– O Joca já cortou a energia – avisei ao Zeca.

Ele concordou com um aceno e seguimos em silêncio até o hospital. A falta de energia elétrica era o que prendia a atenção de todos os funcionários. Não vou dizer que nossa entrada passou despercebida, mas não foi difícil persuadir cada funcionário pelo caminho a nos deixar passar e ir embora para casa. Só na nossa entrada foram quase trinta funcionários a menos para nos incomodar, por isso já estávamos em pleno corredor deserto.

Apesar de tudo estar correndo bem no início do plano, meu coração batia depressa e eu tremia muito. Só de pensar em ficar aqui nesse hospital novamente eu tinha ânsia de vômito.

– Dessa vez vai dar tudo certo – disse, mais para mim do que para o Zeca, na tentativa de manter meu cérebro concentrado no plano, ao invés do pavor que estava tentando me dominar. – Dessa vez vai dar tudo certo.

– É claro que vai – tornou o Zeca, segurando a minha mão. – Dessa vez tudo vai ser diferente.

Tentei acreditar nas suas palavras com toda a força possível, mas ainda existia alguma coisa dentro de mim me dizendo que nada seria tão fácil assim.

Avisei aos outros que o caminho estava livre, mas que fossem rápidos, pois o efeito da minha persuasão passava depois de cerca de uma hora. Agora eu tinha que encontrar o Bruno e a Flávia antes que aquele infeliz pudesse botar as mãos neles. 

– Concentra, Malu – alertou-me o Zeca. – Eu sei que você está com medo, mas você precisa se concentrar no plano.

– Eu estou apavorada – admiti.

– Eu vou estar junto com você o tempo todo e não vou deixar que nada de mal aconteça. – Ele sorriu, mesmo sabendo que ele estava tão apavorado quanto eu.

Concordei em silêncio. Por hora era melhor deixar para me preocupar com esses assuntos depois e me concentrar no plano.

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Beijinho ;*