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Capítulo 12 Enjaulado

Kim Tae-hyung não conseguia tirar de seus pensamentos o beijo que Kim Kkoch-hee lhe deu na noite anterior e temia que os pais dela lhe fizessem mal caso descobrissem sobre tudo. Ele respeitava a ideia de que ela precisava mentir para protegê-los, mas gostaria sinceramente de admitir seus sentimentos e saber o que eles significavam.

— Desapareceu a noite toda, onde esteve? — Kang Ji-so sentou-se ao lado do neto que encarava as flores do jardim como se fossem extremamente especiais.

— Estive com Kim Kkoch-hee.

— A sós?

— Em uma cabana bem, bem longe da cidade.

— Por causa da nevasca?

— É. — tocou os lábios involuntariamente. — Vovó tenho quase certeza de que estou apaixonado por ela.

— Percebeu só agora? — riu batendo uma das mãos no braço do neto. — Já sabia desde o baile.

— Tsc... Sabe o que descobri? Seo-bi e Kim Kkoch-hee são a mesma pessoa.

— Ora, ora. Estaria o destino dando a Kim Tae-hyung algum sinal?

— Kim Chung-hee nunca deixaria que me casasse com ela, olhe para mim? Sou um mero plebeu que ficou rico do dia para noite, por mais que a ame ela jamais poderá ser minha.

— Está superestimando sua família, Kim Tae-hyung. Não sabe mesmo quem foram os Yoon antes da história se perder?

— Você contou algumas coisas, sei que já foi muito rica no passado, mas isso importaria para Kim Chung-hee?

— Se desejar pode tomar posse do título de Conselheiro da família Yoon, como seus primos que vivem em Silla e Baekje. Sei que eles nos abandonaram no passado, mas você também é um conselheiro.

— Isso não faria diferença para Kim Chung-hee, ele não quer ver ninguém perto da filha dele, se souber que ela me beijou é provável até que mande me matar.

— Vocês se beijaram?

— Ela me beijou.

— Mas você queria?

— Logicamente. Não quis parecer invasivo, estava furiosa comigo, mas no final do dia depois de tudo ela me beijou, isso significou muito para mim.

— O amor jovem é tão bonito, lamento que seja tão complicado que fiquem juntos.

— Ainda não desisti, vovó.

— Como as pessoas mudam, não é? Uns dias atrás estava disposto a ir embora sem hesitar, agora deseja ficar mais do que queria ir e tudo por conta de uma jovem dama.

— Conhece Jeon Jung-kook e Min Yoongi?

— Min Yoongi é um dos conselheiros de Silla cuja família se associou aos Park para que não desaparecessem das histórias e Jeon Jung-kook é o provável herdeiro do trono caso Park Ji-min não apareça. O futuro rei inclusive está noivo de Jeon Bong-soon, irmã de Jeon Jung-kook.

— Mas o homem não desapareceu?

— É como um termo de garantia.

— Vovó, supostamente o rei pode casar com Kim Kkoch-hee se quiser, não é?

— Sim, mas porque ele faria isso? Os Kim são os terceiros na linha de sucessão ao trono.

— Espero que ele não tenha intenção de se meter neste duelo, já tem homens demais interessados nela.

— Não se ganha uma guerra sem lutar, Kim Tae-hyung. Lembre-se disso.

Park Ji-min voltou a hospedaria extremamente irritado em saber que o plebeu que lhe irritou, desde que o conheceu, estava atrás de uma chance com a mulher que queria. Ele se mordia de ciúmes tentando não pensar no que os dois fizeram sozinhos, mas nada que fazia afastava de seus pensamentos a remota possiblidade de terem dado um passo enorme e que devia ser improvável de acontecer antes do casamento.

— Quero a cabeça daquele maldito em uma estaca.

— Não vale a pena perder tempo com isso, Kim Chung-hee não daria a mão de Kim Kkoch-hee a você, imagina a ele?

— Tem alguma coisa nessa negação de Kim Chung-hee que não me cheira muito bem. Será que só quer proteger as filhas ou tem outra coisa?

— Como o quê?

— Ainda não sei, mas quando era criança aquele palácio era muito mais vívido e arrumado, só vi três criados e notou o rasgo no sofá onde Kim Mo-yeon estava sentada? Em outros tempos uma costura fora do lugar e ele ia para o lixo.

— Está querendo dizer que acha que eles estão mascarando uma crise financeira?

— Pensei isso depois de observar o palácio. Se Kim Chung-hee não tem dinheiro para o dote das filhas seria lógico recusar pretendentes.

— Mas até quando poderá fazer isso?

— É o que me preocupa. A não ser que o rei lhe de um presente bastante exorbitante.

— Seu pai disse que não era para envolver o nome do rei nisso, terá de pensar em outra coisa.

— Preciso ter certeza primeiro, se esse for o motivo terei de mudar de tática.

Todos eles desejavam casar com Kim Kkoch-hee, tornando-a sua esposa, mas mesmo diante da atual situação drástica em que a jovem Kim se meteu, nenhum dos dois conselheiros pararam para pensar nas reais consequências dos atos errôneos da moça. Kim Kkoch-hee ainda não sabia se estava ou não apaixonada por Kim Tae-hyung, afinal ela nunca se apaixonou, mas esperava que o turbilhão de sentimentos bagunçados que lhe forçavam a lutar por uma causa pudessem realmente ser amor.

Durante o caminho até o Bunhong nem Kim Seok-jin e muito menos sua irmã ousaram enfrentar Kim Chung-hee. O filho mais velho sabia que sua estripulia poderia ser um motivo pelo qual Kim Kkoch-hee ficou perdida na noite pelo reino, ele devia tê-la pego na clínica por volta das quatro da tarde. Se tivesse ido lá perceberia que ela não estava e teria ido atrás dela, impedindo a série de eventos que se sucederam. Porém, a culpa não era completamente dele. Desde que começou a trabalhar com o doutor Choi Seo-joon, ela prometeu aos pais que não sairia em dias de nevasca e as cinco da tarde estaria em casa, não havia um motivo claro para ter desobedecido Kim Mo-yeon e Kim Chung-hee no primeiro dia de Kim Tae-hyung como médico, mas ela não se importava com isso.

Kim Chung-hee não chegou a entrar completamente na propriedade, levou o cavalo para os fundos para que os criados pudessem escová-lo, então ele não soube das visitas na sala aguardando o patriarca. Ele queria conversar com os filhos, mas Kim Kkoch-hee

Quando chegou ao corredor, o pai insistiu para que a voltasse, mas o ignorou e continuou seguindo depois de dizer que odiava a todos. Nunca tinha dito algo assim para nenhum deles, antes de bater à porta se arrependeu de tais palavras, só não mencionou o arrependimento, afinal, isso faria dela fraca e para enfrentar os pais e escolher quem amar, teria que ser mais forte que isso.

Por conta de sua situação não notou que eles tinham visita. Subiu imediatamente ao quarto e bateu à porta ignorando tudo, depois jogou-se na cama e gritou com a cabeça no travesseiro. Seu grito foi abafado enquanto ela esperneava. Logo após, sentou-se respirando fundo tentando conter o choro. Ela temia o que os pais fossem fazer a ela, temia ter de desistir de tudo por conta do que fez, por isso tinha decidido não dizer a ninguém que havia beijado Kim Tae-hyung.

— Kim Kkoch-hee? — Kim Hye-ji entrou no quarto e fechou a porta. — Kim Seok-jin disse que passou a noite com o médico, você fez algo?

— Fiz o quê?

— Ele parecia gostar de você, aconteceu alguma coisa?

Kim Hye-ji é a irmã em quem Kim Kkoch-hee mais confiava, a mais nova e encantadora Kim tinha uma fé cega e quase se encrencava por isso, mas ela não poderia saber o que Kim Kkoch-hee fez e por isso esforçou-se ao máximo para evitar contar o que realmente aconteceu, mesmo a irmã olhando-a com uma expressão adorável.

— Não aconteceu nada. O imbecil do Kim Seok-jin acabou complicando-me pelo modo como explicou tudo. Nós ficamos presos em uma casa na nevasca, mas não houve nada. O que você acha que farão comigo?

— Por enquanto nada, vieram uns cavalheiros visitar o papai, ele deve recebê-los antes de te castigar.

— Cavalheiros? — andou até a janela e debruçou-se na soleira encarando o jardim vendo dois cavalos, reconheceu apenas um deles. — Jeon Jung-kook.

— É, como você sabe?

— Sinto-me preocupada com isso. Ele esteve na clínica na ausência do Doutor Choi Seo-joon e junto a ele também estava um paciente e seu criado. Min Yoongi foi espancado e roubado.

— Em Koguryo? Nunca ouvi falar que alguém tenha sido roubado aqui. Então o homem com a sobrancelha ferida esteve com você?

— Como sabe sobre a sobrancelha?

— É o outro cavalheiro na sala.

— O que fazem aqui?

— Não sei, mas pareciam nervosos.

— Se vieram contar ao papai o que houve, nunca mais sairei de casa.

— Kim Hye-ji? — Kim Ha-won abriu a porta procurando a irmã mais nova.

— O que quer?

— Vim perguntar se desejaria molhar uns cavalheiros metidos.

— Não obrigada, porque é tão malvada?

— Devia se sentir lisonjeada Kim Kkoch-hee, eles vieram pedir sua mão ao papai. Ambos dizem estar apaixonados por você.

— O quê?

— Nossa Kim Kkoch-hee! — Kim Hye-ji comemorou. — Se o papai aceitar um deles, logo poderei me casar.

— Sua bobinha, não percebeu que o fato de eu molhá-los com água quer dizer que o papai os expulsou? — deixou-as e seguiu para fora.

— Min Yoongi e Jeon Jung-kook querem casar comigo?

— Vem, vamos ver o que a Kim Ha-won fará. — puxou-a para a janela e as duas observaram toda a cena. Não demorou para a moça ver seus dois irmãos jogarem os dois cavalheiros na direção dos seus cavalos. Irritou-se imediatamente com a fala do mais velho e a remota possibilidade de ser mandada para um convento. É claro que tal desaforo não seria aceito por Kim Kkoch-hee, então ela saiu da janela seguindo para sair do quarto, mas ao abrir a porta, trombou com a mãe, Kim Mo-yeon e teve que parar antes de sair.

— Deixe-nos, Kim Hye-ji.

— Sim, mãe. — a jovenzinha encarou a irmã com ternura e medo de que nunca mais a visse, depois saiu.

— Mãe...

— Deixe-me falar antes que finja que sua justificativa irá me convencer. Sabe quem esteve aqui?

— Sim, sei.

— Deve imaginar o motivo.

— Até uns instantes atrás não tinha ideia.

— Sabe o que isso significa para nós?

— Não senhora.

— É a primeira vez que ouço um rapaz jovem enfrentar o seu pai e muitos já tiveram bons motivos para isso. Ambos estão apaixonados por você e bastante dispostos a tê-la.

— Bom.

— Não parece contente, seria sua chance de deixar a casa e as regras da família, mas parece não se importar. Casamento por amor... — foi interrompida.

— Casamento é para duas pessoas, não adianta só uma delas amar.

— Tem outra pessoa, não tem?

— Não importa.

— Seu pai irá analisar essas propostas, se decidir por uma delas e você o recusar sabe o que lhe resta. — seguiu para sair do quarto.

— Mãe!

— O que foi?

— Por que a senhora não entrou furiosa e me castigando até a eternidade?

— Conseguiu decepcionar seu pai, Kim Kkoch-hee. Creio que seja o bastante para a sua consciência, já que nem ao menos quis confrontá-lo, só seguiu para o seu quarto. Imagino o quanto deve doer saber que o decepcionou.

— Desculpe.

— Não é a mim que deve desculpas. — deixou-a só.

Kim Mo-yeon tinha razão, Kim Kkoch-hee podia fazer muitas coisas consideradas impróprias para sua idade e sexo, mas nunca decepcionou o seu pai como naquela vez e isso lhe colocava em um martírio infinito em busca de perdão, algo que lhe corroía e em vários momentos daquele dia a deixaram em lágrimas.

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