Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

01 - Reencontro


"Reencontrar você foi como encontrar aquela peça difícil do quebra-cabeça da minha vida!"



Salvador-BA, 2009


Ângela desembarcou no aeroporto internacional de Salvador e foi recebida por um motorista que a levaria à casa de seu irmão, Anselmo. O delegado insistira para que ela fosse ao jantar oficial de noivado dele.

Por favor, Ângela, você é dona desse hospital. Pode tirar uns dias de folga. Preciso de alguém da minha família para me apoiar — Anselmo insistira ao telefone.

— Tudo bem, vou falar com o papai para cuidar de tudo na minha ausência. Você o conhece, é todo metódico, só confia em mim. Agora está com a ideia de laboratório, então vai ficar mais difícil.

Conheço o meu velho! Mas ele só tem esse apego com o Bueno Sanchez do Rio de Janeiro, tem uns vinte pelo país...

— É a matriz, Anselmo, onde tudo começou. Eu o entendo. Enfim, segunda eu chego aí para conhecer a sortuda que vai se casar com você.

Você vai adorá-la, Ângela. Ela é maravilhosa. Estamos juntos há oito meses, mas já sei que a quero na minha vida para sempre.

— E se ela não gostar de mim? — indagara, enquanto higienizava as mãos em seu consultório no hospital.

Quem não gosta de você, Ângela?

Ela sorriu ao lembrar do telefonema do irmão. O motorista colocou sua bagagem no porta-malas do carro e abriu a porta do veículo para que ela entrasse.

Ângela tinha fama de ser muito séria e de não conversar demais com estranhos. Chegava a ser seca com algumas pessoas, às vezes. Objetiva e forte em tudo. Apesar de seus traços delicados, ela não era muito dada a palavras de carinho com quem quer que fosse. Só falava mais abertamente com os irmãos. Sua melhor amiga era Denise, sua irmã mais velha. Tinha uma boa relação com o irmão Anselmo, tanto que se dispôs a representar a família no jantar de noivado dele.

Morava sozinha numa cobertura no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. Depois de se separar do marido, Fernando, médico como ela, Ângela passara a morar apenas com os empregados, que sabiam de sua personalidade forte e exigente, por isso nem se importavam mais com seu comportamento seco e objetivo.

Osvaldo, o motorista, não a conhecia. E como todo bom baiano, começou a puxar assunto com ela, que até então, só observava a noite soteropolitana.

— A senhora já é médica? Parece tão jovem — comentou o motorista, olhando-a pelo retrovisor.

— Sou, sim. A genética é boa. Já tenho trinta anos. — Respirou fundo e voltou a olhar para a rua por onde passavam.

— A senhora se formou com quantos anos? — indagou, admirado, carregando seu sotaque baiano.

— Ainda está muito longe? — ela perguntou, impaciente.

— Em meia hora estaremos lá. Doutor Anselmo está muito feliz com o casamento.

— Você pode só dirigir, por gentileza?

Osvaldo apenas se calou e continuou seu percurso. Dirigiu até chegar a uma estrada quase deserta e, em seguida, começou a subir uma serra, a qual era caminho para a casa de campo de Anselmo, onde seria a festa de noivado.

Ângela observava o caminho através da janela e avistou luzes piscando. Uma visão que lhe era bastante familiar, por isso, imediatamente deduziu que se tratava de luzes de giroflex de ambulância. Teve certeza quando o carro se aproximou do local e foi impedido de ultrapassar.

Ela olhou em volta, na intenção de entender o que estava acontecendo, e notou uma van caída na ribanceira. No local, havia apenas uma viatura do corpo de bombeiros e uma equipe de resgate formada por três profissionais, que trabalhavam na retirada de vítimas das ferragens.

— O que houve?

— Deve ser acidente. Isso é comum nessa época por aqui. A pessoa bebe e dirige, junta com a pista escorregadia.

Sem dar ouvidos ao que o motorista falava, Ângela saiu do carro, pediu:

— Pega aquela mala roxa e traz para mim, por favor. — E foi correndo até o local do acidente.

— A senhora não pode ficar aqui. — disse um bombeiro que estava com uma corda amarrada na cintura, dando suporte para os dois que estavam lá embaixo.

— Eu sou médica, posso ajudar.

O bombeiro a olhou de cima a baixo:

— Sou o sargento Sousa. Moça, está tudo cheio de lama, pode começar a chover de novo, a senhora está...

Ângela só ouviu até este ponto, pois no momento seguinte, recebeu a mala das mãos de Osvaldo e a abriu, retirando de dentro um par de luvas para logo em seguida vesti-las.

— Há quantas pessoas lá dentro? Por que só vocês estão aqui? Vejo que é um acidente de grande porte.

— Época de chuva, moça, muitos acidentes. Se quer ajudar vai ter que entrar na lama.

Ângela olhou para o lado viu um par de botas de borracha e uma corda com o mesmo equipamento que o sargento estava usando. Nem pensou duas vezes: pegou tudo e se equipou. Usando uma calça de seda branca e blusa social rosa. Com a ajuda de Osvaldo, ela desceu os cinco metros que separavam a van da estrada, levando sua mala de primeiros socorros.

— Oi, meu nome é Ângela. Eu sou médica. Vim ajudar vocês.

— Sargento Gurgel. — O homem se apresentou, enquanto prendia uma vítima numa maca e apontou o companheiro. — Sargento Andrade. Cinco vítimas, duas com ferimentos leves, o que podemos constatar até agora.

Sargento Andrade conversava com uma mulher muito nervosa, à medida que tentava desprender o cinto de segurança de um homem que estava inconsciente.

Ângela deu uma olhada em tudo e viu um homem desacordado. Ela foi até ele:

— O senhor pode me ouvir? — perguntou e colocou o dedo indicador no pescoço dele à procura de sua artéria carótida. Estava vivo. Mas suas pernas foram esmagadas pela cadeira da frente. — A ambulância foi chamada há quanto tempo? — perguntou em voz alta para que o Sargento a ouvisse.

— Há dez minutos. Deve chegar a qualquer momento.

O outro bombeiro conseguiu retirar o homem inconsciente e o colocou em uma maca para que fosse puxado. Quando voltava para o carro, Ângela o abordou, chamando-o:

— Sargento, preciso de ajuda aqui — pediu e só então notou que o sargento Andrade era uma mulher.

— Pela triagem só temos os menos graves.

— Preciso de apoio para entrar no veículo. Este homem está inconsciente e com os sinais vitais muito fracos.

— É muito arriscado, doutora. Não posso permitir que faça isso, o reforço está chegando e podemos... — não conseguiu concluir a frase e já precisou usar toda a sua força física para cortar uma porta que fora amassada, pois Ângela passou pela janela e entrou no carro, soltando o cinto de segurança do homem para tirá-lo de lá.

Quando conseguiu retirar o indivíduo das ferragens, o carro começou a deslizar. Rapidamente, Andrade amarrou a corda de seu corpo no carro e gritou para o companheiro que estava na estrada:

— Segura firme, estamos quase conseguindo!

Seu ponto de apoio era a viatura do resgate, que foi puxada para o lado com a força do veículo na ribanceira.

Começou a chover de novo. Ângela entrou novamente no carro e retirou mais uma vítima, dessa vez com traumatismo craniano. A mulher que gritava e reclamava de dores desmaiou e foi tirada pela médica.

Andrade gritou ao ouvir duas ambulâncias chegando:

— Vítima com traumatismo craniano grave! — dizendo isso, agachou-se e, usando o equipamento de Ângela, imobilizou o pescoço da vítima com o colar cervical. Depois a colocou numa maca.

Um grupo de resgate e a equipe de apoio de A.P.H (Atendimento Pré-Hospitalar) desceram e levaram as vítimas, que estavam nas macas.

Ângela retirou a última vítima. A jovem estava consciente, mas teve uma parada cardíaca. Era uma mulher de mais ou menos trinta anos. Tinha os membros inferiores muito machucados; a médica pôde constatar sua respiração falha. Colocou-a sobre uma maca com a ajuda de Andrade e fez compressão torácica para uma possível reanimação.

— Acho que vamos perdê-la — Ângela gritou enquanto examinava o corpo da vítima e examinava uma lesão na coluna. Andrade agachou-se e ajudou na reanimação. — Ela voltou a respirar! — Ângela disse sorrindo e ajudou a envolver o corpo da vítima com o lençol térmico, quando a equipe de resgate desceu novamente. — Ela tem uma lesão profunda na coluna.

A última vítima foi removida para o hospital. A viatura seguiu com os bombeiros e com Ângela, que dispensou o motorista e foi junto com a equipe.

Ao chegarem, Andrade chamou a médica para ir tomar banho e trocar de roupa na base do corpo de bombeiros, em frente.

— Não vão nos deixar entrar no hospital nesse estado, de forma alguma. Então vamos tomar banho que é mais saudável para todo mundo — disse, sorrindo.

Enquanto Ângela falava pouco, Andrade falava o suficiente pelas duas.

— Eu estou de folga, mas fui chamada às pressas — justificou, pois pretendia ir para casa depois de um banho. — Olhe, eu tenho quatro anos de bombeiro, juntando resgate e A.P.H., e até hoje nunca tinha visto alguém tão louco feito você — disse sorrindo, mostrou seus lindos dentes brancos em meio à lama e sangue que havia em seu rosto.

— É instinto! — Ângela respondeu e sorriu, também coberta de lama e sangue. — Sargento Andrade. Por um momento achei que fosse um homem...

— Pode me chamar de Fabí, o pessoal me chama assim. Mas enfim, do jeito que me chamar eu vou... — falou de modo irreverente e conseguiu arrancar outro sorriso da médica sisuda, enquanto lavava o rosto num tanque do lado de fora do local. — Faço isso todo dia e ainda fico nervosa — disse e respirou fundo tirando a farda pesada de lama.

Ângela ficou observando a cena com uma meia lua estampada nos lábios. Conhecia aqueles olhos de algum lugar.

— Você é turista? Não é daqui, né?

— Não. Sou carioca. Vim para o noivado do meu irmão. — Franziu o cenho e fitou Fabí nos olhos.

As duas ficaram em silêncio por algum tempo.

— Eu conheço você de algum lugar. O que é bem estranho, pois nunca estive aqui — Ângela falou sem tirar o olhar do dela.

— Eu tenho essa mesma sensação. De repente é coisa de vida passada.

— Eu não acredito nessas coisas. Bom...

— Seus olhos são lindos. Vivo brigando com minha mãe, ela devia ter me deixado puxar os olhos dela.

Fabí era filha de Pedro, um negro carioca e Laise, uma dinamarquesa branca, loura de olhos azuis. Herdara o sorriso da mãe e os traços marcantes do pai. Alta, de suaves músculos definidos, resultado de treinos diários e danças nos fins de semana da capital baiana; a bombeira era a junção do melhor que havia em seus pais, tanto físico quanto emocionalmente.

— Já pensou que gata eu seria, negra de olhos azuis? Aí, pronto! — Brincou se apontando.

— Acho que não precisa — Ângela disse sorrindo. — Você é muito bonita desse jeito.

— Estou brincando. Amo minha mãe, mas amo ser quem e como sou. E os olhos mais lindos do mundo que eu conheço são castanhos e pertencem a minha mãe adotiva. E eu sou maravilhosa assim. — Riu e se aproximou da médica. — Tire essa roupa, vai acabar pegando uma pneumonia! — avisou tentando ajudá-la a tirar as peças molhadas e cheias de lama.

— Fabí! — alguém chamou de dentro de um carro.

As duas se viraram para olhar na direção da voz.

— É meu namorado. Ele não devia estar aqui. Deve ter acontecido alguma coisa — disse e acenou mostrando seu estado. Depois entrou, puxou Ângela pelo braço. — Minha roupa vai ficar grande em você, mas acho que resolve. — Fabí era um pouco mais alta que ela.

Ângela ficou olhando para a sargento, sem palavras.

— Sabe, eu não sou pessoa para namorar, não. Não gosto do jeito que as pessoas tratam as pessoas. Se eu quero ficar com outra pessoa, eu fico e não vai ser o ciúme e controle de ninguém, que vão me impedir. Então precisa de confiança, principalmente em si. Ele veio aqui me vigiar, saber se estou realmente trabalhando.

— Mas acho que respeito precisa ter...

— Eu sei. Sou a favor da sinceridade em tudo nessa vida. Agora me diga, qual a necessidade desse homem vir aqui? Isso sufoca. Falei com ele antes de sair de casa.

Anselmo entrou no vestiário naquele momento e viu Fabí com uma roupa na mão e sua irmã coberta de lama e sangue. 


~∞~


Música:

Uguale a Lei - Laura Pausini

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro