kim Kkoch-hee, isso não fazia sentido para Min Yoongi. Precisava conhecer tal mulher e descobrir o que tinha de tão especial que as outras não possuíam.
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