Capítulo 10
Iai? Voltei! Como vocês estão?
Espero que gostem desse capítulo.
☪
Depois de muitos dias a neve havia se tornado apenas algo derretido por cima das árvores e flores e eu a apreciei dissolver lentamente como se nunca houvesse ali brutalizando e castigando os seres por menores que fossem com o seu frio atroz.
Mesmo na varanda eu sequer sentia uma brisa gelada, cheguei a pensar nas inúmeras vezes que tínhamos que nos encolher dentro das próprias roupas porque o cobertor não era o suficiente e em como meus dentes trincavam de frio cuja minha única opção era encolher até virar uma bola e tentar ignorar o ar gelado e cortante consumindo o quarto.
Imaginei como meus irmãos deveriam estar agora, não sabia nem se o tempo era igual para nós, se eu estava muito a frente ou eles que estavam... Estavam comendo bem? Provavelmente sim, deixei dinheiro suficiente até para as próximas vida, estavam... Sentindo minha falta?
Tentei afastar esses pensamentos os lançando para o fundo da memória, meu banho não demorou tanto, mas a caminhada até a parte de fora foi como se estivesse arrastando tijolos nas pernas. Quando encontrei a sala, não havia ninguém, ninguém além de mim mesmo e as sombras da manhã.
Havia dias que eu não tinha notícias sobre Jeongguk, mesmo assim me ocupei e tentar estudar sozinho na biblioteca.
Ele tinha razão, arrumar uma ocupação era a melhor das opções ou viver numa casa praticamente vazia podia se tornar um inferno.
Mas para o meu primeiro espanto do dia, lá estava ele, atravessando a soleira, soberano e solene com um leve repuxar de lábio no canto da boca.
— Olha quem resolveu aparecer. — foi um sibilo contra a orla do copo de suco de amora, ele me estudou de baixo para cima com olhos puxados e predatórios onde neles não havia nada mais do que o epítome da tranquilidade pura, chegava a ser intimidador.
— Para a sua infelicidade, suponho. — foi a primeira vez em dias que eu estava naquela mansão vazia e solitária que ele estava se sentando a mesma para tomar o café da manhã.
Seu rosto incrivelmente treinado estava relaxado e descontraído mesmo que as sobrancelhas estivessem sempre juntas.
— Supôs certo, obrigada. — mas ele não se deu o trabalho de tirar sua atenção do prato de café da manhã.
A casa parecia ter grande alegria em alimenta-lo, fora uma tigela de arroz e algas secas, outra tigela de sopa de frango apimentada, suco de abacaxi e de bônus duas fatias generosas de bolo de chocolate. Olhei para aquilo tudo com grande desejo e talvez ela tenha caprichado nos pratos de Jeongguk por pura vingança.
— Acho que a casa está com raiva de mim. — murmurei emburrado, encarando o café da manhã a minha frente que não era o meu.
— Por que?
— Não sei. — respondi mordiscando o sanduíche.
— Ela só fica brava quando as coisas não saem como ela quer que saiam. — Jeon murmurou, a boca cheia e lhe lancei uma careta.
— O que eu fiz? — perguntei, realmente sem entender onde havia sido meu erro decorrente aqueles dias em que morava ali.
Dias... Meses. Eu já estava a meses morando na mansão e mal havia notado o tempo passar.
— Se você não sabe, eu sei muito menos. — me direcionou um olhar tranquilo.
Suspirei cansado repassando inúmeras vezes os recentes dias. Até...
— Foi o beijo? — perguntei.
— Particularmente, não acho o ato de beijar errado. — murmurou, a boca cheia mas mesmo assim ele conseguia ser elegante nos dedos, como sua mão bruta sabia ser delicada ao segurar uma xícara de porcelana.
Me perdi no toque dos seus dois dedos na borda xícara...
Mesmo com a resposta de Jeongguk a casa fez questão de responder também, com um copo de vitamina verde.
— O que é isso?
— Acho melhor você não tocar nisso. — e nem pretendia.
— Tá... Tá se mechendo? — perguntei alarmado quando aquele negócio verde que mais parecia um monstro marinho quase pulava do copo.
Talvez eu tivesse a minha resposta. Mesmo que por consideração minha eu não tenha agido errado, de algum modo a casa ficou magoada.
Percebendo meu semblante triste, Jeongguk interveio.
— Não se preocupe, ela esquece rápido. — num segundo sua cadeira estava ali e no outro ela havia simplesmente sumido, mas Jeongguk permaneceu sentado naquele trono invisível que ele fazia com a magia mesmo a casa tentando derruba-lo, ele permaneceu inalterado. — Não foi dessa vez.
Murmurou para a casa e em resposta ela fez as fatias de bolo sumirem, Jeongguk xingou ao mesmo tempo que pediu desculpas mas as fatias não voltaram.
— Parece que ela não esquece não. — ele me respondeu com uma reviradinha de olhos.
— Tem sorte dela nunca ter feito sua cama sumir enquanto você está dormindo. — sufoquei a risada que revirou meu estômago ao imaginar algo do tipo.
— Fala por experiência própria?
— Não é da sua conta. — mas passei a imitar seu deboche e como resposta lhe lancei uma risada nasalada.
Jeon me observou atento, segundos pareceram horas e então ele sorriu, um sorriso cheio de significado, cheio de satisfação do qual não entendi o propósito mas não consegui afastar o riso do rosto.
— Onde estão os outros? — senti uma pontada latejante em meu interior, uma faixa neon ascendeu na minha cabeça a maneira que eu avaliava aquele sorriso como se fosse uma pintura.
Mantive os pensamentos dentro da bolha por precaução.
Ele abriu um sorriso.
— Está ficando bom em manter a bolha intacta. — murmurou.
— Andei treinando.
— Bom. — um suspiro. — Eles estão fora, resolvendo coisas burocráticas e tediosas, coisas que eu bravamente terei que resolver também em poucas horas, foi o que fiz essas semanas, por isso não tive tempo para suas aulas, desculpe, voltaremos em breve.
Ele inevitávelmente revirou os olhos dentro das órbitas, o lampejo violeta vibrando com algo que se assemelhava a raiva embora fosse um pouco menos que isso, mas o pedido de desculpas era sincero assim como a explicação.
— Você vai sair? — o maneio de confirmação foi o suficiente para me confirmar que iria ficar sozinho.
— Não sei a que horas retornaremos, então não saia de casa, fique no quarto e-
— Me leve com você. — ele ficou apavorantemente imóvel por alguns segundos antes de voltar a comer e responder simples e seco, mais do que ele costumava ser:
— Não.
— Por que não?
— Porque não é o tipo de lugar onde eu quero que você esteja. — Pisquei uma e duas e três vezes antes de conseguir processar a resposta, ele percebeu o que havia dito e por um segundo achei que estivesse enlouquecido quando o vi engolir em seco.
Jeongguk estava vermelho até o pescoço e ele abaixou a cabeça como se de alguma forma aquilo podesse esconder o que eu já havia visto.
— E onde você quer que eu esteja Jeongguk? Acha que não sou capaz de lidar com seja lá onde você vai?
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Foi exatamente o que você quis dizer.
— Taehyung eu-
— Não, agora você vai me levar.
— Olha, eu não posso-
— Eu não dou a mínima, você vai me levar, nem que eu tenha-
— Eu me preocupo com você! — foi quase um grito, ainda que contido, se sobrepôs sobre a minha voz alterada.
Eu não tive resposta.
— Onde estarei indo, terá mais daqueles que você viu na taberna e até piores. — não consegui pensar que ele estava evitando aquilo simplesmente pelo meu bem estar.
Lembrei do pavor que senti, da expressão de terror do meu rosto refletindo nós olhos violetas de Jeongguk quando Conan se tornou aquela coisa monstruosa, pensei no que ele estaria fazendo comigo agora se caso houvesse tudo êxito em me alcançar, se Jeon não tivesse salvado minha vida.
O Jeon estudou meu rosto como se as mesmas lembranças estivessem inundando sua mente, meu corpo esfriou quando entendi que ele não estava me chamando de fraco e sim temendo a minha reação diante aquelas pessoas.
Novamente, não encontrei palavras para responder a aquilo, tentei encontrar outro assunto que rodeasse em torno do mesmo.
— M-mas eu não quero ficar em casa sozinho.
— Aqui é mais seguro. — era irredutível, a máscara de frieza havia retornado e nenhuma sombra daquele sorriso debochado manchava sua pele.
— Jeongguk, eu... Terei você. Confio em você para me proteger. — o tom saiu como uma súplica inevitável.
Jeongguk ficou rígido como um rocha, jurei ter visto todos os seus pelos arrepiados mesmo diante aquela expressão de frieza e desprezo, eu não conseguia decifrar suas máscaras e muito menos oque ele estava sentindo.
Ele suspirou, longo e rouco.
— Está bem, iremos os dois. — não consegui afastar o sorriso dos lábios até Jeon olhar para mim. — Não sorria tanto, vai ver que não terá motivos.
🌙
De fato, durante toda a reunião não tive motivo nenhum para sorrir, todos os meus sentimentos foram direcionados puramente a repulsa e nojo por todas as informações que estava colhendo.
Haviam inúmeros senhores do reino e presumi que todos eram de alta importância considerando o local onde a reunião havia sido marcada, havia apenas um dos dois reinos além de Hera na reunião. Minha cabeça latejava conforme a reunião ia se estendendo, não consegui prestar atenção em muitos detalhes me dava ao trabalho de prestar atenção quando Jeongguk expusera seu lado do raciocínio e ele era um perfeito líder, arrogante, autoritário e voraz, todas as palavras ditas com firmeza eram absorvidas e os outros o obedeciam como um rei.
— Goryhd se torna atrevida. — um deles falou, tinha olhos meio amarelos quase como mel fresco contra a luz dourada do sol, pupilas redondas escuras que eu jurei vê-la mudar de formato, lábios finos e o rosto era tão pálido que parecia branco.
Mas ele era um rapaz bonito, tanto que suas palavras chamaram minha atenção.
— Por que acha isso? — Jeongguk perguntou, senti seus olhos queimando em minha pele mesmo enquanto dirigia a palavra para outra pessoa enquanto eu estudava o rosto exótico daquele espectro.
— Ouvi falar que muitos ousam ultrapassar as barreiras, há relatos de abusos direcionados aos seres mais frágeis de Hera. — Jeongguk concordou com uma frieza automática no rosto quase inexpressivo.
Algo me dizia que ele já tinha conhecimento daquela informação.
— Não podemos contra atacar sem que eles entendam que estamos declarando guerra. — um outro respondeu.
— São fortes mas incrivelmente burros. — falou um outro do qual eu não consegui ver.
— Tão burros que qualquer sentença pode ser considerado um insulto.
— Usam os músculos porque não sabem usar o cérebro.
— Foram machos e fêmeas criados sobre uma lei diferente da nossa, lá o único protocolo é atacar e matar, então não podemos velejar até lá ou eles jogarão pedras e flechas de fogo em nossos barcos. — declarou outro deles, um tom de pele marrom quase dourado brilhante a luz do sol, com olhos cinzas como a névoa que vejo do meu quarto pela manhã.
Jeongguk permanecia sentado na cadeira dourado, as pernas cruzadas assim como as mãos sobre a coxa, incrivelmente calmo, a expressão petrificada e inabalável.
— O que podemos fazer quanto a isso, Senhor Jeon?. — ele suspirou por fim, o mais perto que poderia chegar de uma expressão naquele momento.
— Um tratado de paz. Já que não podemos ir até eles, mande uma mensagem pelo carteiro Conan. — a voz tranquila me causava um certo tipo de arrepio na coluna.
— Conan é o pior de todos, ele tem facilidade em manipular as pessoas e até mesmo os reis de Goryhd.
— Mas tem facilidade em ser manipulado por Hera. — alguém murmurou em defesa de Jeongguk, provavelmente entendendo o seu ponto de vista. — Mandaremos que ele leve a carta de paz, manipulando-o daqui e faremos com que ele manipule os de lá.
Jeon concordou.
— Juwon cuidará disso, manipulação é exatamente a área do meu querido irmãozinho.
Demos fim a reunião depois de mais algumas trocas de informações, mas antes de sairmos não deixei de perceber Jeongguk lançando um olhar predatório para aquele macho de pele pálida.
🌙
— Então... Corremos risco de guerra? — perguntei depois que estávamos a alguns minutos caminhando pelas ruas de Hera.
O clima estava tranquilo, ouvia os risos das crianças. Jeongguk soltou o ar dos pulmões.
— Se depender de mim, não.
— Porque não podem ir até lá e conversar como pessoas civilizadas?
— Porque eles não são pessoas e muito menos civilizadas, Goryhdianos são brutos e ouso dizer irracionais, eles pensam com as espadas e se deslumbram de prazer com isso. — concordei repassando alguns passos da reunião.
— E... Mesmo se velejarem até lá, porque não usam magia para se proteger? — Jeon soltou um riso provocador.
— Tudo nessa vida tem limites, pequena raposa, até mesmo a magia.
— Então quer dizer que vocês não tem força?
— Quer dizer que temos muita força, mas a usarmos demais ela enfraquece e então precisariamos de um tempo para nós recuperar e voltar com mais força. — fazia sentido.
— Mas isso não faz de vocês alvos fáceis? — perguntei mesmo sabendo que um dia ele havia me explicado sobre os limites de magia, você pode usá-la, mas como qualquer outra coisa ela acaba cansando e enfraquecendo, Jeon explicou que com bastante treino ele se tornaria mais resistente e duradouro, isso explicava sua proteção contra a leitura de pensamento sempre intacta.
— Não, raposinha, nos faz humanos. — ele disse. — Minha mãe errou quando disse que o mundo mágico veio antes dos humanos, a verdade é que eles vieram primeiro, somos semelhantes a eles, talvez descentes. Olhe para mim, eu e você não temos diferença.
Ele disse estendendo a mão esperando que eu fizesse o mesmo, nossas mãos juntas eram iguais, cinco dedos, unhas e pele.
Concordei eufórico.
— A não ser seus olhos. — ele me avaliou como se eu houvesse pedido, estavam brilhosos como sempre estavam.
— Puxei do meu pai. — ele respondeu. — Mas os dele eram um pouco mais escuros.
— Essa é a primeira vêz que temos uma conversa normal, que estranho. — Jeongguk franziu a testa.
— Eu sou legal, você que é chato, fica se metendo onde não deve. — revirei os olhos.
— Tava bom demais pra ser verdade. — mas continuou com o exímio sorriso no canto esquerdo dos lábios, um mais sedutor e charmoso.
Talvez fosse pelas árvores ao redor que combinava com ele, ou o gramado, ou o lago, mas ele estava tão arrebatadoramente bonito que por alguns segundos eu achei que todo o fôlego dos meus pulmões havia se perdido.
Tentei desesperadamente criar outro assunto e me desviar daquela armadilha que ele chamava de olhos.
— O que Quicéra tem de tão especial?
— Bom, eles são inteligentes e mantém nossa aliança a séculos, então acho que isso já responde muita coisa. — concordei.
— Os machos de Quicéra... — Jeon sorriu inabalável.
E disse, sem medo, sem inveja, apenas admiração e franqueza.
— Machos de Quicéra costumam ser sedutores e atraentes.
Pisquei.
— Fala por experiência própria? — ele apenas sorriu novamente, como o belo canalha que ele era. — Não vai me mandar calar a boca?
— Não tenho porque, se disso eu não me envergonho. — não consegui esconder o espanto que transbordaram dos meus olhos.
— Você é mesmo um canalha. — não sabia porque tinha dito isso.
— Se é assim que chama hoje em dia, então sim, eu sou. — bufei.
— Sua namorada era de lá? — Jeon enrijecido e alguns tons mais pálido me encarou rapidamente, os olhos desprovido do brilho costumeiro.
— Não tive namorada, Taehyung, eu nunca namorei.
— Porque mente para mim?
— Quem falou isso?
— Está respondendo uma pergunta com outra.
— Responda imediatamente.
— Foi Juwon, ele disse que você namorou, mas não está mais entre nós. — um lampejo neon violeta torturou os olhos do Jeon, ódio, o mais puro ódio cujo eu já testemunhei.
— Nunca mais toque neste assunto.
— Está me confirmando a veracidade dos fatos. — tentei brincar, mas Jeon estava tão desesperadoramente pálido e envolvido em uma dor antiga que resolvi nunca mais tocar no assunto.
Voltamos para casa, Jeon tão calado e pensativo, por um momento achei que ele sequer respirava.
Ele foi para seu quarto e de lá não saiu pelo resto do dia.
☪
E então? Suspense eim
A construção do relacionamento dos meus nenéns vai ser bem demorada, por enquanto o único sentimento entre os dois é se matar.
Mas tá bem pertinho anjos, guenta um pouco.
O que vocês estão achando da fic? Conta pra eu.
Aliás, no final do mês de setembro eu faço 21 anos, manden pix pra tia que tá ficando velha KSKSKSKSK brincadeira... Ou será que não é?
Enfim. Até a próxima, beijos amo você.
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